O Circo de Soleil e o Peru dançador.

2comentários


Os registros históricos apontam que em Pompéia, 70 anos antes de Cristo, já existia um anfiteatro onde exibicionistas se apresentavam ao público, em geral para mostrarem suas habilidades incomuns. Outros estudiosos dizem que, na verdade, a origem do circo é muito mais remota ainda. Na China, por exemplo, foram descobertas pinturas que datam de aproximadamente 5.000 anos onde aparecem artistas, equilibristas e contorcionistas.
E quem não se recorda de um circo durante sua infância? Quem não correu atrás dos palhaços anunciando a chegada do circo na cidade? Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor! O Palhaço o que é? Ladrão de mulher…
A partir de outubro próximo, até maio de 2008, os brasileiros admiradores dos espetáculos circenses terão a oportunidade, sem sair do País, de assistir às apresentações da mais glamourosa e espetacular companhia de circo até hoje criada. Trata-se do Cirque du Soleil. Uma companhia fundada em 1984 para celebrar as comemorações dos 450 anos da chegada do explorador francês Jacques Cartier à província de Quebec, no Canadá.
O grupo fará 250 espetáculos nas principais capitais brasileiras, começando por Curitiba, depois Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Desde que foi criado, o Cirque du Soleil já percorreu o mundo inteiro encantando as crianças e os adultos, embevecidos pela graciosidade e preciosismo de suas apresentações. Embalados pelos grandes arranjos musicais, influenciados pela ópera, pelo rock e pelo ballet, e com um figurino magnífico, os mais famosos malabaristas, contorcionistas, trapezistas e artistas se apresentam para deleite de todos. Sem falar nos palhaços, é claro! Afinal todo circo que se preza tem que ter palhaço.
E por falar em circo, compartilho com os leitores a chegada do primeiro deles à cidade de Pinheiro, no Maranhão.
Mais uma vez aparece o folclórico personagem Nadico à frente do novo empreendimento.
Depois de ter morado por alguns anos em Belém do Pará, Nadico resolveu ser empresário de Circo. Adquiriu umas estruturas de madeira para fazer o “poleiro”, algumas lonas para cercá-lo e recrutou uma pequena trupe. Chegando a Pinheiro para suas apresentações, contratou um grupo de crianças da periferia para saírem pela rua anunciando a chegada da grande atração. O palhaço à frente gritava:
– Hoje tem espetáculo? – Ao que as crianças, em coro, respondiam alegremente:
– Tem, sim senhor!
– Na casa de seu avô? – Perguntava o palhaço.
– Tem, sim senhor!
– Hoje tem marmelada? – Indagava, de novo, o palhaço.
– Tem, sim senhor!
– O palhaço o que é?
– Ladrão de mulher!
E o palhaço finalizava, convocando as crianças para uma nova rodada; – Arroooocha, negada!
De vez em quando, o locutor anunciava as atrações do dia. Uma das mais inusitadas era anunciada com grande fervor:
– Compareçam todos para ver o peru que dança mambo!
Na hora do espetáculo, enquanto anunciavam a entrada do “peru dançador”, Nadico ficava nos fundos do Circo, atiçando o fogo embaixo de um tacho de ferro, daqueles utilizados para torrar a farinha de mandioca. Quando o tacho estava bastante quente, rapidamente dois ajudantes o carregavam para o picadeiro, ao tempo em que outro o cobria com uma toalha e a orquestra dobrava os acordes. Ao som do mambo, Nadico aparecia com o “peru dançador” e o soltava em cima do tacho quente. Pode-se imaginar o sufoco do peru queimando os pés e saltitando ao som do mambo, sendo aplaudido freneticamente pelo público.
Outro espetáculo muito anunciado era o do “monstro que come crianças”. Quando da sua aparição, as luzes todas se apagavam e entrava em cena aquela figura grotesca, fantasiada de monstro, escorrendo sangue pelos cantos da boca, gesticulando, gritando e emitindo urros, causando verdadeiro pavor às crianças que estavam acompanhadas dos pais. A gritaria era geral!
Nadico, então, pedia às mães que cedessem uma de suas crianças ao monstro. Como isso não acontecia, como era de se prever, o espetáculo não se consumava e ele recolhia o monstro sob a alegação de que não havia criança para o monstro comer…
Os tempos são outros, mas o espetáculo continua.

2 comentários para "O Circo de Soleil e o Peru dançador."


  1. Fause Simão

    Amigo Zé Jorge, qta saudades! Parabéns pelo blog e verdadeiramente tb afirmo q os tempos são outros e o espetáculo (vida) continua… Sucessão p vc e continuo sempre à sua disposição. Forte abraço Fause Simão

  2. Anônimo

    Realmente, as histórias de Pinheiro são divertidas… e o Nadico é uma figura folclorística.
    Bj

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS