Pode até ser pecado…

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Eu sei, já faz algum tempo, que dois dos pecados tidos como capitais estão presentes no meu perfil, porém só muito recentemente constatei que sou acometido por um outro desses tais pecados, um que jamais pensei que eu fosse portador, por ele, nem de longe, condizer com a ideia que sempre fiz de mim mesmo. Trata-se da soberba, que alguns chamam de orgulho e que eu prefiro chamar de vaidade.

Como disse, eu sempre soube que sou acometido por dois dos pecados capitais, só que em menor grau e intensidade, proporções que não configuram perigo nem para mim nem para outras pessoas. Eu penso que a gula e a luxúria, desde que sejam facilmente controladas, não chegam nem a ser pecados.

Sou declaradamente um apreciador dos prazeres da mesa e da cama, mas de forma comedida, racional e consciente, não permitindo que essas coisas jamais se transformem em compulsão. Prefiro encarar esses comportamentos controversos como dois Mastins, amansados e domesticados, que foram resgatados do meu Hades e transformados em dois Goldens Retrievers, que passaram a ser companheiros alegres e fiéis de minha feliz existência.

Quanto à avareza, a inveja, a ira e a preguiça, essas são coisas que passam muito longe de mim e de minha personalidade, não afetando de forma alguma o meu caráter e o meu comportamento.

Antes nunca havia pensado em mim como alguém que pudesse ser vaidoso. Ser portador do orgulho nocivo ou da soberba repugnante, são coisas que para mim são completamente inadmissíveis. Antes eu não admitia ter nem mesmo a mais tênue das vaidades, até porque eu sempre tive consciência de não ser o mais belo, nem o mais inteligente, muito menos o mais endinheirado, e imaginava que assim sendo jamais poderia me envaidecer com nada, até que descobri que a vaidade nos ataca das maneiras mais inusitadas.

Ela se manifesta pelo simples fato de se ficar feliz por ter feito alguma coisa boa, por ter agido com honra e nobreza, e mais ainda, por sentir imensa satisfação pelo fato de outras pessoas observarem os acontecimentos e os valorizarem tanto ou até mais que nós mesmos.

Outra forma de vaidade é você se orgulhar das pessoas que você ama e que te amam, como seus pais, seus irmãos, seus filhos, suas esposas ou esposos, seus amigos. Se isso for pecado eu quero ser o maior de todos os pecadores.

Essa é uma sensação maravilhosa que enebria tanto quanto a sensação que se tem ao desfrutar dos prazeres proporcionados pelos alimentos e pelo sexo.

Outro dia, em um evento social, conversando com dois amigos, um deles, com o qual tenho menos contato e ligação me fez um elogio que muito me envaideceu. Ele disse que em sua opinião eu era uma das pessoas mais coerentes que ele conhecia e arrematou dizendo que essa era uma qualidade difícil de ser alcançada. Imediatamente me senti um pecador, por me envaidecer com aquilo.

Essa semana foi minha mulher, Jacira, que me conhece melhor que qualquer pessoa, quem ligou o botão de minha vaidade ao dizer que estava muito orgulhosa de mim, por eu ter mandado uma mensagem de congratulações para Flávio Dino, pessoa de quem discordo ideologicamente, por sua indicação para ministro do STF. Segundo Jacira, seu orgulho se deve ao fato dela ter sentido naquela mensagem sinais claros de minha sinceridade, pelo fato de eu ter dito aquilo em que realmente acreditava, com temperança, sem ser nem bajulador nem indelicado, dizendo o que eu desejava dizer, com nobreza e honradez. Minha vaidade, neste caso, reside em dois pontos, naquilo que fiz e no fato de Jacira me conhecer tão bem, pois ela sabe que se não fosse para eu me sentir bem, eu jamais tomaria aquela atitude.

Mas de tudo o que mais me envaideceu até hoje foi o fato de que em um desses domingos, numa das praias de nossa cidade, um rapaz que estava acompanhado de seu pai, se aproximou de mim e me perguntou se poderia apertar a minha mão e me dar um abraço. Achei estranho, mas disse que sim. Foi aí que ele disse que ele só havia conseguido alcançar seu objetivo esportivo, graças ao benefício que foi proporcionado a ele pela Lei de Incentivo ao Esporte. Fiquei emocionado com aquela atitude, e o pai dele me disse que as pessoas beneficiadas pelas leis de incentivo ao esporte e a cultura, não sabem quem foi que teve a ideia de fazer aquelas leis, mas que se soubessem, todos fariam o mesmo que o filho dele estava ali fazendo.

Esses podem até ser pecados, mas as sensações que eles nos dão, são muito boas, viu!…

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Menos eles

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Assisti recentemente discursos dos ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes na abertura de uma sessão do Supremo Tribunal Federal. Eles falaram sobre a PEC aprovada no Senado Federal, que visa garantir que declaração de inconstitucionalidade de lei seja resultado de decisão por maioria absoluta dos votos dos ministros da Corte, e não através de decisão monocrática, deste ou daquele ministro do STF, fazendo que que tenhamos um STF e não onze.

Eu particularmente achei a reação dos ministros contra a PEC foi totalmente desproporcional, e por outro lado não achei grande vantagem nessa PEC, até por já haver resoluções nesse sentido, mas pelo que parece, não são respeitadas. Na verdade, o que o poder legislativo deveria fazer era convocar três ou quatro ministros do STF, aqueles que mais exercem ativismo judicial, para que expliquem a grande quantidade ações ilegais e inconstitucionais que eles vêm praticando.

A primeira coisa que me chamou atenção nos discursos de Barroso e Mendes, foi o fato deles dizerem que a PEC aprovada pelo Senado é inócua, pois uma reforma feita no regimento interno do STF, em 2022, já introduziu algumas das medidas previstas nessa PEC. Ora, se no regimento interno do STF, tais regulamentações já estão previstas, o fato delas estarem gravadas em nossa Constituição não acarretará nenhum mal, até porque quem pode o mais, pode o menos! Mas em nome da coerência que eu exijo de mim mesmo, devo concordar com o que disse o ex-ministro do mesmo STF, Marco Aurélio Melo: “O Congresso Nacional tem barateado muito o valor de nossa Constituição, fazendo emendas a ela, quando estas normas poderiam ser incluídas em dispositivos legais infraconstitucionais”.

Outras coisas que me chamaram atenção nas falas dos ministros foram no tocante ao respeito para com a independência do poderes e ao devido processo legal. Ocorre que os ministros se esquecem que nos últimos anos é o STF quem não tem respeitado a independência dos poderes, como quando impede a nomeação de agentes públicos pelo poder executivo. Eles se esquecem que são eles que desrespeitam e subvertem o devido processo legal, instaurando um processo sem respeitar o foro adequado, em que o relator foi escolhido e não sorteado, onde o processo corre em segredo, até para réus, onde a suposta vítima é também o investigador, o acusador e o julgador, o que descaracteriza total e completamente o processo judicial o caracterizando como um processo inquisitorial.

É descabida a alegação de que essa PEC fere a independência entre os poderes por tratar de matérias que deveriam ser de competência Interna Corporis do STF, pois é exatamente a nossa Constituição que estabelece que é ao poder legislativo que cabe a função de legislar.

O fato de uma lei esmiuçar as funções e atribuições de um dos poderes, não torna essa lei inconstitucional. Uma lei assim realmente não é uma lei feita com melhor técnica legislativa, mas ele deve ter sido proposta pelo fato de o referido poder a que se destina estar escamoteando, de alguma forma e em algum grau, sua função.

Fico me perguntando, como é que pessoas que cometem todas essas arbitrariedades, além de outras aqui não citadas, podem reclamar de coisas que elas mesmas corriqueiramente praticam?

Outro fato que me chamou bastante atenção foi o tom de ameaça contido na palavras dos dois ministros. Ameaça velada ao poder executivo e ameaça explicita ao poder legislativo.

Porém, o mais hilário de tudo viria quase no final do discurso do ministro Gilmar Mendes quando ele diz que as ditaduras podem ter origem na tirania exercida pelo poder executivo ou surgirem do abusivo controle exercido pelo poder legislativo através de leis antidemocráticas e inconstitucionais. Gilmar diz isso, mas se esquece de que a pior de todas as ditaduras é aquela que é imposta pelo poder judiciário, que não tendo a genuína legitimidade, oriunda da escolha democrática, através do sufrágio universal e livre do cidadão, se respalda apenas no fato de dizerem que são defensores dos preceitos constitucionais, que todos devem defender e respeitar. Menos eles.

O pior, no entanto, não é nada disso. O pior é que o voto do senador Jaques Wagner, líder do governo no Senado, a favor dessa PEC, foi visto por alguns ministros do STF como uma “traição rasteira” depois da ferrenha resistência da Corte ao golpe Bolsonarista.

Isso é um completo e total absurdo! É a comprovação do ativismo judiciário e do partidarismo praticados pelo STF. Mas como se isso não bastasse, eles ainda por cima exigiram o afastamento imediato de Wagner da liderança do governo no Senado, deixando mais que claro que o STF se sente como um parceiro político do governo.

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Minha posição política

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Não apoio posicionamentos radicais, sejam eles sociais, políticos, culturais ou religiosos; Não acredito no uso de força física na defesa de ideias, acredito no diálogo e no bom e sadio debate como forma de aprimoramento do convívio social, para isso penso ser indispensável que a ampla liberdade de expressão seja garantida;  Defendo a ideia de que o respeito ao direito do indivíduo tem precedência e prevalência sobre o direito da coletividade; Defendo a livre iniciativa e o direito de propriedade; Defendo o pleno estado de direito, acredito que a liberdade é direito fundamental e que o indivíduo deve ser responsabilizado integralmente, na forma da lei, pelo uso que faz de sua liberdade.

… E por aí vai.

Diga-me uma coisa, você acredita que alguém que pensa assim como eu, está em que posição no espectro ideológico!…? Deixa pra lá!… Isso importa pouco!…

Agora falando de forma mais direta e pragmática: Penso que o presidente Lula e seus apoiadores, da mesma forma que o ex-presidente Bolsonaro e seus seguidores, estão completamente fora de qualquer parâmetro político aceitável, que nosso poder legislativo é omisso e recorrentemente prevaricador, e que o Supremo Tribunal Federal subverteu as regras constitucionais, destruindo o devido processo legal, ou seja, acredito piamente que a política brasileira precisa ser totalmente repensada.

Pensando bem!… Enéas estava coberto de razão.

E agora, isso muda a minha localização no espectro ideológico nacional?

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Os 6 melhores governantes do Brasil

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Na ocasião das comemorações referentes à Proclamação da República, em uma conversa com alguns amigos de diversas áreas, entre eles empresários, profissionais liberais, funcionários públicos, escritores, historiadores, economistas e políticos, levantei uma questão que causou muita controvérsia, e que vou repassar aqui para vocês.

Eu fiz uma provocação bastante pertinente para aquele ambiente, indagando dos presentes quais seriam os seis melhores governantes do Brasil, e foi um pouco mais além, pediu que disséssemos o período correspondente e que fizéssemos uma pequena justificativa.

Particularmente eu não me surpreendi com o resultado de toda aquela conversa, tendo em vista a qualidade e a capacidade das pessoas que ali estavam presentes, ocorre que o fato de quase todos citaram os mesmos nomes, variando a ordem ou as justificativas, poderia surpreender algumas pessoas, como acredito tenha acontecido com alguns dos presentes.

Penso que esse é um bom exercício para que possamos aprofundar nossa visão sobre a nossa história, e conhecermos as opiniões das pessoas sobre esses assuntos, lembrando que as opiniões de todos devem ser respeitadas, mesmo e principalmente que elas não coincidam com as nossas.

Abaixo, a minha lista dos seis melhores governantes do Brasil, o período de referência e uma pequena justificativa. Qual é a sua?

1 – Dom João VI – Dom Pedro I (de 1808 até 1831) Resolvi juntar os governos de Dom João VI e de Dom Pedro I, por uma questão de justiça, pois enquanto Dom João deu ao Brasil status de nação, de país, nos dando independência econômica e autonomia comercial, juntando assim ao povo e ao território o item fundamental para nossa identidade política, Dom Pedro formalizou nossa existência através da proclamação de nossa independência política, coisa que já havia sido pensada por seu sábio pai. A história não tem sido justa com estes dois importantes personagens.

2 – Dom Pedro II (de 1840 até 1889) Em quase 50 anos de governo, Dom Pedro II consolidou as conquistas que haviam sido realizadas por seu pai e seu avô. Homem sábio, culto e sensível, fez com que o Brasil fosse respeitado internacionalmente, mas apesar de cultivar ideias e conceitos antiescravagistas, não foi capaz de acabar com a escravidão mais cedo.

3 – Getúlio Vargas (de 1930 até 1945 e de 1950 até 1954) Vargas estabeleceu diversos avanços na vida social e econômica do Brasil, criando leis e empresas que alavancaram o progresso que nos fez ser uma das maiores economias do mundo. Tendo vivido em um período conturbado, onde o mundo, saindo de uma guerra mundial procurava se estabilizar, optou pelo caminho mais fácil e num vácuo de lideranças, tornou-se ditador e como tal usou a força contra seus adversários.

4 – Juscelino Kubitschek (de 1956 até 1961) Depois de um período conturbado de nossa política, Juscelino elegeu-se democraticamente, e entre suas realizações destacam-se o Plano de Metas para nosso desenvolvimento econômico e a construção Brasília. Além disso foi responsável por uma segunda onda de progresso gerada pela instalação em nosso país de diversas indústrias, entre elas a automobilística. Sendo um liberal, não estava preparado para as convulsões que a Guerra Fria troche para o cenário internacional, com grande repercussão em nosso país.

5 – José Sarney (de 1985 até 1990) Enfrentando gigantescos problemas econômicos, herdados de anos de inflação galopante, Sarney teve como sua maior missão a de conduzir o Brasil, de forma segura, pacífica e sensata, durante o período de transição para a plena democracia, depois de vinte e um anos de regime de exceção, quando o nosso país foi governado pelos militares. Este feito pode para alguns menos atentos, parecer um fato menor, mas foi a realização dele que nos garante disfrutarmos do mais longo e seguro período de regularidade democrática de nosso país em toda nossa história.  

6 – Luiz Inácio Lula da Silva (de 2003 até 2004) Durante o primeiro ano de seu primeiro mandato, Lula, replicando fórmulas e políticas herdadas de seu antecessor, conseguiu realizar, alavancado em uma imensa popularidade, quase uma unanimidade, avanços extraordinários na vida social e institucional de nosso país. No entanto à partir do seu segundo ano de mandato, pressionado primeiramente por seu partido e em seguida por partidos que lhe davam sustentação no Congresso Nacional, passou a fazer o que fosse necessário para se manter estável no poder, o que resultou nos escândalos de roubos e corrupção que todos conhecemos. Mesmo assim, acredito que o primeiro ano do primeiro mandato de Lula tenha sido uma época extraordinária para nosso país e nossa gente. Talvez a melhor delas. Tempos que não voltarão jamais.

PS: Esse tipo de conversa e as análises que resultam delas, podem ser feitas sobre qualquer assunto, como filmes, times ou jogadores de futebol, momentos das vidas das pessoas. Essa é uma boa forma de conhecermos melhor as pessoas e de nos mostrarmos mais a elas.

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Caminhos Possíveis

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Muita gente tem pedido que eu escreva alguma coisa sobre os cenários políticos que poderemos ter em nosso estado nos próximos anos, mas venho sistematicamente evitando fazer isso por diversos motivos, um deles é pelo fato de que algumas pessoas de forma alguma aceitam a opinião das outras, além do que alguns daqueles indivíduos que detêm o poder não admitem que se cogite um cenário que de alguma forma lhe seja desfavorável, levam para o lado pessoal aquilo que é tão somente uma análise política. Pior ainda ocorre em relação a alguns asseclas desses poderosos que no afã de bajular o chefe, o cega e ensurdece para a realidade, muitas vezes simples e cristalina, mas é importante que se ressalte que esse tipo de reação não é de hoje, ela é antiga e histórica, registrada em obras de gênios inquestionáveis como Maquiavel.

Como o ano está findando, e alguns acontecimentos parecem estar se precipitando, resolvi ceder às pressões e escrever algumas mal traçadas linhas sobre dois dos caminhos que eu imagino possíveis de serem trilhados pelos políticos do Maranhão nos próximos anos.

Para isso temos obrigatoriamente que dirimir duas questões fundamentais, sem as quais qualquer cenário não será possível ser construído no Maranhão.

A primeira diz respeito ao fato de sabermos se Flávio Dino será ministro do STF. A segunda é sobre a real situação do grupo hoje comandado pelo governador Carlos Brandão, em relação ao mesmo Flavio Dino, pois é indispensável que saibamos se Brandão e Dino estão rompidos política e fraternalmente. Se eles comungam das mesmas ideias políticas e administrativas para o nosso Estado. Se seus planos para o futuro coincidem ou são minimamente antagônicos, ao ponto de fazer com que o governador precise escolher entre permanecer no governo até o final de seu mandato ou se desincompatibilizar para concorrer a uma vaga de senador em 2026.

Sem essas respostas pouco ou nada pode ser projetado com um mínimo de clareza, isenção e honestidade. O máximo que se pode fazer é sobrevoar os caminhos possíveis com cada uma das respostas dadas a essas perguntas.

Se Flávio Dino for alçado ao STF, seu poder cresce por um lado, mas diminui por outro. Seu poder pessoal, sua influência no panorama jurídico brasileiro irá crescer enormemente, até porque poucas pessoas no Brasil são mais preparadas para ocupar este cargo que Flávio. No entanto seu poder político, principalmente no ponto de vista eleitoral, irá sofrer um grande revés.

No STF Flávio não terá como manter o comando da política do Maranhão, que a partir dali estará ainda mais restrita ao grupo comandado por Brandão, que terá mais liberdade para decidir o que, como e quando tomar livremente decisões políticas que definam seu futuro enquanto político.

A primeira possibilidade é Brandão se entender com Flávio, saindo do governo para ser candidato a senador, indicando o candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Felipe Camarão, e aí a Pax Romana estaria, em tese, sacramentada em seu grupo, mas o controle político do grupo sairia das mãos de Brandão e voltaria para as de Flávio, através daquele que será então o governador do Estado, Felipe Camarão.

Em minha modesta opinião, esse é o cenário mais cômodo e plausível, pois não requer um grande trabalho arquitetônico, só uma boa quantidade de fé, estômagos resistentes e fígados amistosos.

Uma outra opção que vislumbro é quase impossível de ser implementada, tendo em vista que os personagens principais dela são muito complicados de serem lidos e muitas vezes quase impossíveis de serem auscultados.

Neste cenário seria necessário que Carlos Brandão e Eduardo Braide firmassem um acordo que envolvesse grande quantidade de confiança mútua entre ambos, o que pelo que sei é praticamente impossível, tendo em vista o temperamento desconfiado deles dois e seus históricos pessoais e políticos de serem refratários ao hábito de ouvir.

Nesse acordo, Brandão apoiaria Braide e indicaria um candidato de sua restrita confiança a vice-prefeito deste para a eleição de 2024, em São Luís. Além disso Brandão permaneceria no governo até o final de seu mandato, apoiaria Braide para sua sucessão como governador, indicando alguém de sua confiança para o cargo de vice dele, e ainda teria a possibilidade de, fazendo um acordo com Weverton Rocha e Roseana Sarney, eleger os dois senadores em 2026.

Estes são os dois cenários que penso serem os mais prováveis de serem construídos pelos políticos de nosso estado. Qual será o implementado? Não sei, mas apostaria no primeiro.

Como diria o grande Lister Caldas, “quem viver, verá”.

PS: Antes que algum espertalhão queira citar a celebre frase de Garrincha na Copa de 1958, na Suécia, “vocês já combinaram isso com os russos?”, eu adianto logo que não prevejo fatos, eu analiso possíveis cenários que podem ou não acontecer, sendo isso indispensável para um bom planejamento político.

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Um choro justo

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Estive no aniversário do filho de um amigo e notei que enquanto muitas crianças estavam correndo e brincando, um garoto estava num canto chorando. Observei-o por alguns instantes e resolvi falar com ele.

Perguntei-lhe o que estava acontecendo, mas ele não estava muito pra conversa. Insisti e perguntei-lhe quantos anos ele tinha e qual era seu nome. Ele me olhou com uma cara zangada e disse: “Alexandre… Sete”.

Sorri e vi ali uma oportunidade de conversar com ele. Perguntei-lhe se ele gostava de história. Ele levantou a cabeça e com a cara ainda amarrada, aquiesceu.

Disse a ele que faço parte de um grupo de pessoas que trabalha com história e que ainda por cima faço filmes. Ele arregalou os olhos.

Pedi que ele me ouvisse. Ele a princípio não se mostrou acessível, mas eu insisti, dizendo que iria lhe contar algumas coisas que iriam fazer com que entendesse por que ele não deveria estar chorando. Ele ficou ainda mais enfezado, mas pelo menos não saiu correndo.

Perguntei se ele já tinha ouvido falar de um outro Alexandre, o Alexandre da Macedônia, Alexandre, o Grande. Ele fez cara de desdém e disse: “Eu sou só uma criança”. Não me contive e dei uma gargalhada, o que fez com que ele também risse.

O caminho estava aberto para nossa conversa, que eu sabia, não poderia ser demorada nem complicada, pois a atenção dele não seria fácil de prender por muito tempo.

Disse a ele que seu xará, o grande Alexandre, havia entrado para o exército aos sete anos, a mesma idade dele. Ele arregalou os olhos e pronunciou a primeira palavra espontânea de nossa conversa: “Sério?”

Eu expliquei que no tempo daquele outro Alexandre as coisas eram diferentes. Disse que ele era um príncipe e que depois da morte de seu pai ele se tornou rei, e que conquistou quase todo o mundo. Contei-lhe alguns fatos sobre a vida de seu homônimo, disse-lhe que o outro Alexandre teve como professor o homem mais inteligente que existia naquela época, Aristóteles, que ele era tão inteligente que até hoje nós estudamos o que ele disse e escreveu, e o menino foi relaxando e se interessando pela conversa.

Disse a ele que infelizmente Alexandre, o Grande, havia morrido muito jovem, aos 32 anos, ao que ele perguntou: “Ele morreu lutando em uma guerra?”

Expliquei, sem me aprofundar, como havia sido o final da vida de Alexandre.

Perguntei novamente a ele qual era o motivo de estar chorando, e agora mais relaxado ele disse que era porque seus amiguinhos não queriam deixar que ele participasse de um jogo, pois ele não jogava bem.

Foi aí que entrei no assunto no qual queria chegar desde o início. Perguntei se ele sabia que estava havendo, naquele mesmo momento em que estávamos ali, conversando, guerras horríveis, onde cidades eram destruídas e pessoas morriam. Ele sacudiu a cabeça, indicando que sim.

Disse a ele que para as crianças que estavam no meio dessas guerras, seria muito difícil brincar, pois o mais importante era que elas se protegessem. Disse que os pais de muitas delas, haviam morrido na guerra. Disse que aquelas pessoas estavam passando fome e nem tinham água para beber.

À proporção que eu falava, meu jovem interlocutor ia ficando sério. Ele não mais chorava, nem tinha em sua face feições refratárias. Sua fisionomia era de um homenzinho que parecia ter entendido o verdadeiro valor do choro.

Ele se levantou e eu junto com ele me levantei. Ele levantou a cabeça para me olhar no rosto. Me encarou com um semblante pesaroso, passou a mão no rosto, limpando as lágrimas, esticou a mão para me cumprimentar, ao que eu retribuí, e ele saiu correndo e foi brincar com os amiguinhos.

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Minha mãe e a guerra

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No nosso almoço de quarta-feira passada, minha mãe, sempre querendo saber sobre tudo que acontece, me pediu para explicar para ela não só sobre o atual conflito entre Israel e o Hamas, mas também sobre como essa desunião entre primos começou.

Sentei-me ao seu lado e lhe disse que esse era um assunto muito complicado, mas que iria contar algumas histórias para que ela pudesse ter uma ideia geral, mesmo que extremamente simplificada de toda a situação.

Contei a ela que os estudiosos dizem que Abraão, patriarca dos povos do Médio Oriente, descendente de Sem, filho de Noé, viveu há aproximadamente 4.000 anos, na cidade de Ur, que hoje fica no Iraque.

Comentei que de certa forma é com a descendência de Abraão que se inicia a história de cizânia dos povos daquela região, uma vez que Ismael, seu filho com Agar, escrava egípcia de sua mulher, Sarah, deu origem aos Ismaelitas, povo que em sua maioria, depois do advento religioso de Maomé, passamos a conhecer como islamitas ou muçulmanos.

Já Isaac, filho de Abraão com Sarah, deu origem ao povo hebreu, que hoje chamamos de judeus ou israelenses. Lembrei a ela que Deus resolveu mudar o nome de Jacó, neto de Abraão, filho dileto de Isaac, para Israel, palavra que significa “permita que Deus prevaleça”, e que é no significado desse nome que esse povo tanto se respalda.

Se essa história é verdade, se ela aconteceu ou não, pouco importa. O que importa é que muitas pessoas acreditam nela, outras não acreditam e outras ainda a desconhecem.

Expliquei a ela que para entendermos melhor precisaríamos viajar no tempo e irmos para o Egito, por volta do ano 1500 antes de Cristo quando dizem que Moisés libertou os hebreus do cativeiro.

Disse a ela que eu não acreditava que o povo hebreu, comandado por Moisés, vagou durante 40 anos pelo deserto. Salientei que esse tempo foi suficiente para que tenha havido uma mudança geracional entre o povo que saiu do Egito e o que chegaria na tal Terra Prometida, onde jorrava leite e mel, mas onde viviam vários povos, entre eles os filisteus.

Expliquei-lhe que para se implantarem ali, os hebreus, agora comandados por Josué, expulsaram muitos povos de suas terras e passaram a conviver com aqueles que não conseguiram expulsar, inclusive os filisteus, que se encontravam espalhados pelo enclave entre o Rio Jordão a leste, o Mar Mediterrâneo a oeste, a Síria ao norte e o Egito ao sul.

Nessa área viviam os cananeus em cidades como Jericó e Hazor, conquistadas e destruídas pelos hebreus, mas havia também os filisteus, agrupados em uma espécie de confederação formada por cinco cidades: no litoral, Gaza, Asdode e Asquelom, e mais para o interior, Gat e Ekron.

Disse à minha atenta e boquiaberta mãe, que essas eram verdades históricas que devem ser levadas em conta para que possamos criteriosamente entender os conflitos que acontecem naquela região.

Contei que uns 500 anos depois da morte de Josué, por volta de 1.000 anos antes de Cristo, o então juiz dos hebreus, Sansão, da Tribo de Dã, que se localizava nos arredores de onde hoje é a Faixa de Gaza, enfrentou os filisteus e perdeu a vida para eles, acorrentado nas colunas centrais do Templo de Baal, e que cego, mas já com algum cabelo, transformou-o em escombros.

Mais 1.000 anos se passariam até o nascimento de Jesus de Nazaré, na época em que o Império Romano dominava o mundo. Foram os romanos que consagraram o nome de Palestina àquela região, a partir do nome hebraico Filístia.

Mostrei a ela que podemos datar o começo deste conflito usando diversos referenciais. Podemos dizer de forma simbólica que ele começou há 4.000 anos quando Ismael e Isaac se apartaram. Podemos dizer que ele já dura 3.500 anos, desde quando Josué, reivindicando o presente que Deus havia prometido a Jacó / Israel, invadiu e tomou à força parte do território que hoje ocupam. Podemos usar Sansão como referência e marcar 3.000 anos de guerra. Podemos também pular 3 milênios para localizar o início desse conflito apenas quando da criação formal do Estado de Israel, em 1948, e a posterior ocupação da Palestina pelos judeus, mesmo que eles já vivessem lá há mais de 3 milênios.

Disse-lhe não importa quando datemos o início desse conflito, pois ele sempre remete a uma pergunta fundamental, quem é o verdadeiro dono desta terra, e a resposta mais correta e honesta, é complexa demais e não agrada a nenhum dos interessados.

Falei rapidamente a ela sobre os agravantes culturais, religiosos, políticos, estratégicos e de outras procedências, que dificultam ainda mais o entendimento de toda essa situação e a busca pela paz.

Por fim, comentei sobre o atual episódio. Disse que a agressão partiu de um grupo terrorista, o Hamas, que vivem em meio aos palestinos, e que até seria aceitável se ela fosse direcionada aos inimigos declarados de sua causa, o Estado de Israel, mas essas covardes agressões foram direcionadas ao povo de Israel, por isso elas devem ser rechaçadas de forma peremptória e total, da mesma forma que os atos cometidos pelo governo de Israel, diretamente contra o povo palestino, não podem ser admitidos.

Disse a ela que defendo o direito do povo palestino ter um Estado constituído formalmente e reconhecido por todas as nações, mas para isso é indispensável que eles admitam e respeitem a existência de Israel. Esse é o primeiro passo para que haja alguma espécie de paz naquela região.

Ao final, minha mãe, com o semblante visivelmente consternado e pesaroso, me disse: “Meu filho, ao que parece essa guerra não terá fim, mas atos covardes contra a população civil são totalmente inadmissíveis e devem ser repudiados por todos. Sinto muita pena das mães das pessoas mortas nessa guerra”.

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Alá é Deus e Maomé é o seu profeta الله الله ومحمد رسول الله

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Hoje, este velho aqui, inquieto e curioso, se lembrou o motivo pelo qual nunca foi refratário a ideia do islamismo nem a figura de Maomé. É que há muitos anos quando eu ainda era apenas um menino, mas já inquieto e muito mais curioso, li um livro que chegou às minhas mãos, não me lembro ao certo de que forma. O fato é que naquele livro eu li sobre as regras de comportamento que Maomé havia estabelecido para seus seguidores durante as disputas pelo o controle das cidades de Meca e Medina.

Sua ordem era no sentido que crianças, mulheres, idosos e até mesmo pessoas que não estivessem envolvidos nos conflitos fossem tratados com respeito, que eles não poderiam ser molestados.

Maomé viveu no século VI depois de Jesus Cristo, e conviveu com judeus, cristãos e com povos de outras religiões.

Para os que não se lembram, assim como para aqueles que não sabem, Maomé é tido pelos islamitas como o último profeta do Deus de Abraão, o mesmo patriarca de judeus e cristãos, portanto essas religiões aparentemente tão diferentes e díspares, fazem parte da mesma árvore, usam a mesma raiz e até o mesmo tronco, só seus galhos são diferentes.

Mas voltemos a ordem que Maomé deu aos seus seguidores durante as disputas pelo controle político, comercial e religioso de Meca e Medina, bem como de toda aquela região.

A ordem de preservar crianças, mulheres, idosos e até mesmo civis que não estivessem envolvidos nos conflitos, que eles fossem tratados com respeito, que eles não poderiam ser molestados, fez com que eu tivesse empatia imediata por Maomé e por sua causa, mesmo que não entendesse seus costumes, sua cultura, sua religião. Vi nela e em seu autor a mesma honra e a mesma nobreza que tanto me energizava quando ouvia, ainda muito pequeno, minha avó Maria e minha mãe, contarem as histórias sobre Jesus. Senti naquela intenção a mesma significância das ações dos personagens de Alexandre Dumas, que recentemente havia descoberto.

A honradez e a nobreza das palavras de Maomé, no sentido de que crianças, mulheres, idosos e civis, alheios ao seu combate, fossem tratados com respeito e não fossem molestados, contrasta totalmente com as atitudes covardes de alguns cães que se arvoram de seguidores daquele que pregava a palavra de Alá, o misericordioso.

Esses vermes terroristas e fanáticos religiosos, que não são capazes de ler e interpretar corretamente as palavras do profeta, não são seguidores de Maomé e não honram Alá.

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Meu amigo Pipoca

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Dentre tudo que se possa dizer de Antônio Carlos Lima, jornalista e escritor, membro da Academia Maranhense de Letras, falecido no domingo, 8 de outubro, uma coisa deve ser ressaltada: ele era um operário do texto.

Curioso, buscava todas as informações possíveis sobre o assunto que o interessasse, estudava-o em detalhes, ficava senhor da matéria e discorria sobre ela com domínio, propriedade e energia, como um auriga fazia com seus cavalos e sua biga.

Dono de grande refino e elegância literária, suas palavras pareciam ser assentadas como fazem os exímios pedreiros com os tijolos em uma parede. O reboco, o emassamento e a pintura ficavam por conta da sutileza e da ironia que ele cultivava, para disfarçar sua natural timidez pessoal.

Cultivou e refinou essa capacidade arquitetônica literária ao se especializar em redigir discursos políticos, função que não é devidamente valorizada em nosso país. Posição na qual o escritor, se tiver capacidade, e ele tinha, consegue incluir na fala do potentado, sutil e delicadamente, suas ideias.

Já estivemos de lados opostos, na política, mas isso não fez que desaparecesse o respeito e a consideração que sempre tivemos um pelo outro. Pelo contrário, ressaltou esses sentimentos entre nós. Coisa de sagitarianos!

Apaixonado por cinema, às vezes ele me ligava para comentar um ou outro filme, sugerir um tema para uma pesquisa sobre um personagem que merecia ser registrado em documentário e até para me desafiar a transpor para o cinema algumas de suas histórias, dívida que pretendo pagar.

Ele não gostava de ser chamado pelo apelido – Pipoca. Ultimamente eu fazia força para não o chamar assim, mas nunca fiz isso na intenção de diminuí-lo, pois os verdadeiros amigos nunca nos diminuem… A não ser quando nos deixam, como agora.

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A Constituição brasileira, 35 anos depois

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Depois de 20 meses de trabalho intenso de deputados e senadores constituintes, na tarde do dia 5 de outubro de 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil. 

Em um discurso empolgante, Ulisses Guimarães conclamava toda a nação a honrar e defender a nossa constituição e os princípios humanitários, sociais e democráticos que ela trazia como base. 

Aqueles foram meses de muito trabalho. Eu era o quarto mais jovem constituinte brasileiro. Mais jovens que eu, Aécio Neves, Rita Camata e Cássio Cunha Lima. Depois da Constituinte, o primeiro e o terceiro, citados acima, tiveram extensas carreiras políticas, chegando aos governos de seus estados e ao senado federal. A segunda foi candidata a vice-presidente em uma dessas eleições. Quanto a mim, voltei para o Maranhão, comandei algumas secretarias de Estado e novamente deputado estadual, até resolver que a política formal, com mandato eletivo não fazia mais sentido para mim.

Tenho orgulho de ter participado daquele momento importante da história de nosso país, mesmo sendo eu apenas um mero figurante, que na época tinha pouco em idade (26 anos) e menos ainda em experiência, mas hoje, passados 35 anos, vejo melhor, tanto os acertos quanto os equívocos que cometemos e confesso que me preocupo muito com a forma com que nossa Carta Magna está sendo usada. 

Muitos de nossos acertos estão nos artigos 5º e 6º de CF, pois ali estão os direitos e garantias institucionais e sociais das pessoas. Ali estão também parte dos nossos equívocos ou esquecimentos, pois não estabelecemos de forma proporcional os deveres que deveriam advir e respaldar os direitos que estavam sendo garantidos. 

Apenas como curiosidade, sobre um de nossos equívocos mais gritantes, lembro que no preâmbulo da CF, não há alusão a nenhuma espécie de dever que os cidadãos submetidos a ela devam ter, apenas estabelecemos direitos. Estávamos cegos! Cegados pelo medo do retrocesso democrático, que nos rondava. Parecido com o que estamos vivendo agora. 

Lembro a quem possa não ligar bem as coisas, que estávamos saindo de 21 anos de estado de exceção, aquilo que uns chamavam de Revolução e outros de Ditadura Militar, o certo é que era um regime onde as liberdades e os direitos não eram plenamente respeitados, por isso o medo que todos tínhamos de um retrocesso institucional. 

Lembro também que um ano depois de promulgarmos nossa Constituição, a derrubada de um muro mudou toda a configuração geopolítica do mundo. Nós, de certa forma nos antecipamos a essa mudança, e por isso agimos de forma precipitada em alguns aspectos. 

Por outro lado, é sempre importante que se diga e não deixemos que ninguém se esqueça, que uma constituição não é uma carta POLÍTICA, naquilo que essa palavra tem de mais pejorativo! Ela é súmula jurídica que deve reger o funcionamento de todos os mecanismos e instituições de um país. 

Olhando em retrospecto, vejo que passados 35 anos, constatamos que o trabalho que realizamos foi quase que completamente desfigurado, em parte por culpa nossa mesmo, em parte pelo uso errado e pela má interpretação dos dispositivos contidos nesta lei que deveria nortear a vida de nosso país. 

Algo urgente precisa ser feito para remediar isso, pois o medo é um campo fértil para a tirania! 

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