BIOGRAFIA DE UMA SETENTONA

3comentários


Maria da Graça Moreira Leite

Quero pedir permissão dos leitores para publicar este poema de Graça Leite. Com muita graciosidade ela retrata a sua passagem pelo tempo. Eu, que a conheço bem, só não concordo com a última estrofe da poesia.
José Jorge
Ontem completei setenta anos!
Dizem que sete é número cabala
Que quando passa pela gente,
Abala.
Aos sete anos
Sorri.
Vivia feliz, contente,
Ganhei o uso da razão,
Perdi todos os dentes
Ganhei dentes permanentes
E virei gente.
Aos dezessete,
Amei…
Voei, sonhei, criei asas e
Parti.
Com vinte e sete anos,
Pari.
Coloquei filhos no mundo,
Vivenciei um amor muito mais profundo.
Aos trinta e sete,
Perdoei.
Compreendi que sem perdão
O amor não existe,
E sem amor o mundo fica mais triste.
Aos quarenta e sete,
Exultei,
Virei vovó e descobri
Que ser mãe e avó
É uma coisa só.
Com cinqüenta e sete anos
Engordei.
Me dei conta de que a tarde ia morrendo,
Eu estava envelhecendo
E entrando na terceira idade.
Aos sessenta e sete anos
Chorei.
Bateu uma forte saudade
De tudo o que eu vivi.
Não vi porta pro futuro,
Senti falta do passado
Sentei na beira da estrada
E adormeci.
Com setenta anos
Acordei
E agora estou aqui.
Confusa
Porque sinto que me perdi.
Hei!
Alguém viu uma velha tonta por aí?

ACADEMIA PINHEIRENSE DE LETRAS,ARTES E CIÊNCIAS – APLAC
Prédio Usina de IdéiasRua Josias Peixoto de Abreu, 243 –
Centro65200-000 – Pinheiro – MA.e-mail: [email protected]

3 comentários para "BIOGRAFIA DE UMA SETENTONA"


  1. Claudia

    Lindo!!!
    Parabéns para voce, Maria da Graca!
    Obrigada, Zé Jorge, por nos presentear com este terno poema!
    Um abraco,
    Claudia

  2. Anônimo

    Isto é realmente “momentos de uma vida”….. muito bonito, sensivel e cheio de ternura!
    Obrigada por dar-nos um pouquinho do carinho do Maranhao.
    Artazu

  3. José Lucas Bueno de Mello

    Lindo! José Jorge você só nos dá lindos presentes!

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS