Acalanto para uma outra São Luís

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Enganar-se-á redondamente quem imaginar que o título acima se refere a um tema político. Estará equivocado aquele que pensar que eu desejo hoje abordar algum aspecto de nossa cidade usando a vertente partidária ou ideológica. Cairá em erro quem supor que eu vá hoje vociferar contra o abandono do centro histórico, contra a inação dos governos em suas três esferas de descaso para com o nosso patrimônio cultural, histórico e arquitetônico.

A outra São Luís de que falo nos chegará hoje pelo foco da sensível e competente lente de um de nossos maiores cineastas.

A São Luís dele é a cidade das calmas ruas do centro. Nela se materializam os personagens do belíssimo drama concebido na genial cabeça de Mia Couto, maior escritor cabo-verdiano. Uma outra São Luís, um doce cenário que se adequa perfeitamente a quase todas as histórias que já tenham sido escritas ou que ainda venham a ser, tendo o ser humano, suas circunstâncias e suas conseqüências como pano de fundo.

Falo da São Luís de Arturo Saboia, cineasta que compõe a elite do cinema maranhense. Nesse ofício ele encontra-se ao lado de Frederico Machado, Francisco Colombo, Beto Matuck, Breno Ferreira, João Paulo Furtado, Zé Maria Eça de Queiroz, Junior Balbi, Ione Coelho, Denis Carlos, entre outros, sempre inspirados no trabalho de pioneiros como Murilo Santos, Euclides Moreira Neto, Ivan Sarney, João Ubaldo de Moraes… Tenho certeza que você leitor amigo pouco conhece sobre o cinema e os cineastas maranhenses. A culpa não é sua. Espero que muito em breve essa realidade mude. Tenho fé de que logo isso vai acontecer.

Recentemente Arturo chamou a mim e a Jacira à sua casa para assistirmos ao seu novo filme, “Acalanto”. Uma verdadeira obra-prima.

Arturo que estreou com o também excelente “Borralho”, baseado em um conto do mesmo Mia Couto, é um cineasta cuja maior qualidade, longe de ser a única, é a forma delicada e sensível com que aborda os temas aos quais se debruça. Ele faz isso mais uma vez com maestria em seu novo filme.

Roteirista minucioso, desenha as palavras de seu guião de tal forma, que de posse dele, qualquer um possa realizar um belo filme.

Tive o prazer e a honra de trabalhar com Arturo na confecção dos roteiros de alguns de meus filmes e posso garantir-lhe que ele é sensível, culto, aplicado, humilde e generoso, qualidades que fazem com que ele seja um grande artista.

Quanto ao filme, sem correr o risco de desmanchar o prazer de quem vier a vê-lo, posso dizer que é a declaração de amor fraterno mais doce que vi ultimamente no cinema. Digno de produções grandiosas. Devo dizer que este curta-metragem bem que poderia fazer parte de um longa que retratasse essa temática, que desfolhasse a flor do amor simples e singelo que a maioria das pessoas nem percebem que existe, bem ao nosso lado.

Arturo com o seu “Acalanto” dá um salto qualitativo e quantitativo imenso em relação ao seu primeiro filme, “Borralho”. Este que já era bom, agora passará a ser uma referência filmográfica importante, pois o segundo é muito melhor.

Dizer isso mais que um mero elogio é um desafio ao autor, para que ele se supere também no próximo, coisa que tenho certeza, ele o fará.

Quanto ao desempenho dos dois atores em cena, ele é irretocável. Luiz Carlos Vasconcelos e Léa Garcia estão perfeitos em seus papeis. Tempos atrás eu havia sugerido a Arturo que chamasse Laura Cardozo para viver Dona Luzia. Não foi possível e acabou por ser melhor. Léa Garcia está soberba. Para mim e para quem viu o filme ela arrebatará muitos dos prêmios que disputar.

O mesmo deve ocorrer com “Acalanto”, que tendo um tempo de duração elevado para um curta-metragem – eles devem ter até quinze minutos, o filme de Arturo tem vinte e três – mesmo assim, ele deve ser o filme curto maranhense mais premiado do ano.

“Acalanto” é um filme do qual gostaria de ter participado em qualquer função, mesmo que trabalhasse como operador de Travelling ou como um simples continuísta. Por isso a Fundação Nagib Haickel e a Guarnicê Produções se responsabilizarão pelo custeio do envio dessa obra para alguns dos mais importantes festivais de cinema do Brasil e do Mundo.

Fico orgulhoso de, em nossa terra, termos pessoas como Arturo Saboia, capazes de realizar uma obra tão importante. Sinto-me privilegiado e orgulhoso de fazer parte desse grupo, de ser amigo desses meninos que tanto honram a nossa tradição cultural.

Vai demorar algum tempo até que eu perdoe Arturo por não ter me chamado para que, mesmo de longe, eu pudesse presenciar a realização dessa bela obra. Vai demorar muito tempo para que eu perdoe a mim mesmo, por não ter à minha disposição o tempo necessário para fazer essas coisas que tanto me aprazem.

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Muitas perguntas, poucas respostas e várias dúvidas.

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Imagino que tudo que será dito a seguir já seja farta e vastamente sabido por todos aqueles que entendem ou pensam que entendem pelo menos um pouquinho sobre a política do Maranhão.

Acredito que suscitar esse assunto possa fazer surgir por entre as neblinas da dúvida, uma visão de norte nessa bússola que aponta nosso caminho na travessia que se aproxima.

Um único movimento, de uma única peça no conturbado tabuleiro de xadrez da atual política maranhense deverá decidir o destino da próxima eleição para o governo de nosso Estado.

O simples fato da governadora Roseana Sarney permanecer ou não em seu cargo, até o último dia de mandato, poderá selar o resultado do próximo pleito.

Essa foi a primeira pergunta que me fizeram alguns deputados de oposição quando estive na Assembleia Legislativa poucos dias atrás.

O fato é que, caso a governadora opte em se candidatar à única vaga em disputa para o Senado em 2014, a vitória de seu candidato ao governo passará a depender diretamente de quem for ocupar o cargo de governador do Estado em seu lugar.

A saída da governadora para disputar e certamente ganhar o pleito ao Senado, abre muitas indagações. Algumas fáceis de responder, outras difíceis, outras ainda praticamente impossíveis de obtermos resposta.

(?) Quem assumirá o governo? O vice, Washington Luiz Oliveira? Ou será que este aceitará a vaga no Tribunal de Contas do Estado, possibilitando que a Assembleia Legislativa decida quem será o governador tampão? Caso o vice não aceite ir para o TCE, ainda assim a governadora se desincompatibilizaria para concorrer ao Senado? Entregaria ao PT a incumbência de ajudar a eleger o candidato da coligação apoiada pela presidente Dilma?

(?) Caso o vice-governador aceite o cargo de conselheiro do TCE, o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, assumindo o governo interinamente por 30 dias, como manda a Constituição, irá permanecer no cargo até o final do mandato? Penso que este questionamento é fácil de responder. É muito provável que sim, pois assumindo o governo no período vedado pela lei eleitoral, ele torna-se automaticamente inelegível para qualquer outro cargo que não seja o de governador.

(?) Assim sendo, ele sentado na cadeira de governador, será candidato ao governo para um mandato subsequente? Acredito que esta é outra pergunta que pode ser respondida com alguma segurança. Não. Não acredito que ele tentaria uma candidatura, pois tem compromisso com aquele que deverá ser o candidato a governador apoiado por todos os partidos que formam a base de seu grupo. Candidato este que deverá ser o ministro Edison Lobão ou o secretário Luís Fernando Silva.

Há outro fato importante que desejo comentar hoje. É que nessa eleição não poderemos carregar certos fardos, peso morto com os quais só conseguimos formar uma densa massa de manobra que só tem servido para dificultar nossa caminhada.

Devemos apoiar preferencialmente quem tenha capacidade e possa agregar suas forças às nossas, nas duras batalhas que certamente serão travadas nessa campanha. Esses companheiros devem possuir adjetivos capazes de se consubstanciarem em predicados necessários para nos fazer vencedores no próximo pleito.

Já foi o tempo de se eleger deputado quem não consegue ser um parlamentar ou escolher-se para suplente de senador alguém a quem não depositemos a confiança necessária para que, num caso de problema grave de saúde, o senador prefira não se licenciar.

Alguém poderia questionar: quem é este sujeito para abordar esse assunto. Restaria dizer que mesmo sem desejar exercer mandato eleitoral, não consigo me distanciar da política. Que a prática de anos não se esquece ou se abandona de uma hora para outra.

Gosto mesmo é da parte da política que liga à filosofia, à sociologia, à psicologia e à antropologia. Da parte que trata da razão de ser e de não dever ser das coisas no âmbito dessa prática, que em minha opinião se aproxima muito de uma forma de arte.

Um dia desses, quando levava minha enteada para escola, pela manhã, bem cedinho, fiquei imaginando tudo isso e acabei por descobrir que o que no fundo, o que distingue os homens, na vida como na política, é o espaço que há entre o que eles precisam, o que eles querem e aquilo que eles acabam por fazer.

 

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Nazaré

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Tenho comentado aqui, sempre que falece alguém ligado a minha família. Desta vez infelizmente falarei sobre Dona Nazaré Martins do Vale, amada esposa do velho Zé do Vale, ex-caseiro do sítio de meu pai e amantíssima mãe de nove filhos. Todos criados nos arredores do nosso sítio do Angelim, onde hoje se encontra o Residencial Pinheiro e que se estendia, de um lado, até a Avenida Jerônimo de Albuquerque e do outro, até quase chegar aos fundos da Cohama.

Não tenho memória de quem meu pai comprara aquele sítio, mas sei que foi no início dos anos 60. Lembro que vizinho dele havia uma fábrica de papel reciclado pertencente ao “tio” William Nagem, grande amigo de papai.

Quando eu era criança, minha família saía de nossa casa no Outeiro da Cruz toda sexta-feira à tarde, depois que chegávamos do Colégio Batista e se dirigia para o sítio, de onde só voltávamos depois que o último raio de sol do domingo se despedisse da gente. A viagem era maravilhosa. Um dia eu conto.

No sítio, moravam primeiramente seu Sergio e Dona Maria, herança do antigo proprietário daquelas terras. Seu Sergio era um velho alto e magro, falante e exímio contador de causos. Dona Maria era uma velhinha baixinha. Mesmo que não fosse gorda tinha uma cara redonda e estava sempre com cara de poucos amigos.

Comentavam que eles morriam de ciúmes um do outro. Em minha cabeça de criança não entendia como aquele velho homem podia sentir ciúmes daquela velhinha ranzinza.

Baseado na relação dos dois, meu pai criou a lenda do caju do amor. Este era o fruto proveniente de um imenso cajueiro que havia do lado da casa de seu Sergio e dona Maria, onde hoje se encontra uma igreja. Era um daqueles cajueiros que tinha seu imenso caule, todo contorcido e em alguns casos corria em paralelo ao chão. Anos mais tarde, quando fui a Natal, no Rio Grande do Norte, conheci o bisavô do cajueiro do amor. O fato é que todos os cajus daquela árvore eram doces. Meu pai dizia que o mel deles era resultado do amor de seu Sergio e dona Maria.

O tempo passou, seu Sergio adoeceu e veio a falecer. Dona Maria ficou inconsolável e quis ir morar com parentes no interior do Ceará. Meu pai mandou levá-la de carro até lá e nunca mais soubemos notícia dela.

Zé do Vale que fora contratado por seu Sergio para tomar conta das vaquinhas, carneiros, cabritos, porquinhos e das muitas galinhas que tinham por lá, passou assim a ser o responsável pelo nosso sítio.

Um dia meu pai perguntou a seu Zé o que fazia a mulher dele. Ele respondeu que lavava roupa. Meu pai perguntou então se ela não gostaria de trabalhar para ele lavando uma sacaria. Foi assim que, lavando sacos de açúcar, dona Nazaré ajudou a pagar a casa que iriam comprar. Pouco depois toda família veio morar em nosso sítio.

Nelsi, Gilvan, Ivan, Gilmar, Miriam, Regina, Mirani, e as gêmeas Lucinha e Verinha, passaram a ser tão donos daquele mundo quanto eu, Nagib, Jorge ou Celso, pois como não pudéssemos dispor de nada dali financeiramente, como o usávamos de igual modo e na mesma medida, éramos todos donos. Fomos todos criados como iguais. Quase como irmãos.

Zé do Vale sempre foi caladão. Nem sei como é a maneira politicamente correta de falar isso, mas ele era um negro imenso e forte. Suas feições não eram grosseiras. Ainda hoje ele demonstra ter sido um sujeito bem apessoado, mas era imenso para nós que não passávamos de pirralhos de pouco mais de metro de altura.

No sítio nossa vida era só alegria. Lá não havia tristeza. Acordávamos e já pulávamos na piscina que meu pai construíra represando um riacho que cortava a propriedade. Hoje, fazer aquilo seria crime ambiental, mesmo tendo ele previsto que não devesse interromper o curso d’água, e deixado um sorvedouro que perenizava o córrego.

Mas voltemos à dona Nazaré. Ela era uma cabocla de olhos apertados, um tanto asiáticos. Era falante e alegre, sempre pronta para uma brincadeira, mesmo que não gostasse muito das safadezas de meu irmão Nagib, que sempre contava piadas fortes e cheias de duplos sentidos.

Dona Naza fazia um feijão branco com toicinho que, comido só com arroz ou mesmo com farinha d’água, era uma comida digna dos Deuses.

Era de seu cardápio também dois tipos de farofa sem igual: de ovo com tomates e cebolas, e de carne seca.

Quando não tinha os ingredientes à mão mandávamos comprar latas de sardinha e ela cortava tomates, pepinos, cebolas e decorava com alfaces e nos fazia sentir pequenos reis.

O tempo foi passando, nós fomos crescendo. O sítio que antes era muito longe, era agora quase dentro da cidade.

Em 1978 papai vendeu o sítio para pagar as contas de sua primeira eleição de deputado federal. Quem o comprou foram seus amigos proprietários do moinho de trigo. Zé do Vale, Nazaré e seus filhos ficariam por lá até que os novos donos vendessem o sítio.

Meu pai então comprou um terreno próximo e construiu nele cinco casas para Zé do Vale e Nazaré, Ivan, Gilmar, Miriam e Regina, todos que haviam trabalhado com ele.

Esse ano fará 20 anos que meu pai morreu e comprovo que suas amizades são indestrutíveis, principalmente aquelas construídas com gente humilde como os Martins do Vale.

Miriam e Regina, filhas de Nazaré e seu Zé, continuam trabalhando conosco. Continuamos como uma família, só que agora um pouco mais órfãos.

Lembro com saudade que mesmo depois de muito tempo, de vez em quando, eu e meu irmão Nagib, íamos à casa de Nazaré só pra comer de seu feijão.

O tempo passa… Meu mundo está ficando menor… Mas eu venho ficando mais rico… De memórias e de saudade.

 

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Oscar 2013

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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciará hoje, 24 de janeiro de 2013, os melhores do cinema no ano de 2012.

É bom ressaltar que essa escolha, como muitas outras, é feita através de eleição, com campanhas publicitárias e artifícios midiáticos para conquistar os votos dos eleitores que, neste caso, são os associados da Academia.

Como faço sempre que posso, analisarei as indicações, comentarei sobre os possíveis ganhadores e direi quem são os meus preferidos em cada categoria.

Para melhor filme temos este ano nove indicados. Cinco deles, em minha modesta opinião tem pouca chance de ganhar o tão cobiçado prêmio. Terão que se conformar em ostentar em seus cartazes e em suas chamadas, apenas a distinção de “Indicados ao Oscar de melhor filme”.

São eles: Amor, já premiado em vários festivais, é um belo e tocante filme, mas não tem força para enfrentar seus concorrentes ao Oscar; Indomável Sonhadora que mostra um lado pouco divulgado da América e como tal deve permanecer; O Lado Bom da Vida, um bom filme, mas só está na lista pelo bom desempenho de seu elenco; As Aventuras de Pi, um magnífico filme, uma belíssima fábula moderna, mas os membros da Academia não terão com ele lá muito boa vontade; e Django Livre, um genuíno Tarantino. Esta frase equivale ao mesmo que dizer que um quadro é um genuíno Picasso ou um genuíno Monet. Um ótimo entretenimento.

Por fim os quatro concorrentes que realmente estão disputando o Oscar de melhor filme do ano: A Hora mais Escura, filme já bastante premiado que conta de forma contundente a caçada e a eliminação de Osama Bin Laden; Argo, conta uma história real e surpreendente, já ganhou vários prêmios, é bem cotado, mas em minha opinião não merece ganhar; Lincoln que é tão bom que nos deixa sem saber se é cinema ou se entramos em uma máquina do tempo. Faz com que percamos a sensação de tempo e espaço e nos transporta para 1865 logo que entramos na sala escura. Show de roteiro, direção e interpretação; e Os Miseráveis, uma obra fantástica. Um musical que agrada até mesmo quem não gosta do gênero. Em minha opinião este filme é mais cinema que seu concorrente direto. Nele se vê mais a estrutura cinematográfica, as linguagens estabelecidas há muito tempo como sendo as sólidas bases da sétima e mais completa das artes. Se eu votasse, meu voto seria para ele, mesmo reconhecendo a qualidade e o poder de seus concorrentes.  

Depois do melhor filme todos querem saber qual será o melhor diretor. Aqui há três grandes ausências. Não indicaram os diretores de Os Miseráveis, Tom Hooper, de A Hora mais Escura, Kathryn Bigelow e de Argo, Ben Affleck, responsáveis diretos pelo sucesso de seus filmes. Coisas da poderosa indústria do Cinema.

Dos cinco concorrentes, todos merecedores, se sobressaem Ang Lee, Michael Haneke e Steven Spielberg, que deve levar mais uma estatueta.

O prêmio de melhor ator, que todos comentam será de Daniel Day-Lewis, certamente em grande performance, em minha opinião deveria ir para o Wolverine, Hugh Jackman, que dá um surpreendente show de atuação, mostrando um talento até então escondido por detrás de seus trabalhos braçais. Há ainda a possibilidade de os membros da Academia premiar o desempenho de Joaquin Phoenix por seu ótimo trabalho no difícil e controverso O Mestre.

No quesito atrizes, acho que as indicadas deste ano estão longe de ombrear-se com os atores, exceção feita a Emmanuelle Riva em Amor e Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida, que disputarão o prêmio.

Qualquer um dos atores coadjuvantes que levarem para casa a estatueta, terá se feito justiça. São todos soberbos. Aqui há, no entanto, uma ausência, a de Samuel L. Jackson, impecável na pele de um negro racista em Django. Mesmo assim acredito que os favoritos sejam Cristoph Waltz e Tommy Lee Jones, sendo que o segundo leva vantagem sobre o primeiro. Ainda há o sempre ótimo Philip Seymour Hoffman, em O Mestre.

Entre as atrizes de suporte o mesmo equilíbrio se verifica, sendo que aqui a disputa será entre três grandes atrizes, Sally Field, Amy Adams e Anne Hathaway. Meu voto é para esta última que esta simplesmente perfeita como Fantine.

O equilíbrio continua entre os concorrentes à melhor roteiro original. Acredito que o vencedor será Tarantino.

Já para melhor roteiro adaptado não há nenhum equilíbrio. Não poderá haver nenhum outro vencedor que não seja Tony Kushner, por Lincoln.

No que diz respeito à melhor canção, duas se sobressaem sobre as outras: Skyfall, de 007 ou Suddenly, de Os Miseráveis. Qualquer uma que levar o prêmio estará de bom tamanho, mas eu votaria na primeira.

Melhor filme estrangeiro: há aqui uma imensa injustiça. A ausência daquele que foi em minha opinião o melhor filme não americano do ano: Intocáveis. Já que ele não está na lista, o vencedor certamente será Amor que também concorre como melhor filme.

Se uma palavra pudesse ser usada para resumir a escolha dos concorrentes e dos premiados deste ano, ela seria certamente equilíbrio.

Por falta de espaço, não falarei sobre os concorrentes aos prêmios técnicos, também muito equilibrados. Quanto às animações, os documentários e os curtas, não as comentarei, pois não vi todos os concorrentes.

Espero que com esse texto eu tenha conseguido motivá-lo a ir ao cinema, a comentar sobre essa incrível arte de criar vida e a assistir a solenidade de premiação do Oscar 2013.

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Lincoln, o filme

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Vou comentar hoje sobre dois dos assuntos de que mais gosto e que acredito sejam aqueles que mais domino. O bom neste caso é que falarei dos dois de forma conjunta e simultânea. Trata-se de política e cinema e vou fazer isso levado pelas mãos do grande cineasta Steven Spielberg, mestre em abordar temas políticos de maneira magistral.

Adentro ao cenário que mostra o que aconteceu entre o final de 1864 e o começo de 1865, durante a guerra civil americana. O diretor, como sempre faz, conta sua história com riqueza de detalhes e de um ponto de observação jamais usado antes.

Spielberg, sem que a grande maioria do público perceba, aborda em suas obras, temas eminentemente políticos. Ele sempre os apresenta com grande carga emocional e sutil senso de humor, às vezes encobrindo do público médio a visão do ponto que deseja realmente atingir.

Nem sempre seus temas são políticos, como nos casos de Tubarão, Indiana Jones e Jurassic Park. Já nos casos de A lista de Schindler, Amistad, O resgate do soldado Ryan, O Terminal e Munique, apenas para citar alguns, nestes, é exatamente de política que ele trata.

Com os primeiros ele ganha o dinheiro necessário para que possa ficar tranquilo e realizar os segundos, sem medo de que estes não façam o sucesso comercial esperado, coisa que jamais aconteceu.

Dito isso sobre SS pretendo não mais falar diretamente dele hoje, mas falarei o tempo todo a respeito dele, comentando sobre essa sua última criação.

No início do filme se vê fotografias históricas e legendas que nos dão a dimensão do fato, do tempo e do espaço. Fatos e fotos que são necessários para nos posicionarmos sobre os acontecimentos e para que os autores, diretor e roteirista, comecem a nos contar a sua visão da história.

É importante que seja dito que todo este filme é inteiramente construído sobre o sólido roteiro de Tony Kushner, que, por sua vez, se baseia no livro de Doris Kearns Goodwin. A maior qualidade do diretor neste caso é não desfigurar a história, maravilhosamente bem contada.

Este não é simplesmente um filme histórico ou sobre a história, antes de tudo é uma autópsia dos fatos que são mostrados de maneira tão surpreendente que até se perde a dimensão cinematográfica da obra. Em muitos momentos não parece que estamos assistindo a um filme. Fica a nítida impressão que estamos presenciando os fatos como eles aconteceram, que estamos dentro da história, participando dela como espectadores privilegiados.

A escolha do elenco é responsável por boa parte do sucesso da encenação. Não que sejam apenas bons atores. Não! Isso seria dizer pouco. Daniel Day-Lewis, Sally Field, Tommy Lee Jones, David Stratairn e James Spader, apenas para falar dos mais importantes atores em cena, são verdadeiramente aquelas figuras históricas, entram na pele de seus personagens que a partir de agora ficarão marcados em nossa memória para sempre, graças à magia do cinema.

Durante mais de duas horas e meia, tempo de duração da película, fiquei me perguntando qual seria realmente o assunto central daquela obra, sobre o que Spielberg estava falando primordialmente. Saí da sala de exibição ainda me perguntando e volta e meia, ainda agora mesmo, volto a me questionar sobre isso.

São muitas as linhas de análise e de consequente entendimento que se pode auferir, mas em minha opinião a mais forte de todas é a que nos fala da dimensão humana dos heróis e da nossa miserável condição de seres humanos. É bem verdade que alguns de nós somos mais humanos que outros. Uns são mais humanos pelo lado positivo de ser, outros pelo que há de podre em nosso gênero.

No filme vemos aquele que provavelmente é o maior símbolo de correção e retidão de caráter para o povo que compõe a maior nação da terra, em sua ordinária condição humana. É bem verdade que o vemos sofrer e se dilacerar. Deve ter sido assim mesmo que aconteceu, pois este quase santo homem, em nome de um bem maior e mais permanente para seu povo, seu país e para a humanidade, prorroga por alguns meses uma das mais cruéis e sanguinárias guerras que a humanidade já perpetrou, deixando com isso que morressem milhares de soldados de ambos os lados do conflito.

Tudo que aquela figura gigantesca em estatura física e moral fez e levou outros a fazer na intenção de aprovar a Décima Terceira Emenda à Constituição americana, instrumento que acabava com a escravidão, mesmo algumas dessas coisas sendo atos de infame corrupção, tudo aquilo, foi muito bem feito e necessário para que ele atingisse seu objetivo, que era nobre e justo.

No meio da sessão percebi, sentado em um canto escuro de minha mente, assistindo junto comigo ao filme de Spielberg, o grande Nicolau Maquiavel que sorria discretamente, maravilhado com o que era capaz o homem de fazer quando tem um bom motivo para fazê-lo.

Para encerrar a nossa sessão de hoje, fica aqui uma constatação cínica, a de que o que falta para alguns políticos que fazem coisas das quais se envergonham é o bom motivo que teve Abraham Lincoln para cometer as irregularidades que teve que cometer para libertar os escravos em seu país.

Se você ainda não assistiu a esse filme, aproveite que hoje é domingo de carnaval e vá assisti-lo, quem sabe nós nos encontramos por lá, pois preciso vê-lo novamente, talvez descubra algum detalhe que possa ter me escapado.

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Os pais são bons mestres.

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Quem me conhece sabe que eu sou um sujeito muito organizado. Faço agenda e a programo de acordo com o trajeto que tenho que realizar. Quando vou viajar arrumo a mala com dias de antecedência, não sem antes listar os itens que deverei levar e os locais aonde irei.

Não chego a ser um daqueles chatos metódicos quanto a isso, e de vez em quando quebro minhas próprias regras e resolvo sair “sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos”, para ver o que o dia me reserva.

Quase sempre é um desastre. Esqueço os compromissos, perco ou troco os horários e acabo voltando ao método tradicional: planejar e listar tudo que tenho a fazer. Imaginar cada detalhe do que precisa ser feito, quando, onde, com quem, e principalmente os porquês.

Quero deixar claro que algumas pessoas podem pensar que alguém como eu, que se acha organizado, não o é. Ocorre que organização é uma coisa muito pessoal. Às vezes um quarto, um escritório ou uma mesa de trabalho que parece uma zorra para um é uma perfeição para outro.

Algumas vezes não me contenho em apenas planejar. Chego a ensaiar o que preciso fazer, o que pode ser dito e o que não deve ser comentado. Preparo inclusive argumentos e contra-argumentos. Ainda assim algumas vezes as coisas acabam acontecendo de forma bem diferente da desejada.

Tem sido assim desde que me entendo por gente.

Muito do que sei aprendi com meu pai, que entre as diversas coisas fantásticas que realizou na vida, uma, foi ter sido o precursor do Excel, programa de planilhas, baseado em linhas e colunas, desenvolvido, patenteado e comercializado com imenso sucesso pela Microsoft.

Meu pai fazia seu Excel à mão, sem computador. Acredito que ele tenha feito isso pela primeira vez antes que eu e o próprio Bill Gates tivéssemos nascido. Quem o conheceu pode confirmar. Não é invenção minha.

Pode alguém pensar que como filho devotado a memória do pai eu quisesse dar-lhe o crédito por essa façanha, mas não é esse o caso.

Ele andava para cima e para baixo com sua planilha no bolso. Onde quer que chegasse, tendo um telefone ao seu alcance, ligava para seu armazém e falava com uma de suas secretárias, fosse ela Elizabeth, Augusta ou Sebastiana. Atualizava sua planilha, orientava compras e vendas, controlava saldos e estoque e geria os destinos de seus negócios, baseado exclusivamente no seu conhecimento do mercado, nos dados que possuía e na confiança que depositava em seus colaboradores e parceiros.

Aprendi a fazer essas planilhas com meu pai, com quem aprendi muitas outras coisas. Poucas no que diz respeito diretamente às minhas atividades artísticas e culturais, mas indiretamente o que aprendi com ele se tornou indispensável para bem desenvolvê-las.

Por exemplo, aprendi muito a respeito de gente. Sobre o ser humano, suas características, suas necessidades, seus anseios e as formas e artifícios que eles usam para alcançá-los. Meu pai era formado em antropologia e em sociologia sem jamais ter cursado uma universidade. Ele dizia brincando ser formado pela universidade da vida.

Com meu pai aprendi também como falar em público. Ele ensaiava os discursos que faria na Assembleia Legislativa dentro do carro, enquanto levava a mim e a meu irmão para o colégio. Imaginava até os apartes que seus colegas poderiam fazer. Os mais chegados, que compartilhavam com ele as mesmas posições e opiniões se portariam de modo favorável, já os que se opunham às suas ideias e colocações iriam admoestá-lo e ele deveria estar preparado para a réplica e às vezes para a tréplica.

Passei anos vendo isso e o aprendizado foi automático. Agreguei a esse ensinamento apenas um pouco de cultura e alguma erudição. Acredito que este é o mesmo tipo de aprendizado que ocorre com o filho do açougueiro, com o filho do mecânico ou com o filho do padre… Ops!!! Padre não tem filho…

Pois bem, ao chegar a este ponto de nossa conversa, fico sem saber como os filhos de hoje em dia fazem para aprender algo diretamente com seus pais, já que a convivência entre eles está cada vez mais escassa, pois as crianças de hoje em dia passam a maior parte do tempo com seus joguinhos eletrônicos e com os itudos da vida.

Olho pra trás e tenho certeza de que, tudo que fiz quando criança serviu extraordinariamente na edificação da pessoa que sou. Essa é uma verdade humana, geral e eterna.

Quanto ao saldo, me parece positivo, mas vejo que de meu mesmo só há essa vontade avassaladora de aprender.

O que constato é que tenho um jeito próprio de usar a gustação, o olfato, o tato e principalmente a visão e a audição como instrumentos de descoberta e captura do mundo, lançando mão da indispensável memória, muitas vezes involuntariamente seletiva, que privilegia as boas coisas em detrimento das más.

PS: Muitos amigos têm reclamado de minha ausência desta página. Fico lisonjeado, mas devo esclarecer que a grande quantidade de afazeres com os quais me comprometi me deixa com pouco tempo para me dedicar à crônica, que por mais que pareça uma tarefa fácil, toma-me bastante tempo. De qualquer modo estarei por aqui uma ou duas vezes por mês para conversar com você o botarmos os assuntos em dia.

Ah, sim! Ia me esquecendo! Que o enunciado deste texto sirva de alerta para todos nós.

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Uns poucos planos para 2013

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Esse texto não terá prólogo. Ou melhor, seu prólogo será pequenino. Não darei muitas voltas, como sempre faço, antes de chegar ao assunto que quero. É que o assunto de hoje é bem simples. Todo ano, nessa ocasião, tomamos decisões, fazemos planos para colocarmos em prática no ano que se inicia. O texto de hoje é única e tão somente a respeito de uma agenda, uma lista, uma planilha de coisas que preciso fazer a partir de depois de amanhã, quando já será 2013.

Não farei uma lista em ordem cronológica ou de prioridades. Relacionarei os afazeres que preciso realizar de forma a agrupá-los por gênero das atividades as quais me dedico.

Dois de meus grandes amigos, o saudoso Artur da Távola e meu eterno professor, Sebastião Moreira Duarte, em prefácios que fizeram em dois de meus livros acusam-me de ser facundo e múltiplo. Abstraindo qualquer caráter qualitativamente positivo que possa haver nesses adjetivos a mim direcionados, confesso que realmente são muitas as facetas de minha existência. Tantas que às vezes penso que
não darei conta de conviver com todas.

Enquanto pessoa, ser humano, homem, espero poder em 2013 desfrutar mais da companhia das pessoas que amo e que a mim dedicam esse sentimento, sem o qual nada eu seria.

Como indivíduo, espero arrumar tempo para voltar a praticar tênis e basquete, no intuito de perder pelo menos parte dos quilos que ganhei mais recentemente e deles não consigo me livrar. Comer menos? Nem pensar!

No que diz respeito à minha função de secretário estadual de esporte, espero que o ano de 2013 seja administrativamente mais parecido com 2011 que com 2012.

Nesse setor, temos que dar ainda mais atenção aos JEM’s e à nossa participação nos JEB’s; devemos finalmente concluir a reconstrução do Costa Rodrigues; dedicarmo-nos mais ao futebol, pois esse será um ano muito profícuo; precisamos fazer o Viva Nota sair do papel e equilibrar a gestão do Castelão; devemos divulgar e difundir a Lei de Incentivo ao Esporte, que já é um grande sucesso.

Na política, minha determinação permanece a mesma. Amá-la incondicionalmente, mas com o mesmo distanciamento que deve ter um alcoólatra da primeira dose. Eu não seria completamente feliz sem a política, mas não pretendo participar de disputas eleitorais.

Quanto ao setor empresarial, não permitirei que nenhum negócio, por mais lucrativo que possa ser, venha a abalar alguma amizade, por menor que ela fosse, pois para mim a verdadeira fortuna de um homem, seu maior tesouro, não são joias, dinheiro, imóveis, mas sim as amizades que ele possui e sabe preservar.

Aprendi com meu pai, que era reconhecido por todos como um homem extremamente generoso, que nos negócios, assim como na política e na vida, é sempre melhor um mau acordo que uma boa briga.

No setor das artes: para 2013, no que se refere à literatura, não pretendo lançar nenhum livro e devo diminuir minha participação aqui nesse espaço, de quatro para duas vezes por mês.

Na Academia Maranhense de Letras, pretendemos implantar com ajuda da iniciativa privada e uma forcinha do secretário de indústria e comércio, Mauricio Macedo e da superintendente do IPHAN, Kátia Bogéa, uma nova biblioteca que deverá abrigar acervos doados por alguns de nossos mais importantes membros.

No cinema alguns projetos estarão sendo concluídos ainda no primeiro trimestre, como é o caso da série para televisão feita para a AML sobre seus fundadores e alguns outros imortais. Há também o longa-metragem sobre a vida e a obra do padre Antonio Vieira cujo titulo é “A Pedra e a Palavra”.

São muitos os projetos nessa área. Um filme sobre o compositor e cantor, mestre Antonio Vieira; outro baseado no livro de Eliezer Moreira, sobre o desconhecido, mas mesmo assim importante escultor maranhense, Celso Antonio; três desenhos animados: um em conjunto com Lenita Estrela de Sá, sobre futebol e outros dois históricos, um sobre Ana Jansen e outro sobre a Balaiada. Todos três em
parceria com a Dupla Criação.

Se conseguir um tempinho, pretendo iniciar uma série de documentários sobre alguns dos mais importantes personagens de nossa história, começando por dois ex-prefeitos, Sousândrade e Haroldo Tavares. Há também planos de realizarmos uma outra série sobre nossos artistas plásticos, isso sem interrompermos nosso trabalho no Museu da Memória Audiovisual, que tenta digitalizar os acervos que nos chegam às mãos.

Vamos também buscar apoio na lei de incentivo à cultura que em muito boa hora foi regulamentada pela secretária Olga Simão.

Em 2013 a Fundação Nagib Haickel implantará um canal de Televisão Educativa, a TV Guarnicê, Canal 15, que deverá contar com a parceria das Secretarias de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado, bem como com a participação de algumas universidades estatais e particulares, além de entidades como ICE, FIEMA, ACM, FAMEM, no sentido de oferecer ao Maranhão e ao Brasil uma escola 24 horas por dia, em sua grade de programação.

Parece muito para se realizar em apenas 365 dias, e o é, mas para realizar tudo isso conto com a colaboração de pessoas maravilhosas por onde quer que eu vá.

É especialmente para essa gente, que trabalha direta ou indiretamente comigo em todos esses projetos, que dirijo minhas últimas palavras de 2012… Muito Obrigado!… E as primeiras de 2013… Vamos fazer muito mais e melhor…

Feliz Ano Novo para todos!

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Os maias não estavam errados

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Se você estiver lendo esta crônica na edição do domingo, dia 23 de dezembro de 2012, do Jornal O Estado do Maranhão, é porque os aloprados, aqueles que inventaram que os maias previram o fim do mundo para o último dia 21, estes sim estavam errados.

Os maias jamais previram o fim do mundo. Loucos foram os que acreditaram nessa mirabolante invenção.

Ufa! Pelo menos por enquanto escapamos de um fim trágico. Mas é bom sabermos que é bem plausível que uma catástrofe de proporções gigantescas aconteça um dia. Temos provas científicas de que fatos como esse já aconteceu anteriormente. Nosso planeta já sofreu transformações radicais em seu clima e em sua geologia que causaram a extinção de parte da vida como ela se apresentava.

Coitados dos maias! Eles nem imaginariam que passados vários séculos do apogeu de sua civilização, alguns pseudo-cientistas fossem apropriar-se de seu calendário para difundir essa ideia de fim do mundo.

São bastante conhecidas as crenças segundo as quais eventos cataclísmicos ou transformadores acontecerão em 21 de dezembro de 2012. Esta data é considerada como o último dia de um ciclo 5.125 anos do calendário maia. Diversos alinhamentos astronômicos e fórmulas matemáticas têm sido colocadas como coincidentes a essa data, apesar de nenhuma delas ter sido aceita por estudiosos importantes.

Na interpretação de alguns essa data marcaria o início da uma nova era, em que a Terra e seus habitantes sofreriam transformações físicas e espirituais. Outros sugerem que em dezembro de 2012 acontecerá uma catástrofe de proporções cósmicas que culminará com a destruição da terra.

Profissionais especializados na cultura maia dizem que essas previsões não são encontradas em nenhum dos clássicos dessa civilização e a ideia de que o calendário de contagem longa “termina” em 2012 deturpa a cultura e história maia.

Astrônomos e outros cientistas rejeitaram essas teorias como sendo pseudociência, afirmando que elas são conflitantes com simples observações astronômicas, e que existem preocupações mais importantes para a ciência, tais como o aquecimento global e a perda de diversidade biológica.

A NASA tem comparado os medos em relação ao ano de 2012 com o fenômeno “Bug do milênio” no final da década de 1990, sugerindo que uma adequada análise dos fatos pode impedir temores de um desastre.

Enquanto o mundo não acaba, é bom que tratemos de tentar arrumá-lo um pouquinho. Seria bom que direcionassemos nossas energias no sentido de melhorar a vida na terra, antes que ela realmente acabe.

Digo isso não apenas pelo fato de estarmos em época de festas natalinas, onde todos os corações repentinamente parecem amolecer e nos tornamos mais gentis, generosos e tolerantes. Falo isso porque acredito que o mundo poderia realmente acabar a qualquer momento e ainda teriamos muita coisa por fazer.

Pode parecer piegas e o é. Confesso que não há nada melhor que parecer ridiculo por se dizer algo como por exemplo “eu te amo”. Não há nada melhor que ser olhado com ressalvas por protestarmos contra a destruição da natureza. Não há nada mais arriscado que querermos nos alistar como voluntários socorristas em um terremoto do outro lado do mundo.

Nunca é tarde para começarmos a tomar certas posições que jamais haviamos pensado em tomar antes, por simples comodismo, para que não se precisasse sair de nossa zona de conforto.

Nesse natal gostaria de escrever uma carta para Papai Noel pedindo-lhe que me fizesse não perder a esperança, paraque eu não deixe de acreditar que é possivel melhorar, que é possivel se avançar nas conquistas no campo da solidariedade universal.

Olho em volta e vejo que por mais que tentemos fazer coisas que precisam ser feitas para melhorar a nossa vida e a vida das pessoas, ainda assim fica faltando muito a ser feito.

O simples fato de se ler um jornal ou uma revista, de se assistir a um telejornal, nos coloca dentro dos maiores problemas da humanidade: fome, doenças, guerras, catástrofes naturais… Precisamos fazer alguma coisa, mesmo que seja uma pequenina ação, para tentar minorar toda essa situação.

O que vou dizer agora pode parecer clichê, e o é, mas é um clichê necessário e eficiente: Se cada um de nós fizer uma pequenina ação no sentido de melhorar a vida nesse nosso maravilhoso planeta, seja em que setor for, tenho certeza que conseguiremos não apenas melhorar as nossas vidas e a de outras pessoas, mas também adiaremos um pouco mais o fim do nosso mundo.

  Feliz Natal a todos!

 

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Salaam!

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A recente crise entre Israel e a Palestina não é o motivo que me fez inicialmente escrever este texto. Ele já estava esboçado há algum tempo, mas confesso que o adaptei especialmente para esse momento em que o estado de guerra entre esses dois povos se acirra e demonstra para aqueles que não estão diretamente envolvidos o quão grave é aquela situação e o quanto para nós, é distante aquela realidade.

Gostaria de saber muito mais do que o pouco que sei sobre a religião muçulmana e sobre a história do Islã. Em que pese eu ler tudo o que posso sobre esse assunto, ver todos os filmes referentes ao povo árabe e aos não árabes que defendem a fé de Maomé, mesmo assim as informações que tenho são poucas para fazer um melhor juízo sobre essa religião e as pessoas que a professam. Se isso acontece comigo, alguém que se interessa, que quer saber sobre esse assunto, imagine o que ocorre com as pessoas que não se interessam e engolem sem contestação tudo o que ouvem ou lêem sobre isto!? Pior ainda, os que nem ouvem nem lêem nada e ficam apenas nas manchetes ou chamadas dos jornais!?

A mais jovem das três grandes religiões ocidentais, sendo a primeira o Judaísmo e a segunda o Cristianismo, o Islamismo ao mesmo tempo em que me fascina e me deixa curioso, me amedronta, pois é mais fácil não gostar-se daquilo que não se conhece, ou daquilo que se conhece de forma errada, desfocada, distorcida, preconceituosa.

Eu não quero ter medo do Islamismo, da mesma maneira que não tenho medo do Judaísmo. Eu quero conhecê-lo melhor, analisá-lo com a menor incidência possível de distorções antropológicas, sociológicas, culturais ou morais. Eu quero compreender seus ensinamentos e quero poder tirar minhas conclusões sem que eu seja contaminado pelos humores provenientes da ignorância e do medo.

Antes de falar do Islã, gostaria de lembrar que todos nós conhecemos o Judaísmo mesmo sem estudá-lo, pois a religião cristã, predominante em nosso país e nas Américas, saiu de dentro dele. Lembremo-nos que o Cristo Jesus era judeu. Penso inclusive que ele nunca pensou em deixar de sê-lo, que ele queria continuar judeu. Acredito que, mesmo não parecendo, Jesus defendia a fé de seus ancestrais. Ele só queria ter o direito de interpretá-la a sua maneira, queria renová-la, e foi o que fez.

Na verdade ele não renovou o judaísmo, nem mesmo foi ele que criou o cristianismo. Quem fez isso, foram seus seguidores. Eles romperam o vínculo com o Judaísmo criando uma outra religião, baseada integralmente na religião de Moisés. Os cristãos herdaram dos judeus até a lenda do messias, a mesma que quem se dispuser a procurar vai encontrar também no Islamismo.

A criação do Cristianismo como religião deve-se principalmente a três homens bem diferentes: Pedro, um pescador da Galileia, Saulo de Tarso, uma espécie de policial, que viria adotar o nome de Paulo e Constantino, imperador de Roma.

A criação do Islamismo deve-se exclusivamente a Maomé.

O Judaísmo tem menos, mas o Cristianismo, como sabemos, tem muitas subdivisões, muitas igrejas, muitas denominações. Mesmo que discordantes na forma, sobre alguns dogmas, quanto aos métodos e as práticas, de um modo geral os cristãos são ligadas às mesmas tradições.

Vejamos o caso do Reino Unido onde católicos e protestantes anglicanos têm se matado durante séculos. Em Israel, de forma muito menos violenta judeus moderados e ortodoxos se opõem fortemente quanto à forma de gerirem seu país.

Os muçulmanos não divergem dos demais quanto a isso. A cisão entre eles acontece logo depois da morte do profeta, conseqüência direta das disputas em torno de sua sucessão.

Eles se matam há mais de 1.300 anos. Tanto sunitas quanto xiitas, onde e quando podem, se opõem das mais variadas formas. Manifestam seu desacordo recorrendo a ações que vão da simples e salutar oposição pacífica até ao abominável genocídio.

Esqueçamos um pouco as comparações, esqueçamos os judeus e os cristãos e nos fixemos nos muçulmanos.

Você já parou para ver como o povo que professa essa fé é igual aos outros. Como eles sofrem das mesmas dores, como eles têm as mesmas necessidades, sendo que na maioria das vezes eles estão em situação muito pior que os cristãos e principalmente que os judeus!?

Pare e pense apenas nisso. Tente se colocar no lugar deles. Veja as coisas como eles vêem, sinta as angústias e os anseios como eles sentem.

Esse é apenas o primeiro degrau desse aprendizado que procurarei construir com você, sempre que puder, de agora em diante.

Nas quatro mil palavras que o editor desta página me franquia a cada domingo, é impossível resumir esse assunto, por isso sempre que puder vou voltar a ele no intuito de lembrar que os muçulmanos são iguais a nós, só falam outras línguas, moram em outros lugares, se vestem de formas diferentes da nossa, mas amam o mesmo Deus de nossas mães, só que de forma diferente, com tradições diferentes usando dogmas diferentes, coisas que não os fazem melhor ou pior do que nós.

Na verdade gostaria que todos pudessem saber mais sobre esse assunto. Que todos tivessem conhecimento, sem nenhum tipo de proselitismo, contrário ou favorável. Assim, quem sabe, o mundo pudesse ser um pouco melhor.

A guerra incessante que hora se intensifica, há muito tempo não é mais meramente religiosa. Os imbecis que a fazem escondem-se debaixo dos quipás dos rabinos judeus e por trás das Jalabas dos xeiques muçulmanos para pegarem em armas e matarem crianças inocentes. As crianças que conseguirem escapar, serão criadas num ambiente de intenso ódio, e por isso apenas com ódio, infelizmente, saberão retribuir.

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Com quantos Joaquins se faz uma história?

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Com a aproximação de meu aniversário no próximo dia 13, e com uma quantidade elevada de desmotivação para textos polêmicos, para fazer este, resolvi simplesmente relacionar alguns de meus homônimos, que sustentam a tradição do nome que carrego já faz cinquenta e três anos.

Todos eles são Joaquins importantes em algum aspecto, compõem a estirpe daqueles que assinam o mesmo nome do pai de Maria, mãe de Jesus.

Então vejamos:

Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) o Tiradentes, soldado e arrancador de dentes mineiro. Foi o único integrante da Inconfidência Mineira, importante movimento pela independência do Brasil, a ser enforcado no Rio de Janeiro em 21 de abril de 1792.

Joaquim Silvério dos Reis (1756-1819) foi o delator dos inconfidentes mineiros. Coronel, contratador de entradas, fazendeiro e proprietário de minas.

Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca (1779-1825) o Frei Caneca, religioso e político pernambucano, que ficou célebre na História do Brasil por ter sido um dos líderes da Confederação do Equador.

Joaquim Gonçalves Ledo (1781-1847), jornalista e político fluminense. Foi um dos vanguardistas no processo de independência do Brasil.

Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), romancista, poeta e dramaturgo fluminense. Autor de uma vasta obra, que é uma crônica fiel da pequena burguesia brasileira na segunda metade do século XIX.

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), escritor fluminense, considerado o maior nome da literatura brasileira, não só do século XIX, mas de todos os tempos.

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910), político e escritor pernambucano, um dos principais líderes abolicionistas e um dos criadores da moderna prosa brasileira.

Agora me dedicarei a relacionar alguns Joaquins mais próximos, como por exemplo, os patronos e fundadores de cadeiras em nossa Academia Maranhense de Letras:

Joaquim Gomes de Souza (1829-1864), o Sousinha. Foi político e matemático. Um dos pioneiros no estudo da matemática no Brasil. Nas palavras do professor J. Leite Lopes, trata-se do nosso primeiro vulto matemático, e talvez o maior deles até hoje.

Joaquim de Sousa Andrade (1832-1902), mais conhecido por Sousândrade, foi escritor e poeta.

Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de Engenharia de Minas.

Viajou por vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética “O Guesa”, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, textos que só foram valorizados muito depois de sua morte.

No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico “O Novo Mundo”, dirigido por José Carlos Rodrigues, em Nova York.

De volta ao Brasil foi presidente da Intendência Municipal de São Luís do Maranhão. Realizou a reforma do ensino, fundou escolas mistas. Morreu em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra ficou esquecida durante décadas.

Joaquim Serra (1838-1888), jornalista, professor, político e teatrólogo.

Em 1867 fundou o Semanário Maranhense e no ano seguinte mudou-se para a Corte, onde prosseguiu em suas atividades jornalísticas, enviando colaborações aos periódicos ali existentes. Chegou a dirigir o Diário Oficial e foi deputado pela Província do Maranhão.

Abolicionista, é tido por Joaquim Nabuco como o criador da moderna imprensa política brasileira.

É o patrono da cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras.

Joaquim Vespasiano Ramos (1884-1916) nasceu de uma família humilde em Caxias, no Maranhão. Desde cedo começou a trabalhar no comércio local e buscando sempre o saber, tornou-se um viajante compulsivo, fato que o levaria a quase toda a região norte do Brasil.

Publicou sua obra poética em diversos jornais e revistas e é considerado o precusor da literatura em Rondônia.

É o patrono da cadeira n° 32 da Academia Maranhese e da cadeira n°40 da Academia Paraense de Letras.

Joaquim Vieira da Luz (1893-1985), escritor maranhense, fundador da Cadeira nº 40 da AML, é o biógrafo de Fran Pacheco e Dunshee de Abranches.

Joaquim Campêlo Marques (1931), importante jornalista, filólogo e editor maranhense.

Ocupa a cadeira de n° 24 na Academia Maranhense de Letras.

Joaquim Salles de Oliveira Itapary Filho (1936), escritor e político maranhense, ex-secretário de Cultura do Maranhão que entre 1985 a 1989 exerceu as funções de secretário-geral do Ministério da Cultura.

Ocupa a cadeira de n° 4 na Academia Maranhense de Letras.

Temos ainda outros Joaquins importantes:

Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), cineasta fluminense; um dos principais representantes do cinema novo, autor dos filmes mais populares desse movimento.

Joaquim Cruz, (1963), campeão e recordista olímpico nos 800 metros. Foi o primeiro brasileiro a ganhar medalha de ouro em prova de pista em Olimpíadas.

Por último, o Joaquim do momento:

Joaquim Benedito Barbosa Gomes (1954), advogado, professor, jurista e magistrado brasileiro.

É o atual presidente do Supremo Tribunal Federal.

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