“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme "Pelo Ouvido", grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
Esta é a quinta vez que venho a Itália, e só agora, depois de nove dias aqui, três no norte, em Milão e nas cidades vizinhas, três no centro, na Toscana, tendo Florença como base, e três no sul, em Napoli e na Costa Amalfitana, eu descobri que mesmo depois de 151 anos de unificada, a Itália continua a ser um país dividido, sem uma forte identidade nacional. Só agora descobri que a Itália não passa de uma ideia, pois o que continua existindo aqui, são verdadeiras cidades-estados, pelo menos é assim na cabeça de grande parte dos habitantes das cidades que visitei.
Não sei se as pessoas já notaram isso, mas desta vez eu pude sentir claramente. Vi que os pisanos não gostam dos florentinos, que por sua vez não aceitam os milaneses, que não gostam dos napolitanos, que não suportam os italianos de outras cidades, principalmente as do norte.
A rivalidade fica mais visível quando o que está em jogo é a paixão pelos times de futebol, mas ela existe de forma clara nas palavras dos guias turísticos de uma pequena cidade como Lucca, que não aceita a primazia de Florença e ressalta desgosto com o fato de Pisa ser mais visitada.
No Brasil há rivalidade entre times de futebol, mas por nosso país ser gigantesco, isso se dissipa. Em nosso país há bairrismo, mas não é extremado. Temos visto, por causa da polarização política, crescerem as críticas concernentes a como as pessoas de cada região se posicionam politicamente, mas nosso senso de nação continua forte e intacto.
Por aqui, quando chegamos a Napoli, sentimos que essa mágoa é ainda maior, pois muita gente credita aos nortistas, principalmente aos milaneses, o fato da cidade ser considerada por muitos, uma cidade problemática e violenta e por a unificação ter roubado o imenso poder econômico que a cidade detinha antes de 1871.
A Itália que vi nesta viagem, nada mais é que uma bela e saborosa ideia.
Depois de uma semana, a nova novela da Rede Globo, “Travessia”, que tem parte de sua história originada no Maranhão, que conta com um belo e poderoso argumento, bem desenvolvido por Gloria Perez e dirigido por Mauro Mendonça Filho, que traz uma trilha musical maravilhosa e um elenco estrelar, mesmo que com atuações um tanto exageradas(penso que seja proposital!), além do uso excessivo de brasileirismos maranhenses, o nosso velho “maranhensês”, e algumas vezes uma cantada abaianada que não existe por aqui, já mostrou a que veio, e promete ser um sucesso.
Uma curiosidade chamou minha atenção. Depois de ser apresentado a quase todos os personagens da nova trama da faixa das 21 horas, constatei que apenas três dos personagens são detentores de bom caráter e boa índole, e que todos os outros têm algum desvio de conduta, dos mais leves até os mais nocivos e condenáveis. Brisa, Dante e Monteiro, são os únicos, pelo menos nesses primeiros capítulos, que demonstraram ter bons propósitos, sentimentos nobres e honrados.
A personagem protagonizada pela boa atriz, Grazi Massafera, foi a primeira a apresentar suas “humanidades”. Em seguida, uma cena muito forte entre as irmãs interpretadas, por Vanessa Giácomo e Alessandra Negrini, falavam na verdade sobre o que está acontecendo com o povo brasileiro neste momento de extrema polarização. O dialogo das duas, deixava claro que nenhuma das duas tinha razão, mas que no entanto nenhuma delas estava errada, tudo aquilo era apenas e tão somente uma questão de ponto de vista.
Por fim, como pessoa do meio audiovisual, fico feliz por minha cidade, São Luís, e meu estado, o Maranhão, ser palco de parte de uma história que vai ser contada para todo o Brasil, mesmo que nossa geografia seja um tanto destorcida, fazendo o povoado de Mandacaru, que fica em Barreirinhas, parecer ser bem próximo de nossa capital e que em algumas cenas façam bullying com o nosso jeito de falar.
Para mimo o que importa é que Romulo Estrela, um dos atores protagonista da trama, e Sheury Manu, a produtora local da novela, possam mostrar sua arte, demonstrando que no Maranhão tem gente capaz de realizar trabalhos bonitos e importantes como essa “Travessia”.
Aos domingos, depois de nos refastelarmos nos deliciosos almoços da casa de minha mãe, normalmente passamos mais umas duas horas conversando, cada um contando o que pensou ou fez durante a semana e ouvindo aquilo que os outros tenham para contar.
Num desses domingos surgiu um assunto interessante. Alguém perguntou quais eram as três frases que mais poderiam incomodar as pessoas, e incrivelmente, todos os presentes incluíram em sua lista uma frase que realmente é lastimável, e olha que ela não é nem ofensiva, nem agressiva, nem insultante, nem contém qualquer palavra de baixo calão ou expressão obscena. É apenas e tão somente uma frase realmente lastimável: “Eu bem que te avisei que isso não ia dar certo!… Agora assuma as consequências de não querer dar ouvidos aos mais experientes!”
Naquele dia, depois do almoço na casa de minha mãe e da conversa que acontece na hora do cafezinho, meu irmão, como normalmente faz, resumiu a ópera: “Gente, quando nós éramos crianças, havia um ditado que, Stenio, irmão de mãe Teté, sempre nos dizia – “Quem avisa, amigo é” – Por isso, pensem bem nas merdas que vocês vão fazer em suas vidas, para depois não se arrependerem, viu!…”
Simone na verdade não foi candidata a presidente da república, ela concorreu a esse cargo apenas para não ter que enfrentar a derrota certa que teria numa eventual disputa de reeleição ao senado, para a ex-ministra da agricultura, Teresa Cristina, que se elegeu de forma retumbante em Mato Grosso do Sul.
Simone não teve todos aqueles votos que foram computados a ela. Quem votou nela, o fez por diversos motivos indiretos. Em primeiro lugar, para não ter que votar em um candidato péssimo ou em um ruim, para não ter que votar em Lula ou em Bolsonaro. Muitas pessoas votaram nela por ela ser simplesmente mulher e pouca gente votou nela por acreditar que ela pudesse governar nosso país de forma satisfatória, até porque todos sabiam da impossibilidade de ela vir a pelo menos, passar para o 2º turno, quanto mais de vencer a eleição.
Simone, que atacou tão ferozmente tanto Lula quanto Bolsonaro no 1º turno, segundo ela, por pensar naquilo que seria melhor para o Brasil, resolveu apoiar Lula no 2º turno.
Eu fico cá comigo, me perguntando, se ela está mesmo pensando naquilo que é melhor para o Brasil, por quais motivos ela não tomou essa atitude desde o 1º turno? Se ela tivesse feito isso, muito provavelmente nem haveria 2º turno!
Sobre Ciro Gomes:
Não sei ao certo se Ciro foi desidratado ou liquidificado por uma campanha ardilosa feita pelo pessoal de Lula na tentativa de acabar a eleição no 1º turno, mas o certo é que o cearense cabra da peste perdeu a terceira posição na corrida presidencial, graças a essa manobra, e isso, um homem com o temperamento como o de Gomes, não perdoa, ou pelo menos não deveria perdoar.
Mesmo assim Ciro, afinou e anunciou que seguirá a decisão de seu partido, o PDT, que acompanhará Lula na segunda metade desse jogo.
Em sua fala, Ciro em momento algum pronunciou o nome do partido ou do candidato que envergonhadamente insinuou que apoiará no 2º turno dessas eleições.
O certo é que ele está completamente desmoralizado perante seus eleitores, aqueles que acreditaram nas coisas que ele disse durante a campanha eleitoral, muitas delas, sobre quem é Lula, o que ele fez durante o tempo que esteve no poder e sobre aquilo que ele acredita que Lula fará caso venha a ser presidente novamente.
Sobre Fernando Henrique Cardoso:
Apenas para não perder a oportunidade de comentar a posição de alguém que é tido como um cavalheiro, um político distinto, um homem de bons princípios, um humanista, sociólogo e filósofo renomado, um verdadeiro diplomata tendo sido até cogitado para assumir a secretaria geral das Nações Unidas, presidente do Brasil por oito anos, o homem que criou a reeleição para os cargos do executivo, o famoso FHC, que com todo esse currículo, disse em uma entrevista a revista Isto É, que “A ética do PT é roubar”, declarou apoio a Lula, logo, ou ele estava mentindo antes, ou agora a ética dele é igual a do PT!
Sobre Michel Temer:
Temer não é tão diferente dos demais. Tendo sido por duas vezes eleito vice-presidente numa coligação onde o PT encabeçava a chapa, resolveu apoiar Bolsonaro, uma vez que o MDB liberou seus filiados para votar como melhor lhes parecer, mas por coerência, ele deveria seguir com seus velhos companheiros.
Sobre José Sarney:
Sarney se comporta como o estadista que é. Recebe a todos indistintamente, e mesmo que tenha preferência pessoal por Lula, devido a gratidão pela atenção e o respeito que o petista sempre lhe dedicou, se mantem discreto como deve fazer um ex-presidente.
Sobre mim mesmo:
Eu nem sou mais um político praticante! A política está em mim apenas em suas formas socrática, platônica e aristotélica, crítica, idealística e pragmática. Na verdade, o que eu sinto é uma imensa angústia, por estarmos mais uma vez sendo obrigados a escolher entre um candidato ruim e um pior.
Eu que nem sou um sujeito religioso, rezo para que qualquer que seja o resultado da eleição, o Brasil não fique pior do que está, pois em que pese o despreparo do atual presidente para tratar as pessoas, para se relacionar com a imprensa, e também com seus antagonistas, nossa economia tem tido ótimos resultados, o que poderá garantir sucesso em diversos outros setores de nosso país.
Sobre os políticos de modo geral, com raras, na verdade, raríssimas exceções:
Os piores problemas dos políticos são alguns de seus predicados, adjetivos e substantivos, suas incoerências, suas hipocrisias e suas arrogâncias, que os levam a cometer diversos desvios de conduta, entre eles a corrupção e o autoritarismo.
Fria é uma palavra que exprime uma temperatura que não combina com o clima polarizado que tomou conta do nosso país, mas é a palavra e o sentimento que precisa se sobressair quanto se deseja analisar com o máximo de isenção e com a maior imparcialidade possível uma conjuntura.
Preciso deixar de lado qualquer resquício de opinião e de sentimento que por acaso eu tenha sobre este ou aquele candidato, sobre esta ou aquela proposta e sobre um ou outro lado nesta disputa. Desde logo digo que isso é uma tarefa muito difícil, pois o desapego àquilo no qual você acredita, nunca é uma coisa fácil de fazer.
Vamos aos fatos. São apenas quatro os candidatos citáveis nesta eleição presidencial, sendo que dois são coadjuvantes e dois protagonistas.
A disposição espacial destes candidatos é a seguinte: Lula está à esquerda do quadro e ao lado direito dele está Ciro, que por sua vez tem do seu lado direito Tebet e por fim, à direita dela está Bolsonaro. Desta disposição ninguém discorda, certo?
Os dois candidatos citados mais ao centro desta linha são os coadjuvantes e como tal atiram nos candidatos que se encontram nas pontas e jamais um contra o outro, pelo contrário, eles trocam figurinhas entre si.
A Tebet está fazendo um papel melhor que qualquer um poderia imaginar, mas é apenas e tão somente um papel, um roteiro, uma narrativa, ela está plantando algo que poderá ou não vir a colher no futuro.
O Ciro também está fazendo um papel muito melhor do que qualquer analista poderia imaginar. Ele está tão bem que até a mim, que tenho pavor de “bandido inteligente”, ele impressionou, ao ponto de cogitar votar nele.
Ciro é o mais preparado dos candidatos, e exagerando um pouco, posso dizer que se somarmos todas as aptidões e capacidades dos demais candidatos, ainda assim não superariam as dele, porém ele traz em si os piores germes dos dois protagonistas desta eleição, ele é tão temerário e irresponsável quanto Lula e tão autoritário e boçal quanto Bolsonaro, sendo que é muito mais inteligente e competente que ambos juntos. Tenho medo de gente assim.
Chegamos a Lula e Bolsonaro. Pobre e triste sina de meu amado país, ter que escolher entre estes dois sujeitos. Um representa o patrulhamento ideológico, o aparelhamento das instituições, o populismo hipócrita, a manipulação midiática, a corrupção deslavada. O outro representa a falta de respeito, a insensibilidade, o autoritarismo, a incapacidade de convivência social, o negacionismo.
Os defensores de ambos vão defendê-los com unhas e dentes e me acusarão de ser parcial ou partidário. Algumas das coisas que eu disse acima podem até serem contestadas, porém são coisas que se diz sobre ambos e que de uma forma ou de outra, colou a suas imagens, e um político nada mais é que aquilo que sua imagem representa!
Dizer que Lula não é ladrão é praticamente impossível, da mesma forma que negar que Bolsonaro seja genocida! Se é verdade ou não, isso não importa mais, para uns e para outros eles são isso mesmo.
Em 2018 Bolsonaro foi eleito como resposta a ideologia e aos políticos que durante vinte e quatro anos comandaram o Brasil, sendo oito deles encabeçados pelo PSDB e dezesseis pelo PT.
Bolsonaro teve 4 anos para demonstrar que poderia fazer melhor e até conseguiu fazer isso em muitos e importantes aspectos, como o da economia e das finanças, porém pecou absurdamente no aspecto político, diplomático e institucional. Seus acertos não são e não serão sentidos tão imediatamente, mas seus erros são instantâneos e refletem negativamente na hora que ele fala, nem precisando que ele venha a fazer o que diz.
Da mesma forma que a maioria do povo brasileiro disse não a Lula e sua turma em 2018, tudo indica que dirá não a Bolsonaro em 2022. O certo é que infelizmente o Brasil vai sair dessa eleição mais dilacerado e dividido. O certo é que sairemos menores e enfraquecidos, e se me perguntarem de quem é a culpa, eu direi, agora deixando de ser tão frio e imparcial. A culpa é de Lula, que poderia ter sido um grande líder, um grande estadista, mas preferiu ser o comandante de uma corrente ideológica e partidária. A culpa é de Bolsonaro, que não teve a capacidade de se portar como um estadista, de dar o exemplo que precisa ser dado por aqueles que têm a função de líder, que não foi capaz de entender os mecanismos da política e de ter a sensibilidade necessária para conviver com os antagônicos.
Nunca antes na história deste país, tanta gente mentiu tanto quanto os candidatos nessa campanha eleitoral de 2022.
Nem estou me referindo aos candidatos a deputados estaduais e federais, nem aos candidatos a senador, pois as mentiras ditas pelos concorrentes ao poder legislativo são mais aceitáveis, uma vez que eles farão parte de um colegiado, que trabalhará junto, mas nem sempre na mesma direção, o que permite algum desvio de rota e uso de narrativas mais ou menos verdadeiras.
Mas no que diz respeito aos candidatos ao poder executivo!… Jesus, Maria e José! Meu Deus do céu!… É difícil você achar uma verdade no que eles dizem.
Não vou me ater aos candidatos aos governos estaduais e me concentrarei a comentar sobre os candidatos a presidente da república.
De cada 10 coisas que qualquer um deles diga, cinco são mentiras deslavadas, três são falácias e duas são insultos aos adversários, demonstrando assim o baixo nível de suas propostas, o despreparo para uma disputa sadia e saudável e a inadequação para comandar os destinos de nosso país e de nossa gente.
Um passou quatro anos fazendo campanha publicitária contra si mesmo e agora tenta aparentar o que não é. Tenta parecer bem-educado, sútil, leve, engraçado, mas vez por outra não se controla e deixa que vejamos o boçal que realmente é. Este até mente menos que os outros, mas é mais por incapacidade que por vontade própria, pois seu jeito grosseiro e obtuso, o faz pouco afeito a mentiras e hipocrisias.
Um outro mente descaradamente em relação a tudo. O problema deste é não conseguir falar a verdade mesmo. Às vezes penso que ele enlouqueceu, pois parece acreditar piamente nos absurdos que diz. É como se ele estivesse vivendo em um mundo separado da realidade, apartado de tudo que é correto. Quando o vejo ou o escuto, a impressão que tenho é a de estar vendo e ouvindo um personagem criado por ele, um Avatar, feito para representar ideias tão absurdas que até consegue enganar algumas pessoas.
O problema do terceiro candidato é que ele traz em si o que de pior há dos anteriores: É um boçal como o primeiro e usa as falácias e as hipocrisias melhor que o segundo, agregando a isso o extremo perigo de ser mais inteligente, culto e competente que os dois anteriores e todos os demais candidatos a presidente, somados.
Apenas para cumprir tabela, vou comentar sobre a quarta candidata. Essa se escora no fato de ser mulher para dizer o que bem entende e para qualquer resposta que receba se protege atrás deste fato. Usa seu gênero ora como espada, ora como escudo, criando narrativas bonitas na boca, mas completamente impossíveis na prática.
Os demais candidatos nem merecem serem citados, uma vez que de uma forma ou de outra, são apenas mais do mesmo.
É uma pena que estejamos numa situação destas, onde nenhum dos candidatos a presidente de nosso país nem sequer pode apresentar uma proposta razoável e factível para gerir nossos destinos.
É triste a situação em que nos encontramos. No frigir dos ovos temos que escolher entre um autoritário de direita e um ditador de esquerda, entre um boçal e um lunático, entre um populista que usa a religião e a família como mote e o outro que apela para o complexo de vira-lata que ele mesmo tratou de promover e sedimentar em nossa gente.
Um pelo outro, não quero troco. Um é ruim e o outro é péssimo, e a medida para aqueles que devem nos liderar não pode ser essa.
Quando era mais jovem, fui niilista, e estou quase voltando a sê-lo, graças a essa corja.
2022 é um ano repleto de efemérides. Mas você poderia me perguntar o que são efemérides. Efemérides são acontecimentos ou fatos importantes que ocorreram em determinada data, é a celebração de um acontecimento que completa um ciclo temporal, normalmente marcado por anos.
A efeméride mais importante neste ano é sem dúvida alguma a comemoração dos 200 anos da Proclamação da Independência do Brasil!
Entre outras datas marcantes, temos também os 100 anos da semana de arte moderna, responsável por uma grande revolução artística e cultural em nosso país.
Neste ano celebramos os 200 anos da independência do Brasil, os 200 anos do nascimento da primeira escritora, Maria Firmina dos Reis, a escrever um romance no Brasil, que inclusive era negra e sua obra, “Úrsula”, foi também o primeiro livro escrito por uma mulher latino-americana a abordar a questão da escravidão.
No âmbito da Academia Maranhense de Letras, temos ainda em 2022 os centenários de nascimento de Antônio Almeida, de Lucy Teixeira e de Nascimento de Moraes.
Lembrei agora que faz exatos 40 anos que eu, pela primeira vez disputei e venci uma eleição. Em 1982, eu então com 22 anos, fui eleito deputado estadual pelo Maranhão, tendo sido o mais jovem deputado brasileiro naquela legislatura.
Mas há uma outra efeméride que gostaria de comentar com vocês. Em 2022, o Festival Guarnicê de Cinema completa 45 edições, sendo o terceiro mais antigo festival de cinema do Brasil, com edições ininterruptas.
Sobre este importante festival, promovido pela Universidade Federal do Maranhão, gostaria de comentar que na edição deste ano, a nossa empresa, a Guarnicê Produções, concorre com três filmes, sendo dois curtas metragens e um longa.
“Curupira – O demônio da floresta” é o longa-metragem do gênero terror que coproduzimos em parceria com Erlanes Duarte, do Grupo Mulektedoido, e será exibido no sábado dia 24, às 16:50 horas, no Cine – Teatro João do Vale.
O curta “Maktub”, que será exibido também no sábado, dia 24, às 19:30 horas no Cine – Teatro João do Vale, localizado na Rua da Estrela, na Praia Grande, é um drama existencialista, que retrata, em dois momentos, a vida de um homem em busca de si mesmo e do entendimento da vida.
“A Lista”, é o outro curta-metragem, este estrelado por Lilia Cabral e sua filha Giulia Bertolli. É uma comédia dramática, se é que esse gênero existe mesmo!… Nela uma senhora rabugenta é ajudada por uma jovem durante a pandemia de Covid-19. Nele vemos o retrato de acontecimentos pelos quais nós passamos recentemente.
Lilia, está como sempre magnífica, e sua filha Giulia, comprova o ditado sobre os filhos dos peixes.
Este filme será exibido às 19:30 horas, da quinta-feira, dia 29, no Cine Teatro Aldo Leite, localizado no Palacete Gentil Braga, na Rua Grande.
Além disso, este ano o MAVAM – Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, foi convidado para apresentar em uma mostra especial, alguns dos mais significativos documentários sobre personagens importantes de nossa história.
Dentro de alguns anos 2022 será também um marco temporal. É que nele será lançado o filme “Tire 5 cartas”, comédia de costumes resultante do Projeto Arcanos, que realizamos inteiramente na cidade de São Luís e que em breve será lançado pelos canais do Grupo Globo.
Prestigie a cultura e o cinema maranhense, compareça aos locais de exibição dos filmes ou acesse o portal do Festival Guarnicê de Cinema. Abaixo, o link de acesso a programação.
A prática e a disseminação do preconceito são crimes estabelecidos em nossa Carta Constitucional e como tal devem ser combatidos e não pode e nem devem ser aceitos de forma alguma, porém sentir preconceito ou ser preconceituoso intimamente, não é crime, até porque, isso é uma condição natural e inerente das pessoas. Apontem-me, sinceramente, uma pessoa que não seja de alguma forma, que não sinta algum tipo de restrição a alguma condição de outrem, qualquer que seja ela.
É crime insultar ou agir de forma discriminatória contra alguém por ele ser preto, pobre, mulher, homossexual, umbandista, portador de alguma doença ou deformidade física, gordo, feio, careca, baixinho, esquerdista ou corintiano, ou mesmo se ele for branco, rico, homem, heterossexual, evangélico, não for portador de alguma doença ou deformidade física, magro, bonito, cabeludo, altão, direitista ou flamenguista.
Não gostar de branco não é crime, mas fazer apologia contra brancos, isso é. Não gostar de homossexual não é crime, mas fazer discriminação contra homossexuais é crime.
O crime não se caracteriza por alguém não gostar ou não sentir afinidade. Isso é algo que acontece no âmbito intrínseco do indivíduo, e como tal deve ser aceito. O que não pode é esse indivíduo expor aquilo que sente, fazer seu sentimento ultrapassar os limites de seu eu e colocar o objeto de seu sentimento preconceituoso e discriminatório em situação minimamente desconfortável ou vexatória.
Pensar de forma preconceituosa e sentir preconceito são coisas que não devem ser apoiadas de forma alguma. São sentimentos reprováveis que não podem ser incentivados, mas que não se pode dizer que não existem e criminalizar sentimentos é igualmente recriminável, por mais nobre e justo que isso possa parecer ou mesmo ser.
Lá vou eu mais uma vez me enveredar em um assunto espinhoso que pode suscitar muitas dúvidas, incompreensões e resultar em críticas que podem vir cheias do mesmo preconceito que tais pessoas aparentemente dizem combater!
Por mais incrível que possa parecer, eu passei a vida inteira sendo vítima de preconceito e discriminação. Fui discriminado por ser de família abastada, depois fui descriminado por estar acima do peso, mais tarde, por ser ruim no futebol. Durante algum tempo sofri preconceito por não ser um poeta como alguns queriam que todos fossem e porque não fumava maconha. Quando entrei para política, sofri preconceito por meu pai ser poderoso e por eu ser liberal e não esquerdista.
É claro que nenhum dos preconceitos que sofri são comparáveis àqueles que dizem respeito a condições mais inerentes às pessoas, como a raça, o gênero, e a crença religiosa. Dos preconceitos tidos como os mais graves, sofri e ainda sofro apenas o ideológico ou político.
Na Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a atual Constituição Brasileira, eu, então com 26 anos de idade, participei dos trabalhos da Comissão de Direitos e Garantias Individuais do Cidadão, responsável pelo capítulo 5º, o mais importante de todos os capítulos de nossa Carta Magna, que foi regulamentado pela Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
Neste capítulo estão contidos todos os direitos que as pessoas de nosso país possuem e que devem ser garantidos a todo custo, sob pena de nossa sociedade não ser justa e correta para com seus membros.
O preconceito e a discriminação, qualquer que seja ela não pode ser aceita e é crime.
Gostaria de dividir com vocês um assunto sobre o qual eu tenho apenas uma leve noção, não sabia como se chamava, nem que havia um estudo específico sobre ele. Em alguns casos eu chamava isso simplesmente de incoerência e em outros de completa estupidez.
Desde logo aviso que apesar de ser uma ideia simples, a explicação é bastante intrincada e requer atenção e perspicácia, e que eu estou ainda me aprofundando neste tema.
Falo da “Dissonância Cognitiva”, uma faceta psicológica e sociológica do comportamento humano, algo muito atual e presente em nosso dia a dia.
A dissonância cognitiva ocorre quando, sem que se perceba, existe um descompasso, uma incoerência entre as atitudes de um indivíduo e aquilo que ele pensa e acredita ser o certo. É quando, sem perceber, o que ele faz, é de alguma forma diferente daquilo em que ele crê ou deseja.
Existem várias formas da dissonância cognitiva se manifestar, e em minha opinião, as mais evidentes são as que ocorrem com os militantes políticos, com as pessoas religiosas ou com pessoas que estejam amorosamente apaixonadas.
Essas dissonâncias cognitivas são iguais as outras, só que nos indivíduos militantes, religiosos ou amorosamente apaixonados, ela ocorre motivada por paixão, seja pela política, por fé religiosa ou por uma pessoa. Esses indivíduos agem impulsionados por essas motivações e nem percebem que há um descompasso entre o que pensam e aquilo que fazem, pois para eles tudo aquilo é o normal, o correto.
Todas as pessoas estão sujeitas a dissonância cognitiva e todas, de uma forma ou de outra, buscam a consonância, mas essa busca é não é fácil.
Para que se livrem da dissonância cognitiva, as pessoas precisam fazer três coisas: 1) substituir uma ou mais crenças, opiniões ou comportamentos que estejam envolvidos na dissonância; 2) adquirir novas informações que irão aumentar a consonância; 3) tentar esquecer ou reduzir a importância daquelas cognições que mantêm a situação de dissonância.
O problema no caso dos dissonantes é que eles são mais refratários a fazerem aquilo que precisam fazer para afastá-los desse problema torná-los consonantes com a realidade, pois suas motivações para agirem como o fazem são maiores e mais fortes.
Esse é um dos maiores problemas pelos quais a humanidade passa atualmente, o que é uma grande incoerência, uma vez que hoje em dia há muito mais terapias acessíveis e informações disponíveis para eliminar qualquer dissonância cognitiva que possa existir!
Vou tentar dar exemplos primeiro daquilo que ocorre em alguns desses casos.
Quando alguém se diz defensor da democracia, mas apoia um candidato que defende ações antidemocráticas, ou governos sabidamente ditatoriais, fica claro o descompasso e a incoerência.
Quando alguém abomina a corrupção, combate o desvio de conduta, a prevaricação e outras mazelas da mesma natureza, e ainda assim apoia e defende quem faz essas coisas, esse mesmo descompasso e a mesma incoerência ficam evidentes.
Quando o Estado Islâmico resolveu justiçar pessoas, gravar suas degolas e postar nas redes sociais, além da extrema covardia, da completa abominação, do mais completo instinto animal, eles estavam indo exatamente contra aquilo que eles diziam defender, pois o islamismo não aceita aquele tipo de ação; Quando os terroristas do IRA, Exército Republicano Irlandês, colocava explosivos em casas noturnas e matava centenas de inocentes, estavam indo contra o que defendia a sua religião, o catolicismo; Quando o reverendo americano, Jim Jones, levou pessoas ao suicídio coletivo, na Guiana, estava indo contra os preceitos de sua fé. A mesma coisa aconteceu nos casos do atentado às torres gêmeas, das cruzadas, da inquisição ou da caça às bruxas em Salém.
Quando uma pessoa que está completamente apaixonada por outra, mas ao invés de simplesmente amá-la e fazê-la feliz, faz o oposto, podendo até a chegar a matá-la, essa dissonância entre o fato e a crença, fica patente.
Resumindo de forma bastante direta e clara, dissonância cognitiva é a incoerência, é o descompasso que existe entre o que uma pessoa pensa e aquilo que ela faz. A questão é o indivíduo libertar-se deste problema, pois para isso precisa que ele tenha consciência dessa realidade. É muito difícil que os indivíduos acometidos desse problema escapem das armadilhas causadas por assuntos tão apaixonantes.
Em suma, a dissonância cognitiva é aquilo que nos leva a cometer os maiores erros, as maiores besteiras e os maiores absurdos em nossas vidas.