Os Os verdes campos da Baixada maranhense são um espetáculo de rara beleza. Mesmo aqueles que já estiveram pelo Pantanal de Mato Grosso, dizem que os campos alagados do Pericumã são incrivelmente belos.
A mansidão das águas, repletas de flores que desabrocham das plantas nativas, acolhe bandos de jaçanãs e japeaçocas que, com seus vôos rasantes e belos cantos, preenchem o azul do céu nos dias ensolarados do inverno.
Várias foram as tentativas de fazer o melhor uso dessas terras alagadas. Em meados do século passado, pensou-se que a criação dos búfalos pudesse ser a grande vocação econômica daquela região.
A criação desordenada e extensiva provou que não era o melhor caminho. Surgiram conflitos de interesse entre fazendeiros e os pequenos agricultores. O clima social ficou tenso e o governo teve que intervir. Na luta da sobrevivência, perdeu o búfalo. Tenho minhas dúvidas se o homem do campo ganhou…
O certo é que a tão vislumbrada redenção da Baixada maranhense, com sua pecuária forte, foi literalmente para o brejo. O caboclo continua sobrevivendo da pesca e da cultura da mandioca.
Anos mais tarde, o então presidente José Sarney sonhou e decidiu implantar nas margens do rio Pericumã, um audacioso projeto de irrigação. Espelhado no exemplo de sucesso do vale do São Francisco, o governo investiu milhões, selecionou e assentou colonos na esperança de que a agricultura irrigada na bacia do Pericumã fosse capaz de transformar os pequenos agricultores em produtores rurais.
Teria sido o projeto mal concebido? Talvez aquela gente simples não tivesse recebido a devida capacitação! Ou mesmo, teriam falado mais alto os genes mestiços de seus antepassados indígenas, que lutam apenas pela sobrevivência? O certo é que, infelizmente o sonho não se tornou realidade.
Com a implantação desse projeto chegou a Pinheiro um experiente técnico agrícola com a missão de pesquisar vocações para o cultivo de diversas frutas. Garden era o seu nome. Recrutou alguns serviçais nativos e com eles passou a fazer experimentos. Manga, uva, coco, melancia, melão etc… Além de hortaliças, quase todas, desconhecidas na região.
Dentre tantos, Romualdo destacava-se pela capacidade de trabalho e pelo interesse em tudo o que o Garden lhe ensinava.
Certa feita, Garden decidiu ir até São Paulo e levou consigo Romualdo, que nunca havia saído de Pinheiro, para conhecer alguns projetos de cultivo. Na manhã seguinte, bem cedo, foram ver de perto o Mercado da Ceasa.
No caminho, do hotel ao Mercado, tudo era superlativo para Romualdo. As largas avenidas, a quantidade de carros, os arranha-céus…
Ao chegarem ao local, o negrinho Romualdo assustou-se com as pilhas de melancia, arrumadas umas sobre as outras, formando verdadeiras montanhas. Mais alto que o Outeiro do Finca, pensou consigo mesmo.
Perguntou ao Seu Garden, se essas melancias levavam quanto tempo para serem vendidas.
−Essas melancias vão acabar em poucas horas. Tem muita gente pra comer aqui em São Paulo… Respondeu Garden.
Aquela imagem das montanhas de melancia não saía da cabeça de Romualdo.
No dia seguinte, foram ao centro da cidade. Ao atravessarem o viaduto do Chá, Garden deu por falta do Romualdo. Assustado, (já pensaram se o Romualdo se perde? Nunca mais vai ser encontrado!…) procurando entre a multidão que freneticamente cruzava o Vale do Anhangabaú, identificou o boné do projeto DIBON na cabeça do negrinho. Aproximando-se, percebeu que ele contemplava aquela multidão em baixo do viaduto, balançando a cabeça de um lado para outro. Falava baixinho, consigo mesmo:
− Não dá, não dá….
− Mas o que é que não dá? Indagou Garden.
− Aquelas melancia, siô… Ponderou Romualdo. − Não dá mesmo pra esse povo todo, não…
Hoje, remando numa pequena canoa, deslizando pelas águas do Pericumã não me canso de contemplar a beleza das cenas que se renovam a cada ângulo. Arrisco-me a dizer, que a natureza está a espera que o aproveitamento dessa riqueza deva ser feito através de uma outra forma. Precisamos deixar de ser egoístas e compartilhar a beleza desses campos alagados com mais gente. Vamos preparar nosso povo, fazer a infraestrutura adequada e divulgar nossa região para o Mundo.
O turismo pode ser a grande solução.
Gostaria que mais materias, e Causos da nossa gente fossem mostrado e com mais frequencia, abraço do conterranio.
Zé,
Estou confiante que o novo Secretário de Turismo possa visitar os nossos belos campos nessa época para poder ver in loco como é belo essa paisagem tanto da cidade de Pinheiro como toda baixada.
Abç.
EXCELENTE COMO SEMPRE O SEU ARTIGO FALANDO DAS BELEZAS DA NOSSA BAIXADA, EM ESPECIAL DA NOSSA TERRA
QUERIDA,PINHEIRO. EU E MARIA CÉLIA SUA CONTERRÂNEA NÃO DEIXAMOS DE LER NADA QUE O AMIGO ESCREVE. FICO
INDAGANDO DE CÉLIA AS COISAS QUE NÃO CONHEÇO E AS PESSOAS CITADAS POR VOCÊ (E SÃO MUITAS),O QUE ELA FAZ COM A MAIOR SATISFAÇÃO E SEMPRE DIZ: NÃO SEI COMO ZÉ JORGE GRAVA TANTO NOMES, LUGARES E ACONTECIMENTOS,SÓ ELE E MOTA.PARABÉNS AMIGO, CONTINUE FALANDO MUITO MAIS AINDA DA NOSSA BAIXADA. RECEBA UM ABRAÇO BEM FORTE DOS AMIGOS E CONTERRÂNEOS, GUALHARDO E CÉLIA..
caro Zé Jorge,
Sempre visito o teu blogue. Sou testemunha da tua enorme preocupação com Pinheiro. Tu és, tal quanto o Leo, um bom filho do Pericumã. Linquei esse artigo no meu blogue: http://www.erisantoscastro.blogspot.com
Abraços, Eri Santos Castro.