“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme "Pelo Ouvido", grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
Como diferenciar uma pessoa de direita de uma de esquerda
Uma pessoa de direita que não gosta de arma, não tem arma. Uma pessoa de esquerda que não gosta de arma, tenta proibir a todos terem armas.
Um vegetariano de direita, não come carne. Um vegetariano de esquerda faz campanha contra o consumo de proteína animal.
Um homossexual de direita, leva sua vida como deseja e não incomoda ninguém. Um homossexual de esquerda, faz disso uma bandeira e campanha para que todos sejam iguais a ele.
Uma pessoa de direita que é prejudicado em seu trabalho, procura meios legais para solucionar a questão. Uma pessoa de esquerda na mesma situação se diz discriminado, alega dano moral e faz disso uma bandeira política.
Um ateu de direita não acredita em Deus, não vai a igreja, a sinagoga ou a mesquita. Um ateu de esquerda quer obrigar a todos não acreditarem na existência de Deus nem admite a alusão a Ele.
Uma pessoa de direita, quando tem dificuldade financeira, arregaça as mangas e trabalha ainda mais. Quando isso ocorre com alguém de esquerda ele põe a culpa na burguesia que explora o trabalhador.
Uma pessoa de direita, quando não gosta ou não valoriza uma determinada coisa não a compra ou consume. Um esquerdista quando não gosta de alguma coisa, faz campanha contra ela.
Alguém de direita, defende a liberdade de expressão e opinião, enquanto alguém de esquerda exige que todos o ouçam e concordem com o que eles dizem.
Este ano não vou tentar acertar quais serão os ganhadores do Oscar, vou simplesmente citar aqueles que eu destaco como os merecedores das premiações.
Melhor Filme: Oppenheimer
Melhor Atriz: Sandra Hüller – Anatomia de uma Queda
Melhor Ator: Cillian Murphy -Oppenheimer
Melhor Atriz Coadjuvante: Emily Blunt – Oppenheimer
Neste quesito eu preferiria votar em Penélope Cruz, de Ferrari, que nem foi indicada.
Melhor Ator Coadjuvante: Robert Downey Jr. – Oppenheimer
Melhor Direção: Christopher Nolan – Oppenheimer
No caso de prêmio de melhor direção, qualquer um dos cinco indicados são merecedores do prêmio, não só das indicações, o que faz com que a escolha do melhor fique em segundo plano, transforma a votação numa mera escolha pessoal de cada um dos eleitores, pois mérito todos têm e são mais que suficientes para vencerem.
Melhor Filme Internacional: Zona de Interesse
Melhor Figurino: Napoleão
Melhor Trilha Sonora: Indiana Jones e a Relíquia do Destino
Melhor Som: Oppenheimer
Melhor Canção Original: “Wahzhazhe (A Song for My People)” (Assassinos da Lua das Flores)
Melhor Roteiro Adaptado: Tony McNamara – Pobres Criaturas
Melhor Roteiro Original: Justine Triet & Arthur Harari – Anatomia de uma Queda
Melhor Maquiagem e Penteado: Pobres Criaturas
Melhor Montagem: Oppenheimer
Melhor Efeitos Visuais: Missão: Impossível – Acerto de Contas
Melhor Fotografia: Pobres Criaturas
Melhor Design de Produção: Pobres Criaturas
Por não ter visto os filmes indicados nas categorias de Melhor Animação, Melhor Curta de Animação, Melhor Curta-Metragem em Live-Action, Melhor Documentário e Melhor Documentário de Curta-Metragem, eu não vou me manifestar sobre eles.
Uma das primeiras coisas que aprendi na faculdade foi que existem algumas regras básicas no direito, que antecedem qualquer coisa, inclusive a concepção das leis, e dentre elas sempre achei que duas se sobressaiam de forma crucial sobre as demais.
A primeira dessas regras é a que diz que não há crime sem que exista uma lei anterior que o defina, o que significa que uma ação só é crime se houver uma lei que estabeleça que aquele ato ou fato é crime.
A outra regra, tão ou mais importante quanto a anterior, é a que estabelece que uma lei NÃO PODE retroagir no tempo, pelo menos não para prejudicar quem quer que seja, sendo assim ela não pode ter seus efeitos consubstanciados no tempo passado.
Nos dois casos o sujeito dessas ações, menos que as leis em si, é o tempo, ou seja, nem a lei prevalece sobre essa variável permanente em nossas vidas, assim como na física, de modo amplo e geral, pois se isso acontecesse não estaríamos subvertendo pura e simplesmente a lei, mas também a física, como Newton a observou, caso contrário, uma coisa que aconteceu no passado seria mudada pelo fato de que uma regra legal que foi estabelecida depois desse fato ter acontecido, surtiria um efeito que apagaria, juridicamente as responsabilidades decorrentes daqueles acontecimentos.
Você consegue ver o absurdo que é uma coisa como essa?
Foi isso que tentaram fazer cinco magistrados de nossa suprema, quando tentaram cassar o mandato de sete deputados federais que haviam sido eleitos durante a vigência de uma determinada lei. Esses tais magistrados gostariam que os efeitos de uma lei nova retroagissem para mudar juridicamente um acontecimento regido pela jurisdição vigente no tempo em que efetivamente ocorreu a ação.
Esse é mais um fato que mostra a situação caótica em que se encontra a justiça brasileira capaz de gerar fatos inadmissíveis para qualquer estudante do primeiro ano de qualquer uma das mais deficientes faculdades de direito espalhadas por esse nosso extraordinário, mas vilipendiado e dividido país. Nossos magistrados tentam subverter até as leis da física!
PS: Dois ministros que normalmente marcham e votam juntos divergiram quanto ao tema citado acima e as duas frase que compõem o título deste texto, ditas por cada um deles em momentos diferentes, foram usadas neste caso para criar aquilo que se poderia chamar de “O diálogo do caos.”
Recentemente fui procurado por um grupo de produtores culturais que me pediram que lhes falasse sobre as ações em torno da elaboração, da criação e da efetiva implantação das leis estaduais de Incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão, e que fizesse uma análise sobre a forma de como hoje elas são implementadas.
Confesso que dei um sorrisinho maroto, misto de gozação e angustia, mas mesmo assim fiz uma rápida e sucinta explanação para eles.
Expliquei-lhes que em meu último ano como deputado estadual, resolvi levar adiante dois projetos que há anos tentava aprovar, mas sempre havia algo que acabava atrapalhando, eram as tais leis de incentivo à cultura e ao esporte.
Contei-lhes que depois de muitos estudos e análises que contaram com a importante colaboração de alguns assessores da Assembleia e principalmente da Secretaria de Fazenda do estado, chegamos a um modelo que parecia ser aceitável para que finalmente pudéssemos ter instrumentos de apoio, fomento e difusão das produções culturais e esportivas em nosso Estado. Elas seriam leis gêmeas idênticas, só mudando o ramo de aplicabilidade e aquilo que cada um dos setores tivesse de peculiaridade.
Ressaltei que contei também com a decisiva ajuda de um dos mais importantes apoiadores culturais e esportivos de nosso estado, o empresário, meu amigo de muitos anos, e irmão da então governadora, Fernando Sarney, que mais que todos sabia da importância de instrumentos como aqueles para o sucesso de nossa cultura e de nosso esporte.
Expliquei a eles que apresentei os projetos na Assembleia Legislativa e que consegui sensibilizar todos os deputados no sentido de apoiarem, tanto que eles foram aprovados por unanimidade.
No entanto, atendendo a recomendação da Procuradoria Geral do Estado, a governadora Roseana Sarney vetou ambas as leis, com base em um artigo da Constituição Estadual, que prevê que o poder legislativo não pode legislar no sentido de criar despesas financeiras, ocorre que o nosso argumento era no sentido de que essas leis não significavam despesas, e sim renúncia fiscal por parte da administração pública, em favor de projetos que fomentassem os setores culturais e esportivos, que acabariam gerando ações afirmativas, além de riquezas e até mesmo de mais impostos.
Contei a eles que os vetos interpostos pela governadora foram derrubados pela Assembleia Legislativa e as leis foram promulgadas, mas só passariam a vigorar no ano seguinte, com a efetiva regulamentação das mesmas e aprovação de suas aplicabilidades pelas respectivas secretarias.
Em agosto de 2011, quase um ano depois de aprovadas as leis, a governadora encaminhou para a Assembleia duas medidas provisórias, as de número 100 e 101, cujos textos traziam a mesma redação e o mesmo teor das leis que foram por mim apresentadas, dando assim validade e efetiva aplicabilidade a tais dispositivos legais.
Estes poderosos instrumentos foram instituídos respectivamente por meio das Leis 9.437 e 9.436, de 15 de agosto de 2011, e se consubstanciam por meio de recursos oriundos da renúncia fiscal do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a partir do faturamento das empresas patrocinadoras dos projetos.
Quanto a segunda parte do que haviam me pedido, expliquei que durante os anos de 2012, 2013, 2014 e 2015, tais leis não sofreram nenhuma modificação, mas a partir do ano de 2016, diversas mudanças foram feitas nessas leis, desvirtuando sua ideia e sua concepção original, dificultando o acesso aos recursos por parte dos produtores culturais e esportivos, quando deveriam na verdade facilitar e viabilizar as produções nesses dois importante setores de nossa economia.
As mudanças foram tão absurdas e radicais que através de uma simples portaria modificaram a composição das comissões responsáveis por analisar e aprovar os projetos em cada uma das secretarias, eliminando a representação da sociedade civil e substituindo-a por funcionários comissionados de cada pasta, o que transforma essas comissões em meras carimbadoras das ordens superiores.
Hoje, com raras exceções, o que se vê é a utilização de ambas as leis como apoio e braço operacional de iniciativas governamentais, coisas que eram totalmente vedadas quando da idealização, concepção e implantação dessas leis.
Por fim, expliquei-lhes que a mim fica o consolo de ter sido o idealizador e criador desses instrumentos que visavam o fortalecimento da cultura e do esporte maranhense, e que, se hoje eles não cumprem mais como deveriam, as funções e os objetivos para os quais foram criados, nos resta lamentar e quem sabe lutar para mudar essa triste realidade.
Motivado pela pergunta estampada em uma tarja de legenda, exibida em um programa da Globo News, (escrita de forma errada) onde aparecia, entre outros, a jornalista Miriam Leitão, (veja a foto), resolvi responder à pergunta com o texto abaixo.
Já faz 8 anos que eu escrevi um texto abordando um assunto parecido com esse, sobre esse mesmo personagem, o ex-juiz federal, ex-presidente da EMBRATUR, ex-Deputado Federal, ex-Governador do Maranhão, ex-Ministro da Justiça, ex-Senador da República e atualmente Ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, meu confrade na Academia Maranhense de Letras.
Há 8 anos escrevi dizendo que iria dar um prazo de 180 dias para só então me pronunciar sobre o que FD estava fazendo no comando do governo do Maranhão. Como pouco ou nada foi feito neste intervalo de tempo, dei a ele crédito e prorroguei o prazo por igual período. Depois de um ano de gestão me manifestei dizendo que mudaram os nomes, os personagens que ocupavam os cargos, que mudaram até algumas práticas políticas, mas que de modo geral as coisas continuavam iguais ao que acontecia antes, era um governo de amigos.
Não era possível desconhecer, no entanto, que aconteceram algumas boas mudanças, da mesma forma que era impossível não dizer que depois de muitos anos, as práticas vitorinistas haviam voltado a existir em nosso Estado.
A história dirá que Flávio Dino interrompeu 50 anos de hegemonia de Sarney e seu grupo político no Maranhão, e isso é verdade, mas também dirá que guardadas as devidas proporções, o tempo que separa as duas gestões e o fato de Sarney ter governado o Maranhão por apenas quatro anos e Flávio por oito, os avanços alcançados pelo primeiro, superam em muito tudo que foi feito pelo segundo.
Já em comparação com Roseana Sarney e os quatorze anos em que ela governou o Maranhão, pode-se dizer que os oito anos de Flavio, disputam em pé de igualdade.
Mas deixemos o passado para os historiadores profissionais, que no futuro certamente se debruçarão sobre esse tema. Vejamos o presente.
Flavio Dino é, sem a menor sombra de dúvida, o político mais articulado, mais culto, mais preparado, que apareceu no Brasil nos últimos 20 anos. Isso não quer dizer que eu concorde com seus posicionamentos ideológicos, nem com suas práticas políticas, mas é impossível para qualquer pessoa de bom senso não reconhecer as qualidades diferenciadas de Flavio, mesmo que alguns de seus defeitos sejam igualmente fáceis de se identificar.
Como já disse, Flávio é muito culto. Como orador, existem hoje pouquíssimos que se igualam a ele. Articula bem as palavras e os pensamentos, portanto é um grande sofista, naquilo que o termo grego tem de bom e de pejorativo também. Sua capacidade intelectual cobre um vasto campo e ela só é limitada por sua ideologia que restringe muito o incrível potencial que ele tem.
Se Flávio fosse um moderado, mesmo sendo um esquerdista, tenho certeza de que seu sucesso seria maior do que realmente é. O fato de ser um taurino, que precisava superar outro taurino, fez dele um verdadeiro Minotauro ou seria melhor dizer, um Dinotauro: Forte como um touro e astuto com Flávio Dino.
Ocorre que depois de desbancar o sarneysismo no Maranhão, se o que ele realmente deseja é conquistar o Brasil, ele precisaria ficar mais “light”, o que é difícil para alguém de seu temperamento.
Mas voltemos ao título de meu texto de hoje: “O que esperar de Flávio Dino como Ministro do STF”. EU, particularmente, espero que ele se reinvente, que se torne mais “light”, mais leve, sem nenhuma alusão ao seu corpanzil. Espero que ele seja menos, muito, muito menos polêmico, que não tente ser engraçado, que seja menos radical, que se torne um juiz salomônico, apaziguador, que se lembre da espada de Dâmocles, mesmo que use com muita parcimônia e sabedoria a espada que Alexandre, o grande (não o pigmeu careca), aquela espada que o macedônio usou para “desatar” o nó Górdio.
Eu espero que Flávio Dino se redima dos equívocos que por acaso tenha cometido durante seu tempo na política partidária e ideológica e saiba que como juiz de nossa suprema corte, neste momento conturbado da história de nosso país, ele pode se tornar apenas mais um infame, ou ao contrário do que grande parte das pessoas imagina, se transformar no sustentáculo de nossa cambaleante democracia, que vem sendo vilipendiada de forma absurda pelas más ações advindas do poder executivo, pela inação criminosa do poder legislativo e pela tirania abjeta praticada pelo poder judiciário.
Testemunhar a redenção de FD será uma das maiores satisfações que eu terei em minha vida, aristotelicamente política, socraticamente filosófica e platonicamente ideológica.
Espero do fundo de minha alma que Flavio Dino possa permitir que eu diga, no fim de minha vida, que fui seu adversário ideológico, seu confrade na Academia Maranhense de Letras e seu admirador pelo trabalho que realizou no STF, ao ajudar a restaurar e estabilizar o estado de direito e a democracia em nosso país e assim, quem sabe, ele possa mais uma vez abandonar a magistratura e retornar, nos braços do povo para a política, para ser aquilo que parece ser seu objetivo: Presidente da República.
Esse me parece ser o melhor, o mais curto e o mais garantido caminho.
O pensamento de direita não é somente representado por Bolsonaro, muito menos por seus seguidores, sejam eles os moderados ou mesmo aqueles que votam nele por falta de opção. O pensamento de direita já existia antes de Bolsonaro e continuará existindo depois dele. Graças a Deus.
O advento de Bolsonaro, guardadas as devidas proporções e aplicabilidades, é semelhante ao aparecimento de Lula, que por sua vez não desqualifica a esquerda, pois nem todo esquerdista é como Lula. Ou será que é?
No caso de Bolsonaro, posso afirmar que a maioria das pessoas que se posicionam conscientemente no campo ideológico da direita não pensa e não age como ele. Quem sabe realmente o que é o pensamento de direita, que defende a livre iniciativa, o livre comércio, o empreendedorismo, quem defende a liberdade de expressão, a auto determinação do indivíduo, o direito à propriedade dos bens amealhados pelas pessoas no decorrer da vida, quem valoriza instituições como a família, a igreja, a Nação, o País, de maneira consciente, quem sabe se comportar civilizadamente em sociedade, quem sabe a importância de sentimentos como respeito, elegância, refinamento social, aqueles que acreditam que o estado existe para regular as relações entre as pessoas e as instituições e não para submete-las às determinações ideológicas de uma elite política, esses sim, são os verdadeiros representantes da direita.
A direita advoga o liberalismo econômico e social, prega a valorização das liberdades individuais colocando os interesses dos indivíduos e suas necessidades em primeiro lugar, sem esquecer das responsabilidades deles para com a sociedade.
O pensamento liberal é sempre no sentido de garantir que para cada direito concedido ao cidadão, um dever dele para com a sociedade deve ser estabelecido. O Liberalismo acredita que direito não é privilégio, Direito é algo que necessita de uma contrapartida por parte de quem o recebe. O direitista acredita piamente que um direito só pode ser exigido pelo cidadão porque ele oferece à sociedade uma obrigação correspondente, que deve ser exigida pela sociedade com a mesma energia e tenacidade, equilibrando, justificando e equalizando as forças entre direitos e deveres dos cidadãos, fazendo com que as engrenagens da sociedade liberal estejam sempre alinhadas e afinadas.
O funcionamento padrão de uma sociedade liberal oferece a população o sucesso que uma sociedade comunista busca desesperadamente e que jamais conseguiu oferecer em nenhum lugar e em tempo algum. O perfeito funcionamento do liberalismo, quando agregado ao humanismo que toda sociedade humana necessita, transforma-se no modo quase perfeito de convivência social e política.
Bolsonaro não tem a profundidade necessária para entender esse tipo de coisa e por isso representa apenas uma parte da direita em nosso país. A maior parte dela, tem apoiado e deverá continuar apoiando Bolsonaro por não ter um verdadeiro representante do pensamento liberal ou de direita que possa representá-los.
Ninguém pode desconhecer que Bolsonaro se coloca no espectro da direita, mas achar que toda a direita brasileira é representada por ele e por seus seguidores mais fanáticos, é desconhecer a história da direita.
Vou citar alguns luminares do pensamento liberal ou de direita em nosso país, pessoas ligadas as mais diversas áreas de atuação, e gostaria que você, que me prestigia com a leitura destas mal traçadas linhas, dissesse se Jair Bolsonaro poderia carregar a pasta de algum deles: Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Cândido Rondon, Getúlio Vargas, Roberto Campos, Eugenio Gudin, Delfim Netto, Sandra Cavalcante, Carlos Lacerda, Góes Monteiro, José Sarney, Gustavo Corsão, Alceu Amoroso Lima (Tristão de Atayde), Assis Chateaubriand, Magalhães Pinto, Ademar de Barros…
Mesmo que você discorde de mim quanto aos nomes constantes na lista acima, tenho certeza de que você concordará comigo quanto ao fato de Bolsonaro jamais poder figurar num panteão como esse, logo, ele não sabe o que é ser um verdadeiro liberal, um representante genuíno da direita. Ele simplesmente ocupa o espaço de alguém que se contrapõe à esquerda e por esse motivo capitaliza o apoio eleitoral de muitos verdadeiros e consistentes liberais.
Do que precisa a direita no Brasil? De alguém que tenha a consciência dos componentes da lista acima e que tenha o apelo eleitoral de Bolsonaro, o que parece ser impossível, porque o povo brasileiro, o eleitor médio, não consegue perceber a diferença.
Tenho assistido, e acredito que você também, tantas barbaridades e idiotices que têm sido prolatadas em vários programas jornalísticos das mais diversas emissoras de televisão e de rádio de nosso país, que como produtor e diretor de conteúdos audiovisuais, resolvi pensar em um jeito de, se não de solucionar esse gravíssimo problema, pelo menos de minorá-lo de maneira criativa e extremamente positiva.
Depois de ter analisado um pouco toda essa situação e por ter passado a minha vida inteira envolvido com comunicação e jornalismo, posso garantir que terá sucesso extraordinário, um programa de televisão, como também sua versão para emissoras de rádio, que apresente, de forma analítica, ponderada, criteriosa e coerente, análises sobre aquilo que dizem e comentam outros programas que sejam jornalísticos e opinativos.
Seria exatamente como aquilo que sugere o curioso título deste texto, seria um programa que serviria como “Ombudsman dos outros”, onde fossem analisadas, com critérios apurados, aquilo que os jornalistas e seus convidados dizem.
Levando-se em consideração que o conhecimento e a opinião da sociedade atual, do século XXI, ao contrário da sociedade do “odiento” século XX, que eram formadas pelo convívio familiar, por boas escolas e universidades, e que é hoje formada essencialmente pelas notícias que se ouve e assiste nos mais diversos meios de comunicação e nas redes sociais, conhecimento e informação da espessura de uma folha de papel, o “Ombudsman dos outros” filtraria e analisaria o que fosse dito nesses programas, de forma criteriosa, usando a lógica, o bom senso, o conhecimento histórico e científico, faria ponderações e mostraria ao público a consistência e a inconsistência daquilo que ali foi dito.
Lembro para quem não se lembra e digo para aqueles que não sabem o que é um Ombudsman. Ele é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa com a função de receber críticas, sugestões e reclamações de seus usuários, e que sua função no jornalismo é essencial, tanto que são chamados de editores públicos, advogados dos leitores ou editores de leitores.
A primeira vez que essa função foi utilizada foi em dois jornais na cidade de Louisville, no estado de Kentucky, nos Estados Unidos, em 1967. Três anos depois, o The Washington Post seria o primeiro grande jornal a contratar um profissional para exercer essa importante função.
Apenas para exemplificar o que aconteceria no programa “O ombudsman dos outros”, veja o que disseram alguns jornalistas de uma certa emissora de televisão sobre o fato de um ministro do STF ter tomado atitudes “legais” no sentido de investigar a atuação de uma ONG, uma instituição de defesa dos direitos dos cidadãos que demonstrou preocupação com o aumento da corrupção no Brasil: “… essa é uma agenda pessoal do ministro …”.
Ora, esse comentário leva o espectador a achar normal, natural, certo, que um ministro do STF tenha uma agenda própria, sua, pessoal, faz com que quem por acaso assista o que ali esteja sendo dito, pense que a atitude do ministro está correta, quando a função do jornalista âncora, comentarista, opinativo, editorialista, é antes de tudo analisar o fato e a notícia por trás dele, do ponto de vista daquilo que é ético, certo, sensato e deve ser feito, ou pelo menos dar espaço para que aquilo tudo tenha um contraponto, uma ponderação.
Em momento algum os jornalistas ou comentaristas daquele programa teceu algum comentário sobre o fato de um ministro do STF ter uma agenda própria, sobre isso não condizer com a função de juiz, muito menos com a função de um ministro de uma corte suprema. A agenda de um juiz deve ser o processo, e seu manual, a sua bíblia, deve ser a lei, usada com sabedoria, sensibilidade e bom senso. São comentários como esse que enfraquecem o nosso senso de cidadania, bem como a falta de crítica a atitudes como essa, do tal ministro.
Talvez, se tivermos um ombudsman dos outros, possamos voltar a assistir alguns programas sem a imensa preocupação de filtrarmos as barbaridades que a maioria dos programas e dos jornalistas vomitam sobre nós a todo instante.
O governante que não se preocupa com os julgamentos aos quais pode ser submetido, invariavelmente será condenado em todos eles.
Há o julgamento popular que é o mais imediato e visível, que graças ao advento da reeleição faz com que o governante subverta céus, terras e mares para não ser condenado, pelo menos não antes de se reeleger, e por isso mesmo acaba sendo condenado em outros julgamentos.
Há o julgamento das cortes de contas, nas várias esferas da jurisdição. Julgamentos em que quase sempre, de uma forma ou de outra, haverá algum tipo de condenação.
Há o julgamento criminal, nos quais ultimamente os nossos governantes têm sido penalizados, mesmo que a justiça também esteja precisando ser julgada.
E há o julgamento da história. Neste julgamento, a pena é o anonimato ou o esquecimento.
Sobre esse julgamento, desde que me entendo por gente, em nossa cidade, São Luís, e em nosso estado, o Maranhão, aqueles que primeiro são sempre lembrados como grandes governantes são respectivamente Haroldo Tavares e José Sarney.
Eu sou um homem de muita sorte. Não que tenha ganhado alguma coisa em sorteio ou em loteria. Isso Jamais aconteceu até hoje.
Minha sorte consiste em quase sempre conseguir aquilo que almejo. Tudo bem que me esforço para isso, mas algumas vezes não consigo o que desejo apenas por empenho, dedicação e esforço, mas por sorte mesmo. As vezes o universo conspira para que eu alcance meus objetivo, algumas vezes até os mais improváveis.
Em 2007, quando estava fazendo a pré-produção de meu filme “Pelo ouvido”, entrei em uma galeria de arte em São Paulo, em busca de um quadro para o cenário do filme, e me deparei com a tela que ilustra esse texto. Parei em frente dela e fiquei maravilhado com a visão que tive, com a mensagem que ela me passava. Senti uma imensa felicidade ao olhar aquela imagem.
Era apenas um corpo languido de uma mulher morena sobre uma cama. Imediatamente imaginei a cena. Um lençol branco como moldura, e sapatos também brancos espalhados pelo chão, completavam o cenário e me davam toda a perspectiva dos acontecimentos pretéritos e futuros. Entrei em uma espécie de transe, passou um filme em minha cabeça.
Ao me deparar com aquele quadro, minha única reação foi dizer para mim mesmo que eu precisar ter aquilo para mim. Queria ser dono permanente daquele sentimento e daquela sensação.
Mas aquele quadro não se encaixava nas necessidades do filme que eu iria realizar e acabei por não o comprar. Optei por outro, um que tinha uma relação mais direta com o filme.
Passaram-se alguns meses e quando estávamos gravando o filme, voltei naquela galeria e para minha surpresa o quadro continuava lá. Não tive dúvida que ele deveria ser meu. Imaginei que muitas pessoas poderiam ter passado por lá e comprado o quadro, mas ele continuava ali, no mesmo lugar, como se estivesse esperando por mim. Eu comprei o quadro e o trouxe para a casa que eu estava construindo, no Araçagy. Uma casa que deveria ser uma espécie de mosteiro e santuário para mim, minhas ideias e meus projetos.
Passeou-se um ano e quebrando todas as expectativas e as regras estabelecidas por alguém que com quase 50 anos, não pretendia mais se casar, encontrei o amor de minha vida, Jacira, a mulher por quem me apaixonei e com quem hoje sou casado, e assim que a vi, descobri que aquele quadro na verdade havia sido para mim, o roteiro, o storyboard, a direção de arte, antecipados, do filme que seria e minha vida dali em diante.
Hoje, 15 anos se passaram, a casa que seria mosteiro e santuário eu vendi, mas o quadro continua em minha parede e a mulher em minha vida… Para sempre.
Há trinta anos, quando meu pai morreu, não tive muito tempo para absorver, entender, nem sentir a falta que ele me faria, pois precisava fazer de tudo para minimamente tentar substituí-lo naquilo que fosse possível. Neste intento eu e meu irmão Nagib nos ajudamos naquilo que era possível e bem ou mal, conseguimos nos sair mais ou menos bem. Diria até que satisfatoriamente bem.
Hoje, passados esses trinta anos, foi mamãe que nos deixou, e ao contrário daquilo que sentimos com a morte de papai, o desamparo é imenso, diria que é total, pois se estávamos, eu e Nagib, e também as outras pessoas de nossa família, minimamente preparados para enfrentar os desafios que nos fossem apresentados na falta de Nagibão, o despreparo para enfrentar a vida sem a presença de mamãe é total.
Para se substituir o provedor, o lutador, o comerciante, o político e mesmo o pai e o amigo, bastava que trabalhássemos incansavelmente como ele fazia, que nos mirássemos em seus feitos e em seus ensinamentos silenciosos. Substitui-lo era uma questão de empenho e trabalho. Para substituir aquela que era a amálgama feita de amor, afeto, compreensão, doçura, carinho, aquela que era nosso escudo e nossa avalista divina, precisaríamos ter algo que sempre tivemos de graça, que jorrava dela como a luz do sol e o vento do mar. Substituir minimamente nossa mãe é algo impossível, pois não estamos equipados nem preparados substituí-la ou imitá-la.
Quando perdi meu pai fiquei durante muito tempo manco e caolho. Temo que perder minha mãe me torne um cego, tetraplégico, com demência e portador de uma profunda tristeza, eternamente.
Mas pensando bem e lembrando das frases que eles dois mais gostavam de repetir: “O difícil se faz logo, o impossível demora um pouco mais” e “Nasci para ser feliz”, vejo que ter tido a oportunidade de ter vivido 34 anos com meu pai e 64 anos com minha mãe, não me deixa nenhuma saída a não ser agradecer pela vida e pelos ensinamentos que eles nos legaram e continuar FAZENDO e sendo FELIZ.