Dias atrás, estava eu numa sapataria da Rua de Santana quando notei a presença de uma moça que, pelo modo de vestir e falar, deduzi ser uma moradora daqueles povoados bem distantes. Pareceu-me ser a primeira vez que ela visitava uma cidade grande. Olhar curioso, falar manso, com fortes traços indígenas, matuta daquelas bem autênticas, sua expressão facial e o brilho de seus olhos denunciavam o encantamento com tudo que via nas prateleiras da loja.
Queria comprar um par de sapatos para dar de presente a uma filha que ia ser batizada e, ao ser indagada pelo vendedor sobre qual era o “numero” do sapato, ela não soube dizer. Mas, prontamente, abriu a bolsa e lá de dentro sacou um pedaçinho de folha de pindoba que servia de medida do pé da menina, desenrolou e passou às mãos do vendedor.
Faço esse registro, pois o uso da folhinha de pindoba como gabarito de medida, era um costume muito usado nos tempos passados.
Aplicação mais curiosa ainda da folha de pindoba, como padrão de medição, também vem de um personagem do Interior do Maranhão.
Dr. Chico Cunha, médico ginecologista, certa feita consultava uma moça num Posto de Saúde na Mata do Boi, hoje município de Bela Vista. Chamava-se Rosilda. Mãe de 11 filhos (seis meninas e cinco meninos), dois deles nascidos no mesmo ano e formando uma escadinha de 1 a 12 anos. Ela falava sobre as dificuldades para criar essa “ruma de filhos” sendo dona de casa e o marido, um pobre lavrador do mato.
Rosilda vinha pedir ao doutor Chico para ligar as trompas dela, pois eles moravam no “Centro”, sem energia e sem televisão, e que a única diversão que tinham era fazer filhos… Disse ainda ao doutor que ao sair de casa para ir ao Posto de Saúde o marido recomendou:
– Rosilda, já que tu vai fazer essa tal de ligadura, pede pro doutor dá uma apertadinha na “perseguida”.
Antes do preparo da paciente para realizar os exames Rosilda abriu a bolsa, retirou uma folha de pindoba e passou às mãos do Doutor Chico.
– O que é isso dona Rosilda? Perguntou, surpreso, o médico!
– É a medida da “natureza” de meu marido que eu trouxe pro senhor ver.
– Mas pra que que eu quero isso?! Disse Chico Cunha livrando-se da folha de pindoba.
– É pro senhor tirar a medida…
Chico assustou-se com o comprimento da “natureza do marido” de dona Rosilda mas, mesmo assim, indagou?
– Só por curiosidade, dona Rosilda! – Quando a senhora tirou a medida, a “natureza” estava viva ou estava morta?
Passando para dizer, mais uma vez, que adoro ler seu blog.
Abraços
CARO ZE JORGE,
Essa sua cronica da folha de pindoba está no ponto certo. Sem literatice é pujante porque fideliza à fala dos personagens no melhor do pudor e da singeleza do povo maranhense. É bela e poética.
Tua cronica como tal, merece ser escrita com letras de ouro nas asas de uma borboleta
Abraços do seu admirador
CHICÃO