De fato, a vida nas pequenas e pacatas cidades do Interior, é bem diferente do corre-corre das metrópoles. Tem coisas que só acontecem, mesmo, por lá.
Sempre que posso, procuro registrar casos e fatos pitorescos ocorridos com pessoas que protagonizaram situações curiosas e interessantes.
Tenho um amigo em Pinheiro que coleciona histórias bem humoradas de seu falecido pai. Escolhi uma delas para compartilhar com meus leitores.
Certa feita estava ele tendo um caso com a mulher do vizinho. Cidade pequena, todo cuidado é pouco!
Era época dos festejos juninos e ele conhecia bem os hábitos do vizinho, dentre eles aquele de não perder a apresentação de nenhum Bumba Boi.
Nesse final de semana iria se apresentar na cidade, o Boi de Guimarães, a grande atração das festas do São João.
Ciente de que o marido da vizinha por nada neste mundo perderia a apresentação do Boi, marcou com ela um encontro à noite, enquanto o marido estivesse se divertindo na Roda do Boi. Acertaram que ele pularia a cerca do quintal que separa as duas casas vizinhas e que assoviaria imitando o canto da pequapá: fiu, fiufiu… fiu, fiufiu… de forma pausada, dando ênfase ao som grave emitido pela pequapá.
Alguém já viu uma pequapá? Por que o nome pequapá? Será que tem algo a ver com pé com a pá? Pois se trata de uma ave dotada de nadadeiras, capaz de mergulhar como nenhuma outra.
Bem. Vamos voltar ao caso.
Antes do anoitecer, o pai de meu amigo, aprontou-se, colocou cadeira na porta, sentou-se e aguardou o vizinho sair para o terreiro do Boi. De longe, o seguiu, observou a entrada do vizinho no cercado onde se apresentaria o Boi, e sentou-se nas imediações. Começou a tomar uns goles da branquinha pra se animar, mas sempre de olho no vizinho.
Na metade do espetáculo, a festa já pegando fogo, consultou o relógio e viu que estava na hora do encontro. Desceu sorrateiro, e, na saída, comprou dez vinténs de rebuçado (bombons de mel de cana com coco, envoltos em papel de embrulho, parecidos com quebra-queixo), para aliviar o bafo provocado pela cachaça.
Apressado e ansioso dirigiu-se para o encontro. Desenrolou dois rebuçados, colocou-os na boca e começou a mastigar…
Bem aí, começou o drama! O rebuçado grudou na dentadura e não havia jeito!
Ele, agoniado e louco para se encontrar com a amante, pulou a cerca do quintal, e o rebuçado continuava sem querer se separar da dentadura.
Tentou assoviar, interpretando o canto da pequapá, mas não conseguia por causa do rebuçado.
Impaciente com o imprevisto, porém psicologicamente preparado para o encontro e já excitado ante a possibilidade de envolver a vizinha em seus braços, ele não titubeou. Arrancou a dentadura, com o rebuçado, é claro, inseparável dela, e guardou-a no bolso da calça.
Tentou novamente o assovio e nada! Afinal, como assoviar sem os dentes? Só saía o sopro do ar…
Vendo que estava para perder aquela grande chance, decidiu chamar a vizinha usando a própria voz, sussurrando para não chamar muito a atenção e destacando a tonalidade grave da pequapá: Cuida, menina! Sou eu, a pequapá!
Já tive oportunidade vasculhar algumas coisas escritas por vc, embora não apareça o nome da figura em questão, acredito tratar-se do seu avô, ou não? só mesmo ele com tantas peripécias poderia contar causos como estes.
Como vai meu futuro prefeito de Pinheiro
A história do pequapá é muito interessante.
Mas afinal de contas o vizinho acabou tendo o caso com a mulher ou não?
Um abraço constantino e lisiane
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