A nobre arte e a arte nobre

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Sempre que leio, ouço ou vejo pessoas se insultando em embates que envolvam posições partidárias, políticas, ideológicas ou mesmo filosóficas, lembro-me das violentas lutas de boxe onde homens brutos se esmurram durante horas e ao final delas, se abraçam e confraternizam, pois sabem que o que fazem naquele ringue não deve ultrapassar o limite das cordas, tanto que o boxe é conhecido como “A Nobre Arte”, título que ficaria muito melhor se fosse usado para designar a atividade política.

Ocorre que a disputa pelo poder é, desde sempre, muito mais suja que a disputa pela vitória em uma luta, mesmo que ela envolva um cinturão de campeão mundial dos pesos pesados ou a disputa de um campeonato mundial de qualquer modalidade esportiva.

Quanto menor a circunscrição da disputa política, mais acirrada ela é. Existem casos, e não são poucos, em que as disputas regridem tanto no espaço que acabam acontecendo no seio de uma mesma família, chegando ao cúmulo de ocorrer entre irmãos de sangue, filhos dos mesmos pais.

Não é que eu não goste de uma pendenga política, de um debate acalorado, ou até mesmo de um bate-boca, correndo o risco de, vez por outra, o nível baixar mais que o aceitável. Confesso que até gosto, mas acho inadmissível, que depois que o debate ou o embate político acabe, as pessoas não confraternizem e ao invés disso, passem a se odiar, apenas por não pensarem da mesma forma. A não aceitação do outro é o cúmulo da ignorância, o ponto máximo da involução do ser humano, é o que abre espaço para o outro também não admitir a existência do antagonista!

Sou daqueles que acredita que o embate político deveria ser como uma luta de boxe. No ringue entrariam para se engalfinhar as ideias de cada contendor e ali elas se esmurrariam até uma vencer a outra, por nocaute ou pontos, e depois da luta, tanto as teses que se enfrentaram, quantos os teóricos que as defenderam, se confraternizariam e combinariam uma revanche, para verem se confirmar-se-ia o resultado.

Eu nasci no meio da política, vendo meu pai, meu tio e seus amigos nessa lide, procurei aprender e tirei minhas conclusões de como melhor agir neste contexto. Pratiquei essa “arte” por quase 40 anos, penso que saiba um pouco sobre ela, e é por isso que eu digo e repito, não há nada melhor que agirmos de maneira sempre aberta, clara e franca na política, pois assim fica mais fácil distinguirmos as melhores e mais produtivas ações.

Nem sempre as coisas acontecem como se imagina ou deseja, mas é preciso estarmos preparados para todos os acontecimentos que possam resultar de nossas ações e até mesmo das ações dos demais participantes deste vasto jogo de tabuleiro que é a política.

Vejam só o exemplo de nosso estado. Grosso modo, nas décadas de 30, 40 e 50 do século passado a hegemonia política pertencia ao grupo liderado pelo senador Victorino Freire. Da metade da década de 60 do século XX até a metade da segunda década do século XXI, a hegemonia esteve nas mãos do grupo liderado pelo ex-presidente José Sarney. De lá pra cá o comando da política maranhense está nas mãos do governador Flávio Dino, que pretende permanecer nesta posição por muito tempo. Ele precisa, neste momento crucial de sua sucessão ao cargo de governador, jogar como um grande mestre internacional de xadrez, prevendo todos os movimentos de todas as peças, em todos os tabuleiros onde ele abriu jogo, com todos os oponentes, que em quase sua totalidade não são seus adversários, mas correligionários postulantes a lugares destacados no jogo maior da política estadual.

Um fator importante para que se tenha sucesso no boxe, na política ou em qualquer modalidade de disputa, é conhecermos bem as regras. Além das regras formais desses “jogos”, existem regras de comportamento e conduta que são tão ou mais importantes que as formais. A observância destas regras de comportamento é um dos requisitos básicos para transformar um esporte ou uma atividade qualquer em uma arte.

É importante não esquecer que arte é a habilidade ou a disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional, logo, a mágoa, o rancor e o ódio não podem estar presentes nestas práticas.

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Canalha, dissimulado, mentiroso.

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Existe um Joaquim Haickel que ESTÁ Secretário de Comunicação de São Luís, e como tal deve se portar, e um outro Joaquim Haickel, que É cidadão e deve continuar a ser como é e sempre foi, até por coerência e legitimidade, por isso o secretário fez circular uma nota da SECOM (leia abaixo) e o cidadão escreveu o texto que se segue, por acreditar que as coisas devem ser colocadas em seus devidos lugares, no que diz respeito a mentiras propagadas pelo deputado Duarte Junior.

Nota da SECOM

Secretaria Municipal de Comunicação

Nota

Sobre as notícias falsas propagadas pelo deputado Duarte Júnior, a Secretaria Municipal de Comunicação (SECOM) informa que não pagou ou tem qualquer contrato para troca de adesivos de lixeiras da cidade.

Outrossim, aproveita a oportunidade para informar que os recursos orçamentários da secretaria, bem como toda a movimentação financeira decorrente das ações implementadas por ela, estão disponíveis no Portal da Transparência, no site da Prefeitura.

Texto de Joaquim Haickel

Canalha, dissimulado, mentiroso.

Sobre as notícias falsas ditas pelo deputado Duarte Júnior e propagadas por alguns poucos “jornalistas” detentores das mesmas características dele, eu poderia dizer simplesmente que a troca dos adesivos das lixeiras da cidade de São Luís não foi paga pela secretaria de comunicação.

Só isso já bastaria para calar uma boca imunda, que não deveria ser aberta, a não ser para alimentar seu corpo circense. Ocorre que meus pais me ensinaram que eu não deveria jamais procurar briga, muito menos com alguém mais fraco, menos capacitado, física ou mentalmente, pois isso seria covardia. Eles também me ensinaram que quando provocado, eu deveria resistir o máximo que pudesse, mas que quando não houvesse jeito, só saísse dela, tendo vencido. Uma das frases preferidas de meu pai era: “Dou um boi para não entrar numa briga, mas uma boiada para não sair dela”.

Por tudo isso e para não correr o risco de cometer algum equívoco ou injustiça, fui procurar no dicionário o significado da palavra CANALHA e confirmei que ela é usada para designar pessoa vil e reles. Que pode ser usada como adjetivo e substantivo de dois gêneros, mas sempre para indicar aquele que é infame, abjeto, velhaco.

Não satisfeito, fui atrás do significado da palavra DISSIMULADO e vi que essa palavra é usada para alguém fingido, falso, artificial, enganador, sonso, afetado, finório, manhoso, malicioso…

Para ter certeza do significado da palavra MENTIROSO não precisei recorrer ao dicionário, bastou eu me lembrar da cara do deputado Duarte Júnior e de alguns dublês de jornalistas que existem por aí!

É que este cidadão canalha, dissimulado, mentiroso, acha que ser como é, lhe dá alguma vantagem sobre as pessoas… Pode até ser, mas comigo não, carnaval.  

Ao utilizar-se de um microfone aberto em uma emissora local de rádio, o deputado além de ter mentido, mostrou completo despreparo quanto ao assunto abordado e confirmou o fato de não ter um bom caráter, agindo de forma abjeta e politiqueira no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia.

Um assunto como esse, não deve e não pode servir de palanque, muito menos para dar vasão a mágoas ou ressentimentos de alguém que perdeu fragorosamente uma eleição, na qual o povo de São Luís disse NÃO às suas sandices e SIM à esperança de ter Eduardo Braide como seu prefeito.

Se esse senhor não sabe, a Secretaria de Comunicação do Município de São Luís não gastou R$ 7 milhões para adesivar lixeiras, locais onde cada palavra saída de sua boca deveria estar. A nossa equipe de Comunicação trabalha para bem informar os ludovicenses, diferente desse “senhor” que oferece completo desserviço cada vez que abre a boca e se utiliza de blogueiros que, como já disse, possuem suas mesmas características.

Um trabalho sério como o que está sendo realizado pela SECOM, não deve e não pode ser colocado em dúvida por alguém que se diz conhecedor de leis, mas que não sabe acessar o site e as redes sociais da Prefeitura, onde constam diariamente os números de vacinação, bem como de leitos exclusivos para a Covid-19.

Ele mente, mente, mente e o que é pior, parece que mesmo isso sendo claro, há quem dê crédito às suas mentiras!…

A sua gana por mídia, não pode e não será maior que a vontade do povo desta cidade que, graças a Deus, soube dizer NÃO ao seu projeto de poder.

São Luís não deve ser usada como umbigo de trastes como estes, e as pessoas de nossa cidade não podem ser tratadas por eles, como marionetes.

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Gratidão, sentimento recíproco

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Tenho me sentido muito triste e angustiado com a grande quantidade de falecimentos de pessoas de minha família e de amigos queridos, em decorrência de complicações causadas por essa segunda onda de contágio da pandemia de Covid-19, mas em meio a toda essa dor e a esse desespero, recebi, via WhatsApp, a mensagem abaixo, que me deu um ânimo novo, me fez recobrar as forças. Vejam!…

“Boa tarde!!

Hoje eu venho aqui pra te falar algo que levo há muitos anos no meu coração.
Quero te falar sobre o quanto eu sou grata a ti e sobre o quanto tu és importante pra mim.

Joaquim, talvez tu nem saibas, mas tudo o que sou, tudo que construí e represento pros meus, eu devo a ti! Obrigada pela porta que tu me abriste um dia na TV Mirante em Santa Inês, pela chance que tu me deste, pelo trabalho por meio do qual eu pude colher tantos frutos junto com minha família!

Sabe, muitas vezes eu ouvi de familiares, de amigos, de pessoas de minha cidade, alguns até desconhecidos, o quanto eles tinham orgulho de mim. Orgulho da “pikena” do interior, da filha de Pinheiro que virou jornalista da Globo, apresentadora da TV Mirante em São Luís! Eu também me orgulho muito, porque só eu sei o quanto eu batalhei pra chegar aonde cheguei. É uma história modesta, mas é a minha história e ela só foi possível graças a ti!

O roteiro da minha vida teria sido outro se tu, há 20 anos, não tivesses dito um SIM pros meus sonhos.

De todo meu coração: obrigada!!!

Sou grata e amo muito você por tudo que você representa pra mim!”

Essa mensagem me foi enviada pela jornalista Valdélia Reis, editora e apresentadora do programa esportivo da TV Mirante de São Luís, e é sem dúvida nenhuma um dos maiores e melhores presentes que eu já recebi ou irei receber em toda a minha vida, pois ter certeza de que a simples atitude de dar oportunidade de trabalho a uma pessoa, pode transformar a vida dela de maneira tão radical e definitiva, é a coroação de toda uma existência.

Imediatamente quando li esta mensagem, depois de me recompor emocionalmente, meu primeiro pensamento foi em mandá-la para meu grupo familiar, para mostrar para minha mãe, meu irmão, minha filha, minha mulher, meus enteados, para todos a quem amo, que parte de minha missão como pessoa nesta vida, estava cumprida, pois tinha a comprovação que havia interferido e mudado, para melhor, a vida de alguém.

Mas meu segundo pensamento, infelizmente, foi de certo modo egoísta e presunçoso. Fiquei imaginando quantas pessoas poderiam dizer de mim a mesma coisa que Valdélia disse.

Lembrei-me de diversas pessoas, mas principalmente de Tiago Silva, Ronaldo Moraes, Célia Fontinele, Erisvaldo Santos, Margareth Moura, Luciano Melo, Junior Barreto, e até do saudoso Osvaldo Leite, o surfista, que nos deixou prematuramente. Essas pessoas faziam parte de um grupo de jovens, muito jovens, sem formação profissional nenhuma, que aprenderam fazendo, que na década de 90, junto comigo, formavam o valoroso time da TV Maranhão Central de Santa Inês, então afiliada da Rede Globo na região do Vale do Pindaré.

Hoje, todos estão formados, aperfeiçoados em suas respectivas atividades, e estabilizados na vida. São pessoas realizadas, de sucesso, importantes em suas atividades, e por seu genuíno esforço, grande força de vontade de superar os obstáculos e vencer na vida, eu os admiro e tenho orgulho paternal deles, pois sempre os tive como pessoas da minha família, e isso não é apenas modo de dizer, não!

Consciente, renego o sentimento de presunção, mas não consigo me livrar de uma saudável vaidade.

Obrigado Val, por me dar a certeza de que consegui tocar a vida de alguém e fazê-la melhorar. Poucas sensações são iguais ou melhores que essa.

Graças a essa mensagem, a tristeza que tomava conta de quase toda minha mente e minha alma, perdeu espaço. Respiro fundo e me recarrego de coragem para enfrentar os desafios da vida.

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Garrone e Eu

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Minha amizade com o jornalista Raimundo Garrone vem desde o início dos anos 80. Eu editava a Revista Guarnicê e ele ainda cursava jornalismo e fazia parte de um grupo de jovens poetas que se autodenominavam Os Párias, que constantemente publicavam seus poemas em nossa revista.

Politicamente eu e Garrone sempre estivemos em campos opostos, mas mantivemos uma boa relação, baseada em respeito e consideração.

Lembro de fatos interessantes na minha história com Garrone. Certa vez, o meu hoje confrade na Academia Maranhense de Letras, Felix Alberto Lima, juntamente com outras pessoas, promoveu uma oficina de contos e trouxe para ministrá-la o grande poeta Caio Fernando Abreu.

Fizeram aquele curso a fina flor da jovem intelectualidade ludovicense, na qual Garrone e eu, estávamos inseridos. No terceiro dia do curso, Caio pediu que cada um de nós levasse um conto de um grande escritor para lermos, analisarmos e trabalharmos nele, recriando a atmosfera literária do autor.

Levaram textos de Edgar Alan Poe, Machado de Assis, Dalton Trevisan, Lígia Fagundes Teles… Já eu, como sempre sofri o preconceito por ser um escritor burguês, um herdeiro, alguém cujo talento literário sempre era colocado em dúvida por eu ser político – naquela época já era deputado – resolvi pregar-lhes uma peça e apresentei como sendo do famoso cineasta, David Lynch, o conto Pelo Ouvido, que era na verdade de minha autoria. O certo é que ao ser lido, o conto foi aclamado por todos, elogiado como sendo uma obra genial, tendo a marca clara do estilo de seu autor. Serviu de exemplo de como se deve estruturar uma ideia de forma simples, colocando nela todos os ingredientes necessários para realizar uma obra icônica.

A complicação foi na hora de revelar que o conto não era de David Lynch, mas sim meu. Muita gente ficou indignada. O Caio não entendeu até que eu explicasse o bulling que eu sofria. Garrone foi um dos mais indignados, tendo escrito uma matéria de meia página no jornal O imparcial, sobre o ocorrido.

Lembro que só de “sacanagem” escrevi na semana seguinte, um artigo no jornal O Estado do Maranhão, contando a minha versão dos fatos, e pedi permissão para meu amigo José Louzeiro para publicar com o nome dele, apenas para demonstrar como o preconceito ideológico era uma coisa grave e deveria ser abominado e combatido.

Anos mais tarde, eu ainda deputado, criei as leis de incentivo ao esporte e à cultura, e Garrone era proponente de um projeto no dispositivo de fomento cultural.

Mesmo tendo o certificado que lhe permitia buscar o patrocínio para seu projeto, Garrone não conseguia. Falei com um grande amigo meu, alguém a quem Garrone não poupava críticas duras e ácidas, em muitos aspectos injustas, movido unicamente pelo posicionamento político-partidário. Pedi àquele amigo que arrumasse patrocínio para a Bandida, banda de carnaval que Garrone fazia para agitar as festividades momescas de nossa cidade.

Fiz com que aquele meu amigo visse que patrocinar uma atividade como a Bandida, de alguém que o atacava, só iria comprovar que a lei de incentivo viera para democratizar o espaço cultural, sem a utilização de viés político, que todos teriam acesso àquele dispositivo e que os melhores e mais capacitados iriam ser automaticamente diferenciados e preferidos pelos patrocinadores, como era o caso da Bandida. E assim foi feito. A Bandida foi patrocinada por esse meu amigo durante muitos carnavais.

Hoje, secretário de Comunicação do município, destinei mídia para publicação de banner de propaganda da Prefeitura de São Luís em alguns blogs e tenho sofrido críticas por parte de alguns jornalistas, pelo fato de eu ter autorizado a contratação do Blog do Garrone, jornalista que sempre se posicionou contra o prefeito Braide, a quem critica por motivos meramente político-partidários, sem jamais reconhecer as coisas boas que a sua gestão tem feito em benefício da cidade e de seu povo.

A minha resposta a quem critica o que fiz é simples e clara: Eu não pago por posicionamento editorial, nem de jornalista, nem de veículo, pago por mídia! Os leitores e a população sabem medir as ações das pessoas, tanto que elegeram Braide para ser seu prefeito. As minhas ações são medidas, primeiramente, por mim e estão sujeitas ao julgamento de todos, a única coisa que eu exijo é que este julgamento seja justo.

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Uma ideia frondosa

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Minha mãe costuma repetir constantemente uma frase: “Nasci para ser feliz”. Graças a Deus a felicidade se enamorou dela e nunca a abandonou. A frase de meu pai era outra: “O difícil se faz logo, o impossível demora um pouco mais”.

Eu sou mais conhecido como filho de Nagib, mas sempre fui muito mais filho de Clarice. Minha aparência e meu temperamento, herdei de meu pai, mas foi minha mãe quem esculpiu minha alma, para que eu pudesse, em paz, tratar de construir a minha mente.

Se minha mãe nasceu pra ser feliz, eu nasci para fazer e cultivar amigos e minha felicidade se deve principalmente ao fato de ter muitos e bons amigos verdadeiros, ser respeitado e querido por eles.

Falo da felicidade de ter amigos para falar da mensagem que recebi de uma das mulheres mais finas, elegantes e inteligentes de nossa terra. Ao final vocês saberão de quem se trata. Falo de minha gabolice travestida de felicidade por dizer que são poucos aqueles que recebem a atenção e o carinho de uma pessoa tão especial.

Leiam a carta!…

“Joaquim,

Você como secretário do Prefeito Braide é sinal de esperança, pela junção do homem realista com o homem sonhador. Parabéns a ambos.

Sei que você deve andar super ocupado, por isso vou dar rapidamente o meu recado. Na verdade, é um pedido. Poderia ser sobre “melhorar a educação e a saúde”, esses clássicos de qualquer plano de governo. Tudo isso vale e espero que a equipe administrativa do prefeito seja atuante e eficaz nestes setores, tão importantes quanto carentes.

Mas quero aqui me referir ao meio ambiente, mais especificamente às arvores. Se você puder e tiver alguma influência, estimule o dirigente da área a plantar milhares de árvores por toda nossa cidade e conclamar os demais prefeitos da ilha a fazerem o mesmo em seus municípios. Árvores frondosas que tragam beleza e sombra para nossa terra e nossa gente.

Os especialistas saberiam melhor que ninguém quais os tipos adequados à nossa região. Algumas tentativas de plantio já foram feitas anteriormente, poucas resistiram, talvez sem a devida manutenção e cuidado de que toda planta precisa.

É isso, Joaquim. Vamos cuidar da educação, da saúde, e outras áreas igualmente necessárias, mas vamos também trazer para nosso cotidiano um pouco de poesia, a beleza do verde associado à preservação do nosso ecossistema, tão ligado à ideia de vida.

Para finalizar, gostaria de acrescentar mais uma letra “E” na escalada de seus objetivos de governo: Êxito, para você e para o governo de Eduardo Braide.

Um abraço,

Eline”

Para os mais antigos que não ligaram o nome à pessoa, e para os mais jovens que não sabem de quem se trata, a Eline que assina essa mensagem, é a dona Eline Murad, mãe de minhas queridas amigas Maria Eugênia e Denise, viúva do dr. José Murad, ex-governador do Maranhão, médico que durante muitos anos foi presidente da Santa Casa de Misericórdia.

Dito isso gostaria de me dirigir a dona Eline, para, em primeiro lugar, agradecer em meu nome e em nome do prefeito Eduardo Braide, pelo carinho de sua mensagem e pelos votos de êxito. Em segundo, para dizer-lhe que continue nos mandando mensagens que nos sirvam de luz e guia. Em terceiro lugar, para garantir que manterei contato com meus colegas, cujas secretarias façam interface com esse relevante assunto, para que possamos também neste setor trabalharmos para fazermos de São Luís uma cidade melhor.

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Quando se perde um pedaço

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Já fazia muito tempo que não me sentia como me senti na noite da última terça-feira, dia 9. Senti-me desamparado. Como se me faltassem referências. O mais incrível é que a falta de referência não era em relação a mim, homem feito e refeito, passado dos 60, mas para o menino brincalhão e irrequieto que fui um dia.

Naquela noite senti, como se aquele Joaquim menino, tivesse perdido o rumo, o prumo, o leme, como se ele tivesse deixado de vivenciar todas aquelas maravilhosas coisas que acabariam por lhe fazer a pessoa que viria a ser com o passar do tempo.

Senti como se a fita VHS de minha vida estivesse sendo rebobinada em slow motion e tudo estivesse andando para trás e “desacontecendo”. Era como se minha vida, assim como acontecera, estivesse sendo apagada.

Sei que você, que me dá a honra de sua leitura, deve estar confuso. Confesso que eu também estou. Este já é o quarto texto que inicio na tentativa de comentar sobre a dor lacerante que senti. Uma dor que só poderia ser curada através das palavras que eu conseguisse colocar em um texto como este, que me servisse de analgésico, anestésico, barbitúrico.

Quando meu pai morreu, o chão cedeu. Eu precisei de muita força para me equilibrar, e só consegui porque muitas pessoas, na falta dele, passaram a depender de mim. A dificuldade que senti quando meu pai morreu, foi superada pela necessidade que tive de amparar as pessoas que continuavam vivas.

Na última terça-feira o peso caiu nas costas daquele Joaquim, menino de 10 anos, que estava começando a entender o mundo, e não nas costas do homem de 60 que já o conhece o suficiente para saber que estar atônito com a notícia da morte do “primo Stenio” era só a metade do problema. A outra metade seria consolar mãe Teté pela perda de outro irmão, num intervalo de apenas 30 dias.

Em fevereiro, mãe Teté perdeu Estelmo e sua esposa Maria das Graças, que nos deixaram, acometidos pela Covid-19. Em março, Stenio se foi, atropelado na porta de sua casa, no Anil.

Quando éramos crianças, eu, Jorge, Nagib e Celso, tínhamos uma vida muito parecida com a da maioria dos meninos de São Luís, mas havia uma diferença fundamental. Nós tínhamos um mentor, uma espécie de tutor, um sujeito que tendo 20 anos a mais, brincava conosco como se fosse um de nós. Não que ele fosse um “retardado”. Longe disso. Ele era “muito esperto”, segundo mãe Teté, nossa mãe de criação e irmã dele.

Stenio nos ensinou a jogar futebol de botão, dama, dominó, xadrez, buraco, pif-paf, pôquer. Fazíamos expedições exploratórias por lugares interessantes, como o Sítio do Físico, o Reservatório do Batatã, o Estreito dos Mosquitos. Acampávamos no Ingaúra, na Maioba, em Guarapiranga. Ele nos levava ao Lítero e ao Jaguarema. O que mais gostávamos, era de ir com ele ao circo e ao cinema. Era ele quem conseguia fazer com que Nagib entrasse nos cinemas para assistir filmes censurados para menores e foi com ele que assistimos alguns clássicos como “Rastros de ódio”, “Os canhões de Navarone”, “El Cid”, “Lawrence da Arábia”, “Spartacus” e “O homem que queria ser rei”, entre tantos outros.

Stenio esteve presente em quase todos os momentos importantes de nossas vidas, dos 6 aos 16 anos. Ele era álibi para coisas boas e para aquelas não tão boas que fazíamos.

Foi ele quem nos ensinou a dirigir; era ele que nos deixava pegar o carro de papai “emprestado”, para levarmos as empregadas dos vizinhos “para dar uma voltinha”; era ele quem arrumava as desculpas quando Jorge chegava tarde em casa.

Stenio Magalhaes Barros acabara de completar 81 anos e até já havia sido vacinado contra Covid-19.

Ele morreu. Nós não vamos mais vê-lo, mas ele continuará existindo enquanto nós tivermos capacidade de lembrar das aventuras que vivemos juntos, enquanto Jorge for capaz de contar para seu netinho Davi, que mãe Teté mandava que nós disséssemos a todos os nossos amigos que Stenio era nosso “primo”, para justificar a presença daquele sujeito tão mais velho que nós, no meio de nossas brincadeiras, alegrando e engrandecendo a nossa adolescência.

Ave Stenio, os que ficam não se esquecerão!…

Quando se perde um pedaço

Já fazia muito tempo que não me sentia como me senti na noite da última terça-feira, dia 9. Senti-me desamparado. Como se me faltassem referências. O mais incrível é que a falta de referência não era em relação a mim, homem feito e refeito, passado dos 60, mas para o menino brincalhão e irrequieto que fui um dia.

Naquela noite senti, como se aquele Joaquim menino, tivesse perdido o rumo, o prumo, o leme, como se ele tivesse deixado de vivenciar todas aquelas maravilhosas coisas que acabariam por lhe fazer a pessoa que viria a ser com o passar do tempo.

Senti como se a fita VHS de minha vida estivesse sendo rebobinada em slow motion e tudo estivesse andando para trás e “desacontecendo”. Era como se minha vida, assim como acontecera, estivesse sendo apagada.

Sei que você, que me dá a honra de sua leitura, deve estar confuso. Confesso que eu também estou. Este já é o quarto texto que inicio na tentativa de comentar sobre a dor lacerante que senti. Uma dor que só poderia ser curada através das palavras que eu conseguisse colocar em um texto como este, que me servisse de analgésico, anestésico, barbitúrico.

Quando meu pai morreu, o chão cedeu. Eu precisei de muita força para me equilibrar, e só consegui porque muitas pessoas, na falta dele, passaram a depender de mim. A dificuldade que senti quando meu pai morreu, foi superada pela necessidade que tive de amparar as pessoas que continuavam vivas.

Na última terça-feira o peso caiu nas costas daquele Joaquim, menino de 10 anos, que estava começando a entender o mundo, e não nas costas do homem de 60 que já o conhece o suficiente para saber que estar atônito com a notícia da morte do “primo Stenio” era só a metade do problema. A outra metade seria consolar mãe Teté pela perda de outro irmão, num intervalo de apenas 30 dias.

Em fevereiro, mãe Teté perdeu Estelmo e sua esposa Maria das Graças, que nos deixaram, acometidos pela Covid-19. Em março, Stenio se foi, atropelado na porta de sua casa, no Anil.

Quando éramos crianças, eu, Jorge, Nagib e Celso, tínhamos uma vida muito parecida com a da maioria dos meninos de São Luís, mas havia uma diferença fundamental. Nós tínhamos um mentor, uma espécie de tutor, um sujeito que tendo 20 anos a mais, brincava conosco como se fosse um de nós. Não que ele fosse um “retardado”. Longe disso. Ele era “muito esperto”, segundo mãe Teté, nossa mãe de criação e irmã dele.

Stenio nos ensinou a jogar futebol de botão, dama, dominó, xadrez, buraco, pif-paf, pôquer. Fazíamos expedições exploratórias por lugares interessantes, como o Sítio do Físico, o Reservatório do Batatã, o Estreito dos Mosquitos. Acampávamos no Ingaúra, na Maioba, em Guarapiranga. Ele nos levava ao Lítero e ao Jaguarema. O que mais gostávamos, era de ir com ele ao circo e ao cinema. Era ele quem conseguia fazer com que Nagib entrasse nos cinemas para assistir filmes censurados para menores e foi com ele que assistimos alguns clássicos como “Rastros de ódio”, “Os canhões de Navarone”, “El Cid”, “Lawrence da Arábia”, “Spartacus” e “O homem que queria ser rei”, entre tantos outros.

Stenio esteve presente em quase todos os momentos importantes de nossas vidas, dos 6 aos 16 anos. Ele era álibi para coisas boas e para aquelas não tão boas que fazíamos.

Foi ele quem nos ensinou a dirigir; era ele que nos deixava pegar o carro de papai “emprestado”, para levarmos as empregadas dos vizinhos “para dar uma voltinha”; era ele quem arrumava as desculpas quando Jorge chegava tarde em casa.

Stenio Magalhaes Barros acabara de completar 81 anos e até já havia sido vacinado contra Covid-19.

Ele morreu. Nós não vamos mais vê-lo, mas ele continuará existindo enquanto nós tivermos capacidade de lembrar das aventuras que vivemos juntos, enquanto Jorge for capaz de contar para seu netinho Davi, que mãe Teté mandava que nós disséssemos a todos os nossos amigos que Stenio era nosso “primo”, para justificar a presença daquele sujeito tão mais velho que nós, no meio de nossas brincadeiras, alegrando e engrandecendo a nossa adolescência.

Ave Stenio, os que ficam não se esquecerão!…

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O privilégio do erro

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Muito raramente eu começo um texto pelo título, como foi o caso deste. Normalmente eu acordo muito cedo e com a cabeça leve do descanso proporcionado pelo maravilhoso sono que lubrifica nossa mente, viro um verdadeiro receptáculo de ideias. Escolho-as como faço com os tomates na feira, separando os melhores e descartando os machucados.

Acordei com essa frase em minha mente, como se alguém a tivesse soprado em meu ouvido. Junto com ela veio um turbilhão de ideias que a respaldavam. Vieram exemplos pessoais e provenientes de observações de outras pessoas e outras situações.

Há um velho chavão, usado muitas vezes como mera e esfarrapada desculpa, que diz que “só erra quem faz”. Esta é uma verdade matemática e cartesiana, mas as vidas das pessoas não são sustentadas nem matemática, nem cartesianamente, elas têm aspectos, antropológicos, psicológicos, filosóficos e até fisiológicos que devem ser observados e levados em consideração. Dizer que só erra quem faz para meramente se defender de um erro, simples e banal, é algo asqueroso e covarde.

Já comentei em um texto publicado aqui, que dentre todos os verbos, aquele com o qual eu mais me identifico é o verbo fazer. Posso dizer, sem medo de errar, ou ser presunçoso, que este verbo me identifica e me define. Acho importantes os verbos ser, pensar, amar, e até mesmo o verbo ter, por que não!?… Mas dentre todos, aquele com o qual eu mais me identifico é o fazer.

Conheci alguns gestores públicos que diversas vezes devolveram verbas federais pelo fato de ser muito difícil e complicado a execução de projetos com esse tipo de recursos. Um verdadeiro absurdo! Bastava que o recurso fosse aplicado com todo rigor, que qualquer aplicação do dinheiro público deve e precisa ser aplicado. Obedecendo todos os preceitos legais e observando as normas que regem a gestão pública. Devolver verbas para os cofres da União pelo fato de que algo pode dar errado no uso dela é um dos “acertos” imperdoáveis.

Quando alguém diz “só erra quem faz” e o erro cometido é um erro honesto, sem dolo, este é um erro aceitável, proveniente não do aspecto matemático e cartesiano, raro nas vidas das pessoas, mas consequência daqueles outros aspectos mais humanos que citei anteriormente.

“O privilégio do erro honesto” seria o outro título que pensei em colocar neste texto, que não sei se chamo de artigo ou crônica, deste bate papo com você, meu querido leitor.

Quando penso no erro honesto, a primeira coisa que me vem à cabeça é um artilheiro com a bola na mão, se encaminhando para bater um pênalti. A pressão sobre ele. As arquibancadas lotadas. De um lado, os torcedores de seu time o aplaudindo, do outro, os adversários, o vaiando. Ele respira fundo, coloca a bola na marca da cal, dá quatro passos para trás e avança para a pelota… E perde o gol. Ele erra. Erra por alguma deficiência qualquer. Chutou fraco, no lugar errado… O certo é que ele errou, mas cometeu um erro honesto, pois ele fez tudo o que estava ao seu alcance para fazer o gol. Este é um erro, mas é plenamente perdoável.

Existem alguns ditados populares que nos perseguem. Vicente Mateus, presidente do Corinthians, uma figura folclórica do mundo futebolístico brasileiro, confundia os ditados. Há um que ficou famoso: “Quem tá na chuva é pra se queimar”. Mas pensando bem, é isso mesmo! Pois a obviedade de estar na chuva é sair molhado, nada muda na vida, mas a poderosa metáfora criada sem querer pelo comendador Vicente, traz em si todo o perigo que configura a nossa vida.

Eu nunca tive medo de errar, mas sempre que cometi algum erro, ou ainda quando os cometo, não tenho medo de reconhecê-lo. Quando ele afeta outras pessoas, a primeira coisa que faço é me desculpar, de forma direta e clara. Se um erro, que por acaso cometa, for passível de reparação, eu a faço imediatamente.

Penso que o erro deve ser encarado como a comprovação de nossa falibilidade, como a confirmação de nossa humanidade, certeza essa que se for bem entendida e aceita, nos liberta, possibilitando que busquemos cada dia mais fazermos as coisas certas.

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Um rápido balanço

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Como aceitei voltar a ocupar função pública, deixei de receber dezenas e passei a receber centenas de pedidos de emprego, coisa para a qual, devido à natureza de meu coração, não estou nem nunca estive preparado, pois sofro por não poder ajudar.

Meu saudoso pai ficou conhecido por ter sido durante 12 anos, nas gestões dos governadores Pedro Neiva, Nunes Freire e João Castelo, o político que mais distribuiu nomeações no Estado do Maranhão. Há quem diga que ultrapassou a casa das 10.000.

Ele nunca quis indicar um secretário de estado, nunca buscou um quinhão administrativo nos governos que apoiou, sempre deixou claro aos seus amigos governadores que desejava empregar as pessoas as quais representava, pois acreditava que o trabalho dava a elas a possibilidade de serem independentes, de poderem buscar a realização de seus destinos rumo à tão sonhada felicidade.

As leis atuais não permitem mais o que acontecia no tempo de meu pai. Emprego público agora só através de concurso ou dos poucos cargos comissionados, de confiança do gestor.

Já exerci antes função de secretário de Assuntos Políticos, de Educação e de Esportes do Estado do Maranhão, nas gestões de Edison Lobão e Roseana Sarney, e agora “estou” secretário de Comunicação da Prefeitura Municipal de São Luís, na gestão de Eduardo Braide, e vejo como as coisas estão mudadas, como o tempo e o amadurecimento transforma as pessoas, como eu mudei!

Aquilo que era sempre tão premente e urgente, agora é feito com mais suavidade e leveza. O que muitas vezes era feito com medo, por exigência da responsabilidade, agora é feito pela mesma exigência, mas com segurança e clareza. O apego que tinha à função e ao poder que emanava dela, se transformou em uma confortável convivência, com a certeza de que todo poder é temporário e que ele será maior à proporção que quem o detenha use-o de maneira parcimoniosa e sábia, tirando dele a importância e transferindo-a para as ações que implementa, sem jamais usurpá-lo, usando-o sempre em benefício das pessoas e da sociedade.

Quando fui chamado por Eduardo Braide para ir ao seu escritório, pensei que ele queria conversar comigo sobre quais nomes eu acreditava serem os melhores para compor sua equipe nas áreas de cultura, esporte, educação ou mesmo assuntos políticos, setores aos quais me dediquei durante toda minha vida pessoal e política. O convite para ser seu secretário de Comunicação, foi um choque pra mim, pois isso nunca havia passado por minha cabeça, e quem me conhece sabe que por minha cabeça passa muita coisa!…

Eu aceitei o cargo porque entendi que mais que secretário de Comunicação – e saibam que o jornalista Igor Almeida, que acompanha Eduardo já há bastante tempo, faz muito bem esse papel como meu adjunto – eu poderia ser um pedreiro, quem sabe até um mestre de obras na construção de uma nova fase da política maranhense, a partir da implantação de uma nova forma de gestão pública que vi e entendi que Eduardo deseja implantar em nossa terra. Pensei que pudesse ser um animador de um grupo jovem de gestores que pretendem modificar a forma de pensar a política e a administração de nossa cidade e de nosso Estado. Pensei que poderia ser uma espécie de coach, que pudesse conversar com meus colegas secretários sobre as ações que eles desejassem empreender para buscarmos juntos o melhor caminho para realizá-las e apresentá-las à sociedade.

Uma coisa eu observei logo na primeira reunião de secretários, não havia naquela sala nenhuma pessoa que não estivesse real e profundamente imbuída no mais profundo compromisso de realizar um bom trabalho em prol de nossa cidade e de seu povo, constatei que todos ali, em suas almas e em suas mentes demonstravam desejar construir uma coisa nova e boa.

É por saber disso que conclamo meus colegas secretários a falarem um pouco sobre seus sentimentos e suas impressões a respeito de seu trabalho e realizações de suas pastas, através de textos que possamos publicar neste espaço, como faz aqui ao lado, o dr. Joel Nunes, secretário municipal de Saúde.

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Um imbecil e onze tolos

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Estava com um texto pronto para mandar para o jornal e me vi obrigado a cancelá-lo, pois recebi alguns telefonemas pedindo que abordasse aqui o mesmo assunto que publiquei em minha página no Facebook, na última quarta-feira, 17.

Nele eu comentara sobre a notícia que abalou as estruturas da democracia brasileira durante a semana que se finda, a prisão do dublê de deputado federal pelo Rio de Janeiro, Daniel Silveira, um imbecil que também é detentor de alguns outros adjetivos semelhantes.

Ocorre que esse ogro resolveu insultar e agredir verbalmente, das formas mais deploráveis possíveis, os ministros do Supremo Tribunal Federal, com ênfase para Luiz Edson Fachin, e em meio a uma coletânea de impropérios, em sua vasta maioria claramente tipificados como crimes de calúnia, injúria e difamação, o beócio deputado, fez ameaças à integridade física dos ministros, incentivou a desobediência civil, disparou agressões contra o estado democrático de direito e aventou a interferência das Forças Armadas para conter os abusos que segundo ele, são praticados pelo STF.

Resultado!… O STF expediu um mandado de prisão em flagrante contra o deputado! Foi aí que começou a polêmica sobre o texto em minha página no Face, que recebeu grande número de curtidas e comentários.

Assisti ao vídeo gravado e postado por Silveira, onde além das barbaridades proferidas por ele, não consegui vislumbrar motivo para que fosse expedida uma ordem de prisão em flagrante em seu desfavor. Em que pese ter ele cometido alguns crimes, não vi motivo para prender o deputado. Processá-lo, sim. Prendê-lo, só depois de julgado e condenado!

Abomino e repudio tudo que foi dito por Silveira contra o STF, mas sei por experiência própria que os constituintes originais, ao redigirem nossa Carta Magna, nos anos de 1987 e 1988, jamais imaginaram a utilização de prisão, ainda mais em flagrante, como remédio para ações e atitudes como aquelas perpetradas pelo deputado.

Não argumentei sobre os citados crimes, aos quais não pode ser atribuída prisão em flagrante, nem coloquei em discussão o fato de o dito infrator ter prerrogativas constitucionais de imunidade parlamentar, o que lhe dá o direito à livre manifestação de opiniões e pensamentos no exercício de seu mandato eletivo e não pode ser usada como salvo conduto. Resolvi não bater cabeça, e apenas tentei analisar os fatos, como sempre procuro fazer, sem interesse político, coloração partidária e viés ideológico, calçado no bom senso e respaldado na insofismável coerência.

Em minha modesta opinião, o STF não poderia ter mandado prender o meliante. Fazendo isso extrapolou suas prerrogativas, e agindo assim deu legitimidade ao discurso tóxico e nocivo daquele que até então era o agente dos crimes.

Novamente, em minha modesta opinião, agindo como o fez, o STF, passou do polo de ofendido e atacado para o polo de infrator da Constituição da República Federativa do Brasil, a mesma a qual ele é o guardião e intérprete supremo.

Em meio a toda essa situação, lembrei de um exemplo que um colega meu de turma, do curso de Direito, certa vez deu, sobre impossibilidade material do crime. Ao invés de dar o exemplo clássico de matar um cadáver, ele todo gabola, disse que não poderia ser configurado crime de ameaça de morte, a bravata de um sujeito cego e desprovido de mãos, que vociferava dizendo que iria dar um tiro no meio da testa de um desafeto seu. Ainda assim houve quem discordasse dele!…

Dito isso, fico imaginando o imbecil do deputado Daniel Silveira obrigando o alto comando do Exército brasileiro, formado por homens corretos e de bem, a colocarem os tanques nas ruas e subverter nossa ordem democrática. Existe quem acredita que isso pode acontecer, da mesma forma que há quem acredite em Currupira e Saci Pererê.

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Opinião e Tolerância

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Ano passado, a convite de Anderson Rocha, consultor da Assembleia Legislativa do Maranhão, participei de uma live, cujo tema era as opiniões e seu reflexo na política.

Naquela ocasião comentei a respeito de uma das mais célebres, profundas e atuais fábulas de Esopo, aquela sobre um velho, um menino e um burro, que faziam diariamente uma viagem entre sua casa e o mercado onde comercializavam seus produtos.

Segundo Esopo, iam por uma estrada, um homem bem idoso, seu neto, de uns cinco anos, e seu alquebrado burro, quando passou alguém por eles e disse que aquela cena era uma grande tolice, que o homem velho deveria ir montado no animal, uma vez que já trabalhara o bastante e precisava descansar. Mais adiante, uma outra pessoa os abordou ao vê-los caminhando pela estrada e disse que era a criança quem deveria viajar montada no animal, enquanto o velho senhor, mais vivido e experiente, deveria os conduzir pelo caminho. Um pouco mais adiante, uma outra pessoa deu uma terceira opinião. Disse que o jovem poderia também ir montado no burro, pois seu diminuto peso pouco influenciaria no esforço que o animal já fazia. O burro, com o velho e o menino, montado em seu dorso, foi parado um pouco mais adiante, por uma outra pessoa que se dizia indignada com tamanha insensibilidade por parte do velho e do menino que sacrificavam tanto aquele velho animal, que eram eles, quem deveriam carregar o burro, pois ele já dera tudo de si em muitos e muitos anos de trabalho em prol daquela família. Assim o fizeram. Mais adiante uma quinta pessoa os chamou e disse do despautério que era eles carregarem o animal, que os três deveriam caminhar juntos, com suas próprias pernas até em casa. E eles voltaram a agir como faziam antes das pessoas darem suas opiniões.

Foram cinco opiniões diferentes sobre o mesmo assunto, sobre o mesmo fato, e nenhuma delas pode ser considerada mais ou menos errada, pois eram apenas manifestação do ponto de vista de quem as omitia.

Com esse exemplo tentei mostrar ao Anderson e a todos aqueles que me prestigiavam com sua audiência, que cada pessoa, mesmo quando não tem nenhuma, tem pelo menos uma opinião sobre qualquer coisa, isso quando não tem duas, três ou até mesmo quatro.

Opinião PODE ser uma coisa boa, quando ela vem bem embasada, tem um pressuposto sólido, mas quando ela se baseia em mero achismo, quando é desprovida de conhecimento de causa e efeito, ela na verdade é prejudicial.

Imaginem a situação de um gestor público que se vê diante do enfrentamento de um gigantesco problema como o combate a pandemia de Covid-19. Imagine quantas opiniões ele ouve sobre como e qual deve ser a melhor forma de atacar esse problema, quantos critérios de ação são lhe postos na mesa, e ele tem que, lançando mão das melhores e mais confiáveis informações decidir qual é a melhor forma de agir e qual o melhor caminho a seguir.

Imaginem agora quantas pessoas vão discordar da decisão dele, pensando que a opção que elas imaginaram para o caso é melhor que a escolhida pelo gestor!

Centralizar ou descentralizar a vacinação. Chamar primeiro os mais vulneráveis e os mais idosos, ou os que precisam estar com boa saúde para tratar destes?!

No final das contas, certamente haverá quem fique insatisfeito e critique o gestor, mas ele precisa se cercar de todas as garantias de que o que ele está fazendo é o que de melhor possa ser feito.

Não importa se quem vai montado no burro é o velho ou o menino, ou mesmo se os dois juntos vão carregar o burro. O que importa é que todos possam chegar ao seu destino, da melhor maneira e na melhor condição possível.

Não critique quem quer que seja baseado apenas em mera opinião, procure saber os reais motivos das pessoas agirem como o fazem. Este é o primeiro passo para a prática de uma das coisas mais importantes da vida na atualidade: Tolerância.

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