Nas cidades do interior do estado, as rodoviárias acabam se transformando num grande ponto de encontro além de ser o maior entreposto comercial, onde os produtos manufaturados na zona rural, costumam chegar a cada manhã e são comercializados ali mesmo.
Nestes tempos de inverno é o milho verde, a melancia, a macaxeira, os peixes de água doce e outros tantos produtos frescos que só conseguimos, mesmo, nas pequenas cidades do interior.
Em São João Batista, na Baixada maranhense, terra conhecida como de muita gente “esperta”, certo cidadão, que não quero aqui nomear, acabara de comprar um cofo de farinha d´água e tratou de protegê-lo dos “amigos do alheio”, abrigando-o entre suas pernas.
Falando em cofo, esta é uma das raras palavras que só se encontram nos dicionários maranhenses. Alguém que não seja do Maranhão, por acaso, sabe o que é um cofo?
Pouco provável. O dicionário registra cofo como sendo um artefato utilitário confeccionado artesanalmente, presente na cultura do homem simples do interior do Maranhão. O cofo é uma espécie de paneiro, feito da folha da pindova, palha retirada das palmeiras de babaçu.
Na verdade, cofo é uma das raras palavras de origem francesa que foram incorporadas no nosso vocabulário pelos índios tupinambás e que permaneceu até os dias de hoje.
Quando os franceses viram os índios trançando os cestos de palha, logo exclamaram: couffe, couffe… O que em francês significa cesto. O mesmo que panier, paneiro. Com a evolução da linguagem, couffe acabou virando cofo.
Mas vamos voltar ao nosso amigo da rodoviária.
Um alqueire de farinha é bastante pesado para carregar na cabeça. Ele precisava levá-lo para casa e virou-se para o lado em busca de um carroceiro. Deu um pequeno descuido e quando retornou ao local já encontrou um outro caboclo segurando um cofo de farinha na cabeça parecido com o seu…
– Você não viu um paneiro de farinha que estava bem aqui, nesse momento? Perguntou o nosso personagem ao outro caboclo que segurava com as duas mãos o cofo na cabeça.
– Siô! Aqui só tem gente ladrão! Se a gente “arreia” no chão, nêgo rouba na hora! É por isso que eu não largo o meu…
E para espanto de meu amigo, saiu de fininho, carregando o cofo que acabara de surrupiar.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
PERFEITO !!!!!! Quero mais !!!!
Abraços nobre conterrâneo.
Excelente texto!