Quer identificar um maranhense?

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Muito embora falemos todos a mesma língua, aqui e ali com alguma particularidade de acento e com pequenas diferenças regionais, o brasileiro, de cada unidade da federação, apresenta características bem singulares.
Tive oportunidade de morar por oito anos em Brasília, quando da minha adolescência. Uma verdadeira Torre de Babel de sotaques, hábitos e costumes.
Mais tarde, o desafio profissional me levaria a São Paulo. Como é difícil a vida em São Paulo! Mais ainda com esses engarrafamentos de centenas de quilômetros. Coitados dos paulistas. Ainda bem que hoje a metrópole oferece muitos outros atrativos.
Passei por Recife, sociedade fechada, povo meio arredio. Conheci a Beth, com quem me casei, e de lá guardo as melhores recordações.
Em Minas Gerais, onde passei apenas um ano, tive pouco tempo para me apegar a Belo Horizonte. Cidade bem traçada, mulheres bonitas, povo desconfiado, uai! Mas, como diziam alguns amigos, “Belo Horizonte é dose pra mineiro!”.
A passagem pelo Rio, só me trouxe boas lembranças. Cidade maravilhosa! Júlia e Bruno, meus filhos, nasceram lá. O carioca é muito alegre, boa gente, sempre solícito e querendo agradar:
– Aparece lá em casa, cara!
Diz o carioca. Mas não lhe dá o endereço…
Retornando a São Luís, e já se vão 20 anos, encontro cá as minhas origens. Meus amigos de infância e outros tantos que o destino colocou em meu caminho.
Assim como os outros, o maranhense também tem suas peculiaridades. Prestativo, atencioso, cultivador do ócio criativo… Atualmente, já não se esmera tanto em falar o “melhor português do Brasil” – mas ainda se orgulha disso. Cumprir horário, nem pensar! Relógio, mesmo, só para enfeitar o braço.
Querem mais uma característica do maranhense? Não pode ver ninguém viajar, que logo aparece com uma encomenda para trazer ou mandar para algum amigo ou parente distante.
Por tocar no assunto, lembro que há algum tempo, Zé Benedito, um amigo de infância, avisou que iria viajar para o Rio de Janeiro. Iria de avião, pela Vasp, vôo VP280 direto, sem escalas.
Imaginem o que lhe pediram para levar! Duas dúzias de jurarás. Acreditem! E mais ainda, vivas!
Também conhecida como muçuã, o Aurélio assim define a jurará: “Nome científico: Kinosternon scorpioides; jurará, réptil da ordem dos quelônios e da família dos Kinostenídeos, que engloba as chamadas tartarugas-do-lodo, pelo hábito de viver na lama, ou as almiscaradas, devido ao forte cheiro de almíscar que exalam quando atacadas”.
Com a devida antecedência, as ditas jurarás já se encontravam prontas para o grande passeio. À noite, véspera da viagem, ele arrumou todas elas (vinte e quatro, lembram do pedido?) dentro de uma caixa de papelão, fez uns furinhos para permitir a respiração dos pequenos quelônios e passou fita Durex na caixa (eu, hein! Durex é coisa de antigamente).
No check-in do aeroporto, Zé Biné despachou toda a bagagem: isopor com camarão, farinha d´água Biriba, doce de goiaba, e tudo o mais que lhe haviam pedido para levar. Mas a caixa com as jurarás, ele não despachou.
Dado o embarque, driblou as atendentes conseguindo camuflar a caixa, envolta em um jornal embaixo do sovaco, entrou no avião, buscou seu assento e acomodou as jurarás embaixo da poltrona à sua frente. Após o jantar, (nesse tempo não havia a GOL com sua barra de cereais e nem a TAM com seu sanduíche requentado de queijo e presunto) tomou umas doses de whiskeys e caiu no sono. Dormiu profundo, chegou a sonhar, e foi acordado com os gritos da aeromoça ao se deparar com as 24 jurarás circulando livremente pelos corredores da aeronave.
A ele, só coube empurrar o que restou da caixa vazia para a poltrona do vizinho e fazer aquela cara de espanto igual a todos os outros passageiros.
Hoje, certamente seria preso e enquadrado por prática de crime ambiental. E sem direito a fiança!

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A negrinha Carmelita.

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Nos últimos anos temos acompanhado as fortes mudanças ocorridas em nossa sociedade. Pelo fato de estarmos presentes, acompanhando e nos adaptando a elas, quase não percebemos quão rapidamente elas se processam.
Imaginemos, como se isso pudesse acontecer, alguém ter se perdido na floresta amazônica, por cinqüenta anos, isolado e sem comunicação e, de repente, reaparecesse agora; que susto, hein?
Ficaria estarrecido com a Internet. Mandar e receber notícias, arquivos, fotos, imagens… Antigamente mandar um filho estudar fora, significava ficar um ano inteiro curtindo a saudade. Contato, só por telegrama, se a notícia era ruim, ou por carta e recado. Agora, poder conversar com os filhos e vê-los – ao vivo e a cores na tela do computador – em real time! Que maravilha!
Se o nosso personagem saísse agora, de férias, e procurasse por uma loja para comprar e revelar filmes de fotografia, não a encontraria! Não existe mais filme. As máquinas digitais tomaram conta do mercado. Tomaria um enorme susto se entrasse em uma loja de som ao ver as músicas saindo de um I-Pod. Pela rua, não acreditaria no que via. Todos falando, recebendo e enviando mensagens através de um pequeno aparelho que cabe na palma da mão… o telefone celular. Que loucura!
À noite, ao ligar a TV – digital, a plasma ou cristal líquido – não acreditaria nas notícias. Duplicação de embriões, células tronco, engenharia genética, clonagem e muito mais.
Por outro lado, “tudo como dantes no Quartel de Abrantes”. Continua a devastação ambiental, o aquecimento global, a violência urbana, a pobreza, as guerras, e até a epidemia de febre amarela e dengue ameaçam retornar.
Nos costumes da sociedade, então, quanta transformação! Os hábitos mudaram demais. Nos trajes, na alimentação, no uso de tatuagens e piercings, na forma de namorar, os jovens só falam em ficar. Ninguém mais lhe toma a bênçao…
Isso tudo me faz lembrar uma história ocorrida lá em Pinheiro, na mesma época em que o nosso personagem se perdia no interior da floresta amazônica.
Minha tia Janoca, na verdade tia da minha mãe, era de uma família bem conceituada na cidade, nobre, como se dizia na época. Casada com João Moreira, abastado pecuarista, comerciante e político atuante na região, a casa de tia Janoca era uma referência na cidade.
Mãe de três filhas, uma delas decidiu-se por noivar com um cirurgião dentista recém chegado a Pinheiro,
Para oficializar o noivado, toda a família do pretendente teve que se deslocar de outro estado da federação para vir até Pinheiro conhecer a família da noiva.
Certo dia, marcada a reunião, a família do noivo se dirigiu à casa de Tia Janoca para uma visita de cortesia. Foram recebidos com muita cerimônia e protocolo, porém cercados da maior atenção e carinho possíveis.
Tia Janoca tinha uma criada chamada Carmelita. Descendente de escravos, Carmelita era uma negrinha, muito querida na casa, e que já havia conquistado o direito de acesso à sala. Mas tinha de sentar no chão, ao lado da cadeira de tia Janoca, se quisesse ouvir “conversa de branco”, como era comum dizer.
A conversa ia animada, quando lá pelas tantas, uma das senhoras que estava sentada em frente à tia Janoca, deu uma cruzada de pernas. De cabelos de trança e olhos bem abertos, a negrinha Carmelita, esperta como ninguém, não perdia um lance da conversa. Sentada no chão, bem em frente à cadeira da visita, cutucou tia Janoca e disse;
– Dona Janoca! Ou essa muié tá de sunga preta, ou eu olhei a xoxota dela!
Ao que tia Janoca lhe repreendeu de pronto:
– Te acomoda menina! Tu não viste coisa nenhuma!
Tempos outros, hein?

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La Capricieuse em São Luís.

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Do aeroporto Charles de Gaulle até o centro de Paris, passamos pelo belo estádio de futebol Saint Deny. Está a quinze minutos de Paris, e muito bem servido de transporte coletivo. O estacionamento tem lugar para dez mil carros e o estádio comporta 80 mil pessoas. Ao final de cada jogo, em apenas cinco minutos o estádio fica completamente vazio.
Os motoristas de taxi sempre aproveitam para lembrar, a nós brasileiros, o vexame de termos perdido a Copa do Mundo naquela final de triste lembrança.
Mas a hora da revanche chegou!
Neste próximo sábado, dia 12, às 16:00 horas, no campo de treinamento do Moto Clube aqui em São Luis, teremos um novo embate e a chance de provar que é aqui no Brasil que se joga o melhor futebol do mundo.
O Brasil será representado pela seleção do Narigão e a esquadra francesa de Zidane se fará representar pela seleção do Navio Patrulha da Marinha Francesa La Capricieuse.
O La Capricieuse atraca no Porto do Itaqui, em São Luís, nesta quinta feira próxima, dia 10 de abril, para uma missão de visita de cortesia que deve se estender até o dia 14 de abril.
Os visitantes franceses serão recepcionados pelo presidente da EMAP, Dr. João Castelo; pelo capitão dos Portos do Maranhão, Capitão-de-Mar-e-Guerra Luiz Carlos de Melo e pelo Cônsul honorário da França em São Luís, José Jorge Leite Soares.
O navio-patrulha baseado em Caiena, na Guiana, é do tipo P 400 fabricado pela Constructions Mécaniques de Normandie (CMN) de Cherbourge, na França, e chega a São Luís trazendo uma tripulação formada por 28 tripulantes, entre oficiais e marinheiros.
A viagem com o objetivo de estreitar as relações entre as Marinhas do Brasil e da França e ao mesmo tempo iniciar a divulgação do ano da França no Brasil que se fará acontecer no próximo 2009.
O consulado da França e o comandante da embarcação francesa recepcionam a bordo, autoridades e convidados maranhenses durante um coquetel que será realizado a bordo da embarcação, na noite do dia 10.
O Navio La Capricieuse, de 54 metros de comprimento e 450 toneladas, tem como principais atividades a proteção da pesca, o patrulhamento e combate, a salvatagem em mar e o combate ao tráfico de drogas.
A Capitania dos Portos preparou uma programação especial para recepcionar o oficialato do navio francês. Na quinta-feira haverá uma visita à sede da Capitania, onde ocorrerá a tradicional recepção entre as unidades das duas marinhas.
A tripulação ficará na capital até dia 14 de março, quando terá a oportunidade de conhecer um pouco as principais regiões turísticas do estado e apreciar as riquezas de nossa terra.
Bien Venu a tous!

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