“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme "Pelo Ouvido", grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
Acordei pensando sobre o que está acontecendo na Ucrânia, e lembrei do que aconteceu no Afeganistão e depois na Chechênia. No primeiro caso, a União Soviética e no segundo a Federação Russa, invadiram aqueles países e nós, do ocidente, defensores da liberdade e da democracia, fizemos muito pouco, quase nada em relação a isso.
No caso do Afeganistão, os Estados Unidos, apenas cumpriram seu papel de antagonista dos russos naquilo que até então era a guerra fria. No caso da Chechênia, não lembro de nenhuma ação mais efetiva contra Putin, que já naquela época fazia as suas presepadas.
Me pergunto por que eu não me indignei com a invasão e aniquilação da Chechênia! Pensando agora, acredito que foi pelo fato de não ter nenhum conhecimento nem empatia sobre aquele país e seu povo. Talvez pensasse que era um problema interno, que eles que o resolvesse internamente.
Depois, aquele atentado terrorista checheno no Teatro Dubrovka, em Moscou, fez com que tomasse partido contra os terroristas, sem analisar os motivos, mesmo que cruéis e inadmissíveis daquela ação, o por que daquela atitude tão radical. Hoje sei que ela foi uma represália pelo genocídio que Putin estava efetuando em seu país.
Agora Putin ataca um país mais conhecido, com relações mais próximas a nós, com religião igual a nossa, com costumes parecidos aos nossos, com um povo cosmopolita, e aí tomamos partido e nos opomos a invasão e a guerra.
Hoje acordei me odiando por não ter tido o mesmo pensamento e a mesma atitude que tenho agora em relação a Ucrânia, quando da invasão da Chechênia. Hoje vejo como estava errado. Não me posicionei contra a invasão da Chechênia, pelo fato da maioria do povo daquele país ser mulçumano, por não ter conosco muitas semelhanças e ter diferenças em quase todos os aspectos.
Hoje descobri o quanto fomos canalhas, eu inclusive, por não sermos coerentes em questões tão importantes como esta, por usarmos dois pesos e duas medidas.
Alguém disse certa vez, não lembro quando nem onde, que mesmo que não se perceba imediatamente, quando um leão espana com o rabo, as moscas que o fustigam, as consequências disto acontecem, seja elas quais forem ou quando e onde repercutam.
Neste momento estou pasmo por tão pouco está sendo efetivamente feito para conter, para parar Putin, e temo que as consequências disso possam ser desastrosas, não só para a Ucrânia e seu povo, mas para todo o mundo.
Esse conflito, que teve início já faz mais de um mês, parece que ainda vai se arrastar ainda por algum tempo e o que é pior, parece que todos nós estamos nos acostumando com ele. Digo isso por eu mesmo ter ficado tão indignado quando essa guerra começou, mas agora, devido aos problemas do dia a dia, as vezes até esqueço dos horrores que estão acontecendo na Ucrânia, da mesma forma que às vezes nem lembro do que acontece no Afeganistão, na Síria, no Sudão e em tantos outros lugares conflagrados por guerras.
Nossa responsabilidade em coisas como essas, são bem maiores do que pensamos.
Já faz algum tempo comentei com alguns amigos, que a política do Maranhão tinha tudo para passar de um patamar conflagrado, cheio de disputas e intrigas, para um estágio de evolução, onde a união, a paz e a prosperidade, tomariam o lugar das acirradas divergências de outrora.
Disse a eles que isso aconteceria quando do natural declínio hegemônico do grupo liderado pelo ex-presidente José Sarney, mas não antes de haver um acirramento entre este grupo e um outro que quisesse se estabelecer em substituição a ele, mas que isso não perduraria, pois as mudanças geracionais, culturais e políticas não permitiriam que continuassem a existir hegemonias como aquela, e como tantas outras que existiram por nosso país.
Eu sempre disse que Flávio Dino seria governador do Maranhão, e que tentaria se firmar como liderança que se igualasse a Sarney, mas sempre soube que isso não aconteceria, não que Flávio não tivesse capacidade para isso, mas pelo fato de só ter sido possível existir uma liderança como a de Sarney, porque no tempo em que ela nasceu e se consolidou, era possível que isso acontecesse. Hoje em dia, lideranças como aquelas não são mais plausíveis nem possíveis de existir. Os tempos são outros.
Previ que se passaria por um breve interlúdio, gerado pelo declínio natural de quem permaneceu tanto tempo no poder, e o novo poder estabelecido. Que haveria uma fase de transição, que a princípio poderia parecer e até em alguns casos, ser, violenta, mas que com o arrefecimento dos ânimos, graças a sabedoria do antigo morubixaba, e pelo rápido amadurecimento do novo cacique, as coisas poderiam se consolidar de forma a fazer com que caminhássemos todos para um tempo em que o Maranhão marcharia junto, mesmo que não totalmente unificado, em busca de tempos melhores.
O que eu não previ é que isso seria feito pelas mãos de alguém que fosse desprovido de maiores ambições, que fosse alguém que não causasse medo nas pessoas, alguém que não usasse o poder para intimidar ou submeter, correligionários e adversários. Não imaginei que teria que ser manso, o artífice desta obra.
Eis que surge Carlos Brandão, homem simples, de temperamento afável, comedido, simpático, que pela sua forma de ser, pode conseguir, graças ao ambiente que temos hoje, graças às mudanças sociais, políticas e culturais que ocorreram nos últimos tempos, uma coisa que nem Sarney nem Dino conseguiram. Juntar todos os políticos do Maranhão… Se não todos, pelo menos os mais relevantes eleitoralmente, em torno de um projeto de ESTADO, onde mais importante que grupos e partidos, seja realmente o povo e a organização administrativa que o agrega.
Lembro que também previ, e parece que nisso eu errei feio, que haveria um grande acordo entre as duas bandas do grupo liderado por Flávio Dino. Brandão seria candidato a governador, Weverton indicaria o candidato a vice, e até ao senado, caso Dino fosse candidato a vice-presidente da república.
Sempre soube que o candidato sendo Brandão, pela boa relação que ele sempre teve com importantes figuras ligadas ao ex-presidente José Sarney, o grupo iria apoiá-lo, pois este seria um movimento natural, e seguir os movimentos naturais é uma das regras fundamentais e imutáveis da boa política.
Os movimentos refratários e persecutórios ao grupo Sarney, de forma indiscriminada, perpetrados por Flávio Dino, assim que assumiu o poder, se mostrou eficiente por um lado e inócuo por outro, pois se aquilo serviu para ele fazer uma limpeza no ambiente, acabou matando junto, a oportunidade de unir quase todos os políticos do Maranhão em torno de si. Essa oportunidade Brandão tem agora.
Mas para que isso aconteça, de maneira retumbante, precisaria que o senador Weverton Rocha entendesse que o momento não é de confronto, que apesar dele não perder nada, caso não vença a eleição ao governo, pelo fato de ter ainda quatro anos de mandato de senador, ele deveria pensar naquilo que poderia ser mais interessante para seus companheiros, que não são poucos nem fracos, que correm o risco de ter no mínimo contra si, a má vontade do próximo governador e da próxima administração estadual.
Por outro lado, infelizmente, ainda consigo identificar, principalmente no grupo ligado a Brandão, pessoas com um velho pensamento, algo mais antigo que o vitorinismo, do tempo em que Benedito Leite e Magalhães de Almeida mandavam em nosso Estado, gente que tem um lema, que em minha opinião sintetiza o que há de pior na política e na vida: “Quanto menos somos, melhor passamos”. Existem pessoas assim também do lado de Weverton, mas acredito que Brandão, nem as pessoas mais importantes, próximas a ele pensam desta forma, e acredito que Weverton também não.
Em minha modesta opinião, o melhor que poderia acontecer para o nosso ESTADO, para a nossa GENTE, seria que os grupos políticos majoritários de nossa terra entrassem em um grande acordo, e que não houvesse disputa, entre eles, quanto aos cargos majoritários no Maranhão, em 2022. Penso que assim todos sairiam ganhando.
Isso não é coisa fácil de acontecer, mas nada impede que seja tentado! Digo isso como livre pensador que sou. Livre e pensador o suficiente para saber que muitas vezes, existem coisas que estão à nossa frente, coisas obvias, e não as enxergamos nem ouvimos, até que uma criança ou alguém a quem não damos importância, nos mostre.
PS: Lembro a você que me lê agora, que em uma contenda, existem aqueles que ganham mais com ela que os próprios contendores. São os apostadores, que muitas vezes não arriscam nada na disputa, mas ganham muito com ela.
Assisti ao filme “Belfast” e acredito que ele seja, sem sombra de dúvida, o segundo colocado na preferência de quem aprecia cinema, quanto à disputa do Oscar de 2022.
Sendo “Ataque de cães”, o franco favorito, a disputa pelo segundo lugar é quase um outro primeiro prêmio.
“Belfast” lembra muito um outro filme, “Roma”. Não que o primeiro tenha sido feito baseado no segundo, mas é uma reminiscência de uma mesma época, final dos anos 1960, começo dos 70. Os dois falam de vidas de famílias comuns, no México e na Irlanda do Norte e retratam a vida dos dois roteiristas-diretores das obras.
Kennet Branagh nasceu, como eu, em um mês de dezembro, é portanto, como eu, sagitariano. Quando ele nasceu, nevava em Belfast. Quando eu nasci, um ano antes dele, em São Luís do Maranhão, fazia muito calor e chovia.
A minha infância foi como a de todas as crianças de minha cidade, a de Buddy, personagem do filme, era normal para os iguais a ele. A diferença é que eu, católico, estudei em um colégio Batista, e isso, naquele tempo em nosso país, não era e não é, graças a Deus, nenhum problema, mas Buddy, protestante, vivia no fogo cruzado entre protestantes e católicos, num tempo e num lugar onde isso era normal.
“Belfast” não vai ganhar o Oscar de melhor filme, como “Roma“ ganhou de melhor filme estrangeiro, mas é um belo filme e precisa ser visto, por pessoas de minha idade, que vão se identificar com ele, e por pessoas mais jovens, para que saibam como era a vida naquela época.
Por fim, cheguei a uma triste conclusão. Ao contrário do que aconteceu nos casos de “Roma”, de Alfonso Cuarón, e de “Belfast”, de Kennet Branagh, uma história que eu escrevesse e filmasse, quem sabe com o nome de meu bairro, “Outeiro da Cruz”, ou de minha cidade, “São Luís”, raramente teria tanto sucesso, pois a minha, a nossa vida, não teve e não tem conflito suficiente para produzir-se um filme de sucesso, mas pelo menos deu pra aprender um pouquinho sobre cinema.
Quando eu me propus a realizar adaptações dos contos de Ney Bello Filho para o cinema, resolvi fazer isso de forma que pudéssemos utilizar três de suas histórias de forma simultânea, paralela e complementar. Usei nesse intento contos que tivessem alguma similaridade em tema ou em forma. Os escolhidos foram “O retrato e a certidão”, “O camundongo n° 6” e “Diversos de mim mesmo”.
Convoquei para me ajudar na difícil tarefa de adaptar aqueles ricos e densos textos, repletos de referências, no campo da literatura, da filosofia, da teologia, as roteiristas Julia Antuerpem e Angélica Coutinho, sem as quais esse trabalho tão teria o sucesso que tem alcançado. Por fim se juntou a nós, meu parceiro de longa data, Coi Belluzzo, que além de ajudar nos roteiros, foi junto comigo produtor e diretor dos filmes.
O certo é que acabamos realizando, ao invés de um, cinco filmes, graças aos recursos que utilizamos na pré-produção, na produção e na finalização do material.
“A mulher do pai” é a adaptação de “O retrato e a certidão”. Este é o único dos cinco filmes que pouco tem em comum com o texto original, isso pela grande dificuldade que encontramos ao trabalhar um texto literário tão cheio de referências. A riqueza da literatura às vezes inibe o cinema, que sendo uma arte visual, entrega por esse meio as informações e os sentimentos, o que a literatura faz através das palavras e das figuras de linguagem.
Já “O camundongo n° 6” e “Diversos de mim mesmo”, são transcrições mais fiéis e literais dos contos que lhes inspiraram.
“Diversos de mim mesmo” foi o primeiro a ficar pronto e foi inscrito em alguns festivais de cinema e sua aceitação está sendo extraordinária, tendo sido até agora selecionado para 5 festivais e tendo ganho um prêmio, o de melhor roteiro em um festival de Las Vegas.
Depois de vários exercícios de montagem, juntamos “O camundongo n° 6” e “Diversos de mim mesmo” e criamos um outro filme, maior e mais robusto, “Maktub”, que fala de dois momentos da vida do mesmo personagem, Levi, e que aborda temas importantes dos contos de Ney: A busca da identidade e o direito a morte.
Sendo o segundo dos cinco filmes a ser finalizado, “Maktub” também foi o segundo a ser inscrito em festivais e já foi selecionado para três festivais, tendo sido em Tokyo, escolhido como melhor curta-metragem da competição.
Por fim, tendo sempre o mesmo personagem como centro das ações, juntamos os três filmes, o que resultou no instigante “A mulher, o rato e Deus”, um recorte da vida de um homem atormentado, que busca encontrar suas raízes, encontrar a si mesmo e encontrar a paz.
Esse processo mostrou-se extremamente econômico, porque com os recursos de um filme, realizamos primeiramente três, para em seguida juntá-los em mais dois.
Gostaria de agradecer ao meu querido amigo Ney Bello Filho, que nos deixou completamente livre para “brincar” com sua obra e criar sobre ela, imagens que deram luz e movimento a sua literatura.
Também preciso agradecer ao maravilhoso grupo que trabalhou comigo nesta produção, com a qual muito aprendi, principalmente sobre a incrível capacidade que os personagens têm de se autodeterminarem.
Está foi a primeira vez que realizei um filme cuja ideia original não era minha. A princípio foi uma tarefa difícil, mas depois que criei uma relação pessoal com os personagens, depois que os transformei em meus, pude melhor entende-los e tive mais liberdade de contar suas histórias… Pelo meu ponto de vista.
Na semana que passou, um texto que escrevi em fevereiro de 2019, intitulado “Carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro” – https://www.blogsoestado.com/joaquimhaickel/2019/02/23/carta-aberta-ao-presidente-jair-bolsonaro/ – foi repostado por alguém que desconheço. Essa repostagem já rendeu mais de mil e duzentos comentários, likes e compartilhamentos, além de muitas polêmicas, muito mais que há 3 anos, quando tal texto foi originalmente publicado, só que agora com dezenas de insultos à minha pessoa por parte de quem não tem capacidade de manter uma convivência minimamente civilizada com quem pense diferente de si.
A conclusão a que chego é que esse texto e o assunto nele abordado, continua muito atual, ou se revelou, de alguma forma ou em algum aspecto, bastante relevante.
Nele, eu comentava sobre minhas impressões a respeito dos primeiros dias da administração do então novo presidente e fazia-lhe algumas recomendações.
Lido hoje, esse texto até parece profético, pois quase tudo sobre o qual comentei, de uma forma ou de outra, acabou acontecendo.
Visto em retrospecto o cenário da época poderia até ser favorável ao presidente, caso ele tivesse trilhado por um caminho que o levasse a um bom destino.
Em fevereiro de 2019, com apenas um mês de mandato, Bolsonaro poderia ter direcionado sua energia de maneira muito mais eficaz, eficiente e efetiva para a realização de seu intento, mas ele preferiu seguir um caminho completamente incompatível com o sucesso.
O destino no qual ele queria chegar era bastante aceitável por diversos pontos de vista e por grande parte da população, mas a forma e o trajeto escolhidos por ele, foram inaceitáveis por boa parte de seus eleitores, eu inclusive.
No decorrer do tempo, e ao longo do caminho, ele foi perdendo apoios importantes e ganhando adversários que, ou antes eram indiferentes a ele, ou eram seus aliados, e foi aumentando a oposição daqueles que sempre o combateram.
Dizer-se algo de mal de alguém é muito fácil. Quando esse alguém toma atitudes de alguma forma condenáveis, facilita a vida do maldizente. Quando ele dá diversos e claros motivos para que falem mal dele, criticá-lo fica ainda mais fácil.
Foi o que Bolsonaro fez! Deu muitos e graves motivos para criar contra ele uma narrativa que o colocasse numa situação desfavorável. Mas não foi por falta de aviso!
Alguém que não sabe usar a língua mãe para se comunicar de maneira clara, que não suscite más interpretações ou deturpações, até pode se eleger presidente da república, governador de estado, prefeito municipal ou parlamentar em qualquer dos níveis, mas terá que suportar os bombardeios que cairão sobre ele, graças a essa grave deficiência semântica.
Maior exemplo de sua incapacidade de conectar o raciocínio lógico, a inteligência emocional e a comunicação, aconteceu agora quando da invasão da Ucrânia pela Rússia. Sua incapacidade de entender os acontecimentos de maneira correta e de se posicionar neles e sobre eles adequadamente, faz com que Bolsonaro cometa atitudes absurdas, como querer defender o setor agrícola nacional numa hora em que o mundo precisa defender sua sobrevivência.
É um absurdo não entender que a Alemanha tem muito mais a perder numa situação dessas que o Brasil, e mesmo assim aquele país estigmatizado lidera a luta pelo reestabelecimento da ordem mundial, enquanto nosso presidente está preocupado com os fertilizantes que compramos da Rússia, e o que é pior, é ele não saber que de qualquer forma, com a guerra, haverá a interrupção dessa operação.
Aliando isso ao seu temperamento explosivo, a impaciência comum à sua profissão originária, e a intolerância desenvolvida no decorrer da vida, temos em Bolsonaro um case de insucesso, que só não sucumbiu, por serem partes importantes de suas ações, o combate à corrupção, ao aparelhamento partidário do estado, à defesa de instituições como a família, a escola, a religião, temas muito apreciados e aceitos por grande e relevante parcela da população brasileira.
Agora imaginem se esse sujeito soubesse usar os instrumentos a sua disposição da maneira correta!?… Com o apoio que tem o conteúdo liberal de seu projeto, ele seria muito difícil de ser derrotado.
Vejam bem para que não me entendam mal. Quando falo do conteúdo de seu projeto, não me refiro aos absurdos que ele diz a respeito de mulheres, homossexuais, negros e coisas semelhantes. Falo da defesa que ele faz dos bons valores da cidadania, valores do cidadão comum.
Em minha modesta opinião, acredito que da mesma forma com que Bolsonaro venceu a eleição de 2018, ele perderá a de 2022. Ele não será derrotado por ninguém, mas por si mesmo, assim como não foi o PT e a esquerda que foram derrotados por Bolsonaro, foram eles quem fizeram por onde serem rejeitados pelo povo brasileiro.
Chego a essa conclusão vendo e ouvindo pessoas próximas a mim, que votaram em Bolsonaro como forma de eliminar o PT e os esquerdistas do poder, onde se alojaram há 24 anos, e que agora, graças à forma inaceitável de agir do presidente, não mais o apoiarão. Estas pessoas estão em busca de uma alternativa entre o ruim que é Bolsonaro e o péssimo que é Lula.
São empresários de postura liberal e até alguns mais à direita que não aceitam a forma de ser e de agir do presidente, mesmo que o conteúdo de suas ações sejam aceitáveis e até desejáveis.
Ninguém pode desconhecer que em meio a todo esse caos político em que vivemos, o Brasil está em diversos e importantes aspectos, muito melhor que estava antes, quando éramos governados por uma igreja política, cujo profeta, santo e Deus, conseguiu subverter o entendimento básico do certo e do errado, do moral e do imoral, em nosso país.
No mês de fevereiro, o superávit primário de nossa balança comercial atingiu os níveis mais elevados dos últimos cinco anos. Imaginem se esse sujeito soubesse tirar proveito político disso!?…
Eu disse certa vez que Bolsonaro poderia se converter no maior desperdício que os liberais teriam em nosso país. Parece que eu infelizmente estava certo. Ele pode, nas próximas eleições, nos devolver aos braços gramishistas da esquerda, porque até agora não conseguimos enxergar nenhum nome capaz de ser uma alternativa viável ao desastre ainda maior que se anuncia.
PS: Depois desse texto, eu serei extremamente criticado por meus amigos de direita, assim como igualmente serei pelos amigos e os não amigos de esquerda. Ser criticado pelos dois lados só aumentará a minha certeza de estar correto em minha posição.
Impossível não comentar sobre o assunto mais importante do momento. A invasão da Ucrânia pela Rússia.
Essa ação já estava prevista desde que os russos anexaram a rica e estratégica região da Criméia a seu território.
Aquele sempre foi um território conflagrado. A primeira vez que ouvi falar sobre aqueles lugares, eu ainda era um menino de uns 12 anos. Assisti a um filme chamado “A carga da brigada ligeira”, reconstituição da batalha de Balaclava, na guerra da Crimeia, travada de um lado, por vários países, entre eles o Reino Unido, comandado pela rainha Vitória, e do outro pela Rússia, comandada por seu parente distante, Nicolau I.
O território que hoje é a Ucrânia, naquela época fazia parte do império russo. Kiev, capital ucraniana, sempre foi uma das mais importantes cidades nos domínios dos czares.
De lá para cá, muitas coisas aconteceram. Os bolcheviques derrubaram os Romanov do poder e criaram a União Soviética; A queda do muro de Berlin precipitou o fim da carcomida estrutura comunista no gigantesco país, dividindo-o em uma dúzia de estados independentes; A reorganização da Rússia trouxe de volta o que sempre existiu por lá, um governo comandado por um autocrata, que agora tenta expandir novamente a área de influência do país.
Criada em 1991, a Ucrânia, a princípio ficou restrita ao círculo de poder de Moscou. Aconteceram mudanças políticas internas e o país buscou se aproximar de outras nações, tentando inclusive, fazer parte da Otan, organização militar que congrega democracias ocidentais.
Putin, o autocrata russo, há muito vem reclamando do avanço da área de influência ocidental no leste europeu, mas isso não lhe dá o direito de invadir um país soberano, com o qual ele tinha um tratado de não agressão.
A narrativa putiana é até plausível, mas completamente inaceitável, pois deixou o âmbito das palavras e passou ao âmbito das ações bélicas, causando transtorno e prejuízo para a economia mundial, morte à população civil do país vizinho e grave risco à paz internacional.
A invasão da Ucrânia pela Rússia é inaceitável! Tanto quanto seria se Putin resolvesse invadir a Polônia, ou a Suécia, ou a Finlândia! Ninguém iria aceitar isso, não é mesmo!?…
No caso de uma eventual invasão da Estônia, da Letônia ou da Lituânia, já não tenho tanta certeza assim. Digo isto pelo que foi visto em relação ao acontecido na Ucrânia, pois estes países saíram de dentro da antiga União Soviética.
Esta semana lembrei que tiranos como Ricardo III só frutificam quando a terra é adubada por sangue fraco como o de Henrique VI. É exatamente isto o que está acontecendo.
Os atuais líderes mundiais são fracos. Não que eles precisassem ser aguerridos ou viscerais, mas que fossem pelo menos fortes, taxativos e positivos. Não precisavam ser como o velho Churchill, mas teriam que ser pelo menos a metade do que era a velha Thatcher. Não precisariam ser como o enérgico cadeirante Roosevelt, mas deveriam chegar a igualar pelo menos a metade de um Reagan.
A falta de pessoas como as citadas, cria a oportunidade para o aparecimento de pessoas como Putin.
Alguém poderia argumentar que, do ponto de vista russo, ele tem de motivos para agir como o faz, ao que eu discordaria peremptoriamente, pois os métodos utilizados são completamente inadmissíveis.
Ele poderia usar outros caminhos para atingir seus objetivos, e até eu que sou pouco versado em geopolítica daquela região poderia citar alguns, como a suspensão do fornecimento de gás e petróleo para os países da Europa, o que geraria uma crise internacional, subindo enormemente os preços de tudo no mundo. Ou o bloqueio naval e aéreo da Ucrânia, como os países ocidentais fazem constantemente em suas disputas.
O que acontece em meu modesto entendimento, é que Putin se imagina no pátio do colégio e seus colegas, na hora do recreio, demonstram ser mais fracos que ele. Sendo ele o valentão da escola, se torna um Golias, o dominador, mas só até que apareça um Davi que o derrube.
Ocorre que as guerras não se travam mais com espadas, lanças ou fundas, mas com sofisticados armamentos, inclusive nucleares, e o medo de uma conflagração maior toma conta do mundo.
Na verdade, o que o velho espião da KGB, hoje feito czar moderno de todas as Rússias quer, é convidar os fracos líderes mundiais, para dançar com ele uma Chechotka, dança típica de seu país, ou seja, levá-los de volta ao tempo da Guerra Fria, onde cada um dos lados não se destruíam por temer que o outro revidasse fazendo o mesmo consigo.
O que tanto o déspota quanto os fracos dessa cena parecem não se lembrar, é que entre 1945 e 1990, enquanto o equilíbrio mundial, entre a Águia e o Urso, foi costurado pela torpe linha do medo, o Dragão estava adormecido, mas agora ele está desperto e pode desequilibrar essa balança, e certamente o fará.
No mundo moderno é inconcebível e inaceitável que possa haver disputas territoriais. Nem a Rússia, nem a China, nem os Estados Unidos ou qualquer outra potência mundial precisa de terras. A Ucrânia pode ser importante para a Rússia como área de segurança, assim como Twain para a China e Cuba para os Estados Unidos, mas isso não quer dizer que esses poderosos países precisem invadir, subjugar e destruir seus vizinhos.
Sempre acreditei em soluções diplomáticas e pacíficas para toda espécie de conflito, até porque aprendi com o mestre Sun-Tzu que líder que precisa usar efetivamente seu exército, já perdeu a guerra.
Na semana passada, recebi uma mensagem pelo WhatsApp. Ela trazia a capa do Jornal O Imparcial do dia 15 de fevereiro e a frase: “Isso é verdade? Diga-me o que acha de tudo isso”.
A pessoa que mandou a mensagem queria saber se era verdade que o senador Weverton Rocha tem 24% da preferência do eleitor maranhense e o vice-governador Carlos Brandão, 17%. Além disso apareciam na pesquisa, estampada na primeira página do matutino, o senador Roberto Rocha com 13%, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Junior com 10%, o prefeito Lahésio Bonfim com 9%, o deputado Josimar de Maranhãozinho com 6%, Simplício Araújo com 1% e com 0%, Enilson Rodrigues.
Além de querer saber se o cenário desenhado pela pesquisa Imparcial/Exata era verdadeiro, o suplicante pedia que eu desse a minha opinião sobre tal quadro.
Imagino que quando este texto vier a público, outras pesquisas já devem ter sido publicadas, mas assim mesmo farei o que me foi pedido, pois qualquer que seja o resultado das novas pesquisas, a lógica delas não serão diferentes.
Faz tempo que venho observando os movimentos feitos pelos diversos contendores na disputa pelo governo do Maranhão, e tenho dito que só existem verdadeiramente dois contendores nesta disputa, os demais são meros adereços, seus próprios ou de outrem.
Sempre disse que a ex-governadora Roseana Sarney não seria candidata, e fui criticado por dizer isso. Em política não se inventa. Ela é uma arte fácil de ser lida e entendida… Quando não se tenta subverte-la ou manipulá-la.
Mas vamos lá! Enilson Rodrigues e Simplício Araújo até poderiam ser candidatos, mas em nada influenciaram o pleito. Eles são o que comumente se chama de traço.
Josimar de Maranhãozinho de forma alguma é traço, mas precisa de um mandato, logo não entrará em uma disputa na qual sabe que jamais sairá vencedor. Como não comunga com Weverton e seus os partidários, deverá se aliar a Brandão, só tenta barganhar posições que lhe favoreçam neste embate.
Acredito piamente que o senador Roberto Rocha não será candidato a governador. Ele só o seria se o presidente Bolsonaro, de quem é aliado, estivesse em uma excelente posição política e eleitoral, onde seu apoio fosse decisivo ao ponto de impor sua candidatura com chance mínima de vitória.
Nem uma coisa nem outra. Nem Bolsonaro está forte o suficiente para bancar a candidatura de Roberto, nem Roberto está forte o suficiente para sozinho, bancar a candidatura de Bolsonaro no Maranhão. Assim sendo, acredito que Roberto concorrerá ao senado, imaginando que o desagrado com o governador Flávio Dino possa fazê-lo perder a disputa, e colocará seu filho Roberto Rocha Filho para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, ou fará algo menos radical e ele mesmo será candidato a deputado.
Edivaldo Júnior até poderia ser um forte candidato e até ser decisivo nesta disputa, se e somente se, os mais fortes possíveis candidatos se juntassem a ele.
Caso Roseana, Roberto, Josimar, Lahésio e também o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, se juntassem em apoio à candidatura de Edivaldo, ele bem poderia ser o fato novo que mudaria o destino da eleição, tornando-se claramente um dos dois disputantes do segundo turno do pleito de 2022. Mas nem Edivaldo tem tenacidade para impor sua candidatura, nem esses possíveis apoiadores teriam visão suficiente, ou mínima disposição para projetar tal solução.
Como isso não acontecerá, Edivaldo até poderá ser candidato, mas isso não influenciará em nada no primeiro turno da eleição. Para o segundo, vai depender do seu desempenho eleitoral e se ele tiver consolidado em torno de sua liderança um grupo realmente confiável.
Quanto ao prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim, esse poderá ser candidato a governador, pois o povo gosta de novidade nas disputas.
Lahésio se protagonizou por fazer oposição clara e aguerrida ao governador Flávio Dino, coisa que ninguém fez, nem de igual modo nem com tamanha intensidade e contundência, por isso ganhou protagonismo. Não que ele tenha alguma outra qualidade que o recomende como candidato. A única que eu consigo identificar é coragem, e isso ele tem de sobra para seguir em frente, o que já será muito para alguém na condição dele.
A pergunta que se impõe, é se a candidatura dele muda o cenário de forma decisiva. Em minha opinião a resposta é não. Ele poderia até apoiar um dos contendores, mas não o fará. Não apoia Brandão por ele ser apoiado por Dino e não apoiará Weverton pelo fato disso ficar difícil para ele justificar aos seus “eleitores”.
Verdadeiramente nessa disputa, sobrou somente o que sempre existiu. O vice-governador Carlos Brandão, que assumirá o governo nos próximos meses, e o senador Weverton Rocha, o único político maranhense que tem força própria para se impor como candidato contrário ao poderio governamental, graças ao grupo político que semeou e cultivou ao seu redor.
Ainda sobre Weverton, é importante que se diga que ele não perderá nada se perder a eleição, pois continuará senador por mais quatro anos!
Quanto a Brandão, é a única esperança de Flávio Dino não perder a prevalência na política maranhense. A vitória de Brandão é mais importante para Dino que para o próprio candidato.
Carlos sempre foi um sujeito discreto, um político comedido, que nunca ultrapassou qualquer limite do convencional, que manteve-se sempre a sombra do governador, de quem é amigo leal, mas exatamente por isso e pelo governador jamais ter dado a ele protagonismo suficiente, até agora, sente certas dificuldades de ajustar sua campanha, fato que acredita o fará com mais tranquilidade, depois que efetivamente assumir o governo, em abril.
O certo é que não existe uma escola de política, onde se possa estudar os fatos e analisar suas possíveis consequências. Não há uma bola de cristal que nos responda as perguntas de forma assertiva. Se houvessem, muitas coisas desnecessárias deixariam de acontecer.
A disputa pelo governo do Maranhão deve ser acirrada. Brandão e Weverton certamente estarão no segundo turno, e o resultado final deverá sorrir para aquele que errar menos.
Sobre as perguntas que me fizeram: A referida pesquisa pode muito bem refletir o momento em que ela foi feita, mas isso de nada importa, pois, muita coisa vai mudar até o dia da eleição.
Você que me lê agora, deve estar querendo saber quem eu acredito irá ganhar a eleição para governador do Maranhão em 2022. Eu lhe digo! Acredito que o vencedor, graças ao apoio de um maior contingente de grupos políticos, será Carlos Brandão.
Digo isso, não pelo fato dele ser meu particular amigo, ou pelo fato de eu, assim como o grupo político do qual faço parte, apoiá-lo. Digo isso por ter aprendido a fazer contas na aritmética e na álgebra dessa ciência chamada política, e essas contas, feitas e refeitas, preveem esse resultado.
Mas veja, depois dessa eleição, haverá um grande, definitivo e consolidado nome na política de nosso Estado. Alguém que congregará a oposição a qualquer governo: Weverton Rocha.
PS: Outra pergunta que me tem sido feita constantemente, é sobre aquilo que eu acredito fará o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, de quem sou particular amigo e de quem fui secretário de comunicação por nove meses.
Eduardo não é um político fácil de ser “lido”. O entendimento que se pode ter sobre suas ações, não é exato, pois ele as pondera bastante, tornando suas decisões difíceis de serem sondadas ou previstas.
O natural seria que Braide apoiasse Weverton, uma vez que sua administração sofre forte oposição do grupo do governador Flávio Dino. Além disso o senador e seu grupo, de certa forma o ajudaram em sua vitória em 2020, não tomando declaradamente partido no segundo turno da eleição da capital. Se tivesse que apostar, diria que ele não participará do primeiro turno da eleição, e só o fará no segundo, se tiver certeza de que o lado para qual pender, será mais favorável a ele e a sua gestão.
Quando eu era adolescente, assisti a vários filmes sobre grandes desastres e catástrofes naturais. “Terremoto”, “Inferno na Torre”, “O Destino de Posseidon”, foram alguns deles. Esses filmes tinham elencos grandiosos como Paul Newman, Charlton Heston, Ava Gardner, Steve McQueen, Gene Hackman, Fred Astaire, Faye Dunaway, Jennifer Jones, William Holden, Ernest Borgnine, Shelley Winters.
Naquela época os efeitos especiais eram quase que totalmente físicos e mecânicos. Não existia computação gráfica. Toda tecnologia da época não se compara aos recursos que temos hoje em um pequeno smartphone.
Uma parede que caísse, era feita de isopor ou coisa parecida. Hoje é tudo bem mais fácil, pois é simplesmente desenhado, mesmo que seja muito caro de ser feito.
Estou falando sobre isso pelo fato de que depois de passar dez dias sem sair de casa, graças a Covid, eu e minha esposa, Jacira, fomos ao cinema, assistir a um filme que pensei que fosse apenas uma obra de ficção científica, mas era muito mais que isso. Era um filme de catástrofe. Uma mais absurda que todas as outras possíveis e inimagináveis, juntas e multiplicadas por mil. Trata-se de Moonfall – Ameaça Lunar.
O elenco é ótimo. O diretor e roteirista é aclamado por fazer filmes desse tipo, filmes muito bons como “Independence Day”, “2012”, “O dia depois de amanhã”. Falo do alemão Roland Emmerich.
Bem, eu não saí do cinema com raiva de Emmerich, porque o trabalho que ele teve foi gigantesco, mas a história é tão absurda, tão descabida, tão pirada, que mais parece uma comédia de humor negro! Vixe!… Não posso mais usar essa expressão… Humor tenebroso!…
Vejam, eu não me considero um crítico de cinema. Sou um cinéfilo que comenta sobre filmes. Eu jamais recomendo que algum filme não deva ser assistido. Pelo contrário, eu, mesmo não apreciando a obra, acho que ela deve ser vista, até porque, por pior que um filme seja para uma pessoa, pode ser que ele agrade a outras!
Como cineasta, sei das dificuldades de realizar-se um filme, ainda mais sendo um desses cheios de pirotecnia, mesmo tendo um orçamento maior que a lua.
Uma coisa me chamou atenção. Haviam umas trinta pessoas no cinema, numa sessão que começava às 21 horas de uma terça-feira, enquanto só haviam quatro para assistir “Beco do Pesadelo”, numa sessão das 20 horas de um sábado. Sob todos os aspectos, “Beco do Pesadelo” é mais filme!
Moonfall – Ameaça Lunar, tem no entanto, pequenas pérolas em seu roteiro, como o padrasto que se mostra um cara muito legal, e um improvável herói gordinho que ganha o espectador na primeira cena em que aparece.
No outro dia voltaríamos ao cinema, desta vez para assistir à “Morte no Nilo” e esperava que meu saudosismo não me fizesse odiar essa nova versão baseada no livro de tia Agatha, porque a primeira “Morte sobre o Nilo” foi simplesmente fantástica.
Na primeira versão, o diretor John Guillermin, regeu com maestria um elenco composto por monstros sagrados do cinema como Peter Ustinov, Betty Davis, David Niven, Magie Smith, Mia Farrow, Angela Lansbury, George Kennedy e Jack Warden. Uma coincidência incrível: o diretor John Guillermin, dirigiu também “Inferno na Torre”, citado anteriormente aqui.
Desta vez ao sair da sala de projeção, a decepção foi menor que na noite anterior. É que existem algumas coisas a favor dessa nova versão: o excelente e polivalente cineasta Kenneth Branagh, a maravilhosa Annette Bening e a deslumbrante Gal Gadot. Sem contar que o produtor do filme é só o genial Ridley Scott.
Apesar de tudo isso e de tecnicamente essa nova versão ganhar de dez a zero da primeira, ainda assim no que diz respeito a adaptação do roteiro e a interpretação dos atores, o filme de 1978 é superior ao atual, mas um filme assim não pode ser ruim, não é mesmo!?
Sempre gostei muito de história. Ela sempre foi a matéria na qual eu mais me destaquei na escola. Depois, quando cresci, resolvi me dedicar, mesmo que amadoristicamente a ela, pois sempre acreditei que se quiséssemos realizar boas coisas, precisávamos saber o que já havia sido tentado antes, para aprendermos com as experiências, boas e ruins, dos que vieram antes de nós.
Para mim a história é um dos maiores instrumentos de emancipação da humanidade, e como ela tem um componente muito delicado, pessoal e individual – o ponto de vista, a opinião, a palavra do narrador, o enfoque do pesquisador – deve ser tratada com grande cuidado para que ela não se transforme em um instrumento de desinformação, levando as pessoas a tirarem conclusões erradas.
A frase “a história é escrita pelos vencedores”, é atribuída ao jornalista e escritor Eric Arthur Blair, que usava o pseudônimoGeorge Orwell, cujos livros mais importantes são “A Revolução dos Bichos” e “1984”. Nessa frase aparentemente simples, reside todo o problema da história: O vencedor diz o que quer, pois ou seu adversário está morto, ou não tem a menor condição de dizer absolutamente nada.
Essa frase poderia ter sido cunhada a ferro e fogo, muito antes de Orwell, por grandes historiadores, como por exemplo o grande poeta Homero.
Em suas obras “A Ilíada” e “A Odisseia”, o grego registra aquilo que dizem ter testemunhado, a guerra de Tróia e a aventura do herói Ulisses. Se é verdade o que está contido nestas palavras de mais de 3.000 anos, não se sabe, mas elas fazem parte da história. Nós só precisamos saber como lermos, entendermos e analisarmos tais informações.
A história não é coisa para leigos nem para quem a queira usar como instrumento de poder.
A frase atribuída a Orwell, poderia ter sido dita por Heródoto, Flávio Josefo, ou por Suetónio, uma vez que a ideia de história está muito ligada, principalmente nos primórdios da humanidade, às guerras que os povos travavam.
O certo é que, não há nada sem uma perspectiva histórica, e foi por isso que toda essa polêmica envolvendo um sujeito idiota, falando nas redes sociais sobre a admissibilidade de um partido nazista, me levou a pesquisar sobre regimes totalitários, antidemocráticos, abusivos, perseguidores, genocidas, como o implantado pelo nazismo de Hitler, na Alemanha, durante 12 anos, entre 1933 e 1945.
Hitler perseguiu e matou 6 milhões de pessoas indefesas, aqueles que os nazistas chamavam de indesejáveis, judeus, ciganos, homossexuais, deficientes mentais e físicos. Isso sem contar com os milhões de soldados e civis mortos nos conflitos bélicos propriamente dito.
Stalin, naquilo que ficou conhecido como Grande Expurgo, entre 1937 e 1938, mandou para a prisão mais de 3 milhões de pessoas, seus adversários de vários tipos e intensidades. Dois terços destes foram sumariamente mortos de diversas formas. Alguns historiadores dizem que 30 milhões de russos foram perseguidos e presos nos anos em que Stalin esteve no poder na União Soviética.
Durante 25 anos, de 1949, até sua morte em 1976, Mao Tsé-Tung comandou a China com poder total sobre tudo e todos. Levantamentos indicam que naquele período, 250 milhões de pessoas foram perseguidas. Só na chamada Revolução Cultural, de 1966 a 1976, as perseguições atingiram 100 milhões de pessoas e mataram 20 milhões delas, segundo o próprio partido comunista chinês.
No Camboja, o ditador comunista do KhmerVermelho,Pol Pot, entre 1975 e 1979, aniquilou 2 milhões de pessoas.
Entre abril e junho de1994, uma guerra civil em Ruanda, entre as etnias Tutsis e Hutus, causou a morte de mais de 800.000 civis.
Em Cuba, o balanço mais recente considera 9.222 mortes entre 1º de janeiro de 1959 a 31 de dezembro de 2020, sendo 3.051 delas de execuções por fuzilamento, quase a totalidade por motivos políticos.
A conclusão que eu chego, graças a pessoas como George Orwell, que se diga de passagem, era socialista, é que aquilo que deve ser combatido acima de qualquer outra coisa, é toda forma de totalitarismo, de falta de liberdade, não importando se ela seja motivada por essa ou por aquela pessoa ou por uma ideologia de direita ou de esquerda.
Abaixo todos os porcos, como o Napoleão, de “A guerra dos bichos” e destruam todos os Big Brothers, como o de “1984”.
Digo a você que me lê agora, bom dia, sem saber que hora será essa que você está lendo este texto, se é que você o está lendo. Digo bom dia por agora, hora em que eu estou escrevendo, cinco horas de uma madrugada cintilante, de um dia que promete ser ensolarado, em um mês que deveria ser chuvoso, em minha terra distante.
Digo a você bom dia, pelo fato dele ter começado para mim de maneira maravilhosa.
Convalescendo de uma forte gripe, adormeci assistindo televisão e lá pelas tantas, despertei e descobri que aquele aparelho fantástico que nos faz viajar sem sair de casa, não chuvisca mais de madrugada. Agora ele funciona continua e ininterruptamente. É eterno. Perpétuo. A TV!
Levantei e fui até a cozinha. O hábito mandou que abrisse a geladeira para procurar algo para comer. Falo do mal hábito de glutão. Peguei o recipiente com salada de fruta e me dei a desculpa que precisava para justificar minha gula. Não posso tomar os remédios de estômago vazio, pelo menos é isso que minha santa mãezinha diz.
Minha mãe!…92 anos… De repente lembrei que ela tem a mesma idade de meu amigo Clint.
Clarice e Clint. Esses dois velhos são de certa forma responsáveis por boa e grande parte de minha formação. Não que outras pessoas não tenham contribuído. Claro que ajudaram. E muito. Meu pai por exemplo. Eu não seria nada sem tudo que ele fez por mim, mas minha mãe e o Clint foram decisivos quanto à forma de encarar a vida.
Comi a salada de frutas, tomei os seis comprimidos, engoli o xarope para tosse e voltei para o quarto.
Minha amada esposa estava viajando. Foi visitar nosso netinho, Theo, e quando ela não está, eu tenho permissão para voltar a dormir em minha rede que fica de prontidão ao lado de nossa cama.
Joguei-me na rede já armado com o controle remoto na mão. Na hora a imagem que me veio a mente é que aquele aparelho era tão eficaz, eficiente e efetivo quanto o gigantesco Magnum 44 usado por Clint na série de filmes, onde ele encarnava o policial durão, Henrry Callahan.
Foi aí que comecei a achar estranho estar pensando recorrentemente no Clint, e resolvi procurar nos diversos canais disponíveis, filmes sobre meu velho ídolo.
Sabia que encontraria muitos filmes dele e com ele. Desde os tempos em que ele só atuava e não dirigia, até hoje, quando além de atuar, ele produz, dirige e compõe as trilhas sonoras.
Lembrei da primeira vez que o vi num filme. Foi no Cine Éden. Eu e meus irmãos, Jorge, Nagib e Celso, fomos levados por nosso “tio” Stenio para assistir a um Bang-Bang cujo título no Brasil era “Três Homens em conflito”, sendo que o original era “O bom, o mau e o feio”. Depois viria descobrir que se tratava do clássico dirigido por Sergio Leone, cuja soberba trilha sonora havia sido feita pelo genial Ennio Morricone. Aquela música jamais saiu de meus ouvidos.
Comecei a procurar os filmes de Clint, e à proporção que eles iam aparecendo na tela, eu ia me emocionando, pois ia me lembrando das histórias e do tempo em que os assisti, e de tudo que envolvia minha vida e aqueles filmes. Fui vendo o quanto eles acompanharam a minha existência, o quanto estiveram junto comigo na estrada.
De repente achei um filme que eu nunca havia assistido. Era o documentário “Clint Eastwood: Por Trás das Câmeras”.
Não tive dúvida, mergulhei naquela viagem, afinal eu amo história, adoro documentários e sou fã de C. E.!…
Quando acabou aquele doc, constatei que Clint não tem em sua filmografia nenhum filme ruim e os que são menos aclamados, é por causa do gosto dos expectadores e não por falta de arte ou por imperícia do artista.
Fiquei lembrando de seus filmes, das cenas mais marcantes de alguns deles e pude fazer um pequeno retrospecto de minha vida neles.
Esse é o motivo de eu ter vindo até ao computador, desejar um bom dia para você, escrever essa pequena narrativa sobre uma madrugada maravilhosa, que eu passei com quase todos os grandes ícones do cinema mundial, falando sobre Clint Eastwood, sua forma de ser, de atuar, de dirigir e de nos proporcionar viagens maravilhosas por personagens que ganham sempre um pouco do seu jeito, do jeito de andar ao de encarar a vida.
Durante o tempo em que assisti ao documentário, parei diversas vezes para chorar de emoção. Chorei pelo Joaquim garoto que aprendeu a amar o cinema, chorei pelo escritor Joaquim que aprendeu muito vendo filmes, chorei pelo deputado Joaquim que perdeu muita coisa na vida enquanto era político, mas que ganhou outras o sendo, chorei pelo sujeito que já com mais de 60 anos, terá menos tempo de agora por diante para ver filmes tão bons quanto os que já assistiu, e chorei principalmente por todas as pessoas que não tiveram a oportunidade de assistir às maravilhas do cinema, e não só as obras de Clint, mas as de Chaplin, Capra, Ford, Cukor, Hawks, Bunuel, Kurosawa, Welles, Renoir, Wilder, Kubrick, Hitchcock, Allen, Lee, Fellini, Almodovar, Truffaut, Bergman, Godard, Oliveira, Scorsese, Spielberg, Diegues e tantos outros.
Por fim, chorei pela emoção de descobrir, que um dos lemas da vida daquele meu ídolo, sempre foi um dos meus lemas: “Se não é para fazer com alegria, não merece ser feito!”