Ensino público de boa qualidade: Quando?

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De tempos em tempos o assunto toma conta dos noticiários: a má qualidade do ensino público brasileiro.
Aqui para as nossas bandas, a praga da professora leiga, foi considerada a grande culpada pela lavoura do ensino. Reclamava-se das péssimas instalações físicas de nossas escolas, o que, de fato, era uma verdade, do ensino multi-seriado, onde apenas uma professora se encarregava do ensinamento de todos os alunos, nas diversas séries, e da má remuneração dos professores. Existiam casos, em alguns municípios maranhenses, em que professoras leigas recebiam, por uma jornada de 40 horas, menos que 20% do salário mínimo. Uma vergonha!
Em dezembro de 1996 foi regulamentada a Lei No. 9.424, que trata do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, o FUNDEF. Acreditava-se que com a garantia dos recursos financeiros necessários para arcar com os investimentos e com o custeio da escola, o problema fosse resolvido. O que se viu foi uma verdadeira caça às matrículas escolares, pois cada “cabeça” (aluno matriculado) representava uma parcela a mais na receita do município. Os povoados limítrofes, e, consequentemente as crianças ali residentes, passaram a ser motivo de disputa entre muitos municípios.
Não há dúvida que a implantação do FUNDEF foi positiva, sobretudo no que diz respeito à quantidade de alunos em sala de aula. A inclusão escolar atingiu patamares antes nunca alcançados. No Maranhão de hoje a taxa de atendimento na faixa de 7 a 14 anos, já chega a 95%, melhorou-se um pouco a remuneração e a capacitação dos professores, surgiram os Procad´s e Proeb´s da vida, mas aprender que é bom, necas!
As avaliações estão sendo feitas sistematicamente e a comprovação de que existe um contingente enorme de alunos que não aprendeu sequer a escrever, outros que não se dão bem com a tarefa da leitura e outros tantos, e põe tantos nisso, que escrevem, lêem, mas são incapazes de interpretar o que lêem, é uma realidade. Triste, porém verdadeira.
Bons tempos aqueles em que estudávamos em escolas públicas e tínhamos orgulho disso. Nascido no interior, lá em Pinheiro, passei pelos bancos escolares de escolas públicas: Odorico Mendes e Colégio Pinheirense, onde estudávamos Latim e Francês, onde aprendíamos o bom Português (lembro com saudade das aulas da excelente professora Dona Cici) e Matemática (ministrado com maestria por Dona Neném) e que me concederam a base para continuar os estudos, novamente em escolas públicas, todas de boa qualidade, em Brasília: O Elefante Branco e a UNB.
Não sou saudosista, mas não dá para comparar a qualidade do ensino público daquela época à que se observa nestes novos tempos.
Nos dias atuais, novamente o assunto vem à tona.
As avaliações continuam mostrando que o ensino não vai bem. E se o ensino não vai bem, como vamos absorver no mercado de trabalho esse imenso contingente de jovens mal capacitados? Como transformar o trabalho mal remunerado em aumento do poder aquisitivo e, consequentemente, gerar a riqueza que o País precisa para crescer e se desenvolver?
De acordo com recente estudo do IPEA, de todos os alunos que entram na escola para cursarem o 1º. Grau menor, somente 84% concluem a 4ª série e 57% deles terminam o ensino fundamental. No nível médio, o índice de conclusão é de apenas 37%. Isto como média no Brasil. Aqui no Maranhão a situação é bem mais desalentadora: dos alunos que iniciam o 1º. Grau, menos de 20% deles conseguem concluir o ensino médio.
E não me venham dizer que o problema continua sendo a baixa remuneração do professor! O exemplo de São Paulo está aí para por abaixo esse simplório argumento. Melhores salários praticados no País e péssimo resultado da qualidade do ensino.
Também não lancem mão de soluções mágicas como aquela defendida por alguns segmentos, de que a solução é fazer eleição para escolha de diretores de escola. Direção de escola é cargo meritório. Sua escolha deve preencher requisitos técnicos e nunca, apenas devido à simpatia do colegiado.
Faço aqui o registro do importante passo dado nesse sentido, há mais de uma década, por um ex-secretário de Educação do Maranhão, Dep. Gastão Vieira, quando no governo da Roseana Sarney, aboliu a triste e retrógrada prática da indicação política de diretores de escola. Naquela época, como deputado, defendi suas idéias no Plenário da Assembléia, por acreditar na forma descentralizada e com certa autonomia de gestão, como modelo de sucesso para a condução dos destinos da escola.
É bem verdade que, tirando o desvio de recursos aplicados no Programa, que poderiam ser melhor utilizados com uma eficaz fiscalização e com o fim da impunidade dos “irresponsáveis” pelo mau uso do dinheiro público, o que falta é Gestão.
Trago como exemplo, um pequeno município de nosso estado, Alto Alegre do Pindaré, que vem se destacando dentre tantos, como referência em educação. O segredo? Acreditem! Ter à frente do programa de educação, profissional capacitado e, acima de tudo, comprometido com os resultados. O brilhante resultado obtido no município, retrata a atuação de um mestre em educação, ex-secretário de Estado, Dr. Altemar Lima, que vem colocando em prática projetos criativos, adequados à realidade local e com apoio dos prefeitos do município que priorizaram, de fato, a educação de suas crianças.
A comprovação está no resultado da Prova Brasil, exame do Instituto Nacional de Pesquisas Aplicadas Anísio Teixeira – INEP/MEC, aplicado no final de 2006 para medir o nível do conhecimento dos estudantes do ensino fundamental (5ª e 8ª séries), de escolas públicas, em português (foco na leitura) e matemática (habilidade com cálculos). Pasmem! Alto Alegre do Pindaré integra a lista dos cinqüenta municípios com as melhores notas na avaliação nacional.
O governo Lula acaba de lançar o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. Pretende estabelecer piso salarial de R$ 800,00, chamar os prefeitos e propor um pacote de mudanças, avaliação sistemática de professores e alunos através da aplicação da “Provinha Brasil”, uma série de medidas que vão da pré-escola à Universidade. Enfim, resolve encarar o problema de frente esperando resultados a médio prazo. Se, com todo esse “empenho” não melhoramos a qualidade do ensino, como desenvolver o nosso País?
Palmatória neles!

2 comentários para "Ensino público de boa qualidade: Quando?"


  1. Anônimo

    concordo plenamente quase em tudo que voce escreveu agora quanto ao Dep. Gastão ter implantado o sistema de nomeação de diretores com critério políticos, acho que voce desconhece os fatos pois nos lugares que eram seus redutos só ficavam na diretoria quem lia a cartilha dele e do governo que ele representava, acho que ele realmente teve outros méritos em termos de educação que eu reconheço. francisco

  2. márcia soares

    Excelente! acredito ainda na Educação Pública de qualidade. Portanto tenho as mesmas lembranças e saudades dessas grandes escolas na nossa querida Pinheiro.

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