Depois de muitos anos resolvi fugir do Carnaval. Meus amigos, e os Amigos do Agenor também, reclamaram bastante da ausência da “Burrinha” neste Carnaval de 2011.
É bem verdade que no ano passado, também, decidimos fazer forfait nos festejos do Momo aqui de São Luís.
Quando se fala em festas populares o carnaval do Rio de Janeiro tem sido, ao longo dos anos, a grande pedida para os foliões. Ainda mais depois da adoção das práticas e medidas implantadas pelas autoridades que garantiram a segurança e fizeram voltar o verdadeiro carnaval de Rua. Os tradicionais Blocos do Cordão do Bola Preta e o do Boi Tatá, no Centro da cidade, a Banda de Ipanema e o Concentra mas não sai, no Leblon, dão o tom e arrastam, por onde passam, crianças, jovens e velhos carnavalescos.
Em 2010, decidimos ir para o Rio nesse período. Com a programação garantida, fomos ao Baile do MonoBloco e ao desfile das escolas de Samba. Nas manhãs ensolaradas, nos calçadões ou na areia quente da praia, era impossível perder o espetáculo da beleza das praias de Ipanema e do Leblon. Mas, o melhor, mesmo, estava por vir logo em seguida. Os finais de tarde percorrendo o circuito de ruas do Leblon ao som das bandinhas improvisadas com seus animados foliões.
Quem se fez presente em todos os eventos foi a minha inseparável Burrinha, uma alegoria adquirida em Olinda, há mais de vinte anos. A cada ano, ela recebe uma nova paginação e ganha os becos e ruas alegrando as crianças e enchendo de graça, com sua irreverência, a festa momesca.
Já no embarque no aeroporto de São Luís, a “Burrinha” foi calorosamente recebida pela aeromoça Juliana da TAM. Apesar da companhia não permitir a entrada de animais a bordo, uma exceção foi aberta e, com seu largo sorriso estampado no rosto e mostrando seus dentes dourados, a Burrinha embarcou no avião acionando freneticamente sua buzina improvisada.
O Rio de Janeiro com seus encantos e magia, suas ruas recheadas de belas e sensuais mulatas, morenas, ruivas, loiras e mais gente bonita de todos os cantos, encantou-se com o charme da Burrinha. Até entrevista na TV ela concedeu!
Relembro uma cena ocorrida na Avenida Ataulfo de Paiva quando circulávamos pelos bares repletos de animados foliões. Fazia-me acompanhar de Bete, minha mulher, e de minha prima Cecília Leite. A Burrinha distribuía buzinadas e sorrisos a ermo, quando fui abordado por duas lindas turistas. Uma gaúcha e outra de Floripa.
− Ma que guapo cavalinho, tchê! Dizia uma delas. Ao tempo em que outra, loura, com seus cabelos sedosos, acariciava a crina dourada da Burrinha.
− Não é um cavalinho. Apressei-me em esclarecer.
− É apenas uma Burrinha. A cabeça e o pescoço são feitos de madeira, a carcaça em papier maché e a saia de chita estampada. Trata-se de um personagem do folclore nordestino. Na verdade, a história registra que ela nasceu na Bahia, no final do século XVII e foi incorporada aos folguedos do Bumba-meu-boi. E, neste ano, ela veio, de São Luís do Maranhão, passar o carnaval aqui no Rio…
Enquanto levava esse papo, com uma das mãos, puxava pela rédea e provocava a abertura da boca da Burrinha deixando exposto o malicioso sorriso da alegoria.
Ao continuar com o movimento de abrir e fechar a boca da Burrinha, a gaúcha, de short e com um decote todo sensual aproximou-se de mim e perguntou:
− E essa burrinha chupa peito?
NÃÃÃÃÃÕ! Entoaram em uníssono, Bete e Cecília que de longe observavam a conversa e chegaram nesse exato momento!
Desde então a minha Burrinha está proibida de fazer gracinhas no carnaval!
vou querer uma burrinha dessas, sem que a patroa saiba é claro… rsrsrsrsr
Zé, somos, eu, Ricardo e Sofia, testemunhas do sucesso que a burrinha fez no Rio no carnaval do ano passado, só não sabia desse episódio!!! Sentimos falta de vocês no carnaval desse ano, com a alegria de sempre e as bem-humoradas tiradas de Beth!
Um beijo grande!!
Graziella