Corria o ano de 1913, quando o então juiz de direito de Pinheiro, Dr. Elisabetho Barbosa de Carvalho, segundo suas próprias palavras, foi procurado por “um homem com os cabelos e barbas desmesuradamente crescidos e aspecto de quem vinha de longínquas paragens”.
Tratava-se de uma figura exótica. Com uma intrigante história, esse estrangeiro havia partido da Noruega juntamente com mais dois outros engenheiros para pesquisar a existência de ouro e manganês nas matas do noroeste do Maranhão. Depois de uma longa travessia do Atlântico chegaram a Belém do Pará e de tomaram uma pequena embarcação singrando os furos dos manguezais no sentido de Vizeu.
Aportaram entre Turiaçu e Carutapera e embrenharam-se na mata virgem, guiados por três nativos conhecedores da região. Rumaram, os seis, em direção a serra do Piracambu, berço da nação awa-guajá. É nesta serra que habita a Ararajuba (Aratinga guarouba) ave símbolo do Brasil.
Abrindo trilhas por entre a mata fechada e debaixo de chuvas implacáveis que carregavam nuvens de mosquitos a caminhada avançava de forma muito lenta. Perdidos na selva chegaram a andar dias e dias em círculos guiando-se pelos raros feixes de luz que conseguiam driblar as copas frondosas das árvores da mata cerrada. Os mantimentos foram se acabando e passaram a viver da fartura da pesca e da caça.
Freqüentemente separavam-se em grupos e partiam em busca dos minerais nobres. Acabaram sendo atacados pelos índios que já os espreitavam há muito tempo e apenas ele foi poupado por ter se perdido do seu guia.
De posse apenas do rifle e da munição, além de uma pequena mochila onde carregava seus apontamentos, sua bússola, lápis, um rolo de papel e alguns pequenos instrumentos, ele foi escoltado e mantido como refém por todo o resto do inverno.
Mesmo com o domínio do inglês, do francês, do português e até mesmo de uma boa noção de japonês, ele demorou a se comunicar com os índios. Com o passar do tempo, vigiado por todos na aldeia, adquiriu a confiança dos silvícolas e acabou casando-se com a filha do Tuxaua. Admirado pela pontaria certeira de seu rifle, George Wellington, inglês de nascimento, aprendeu um pouco da língua nativa e começou a elaborar um plano de fuga.
Certa feita foi levado, mais ao oeste, para conhecer uma formosa gruta. Os índios awa-guajá diziam que naquela serra existia uma gruta onde havia um grande peixe de ouro. A serra era por eles chamada de Piracambu (na língua Tupi, o radical pirá significa peixe).
Lá, ele pode comprovar a existência de veios de ouro a céu aberto. Segundo seu relato, “escavei com meu canivete, certa parte, encontrando uma grande pepita de ouro. Ao levantá-la na palma da mão, o meu guia imediatamente tomou-me, jogando-a para longe. Os índios fizeram-me compreender que ninguém podia tocar em nada ali, pois aquela gruta não lhes pertencia e sim aos índios Gaviões, Urubus e Timbiras”.
No final do verão, o inglês conseguiu por em ação o seu plano de fuga. Camuflou alguns pedaços de carne seca, montou um pequeno farnel e aguardou pela chegada da noite. Todos dormiam quando ele, sorrateiramente, embrenhou-se pelas matas. Seguiu na direção leste, subiu e desceu morros, atravessou rios e campos alagados conseguindo chegar a Pinheiro naquele estado deplorável.
Antes que fosse levado ao vice-Cônsul da Inglaterra em São Luís, chegou a esboçar, a título de agradecimento, um mapa de localização da gruta deixando-o em posse do Dr. Elisabetho.
Não se sabe ao certo o destino desse “mapa da mina”, no entanto temos hoje a comprovação da existência de grandes reservas de ouro naquela Região.
Quase cem anos depois, dois grandes projetos de mineração estão em fase de implantação para exploração das riquezas comprovadamente identificadas pelo inglês.
Os projetos Aurizona (em Godofredo Viana) e Mineração Serra do Oeste, da Jaguar Mining Inc. (este no município de Centro Novo do Maranhão), estão sendo implantados e serão responsáveis pela geração de inúmeros empregos. A atividade de mineração de ouro agregará uma gama de novas oportunidades para aquela região, além de contribuir para um incremento substancial na arrecadação de ICMS para o Estado do Maranhão.
PARABÉNS, ESSE SEU BLOG É FANTASTICO, INTERESSANTE, ANIMADO E PROVIDO DE UM SENTIMENTO QUE INFELIZMENTE FOI ESQUECIDO PELOS ESCRITORES.
CHARLES, SEU EX-ALUNO.
Zé, nos encontramos numa entrevista na inauguração de uma agência da Cemar no Maiobão, onde um mosquito nos perseguia durante a entrevista para o programa Maranhão Empreendedor (Tv Cidade/Record). Você deve lembrar! Mas o assunto é outro. Sou de Nova York, Ma. E por ser sertanejo me identifiquei muito com seus causos contados aqui no seu blog. É muito bom resgatar essas histórias. A linguagem, os costumes. O senhor tem uma sensiblidade fantástica e demonstra ser muito culto. Parabéns!
Martin Varão, jornalista