A Democracia do Almoço de Domingo

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Chova ou faça sol, todo domingo, estando em São Luís, almoço na casa de minha mãe. Eu, meus irmãos Nagib, Lúcia e Jorge juntamente com nossas famílias, mulheres, marido, filhos, noras, genros, amigos e agregados. Alguns domingos somos umas trinta pessoas.

Nossa família é como toda família. Somos unidos mesmo tendo nossas diferenças. Torcemos por times diferentes, mas sempre juntos pela Seleção Brasileira… Se bem que um membro importante do nosso clã, um “maluco” que pouco ou nada entende de futebol e de política, achou que se a Seleção Canarinho fosse mal na Copa do Mundo o país iria melhorar… Tolo, não sabe que as coisas não acontecem assim, caso contrário seria muito fácil resolver certos problemas!

Um desses domingos, depois do almoço durante a sobremesa, surgiu o assunto da eleição. O tema foi pegando fogo e de repente resolveu-se fazer uma simulação de eleição com os presentes.

Fizemos várias rodadas de consultas. Começamos pelo cargo de presidente da República. Ao final da conferência chegou-se ao resultado de AN9, DR 8, EC1 e 3 disseram ainda não ter resolvido em quem votar.

A segunda rodada de votação foi para senador. 15 disseram que votariam em GV, 3 em RR e 3 disseram ainda não ter resolvido em quem votar.

Seguimos então na apuração dos votos da nossa Távola Retangular dominical. Para deputado federal a disputa seria mais acirrada, pois meu cunhado resolveu fazer boca de urna para seu candidato. Se eu não o amasse tanto, por ele ter a santa paciência de viver com minha irmã em paz e harmonia pelos últimos 40 anos, eu iria dar-lhe voz de prisão e proibí-lo de tomar o cafezinho da sogra. Ao final tivemos LM com 9 votos, PN com 6 (nessa época ele ainda era candidato), CT com 4 e os 2 outros votos foram dados a candidatos contrários ao meu grupo político e devo aqui justificá-los.

Não declinarei o nome dos eleitores, mas citarei seus candidatos e o motivo de seus sufrágios. Um dos eleitores disse que votava em JC por ser seu amigo e dever-lhe atenção e carinho. O outro eleitor divergente disse que votaria em JRT, pois há muitos anos este lhe deu um emprego. Fiquei com vontade de dizer-lhe que quem deu o emprego foi o prestigio que JS emprestou para o tal candidato. Calei.

O clima estava acalorado, a temperatura tinha aumentado e os ânimos estavam exaltados. Minha mãe ria!… Ela adora ter a família em torno dela. Meses antes ela havia pedido para ir ao TRE para se recadastrar, pois queria votar. Minha mãe de criação, Mãe Teté, resolveu não fazer o mesmo: “Não dou mais pra isso…”

A votação continuou. Era a hora de escolhermos nosso deputado estadual. Aqui aconteceu uma coincidência, pois dois dos candidatos votados tinham as mesmas iniciais. RC1 teve 12 votos e RC2 ficou com os outros 9, isso depois de minha cunhada e um amigo da família fazerem campanha para seus respectivos candidatos.

Quando chegou a hora de votar para o cargo de governador o que se viu foi um massacre. ELF 21 e FD zero.

Quis saber os motivos do voto de cada uma daquelas pessoas. Escolheram este candidato porque acreditam que ele realmente fará um bom governo? Alguns disseram que votam nele por não concordarem com os posicionamentos dos outros candidatos. Minha mulher vota nele por ele ser empreendedor. Minha segunda filha vota nele por crer que ele irá transformar o nosso estado sem usar armas como a hipocrisia. Alguém comentou que vota nele porque o ouviu discursando e se empolgou com sua fala. Minha tia solteirona disse que ele é um “gato”. Um sobrinho disse que ele passa confiança.

Ao final todos nós comemoramos a maravilhosa família que temos e a deliciosa democracia que desfrutamos. Uma democracia baseada no respeito e no amor.

Ao me despedir de minha mãe ela me puxou para o lado e me disse ao ouvido que ela acreditava que meu amigo iria ganhar a eleição. Disse que não será uma eleição fácil, mas que acredita que ele realmente possa fazer mais pelo Maranhão e sua gente, disse que eu posso contar com o trabalho dela e de suas amigas e amigos em mais essa campanha.

Saí da casa de minha mãe naquele domingo como saio sempre, feliz! Mas naquele dia a felicidade tinha um outro sabor. Não era do maravilhoso cuxá com peixe frito e torta de camarão. Não era o sabor do dulcíssimo abacaxi de Turiaçu nem do Romeu e Julieta, nem do cafezinho de nossa velha. O sabor que ficou em nossa boca era o sabor da alegria por termos uma família grande, que convive em harmonia.

Ao chegar a minha casa senti algo um tanto estranho. Era como se meu pai me falasse ao ouvido: “Fico feliz ao ver que tua mãe ocupou com perfeição o meu lugar à mesa…”

Em algumas ocasiões sinto falta de meu pai. Numa campanha política poucos eram tão bons quanto ele. Mas foi no convívio diário, nos almoços de domingo que minha mãe nos ensinou o valor da família e meu pai, a importância do debate e da democracia.

 

 

 

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Pra cumprir tabela.

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Nos últimos 60 dias todo mundo falou sobre a Copa do Mundo da FIFA. Eu também falei, mesmo que apenas de passagem. Agora, transcorrido o tempo regulamentar, acabada a prorrogação e cobrados os pênaltis, entregue a taça para quem realmente tinha direito a ela, vou comentar sobre esse evento que é o maior do mundo, depois dos Jogos Olímpicos, é claro.

A Fifa é a dona do futebol mundial. É ela quem estabelece as regras e os parâmetros do esporte e de suas competições. É ela quem diz o que pode e o que não pode se fazer. Seus dirigentes são talvez os mais autoritários dirigentes de instituições do mundo. Até ai tudo bem, pois aceita seu autoritarismo quem deseja participar do mundo do futebol. Quem desejar ficar de fora não será atingido por ele, não sofrerá suas consequências, sejam elas positivas ou negativas.

O volume financeiro envolvido nessa competição é astronômico e no frigir dos ovos, é este o verdadeiro motivo por trás de tudo. Tudo aqui é tudo mesmo. Coisas como a escolha de onde será disputada a próxima Copa, como os critérios de escolha de patrocinadores e fornecedores do evento, até a escolha dos selecionados nacionais pelos técnicos, que são influenciados e influenciam o mercado de preço dos jogadores envolvidos. Engana-se quem quer, mas é assim que é.

Aquela frase de Shakespeare cabe perfeitamente neste caso: “Há mais coisa entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia”. Você e eu não somos capazes de imaginar o mundo infinito de coisas que existem e a infinidade ainda por ser inventada no mundo do futebol, tudo tendo como base o dinheiro que a paixão humana pode movimentar.

Tendo comentado superficialmente sobre a dona da bola, vejamos as coisas concernentes à participação do governo brasileiro nesse evento.

Partindo-se da concepção de que tudo que o governo diz deve ser visto com desconfiança, a Copa do Mundo do Brasil de 2014 foi um grande sucesso.

Explico: Não só este governo, mas todo governo, seja ele federal, estadual ou municipal. Seja ele um governo de qualquer uma das três Américas, um governo europeu, asiático ou africano, ele não irá realizar exatamente o que se comprometer. O nível de excelência de um governo é decorrência direta do déficit de efetividade da realização do prometido. Sendo assim, a Copa foi um sucesso, pois o governo brasileiro deve ter entregado uns 50% daquilo com que se comprometeu. O resto do sucesso desse evento correria mesmo por conta da simpatia de nossa gente, da maravilhosa hospitalidade da população brasileira, do seu jeito único de receber as pessoas em sua casa.

As obras de reforma e construção dos estádios da copa, dos aeroportos, de mobilidade urbana, de segurança, de conforto turístico, bem ou mal foram suficientes para suportar as demandas de todos, brasileiros e estrangeiros que para cá vieram.

Fui a dois jogos da Copa, um no Maracanã e outro no Castelão, em Fortaleza. Fiquei impressionado. Não houve o caos aéreo que todos propagavam, não houve o caos no trânsito automobilístico que todos disseram que haveria, não houve a insegurança generalizada que todos propagaram, não aconteceu a vergonha que todos disseram que iríamos passar, pelo menos não fora das quatro linhas…

Com a Seleção Canarinho infelizmente a história foi outra. Nosso time sofreu em todos os jogos que disputou. Sofreu ganhando e padeceu perdendo. O time não foi a sombra do que poderia ter sido. Taticamente era dependente do genial Neymar, sem ele o time simplesmente não existiu. Nem com ele seria possível superar forças como Holanda, Argentina e Alemanha. Termos ganhado de México, Chile e Colômbia foi o máximo que poderíamos fazer nessa competição, e olhe lá!

No esporte a justiça não é o ingrediente principal. Muitas vezes vence aquele que não é o melhor, como aconteceu em 1950, 1978, 1982 e 1986, quando o Brasil tinha o melhor time do mundo e não venceu a Copa. Este ano a melhor equipe venceu. Os melhores, sem sombra de dúvidas, foram os alemães, que jogaram um futebol bonito de se ver, de toque de bola, de paciência, sem erros. Uma verdadeira pintura.

A regra da competição tirou a segunda colocação de quem a merecia, a Holanda, que também apresentou um belíssimo futebol, em alguns aspectos mais bonito até que o alemão, mas menos eficiente.

O terceiro lugar deveria caber mesmo aos nossos mal educados vizinhos argentinos, que tem um futebol inversamente proporcional à empáfia e a arrogância de seus torcedores.

O quarto lugar ao nosso time deve ser visto como consequência das regras de emparceiramento da competição, pois outras seleções demonstraram ser bem melhor que a nossa, mas como já disse o esporte não é terreno onde campeia a justiça, esporte é outra coisa e como tal deve ser encarado.

Fora do campo de jogo tudo foi um sucesso, dentro, pra nós, foi um desastre. Menos mal, isso pode ser resolvido mais facilmente que os outros problemas que temos que enfrentar no dia a dia. Bola pra frente!

 

PS: Morreu na noite da sexta-feira, 18, um grande amigo de minha família. “Seu” Zé do Vale foi o caseiro do nosso sítio durante anos, no tempo em que o Angelim ainda era muito distante. Seus filhos foram criados junto conosco.

Naquela mesma noite morreu também o ex-jogador de futebol Roberto Oliveira, pai de meu bom amigo, deputado Roberto Costa. Estas são ocasiões sempre difíceis.

 

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A arte de conhecer pessoas

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Uma das coisas que eu mais gosto é observar as pessoas, suas ações e reações, e sempre que posso, gosto também de conversar com elas, interagir.

Tenho feito isso desde que me lembro. No início fazia por curiosidade, depois vi que fazendo isso escondia um pouco a minha timidez, mais tarde descobri que fazer isso alargava meus horizontes, me dava um conhecimento não só sobre aquelas pessoas, mas sobre todas e principalmente sobre mim. Nelas eu me via, me espelhava, com isso poderia controlar-me de forma mais isenta e satisfatória nos cenários da vida.

Recentemente pude conhecer algumas pessoas fascinantes. Conhecê-las me deixou emocionado.

Fui assistir ao jogo Brasil e Colômbia pelas oitavas de final da Copa do Mundo, em Fortaleza. No avião, um dos melhores lugares para se conhecer pessoas – na Inglaterra vitoriana era nos trens – conheci a pequenina Maria Luiza, de cinco anos. Um azougue. A linda criança não parava um só segundo. Longe de me incomodar eu me vi nela, como eu era quando criança. Vi minha filha Laila a quem às vezes procurava em seu corpinho um interruptor para desligá-la por alguns minutos. Vi meu sobrinho Nagib Neto e tantas outras pessoas com a mesma característica.

Puxei papo com Malu e lembrei que esse seria o nome que Nilminha queria colocar em sua primeira filha. Perguntei quantos anos tinha, onde ela estudava e ao lado de sua mãe ela era totalmente desembaraçada. Só demonstrou sua idade quando ensaiou um choro por querer ir sentar-se junto de sua avó que estava algumas cadeiras à frente.

Na saída da aeronave passamos não só pela avó de Malu, mas também por sua bisavó, dona Teresa, que me cumprimentou e disse que seu falecido marido havia trabalhado com meu pai na Assembleia Legislativa.

Da mesma forma que Malu, dona Teresa, mesmo aos 83 anos demonstrou uma energia invejável. Comentou sobre os meus artigos, disse que os lê todo domingo, que gosta muito da forma coloquial e simples com que abordo os temas, que os lendo ela se sente como se estivesse batendo um papo comigo.

Nossa conversa congestionou a saída da aeronave. Ela me abraçou e se foi com sua família.

Vi-me refletido naquelas duas pessoas. Um projetinho energético de mulher e uma mulher-árvore, que já deu frutos e sombra, mas que mantém sua energia intacta.

Já em Fortaleza conheci um garçom chamado Maciel. Nada de muito especial havia nele, mas uma coisa me chamou a atenção. Ele parecia ter uma devoção verdadeira pelo seu ofício. Com certeza ele não estava ali só pelo salário e pelas gorjetas. Ele parecia gostar do que estava fazendo. Vi-me nele também, pois um de meus lemas é “fazer o que se gosta e gostar do que se faz”.

No voo de volta sentei-me ao lado de um jovem cearense que carregava um enorme livro onde estava escrito em letras garrafais a palavra concurso.

Não demorou para que o metido aqui perguntasse o nome dele, onde ele iria fazer o concurso e para que era.

Euclides era seu nome e ele estava indo para Belém prestar concurso para juiz. Imediatamente perguntei que idade ele tinha, ao que respondeu-me 25.

Tal qual Zeca Diabo, contei até 10 antes de expor a ele minha opinião sobre tal absurdo. Um jovem advogado, com pelo menos três anos de registro na OAB e de prática efetiva da advocacia poder ser juiz de direito em qualquer comarca deste país. Não falei nada pra ele, não queria tirar dele a concentração e o foco dos estudos finais das provas que seriam no dia seguinte.

Mas com você eu posso comentar. Por que motivo a lei obriga um candidato a senador ou a governador ter no mínimo 35 anos e permite que um juiz, que vai decidir o destino jurídico dos cidadãos possa ter menos que isso?

Mas este é um tema bastante polêmico, tratemos dele em outra oportunidade.

Ao voltar pra casa peguei um táxi no aeroporto. Automaticamente comecei a conversar com o motorista, uma das duas categorias que em minha opinião são os melhores termômetros da nossa sociedade – a outra é a dos garçons.

Não vou declinar o nome verdadeiro do jovem motorista, pois o assunto é de foro íntimo e ele não me autorizou a comentar nossa conversa. Vou chamá-lo de Maike.

Primeiro busquei saber se ele me conhecia. Fiz isso para que a consulta que iria lhe fazer fosse totalmente isenta.

Com apenas 23 anos Maike não sabia quem eu era, nunca havia me visto mais magro. Podia crivar-lhe de questionamentos.

Depois do preâmbulo de praxe, perguntei em quem ele havia votado para presidente. Dilma. Vai repetir o voto? Não. Vai votar em quem? Vou justificar minha ausência ou votar em branco. Por quê? São todos iguais!

Desconversei um pouco, falei de outras coisas, e voltei à pesquisa.

Quem são os candidatos a governador? Silêncio. Quem você acha que vai ganhar? Não sei, não! Vai votar em quem? Flávio Dino. Quatro anos atrás você votou em quem pra deputado? Nem lembro… E pra governador? Flávio Dino. E pra prefeito, votou em quem? Edivaldo. Você está satisfeito com ele? Nunca!… Sua administração é um desastre! Votaria nele novamente? Jamais!

Pelo retrovisor vi a expressão de espanto no rosto do motorista. Expressão resultante de sua própria afirmação. Calei em respeito ao pensamento que visivelmente ele elaborava em sua cabeça.

Depois de alguns instantes, Maike, em um tom quase cerimonioso disse: “Eu votei antes no Flávio Dino e disse que votarei nele agora novamente, mais por revolta que por convicção. Pensando melhor, já que os que se dizem representar a mudança não mudaram nada na prefeitura de São Luís, não sei mais em quem votar… Tinha esperança que votando neles as coisas poderiam melhorar, mas fez foi piorar doutor!…”

Desci em casa, paguei a corrida e Maike se foi. Não sei ao certo em quem ele vai votar, mas sei que ele sabe pensar. Faça ele o que fizer, o fará com consciência.

 

PS: Esse texto foi escrito antes da decisão do terceiro lugar da Copa contra a Holanda. Espero que a Seleção Brasileira tenha se reabilitado.

Fiquei mais decepcionado do que triste com nossa derrota para a Alemanha. A forma como o time jogou reflete o vexatório placar. Mas futebol é apenas um esporte e como tal deve ser encarado. A vida é mais, é maior e continua depois dos jogos. Bola pra frente!

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O Esporte e a Política

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Aprecio a política por suas nuances antropológicas, sociológicas, psicológicas e culturais. Pela possibilidade do controle de circunstâncias e a condução de consequências. Pela busca da eficiência, da efetividade e da eficácia, de forma conjunta e simultânea nas nossas ações.

Gosto muito dos esportes, principalmente por eles serem magníficos substitutos da ânsia do homem pela guerra.

Da mesma maneira que em outras atividades humanas o esporte, e nesse caso especifico, o futebol tem os ingredientes políticos importantíssimos. Vejamos: Em ambos existem regras que devem ser cumpridas; há um sistema judiciário que bem ou mal controla e fiscaliza ambas as atividades; há desvio de condutas nos dois casos; existem craques e pernas de pau, tanto nos gramados quanto nos palácios e nos parlamentos; o resultado do placar nem sempre reflete o desempenho em campo… E por aí vai!

Essa Copa do Mundo foi cercada por uma grande onda midiática negativa, mais por incompetência do governo e má fé de alguns setores da política, da mídia e da sociedade, do que por qualquer outro motivo.

Se perguntarem para qualquer cidadão de bom senso se ele prefere que os recursos investidos na Copa do Mundo fossem destinados para a saúde e educação, não haveria resposta divergente. Ocorre que se fosse outro o governo que não o do PT, o posicionamento em relação à Copa teria sido o mesmo. Se fosse o PT que estivesse na oposição, os protestos contra a Copa seriam bem piores do que os que aconteceram e os que ainda acontecem. Isso é política em sua forma menos vistosa. É ai que o ingrediente político se apresenta de forma nociva, pois se a tese é minha eu a defendo e pronto, se ela é de um adversário eu a ataco e exploda-se.

Do ponto de vista do governo, esse ou outro qualquer, nós precisávamos reformar e modernizar nossos aeroportos, nossos sistemas de mobilidade urbana, nossos sistemas de segurança e até mesmo nossos estádios. Logo, com a Copa faríamos isso e ainda teríamos realizado aqui um campeonato mundial de nosso esporte mais amado.

Alguém que me lê agora pode pensar que eu não tenho problemas de consciência quanto ao fato de ser secretario de Esportes do estado? Quanto ao fato de não poder fazer mais do que se faz. Tenho e muito.

No que diz respeito a nossa administração à frente do setor esportivo estatal, acredito que exista uma coisa de ruim que pode ser dita. Ainda não resolvemos o problema das piscinas do Complexo Esportivo do Outeiro da Cruz. Esse é o único item que me incomoda e muito no que diz respeito ao tempo em que eu e a minha equipe tem dirigido a Sedel. Os outros que possam ser apontados são questões menores ou de opinião. E não me venham falar do Costa Rodrigues, pois ele está sendo resolvido. Acontece que nesse caso existem muitos problemas burocráticos e judiciários de solução demorada.

Mas voltemos às piscinas do CEOC. Elas foram abandonadas faz 10 anos, por um ex-governador que hoje fala em mudança, da mesma maneira que o Castelão e todas as demais praças esportivas públicas pertencentes ao Estado.

No caso do Castelão, em muito boa hora a governadora Roseana resolveu o problema, levando a cabo sua reforma e modernização, não no padrão FIFA, mas num padrão condizente com a nossa realidade.

No caso das piscinas, o que ocorre é que para reformá-las precisaríamos de um investimento em torno de R$ 4 milhões. Reformadas elas gerariam uma despesa com manutenção que hoje não pode ser arcada pela Sedel, tendo em vista que nosso orçamento é muito pequeno. É aí que vem a grande dúvida do gestor público preocupado e responsável: qual o verdadeiro custo/benefício de se realizar uma obra dessas? Fazendo isso haverá retorno. É claro que sim, mas muita gente vai malhar, dizendo que dessas piscinas não saíram nenhum grande campeão e esse dinheiro poderia ser usado para consertar os presídios do Estado.

No caso do Castelão, a reforma foi muitíssimo importante. Nosso Estádio é o principal motivo do soerguimento de nosso futebol. Com ele foi possível se materializar a magnífica trajetória de meu Sampaio nos últimos dois anos, será possível que o Moto de meu saudoso pai volte a ser o Papão do Norte!

Mas e as piscinas do CEOC? Será que devemos vender a casa de veraneio do Calhau para reformá-las, ou devemos usar esse dinheiro para construirmos algumas praças esportivas pelo interior do Maranhão, fazendo com que o esporte possa ser realmente uma ferramenta de integração social, de educação, de segurança, de apoio a saúde? Como não há recurso orçamentário para esse fim, esperamos que alguma empresa venha patrocinar a Federação Maranhense de Esportes Aquáticos e levar em frente um projeto da lei de incentivo ao esporte que prevê a reforma das piscinas e a manutenção delas, sob o controle da federação.

Digo sempre que dinheiro não falta aos governos, principalmente nos níveis federal e estadual. O que falta é boa visão para os governantes e postura decente àqueles que lhes fazem oposição.

 

PS: Dezoito partidos fizeram uma magnífica festa no Centro de Convenções da Universidade Federal do Maranhão, no último dia 27, onde aclamaram Edison Lobão Filho candidato a governador do Maranhão.

Muita gente achou que o lugar escolhido era ruim e inapropriado. Disseram que o lugar era imenso, cabia cinco mil pessoas sentadas e 10 mil em pé, que era fora de mão, sujeito a problemas com grupos de estudantes ligados aos nossos adversários… Mas Edinho foi firme e não se deixou intimidar. Disse que o local da convenção seria aquele mesmo e que ele seria o símbolo de seu compromisso com a educação, com a juventude, com o trabalho e com o compromisso de transformar o Maranhão.

Essa atitude inaugura, de forma simbólica, a abertura de nosso grupo a um maior dialogo com a sociedade e preconiza a renovação pela qual o Maranhão irá passar.

 

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Sarney vale mais sem mandato que muita gente com.

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Nos últimos dias tenho lido notas e matérias provenientes de diversas consciências e produzidas por várias canetas, sobre o fato de o ex-presidente José Sarney ter resolvido não mais colocar o seu nome à disposição do estado do Amapá para representá-lo no Senado Federal.

Para quem não sabe o Senado, órgão que Sarney já presidiu em quatro oportunidades, é a casa legislativa que segundo a constituição federal representa a federação brasileira, os Estados e o Distrito Federal, enquanto a Câmara dos Deputados representa do nosso povo.

Essa gente maledicente insiste em desqualificar José Sarney. Desqualificam o homem, o escritor e o político, quando o que deveriam fazer era enfrentá-lo em cada uma dessas frentes,de maneira honrada, franca, republicana e democrática.

Insultam e difamam um homem que em sua primeira eleição ficou na primeira suplência, igual a tantos outros; difamam alguém que se elegeudeputado federal e sobressaiu-se entre seus pares, formando uma forte liderança numa época em que o nosso estado ainda vivia defasado em um século; governou o Maranhão e realizou obras de tamanha importância que ainda hoje passados quase cinquenta anos, uma delas ainda não foi superada e acredito que tão cedo será – o Porto do Itaqui.

Hábil, bem relacionado, inteligente, culto e sobre tudo sortudo, passou a ser figura de importante relevo a nível nacional; presidente de partidos importantes, desenvolveu uma capacidade diplomática invejável que o fez estar no cerne de todas as questões nacionais, que possibilitou ser guinado à presidência da república em substituição a Tancredo Neves que faleceu antes de assumir o cargo. Essa capacidade diplomática consistia mais em ouvir do que em falar, mais em esperar que os outros se posicionassem do que em se posicionar antes dos outros. Essa forma de agir somada a sua imensa sorte, deu bastante certo por muito tempo.

A mitologia em torno desse Ribamar é tamanha que atribuem a ele a morte de Tancredo. Sarney teria usado macumbeiros maranhenses para fazer com que sapos cururus repuxassem as entranhas do velho mineiro, matando-o. E o que é pior, tem gente idiota que acredita nisso. Nas duas coisas. Que Sarney mandou fazer o serviço e que fizeram.

Como presidente, Sarney tinha, segundo a constituição vigente, um mandato de seis anos. Ele o viu diminuído em um ano, mas pareceu que lutou para aumentá-lo. Alguns não sabem e outros preferem esquecer o quanto Fernando Henrique Cardoso teve que fazer para aprovar uma emenda à constituição, que ele mesmo havia ajudado a redigir, no sentido de permitir-lhe ter mais quatro anos de mandato presidencial. E falam do Sarney!

José governou o Brasil num tempo em que enfrentávamos dois grandes adversários, o monstro da inflação e o perigo da instabilidade democrática.

Mais competente como político que como gestor financeiro, ele fez executar quatro planos econômicos, um deles de grande eficácia, mesmo que temporária, fato que garantiu certa estabilidade financeira ao país por tempo suficiente para que o PMDB, nas mãos de Ulisses Guimarães, elegesse 27 governadores de Estado.

Decretou a moratória de nossa dívida, fato que conteve em parte a debandada de capital, e com essa e outras medidasantipáticas garantiu a estabilidade democrática capaz de em seguida, tendo mantido estável o regime democrático em seu período mais delicado, eleger de forma direta nosso primeiro presidente em muitos anos. A mesma estabilidade que foi responsável por destituir esse mesmo presidente do cargo sem que nada acontecesse ao regime democrático e a forma de governo republicana.

Mas deixemos tudo isso para lá e nos concentremos no fato de Sarney não mais concorrer a um mandato eletivo.

Todos já sabiam que Sarney não mais seria candidato a nenhum cargo eletivo. Até eu mesmo que sou o mais tolo entre os articulistas deste assunto já havia comentado sobre isso, disse para alguns amigos que Sarney iria fazer tal qual o padre Vieira, que com avançada idade dedicou-se integralmente a literatura e as suas memórias. Sarney iria agregar à essas dedicaçõesa sua família, sua mulher, seus netos e bisnetos.

O que a mídia nacional, a grande, a média, a pequena e a mínima, tenta fazer é imputar a um homem de 85 anos, que dedicou 60 deles a trabalhar pelo Maranhão, pelo Amapá e pelo Brasil, uma derrota pelo fato de ter resolvido não mais se candidatar. Querem fazer crer que Sarney tinha obrigação de, mesmo indo contra a sua natureza física,se apresentar na linha de frente da batalha política e se candidatar a mais um mandato de senador. Ora me comprem um bode! Eu iria ficar muito insatisfeito se ele resolvesse que iria se candidatar, pois nós, maranhenses, amapaenses e brasileiros de todas as naturalidades precisamos dele e de homens como ele acima da política, sem mandato eletivo, mas com o mandato proveniente do respeito que pessoas como ele devem ter de nossa gente.

São personalidades como José Sarney que dão a dimensão de valor que deve ter uma nação e seu povo.

Pode quem quiser discordar dele e até não gostar dele, isso faz parte da vida, mas ninguém pode desconhecer o grande valor que ele teve, tem e terá em nossa história.

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Notícia X Versão

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Dia desses conversei demoradamente com um jornalista, meu particular amigo e muito ligado à oposição. Nós falamos sobre um assunto que para ele tem importância vital e que em minha opinião deve ser observado com bastante cuidado, mas de forma totalmente imparcial.

Trata-se na verdade de um desdobramento da grande judicialização das campanhas eleitorais. Neste caso específico, precipitado por uma vigorosa ação midiática, ancorada em matérias jornalísticas através de meios impressos, programação televisiva e radiofônica, postagens em blogs e nas redes sociais, no sentido de atingir a imagem de um determinado candidato, e que como consequência disso desencadeou uma ação de igual força e direção contrária por parte dos adversários.

Acredito que já foi verdadeiro aquele velho discurso que pregava que, os meios de comunicação, concentrados nas mãos de um dos grupos contendores em uma campanha eleitoral, fazia com que a eleição ficasse desequilibrada. Essa realidade é bem diferente hoje. Em primeiro lugar, porque a concentração dos meios midiáticos em um dos lados já não é tão significativa. Em segundo lugar pela incompetência desses antigos grupos midiáticos em fazer valer o poderio que detinham. Em terceiro lugar, pelo imenso e avassalador poder da informação instantânea e independente da internet e das redes sociais, que horizontalizaram o acesso à informação.

Mas voltemos a minha conversa com aquele meu amigo jornalista. Nela ele me dizia de sua preocupação com uma ação movida por um candidato contra um grupo de jornalistas e radialistas, através de seus blogs e seus programas de rádio, no sentido de fazer com que estes não dessem publicidade ou comentassem a respeito de uma determinada matéria.

De um lado, os advogados do candidato acreditam que essa ação jurídica resguarda um direito que está sendo prejudicado, por outro, o jornalista acha que essa ação é um grave atentado contra a liberdade de imprensa.

Os advogados que defendem o candidato argumentam que em uma campanha eleitoral, cuja duração não chega a 90 dias, a apuração da verdade, em casos de injúria, calúnia e difamação é praticamente impossível de ser concluída, uma vez que causas dessa natureza costumam se alongar e esses processos se arrastam por meses.

Ora, se existe uma campanha midiática sistemática que visa fragilizar e enfraquecer a imagem de um determinado candidato, algo deve ser feito no sentido de impedir tal ação, com isso preservando o direito do cidadão, sempre respaldado nos preceitos constitucionais fundamentais.

Do ponto de vista daquele que se sente prejudicado pelo noticiário, que alega ser faccioso, o direito à informação está sendo superlativamente privilegiado em força e importância, em relação ao direito à justa defesa, uma vez que a boataria, as notícias falsas, as colocações dúbias e as interpretações facciosas venham comprometer a sua imagem, não lhe dando tempo nem condições, de no meio de uma campanha eleitoral, elucidar essa onda de notícias inverídicas.

Do momento em que se publica uma matéria jornalística até o momento em que a justiça tenta impedir que o uso inadequado desta traga prejuízo a alguém, há uma espaço de tempo no qual o direito do ofendido está sendo definitivamente prejudicado. É nesse sentido que é usada a Ação de Obrigação de Fazer.

No caso de notícias verdadeiras, bem embasadas, respaldadas por provas consistentes, nesses casos não vejo como conter-se o direito constitucional à informação.

Imagine se um grupo de jornalistas, todos eles muito competentes, resolvesse agir, através de notícias aparentemente genuínas, comprometendo a imagem de um determinado candidato. Isso se consubstanciaria em um golpe baixo respaldado na legítima liberdade de imprensa. Em minha opinião a notícia não pode ser colocada a serviço da versão sabidamente facciosa e quem quer que aja assim deve ser impedido de fazê-lo também por força de lei e por ordem da justiça.

Alguns dos jornalistas listados nessa ação são bons e velhos amigos meus e os respeito como profissionais de seu ofício, mas o que está acontecendo aqui é uma guerra eleitoral e duas das batalhas mais importantes desse conflito serão travadas nos campos do Judiciário e do jornalismo. No caso em tela, os dois se misturam e se confundem.

O uso da justiça em qualquer setor, a qualquer nível, não pode, de modo algum, ser confundido com quebra de respeito para com a democracia e o estado democrático de direito. Recorrer-se à justiça para tentar impedir que um direito líquido e certo seja prejudicado é totalmente legítimo, mesmo que essa ação pareça ferir um outro direito, que de modo algum pode se sobrepor a este.

O juiz eleitoral responsável pela análise de um dos casos citados acima, negou o recurso do candidato, não levando em consideração o mérito da causa. Esse fato por si só prova que buscar a justiça não ameaça a consumação dela.

Fato relevante: outro candidato já deu entrada em mais de 20 ações no sentido de impedir que outros jornalistas publiquem matérias que segundo ele e seus advogados, usam do mesmo expediente, provando assim que a propaganda jornalística e a judicialização da campanha eleitoral são dois dos mais importantes ingredientes desse e dos próximos pleitos eleitorais. Pior para os eleitores.

No frigir dos ovos fica aquela minha velha sensação sobre a política: com algumas poucas diferenças cosméticas, são todos iguais.

 

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Renovação verdadeira, sim. Mudança falsa, não.

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Manuel José de Santana, coronel da Guarda Nacional, que no começo da década de 50 foi prefeito da pequenina Nova Iorque, cidade do sertão maranhense, não poderia imaginar que 60 anos depois, no começo da segunda década do século XXI, uma bisneta sua, com apenas 33 anos de idade, sem muita prática na lide política formal, viria a ocupar a mais importante Secretaria do Estado do Maranhão, a Chefia do Gabinete Civil, onde acredito deterá por muito tempo o título de primeira mulher e mais jovem ocupante desse cargo.

Tendo sido um grande empreendedor, comerciante e pecuarista no Maranhão, no Piauí e no Pará, o coronel Santana casou sua filha Maria de Jesus Santana Neiva com seu sobrinho, primo dela, Euvaldo Neiva, dando sequência à historia daquela que seria uma das mais influentes e poderosas famílias da política do nosso Estado.

Euvaldo Neiva, sobrinho e genro do coronel Santana, também foi prefeito de Nova Iorque e deputado estadual por dois mandatos.

Prefeita em duas oportunidades, Maria de Jesus Santana Neiva era uma mulher de fibra e à frente de seu tempo. Audaciosa, de gênio forte e personalidade marcante, exercia a administração das fazendas e dos empregados na ausência do marido. Enfrentava os desafetos e seus capangas com dedo em riste.

Meu pai, que gostava de me contar histórias, uma vez me disse que a mulher de seu amigo, deputado Euvaldo Neiva, certa noite, estava em sua casa, sozinha, com os filhos pequenos quando ouviu o som compassado de coturnos na varanda e desafiou quem se esgueirava a entrar em sua casa, que seria “bem recebido”, como mandava o costume da época.

Não vou me concentrar em traçar a árvore genealógica dos Santana Neiva, mas devo lembrar aos esquecidos e dizer aos não sabidos que esta família é prima-irmã de outra família cujos sobrenomes se invertem, os Neiva de Santana.

Dona Maria de Jesus era irmã de Pedro Neiva de Santana, médico conceituado e político respeitado, que foi prefeito de São Luís e governador do Maranhão.

Curiosamente, Pedro Neiva viria a ocupar a mesma função de seu sogro, Jaime Tavares, função esta que seria preenchida anos mais tarde por Haroldo Tavares, cunhado de Pedro e filho de Jaime. Apenas para registrar, os três foram grandes prefeitos de São Luís, sendo que Haroldo, em minha opinião, foi o maior e melhor prefeito que já administrou nossa capital.

Os Santana Neiva tiveram uma filha, Ana Maria que anos mais tarde viria a se casar com Garridinho, filho de um fantástico casal, pessoas de referência humanista única em nossa terra: Gentil Costa e Nóris Garrido. Sobre dona Nóris um artigo seria pouco, esta mulher fascinante merece um filme, que recentemente tentei fazer, mas ainda não consegui.

Digo tudo isso para fazer uma ligação desses fatos com o meu assunto de hoje: renovação.

Falo de Anna Graziella Santana Neiva Costa, bisneta do coronel Santana, neta de Euvaldo e Jesus, sobrinha neta de Pedro, prima de Jaime Santana, filha de Ana e Garrido e minha amiga.

Conheci Anna ainda bebê, quando, por motivos sentimentais frequentava a casa de Haroldo Tavares. Mais tarde a encontraria em minha própria casa, quando estreitou amizade com minha filha Ananda.

Recentemente conversando com ela, descobri que se achava um patinho feio e que somente sua avó, Jesus, via nela uma beleza que transcendia os traços físicos. Tola. Com o tempo ela deve ter feito disso uma arma para se superar e superar outras pessoas.

Imagino que desde criança ela tenha sido líder de classe, capitão do time de vôlei. Devia ser ávida por desafios, até que foi seduzida pela justiça e acabou seguindo a carreira jurídica.

Formada em direito em 2004, fez pós-graduação em Direito Constitucional. Engajou-se na política da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Maranhão, onde foi secretária da comissão de jovens advogados. Depois, foi eleita a conselheira estadual mais nova da história da OAB maranhense até aqui e se viu participando da política institucional. Participava da articulação do grupo mais expressivo da OAB naquele tempo.

Avançou. Dedicada e estudiosa, fez MBA em Direito Tributário na FGV. Foi indicada para a Presidência da Fundação da Memória Republicana Brasileira e, agora é também Secretária Chefe da Casa Civil do Governo do Maranhão.

Contei-lhe toda essa historia para responder, através de você que me lê agora, a pergunta que me fizeram recentemente algumas pessoas, entre elas alguns políticos da situação e da oposição, além de alguns jornalistas: “Vem cá Joaquim, quem é e de onde saiu essa tal de Anna Graziella?”.

Agora vocês já sabem quem é e de onde ela saiu. O que vocês não sabem, é que ela é uma pessoa extremamente competente, dedicada e desprendida. Atua com precisão e agilidade, jamais esquecendo a correção e a legalidade. Tudo bem que ela é jovem e não tem muita experiência no dia a dia da política, mas com inteligência e sagacidade, já demonstrou nos primeiros dias à frente da Casa Civil do Governo, que se coloca entre os bons que por lá passaram recentemente.

Ah! Assim como eu, Anna Graziella, pertence geneticamente menos a essa famigerada “oligarquia” que muita gente que hoje joga pedra nela.

O que nós precisávamos mesmo era dar oportunidade a pessoas como Anna Graziella e como Ananda, quem muito me orgulha com seu trabalho como advogada e conselheira da OAB. A mesma oportunidade que já foi dada a alguns jovens e aguerridos vereadores como Fábio Câmara, Pedro Lucas e Honorato. Deputados como Roberto Costa, Rogério Cafeteira, Eduardo Braid, Alexandre Almeida, Edilázio Junior, Vitor Mendes, nomes que representam uma renovação verdadeira, que representam uma significativa melhoria não apenas do ponto de vista quantitativo nos quadros políticos de nosso Estado, mas também qualitativamente falando.

 

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Águas de Junho

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Faz uns dois pares de anos que não falo com o jornalista Roberto Kenard, meu amigo de muito tempo, companheiro das lides poéticas e de ações culturais importantes, como um programa de rádio, um semanário, uma revista mensal e a editoração e publicação de vários livros. Todas essas ações levaram o sobrenome Guarnicê, e aconteceram nos saudosos e eternos anos 80.

Eu e Kenard somos bem diferentes. Diferentes em nossos posicionamentos ideológicos, em nossos estilos e gêneros literários, em nossa forma de encarar a vida e dentro dela a política, os negócios… Mesmo assim, de longe, nunca deixei de acompanhar sua trajetória de poeta e jornalista. Estive sempre por perto, pois em mim, a discordância pontual ou o desentendimento momentâneo, não geram ódio, rancor ou nenhum outro sentimento negativo. Policio-me constantemente para que nada gere em mim sentimentos negativos, mesmo que em relação a um ou outro “imbecil” isso seja um pouco difícil, mas acabo conseguindo.

Desfrutamos, eu e RK, juntamente com Celso Borges, Paulinho Coelho, Érico Junqueira Aires, Cordeiro Filho, Ronaldo Braga, Ivan Sarney, meu irmão Nagib, entre outros, a experiência juvenil e utópica de tentar mudar o mundo através da música, da poesia, da literatura, do cinema e das artes de um modo geral.

Convivemos de adolescentes a adultos, e até mesmo algumas vezes, adúlteros, em nossas jovens e temerárias experiências de poesia, álcool, Guaraná Jesus e outras “cositas mas”, quando nos permitíamos esquecer as nossas namoradas em casa e saíamos pelos bares e praias da Ilha, no velho Bugre vermelho que nos servia de Rocinante, apaixonando e nos apaixonando por Dulcineas, Carmens, Julietas, Amélias, Teresas, Capitus, Ursulas, Mollys, Marias “… De todas as raças, de todas as cores…”

Naquele tempo nos permitíamos subverter as regras vigentes para transformá-las em algo mais parecido conosco, com aquilo que queríamos da vida. Buscávamos naquele tempo, assim como hoje, mais ou menos a mesma coisa. A tal da felicidade e da extensão dela para o maior número de pessoas possíveis. Isso não mudou em nada. Só que agora são mais visíveis as diferenças. Uns querem alcançar isso de uma forma e outros de outra, uns com um estilo e outros com outro, mas no fundo continuamos querendo a mesma coisa.

A forma de fazer isso que já era diferente antes, na juventude, em alguns casos tende a se aproximar e em outros a se distanciar, na maturidade. Não acredito que nenhum de nós estejamos tão distantes a ponto de que não saibamos disso.

Falo hoje de Kenard por dois motivos, primeiro porque comentei com um nosso conhecido comum que desde a morte do jornalista Walter Rodrigues, que acreditávamos que ele, Kenard, passaria a ser o melhor articulista político do Maranhão. Kenard não tem e acredito não terá jamais a teia de contatos que tinha Walter, até porque este fazia de sua teia, seu habitat, sua forma de viver. Em suma, ele não vivia a sua vida, ele vivia o jornalismo, a política. Já Kenard vive o jornalismo, a política, sua família, sua mulher, seus filhos, sua Barreirinhas, seus estudos, sua literatura, sua poesia. Tem coisas que Walter jamais teve e nunca teria.

Sem medo de ferir nenhum ego, nem magoar ou melindrar nenhum amigo jornalista, acredito ser Roberto Kenard, o sucessor de Walter Rodrigues e parece que quanto a isso não estou sozinho.

Ele não carrega a mão no sarcasmo nem na ironia debochada como fazia Walter, mas, como ele, apresenta os fatos de forma clara, permitindo com que se possa ter uma visão perfeita dos fatos, isso sem contar com seu estilo literário, enxuto, simples, direto e elegante.

A outra coisa que me fez lembrar Kenard, foi o fato de que o falecimento do grande poeta José Chagas, abre vaga na Academia Maranhense de Letras, instituição que na juventude abominávamos como símbolo do imobilismo e da inação. Lembro que Kenard fez uma matéria mordaz sobre a AML e nós publicamos na Guarnicê. Teve grande repercussão.

Para efeito de preenchimento de vagas na AML tenho um critério muito pessoal que acredito hoje ser o da maioria dos acadêmicos praticantes e assíduos às reuniões. Devemos eleger alguém que participe da vida da instituição, alguém que exerça uma função criativa e produtiva, alguém que possa conviver bem com seus confrades e confreiras (expressão horrível), alguém que ajude a AML a não ser uma casa de simples mortais, mas que sejamos imortais em nossa luta pela arte e pela cultura maranhense.

Nesse desiderato (expressão também horrível), minhas preferências recairiam em primeiro lugar em Gullar, Nauro, Arlete, Zelinda e Turíbio, como expoentes máximos de nossa cultura ainda fora da Academia; em Jesus, Cassas, Ariel, Salgado e Kenard, por suas obras; E em Felix, Neres, Zé Jorge, Aldo e Alan, pelo muito que podem contribuir para o aumento e melhoria das ações artísticas, literárias, culturais e midiáticas da AML. Ainda poderíamos relacionar os nomes de Celso, Sinhô, Mundinha, Lourdes e Paulão, entre os de outros, que também poderiam ser cogitados para fazer parte do sodalício (outra palavrinha difícil).

– É uma lista grande! Diriam uns. – Haja passamento! Diriam outros. Mas a vida segue, diria eu.

Mas voltando ao Kenard, devo de dizer que assino embaixo de alguns de seus últimos textos publicados em seu Blog, mas isso já seria assunto para uma outra conversa.

 

 

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Expectativa de poder

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Semana passada, de última hora, fui obrigado a mudar o final de meu texto, pois fatos supostamente novos precisavam ser comentados. Naquela ocasião iria falar sobre dois ingredientes inerentes à política, o fato novo e a expectativa de poder.

Já tendo abordado o primeiro assunto volto hoje para falar sobre o segundo, com a mesma intenção da semana passada, diminuir a extensão de meus textos.

Vejamos então o que vem a ser esse outro importante quesito político, a expectativa de poder.

Acredito seja esse um conceito que em seu enunciado se explica. É a iminência do exercício de um poder. É o esperar que o poder venha para as mãos de quem peleja por ele.

A expectativa de poder faz com que algumas pessoas se decidam em apoiar esse ou aquele indivíduo, não por ele ser melhor, mas por imaginá-lo com melhores condições de vencer. É a sensação de que o poder indo para as mãos de um determinado sujeito político, este possa beneficiar com seus favores e gentilezas aqueles que possivelmente venham a decidir-se antecipadamente por ele.

No interior, em alguns municípios mais que em outros, existe claramente uma tendência, de que só se deva votar em candidato que vá ganhar. Nos grandes centros urbanos a sensação é um pouco diferente; essa tendência se divide com a daqueles que imaginam que só a mudança salva, aqueles que são sempre do contra.

Na maioria desses municípios que experimentaram mudanças existe um clima de decepção generalizado. As pessoas logo descobriram que o que se apresentou inicialmente como mudança nada mais era do que uma enorme demanda reprimida de poder e que resultou em imenso fracasso administrativo.

Durante muitos anos meu grupo político conseguiu controlar a maior parte da expectativa de poder e o tipo de insatisfação provocado por ela. Procurávamos aquinhoar igualmente opositores políticos no nível municipal. Tarefa extremamente difícil de realizar. Tarefa delicada, trabalhosa, digna apenas dos melhores diplomatas e dos políticos mais calejados e experientes. De um tempo pra cá esse trabalho vem sendo totalmente negligenciado e a expectativa de poder recrudesceu.

Digo isso para comentar que até há muito pouco tempo, baseadas em um cenário momentâneo, interpretado de maneira equivocada, algumas pessoas estavam se posicionando em relação à escolha de um determinado candidato a governador. O cenário começa a mudar e passa agora a ser visto por um prisma mais realista.

Devemos entender corretamente os fatos. Devemos entender por exemplo os motivos que levam um candidato que está em campanha faz oito anos, divulgar uma pesquisa que diz claramente que ele tem 56% de preferência entre os eleitores que já estão decididos em quem votar e que seu adversário, que está há pouco mais de trinta dias em campanha, tem 23% de intenção de voto.

Ora, se na mesma pesquisa, 77% dos eleitores consultados dizem que ainda não saber em quem vão votar, os percentuais reais da pesquisa são apenas referente a 23% do universo total dos eleitores, o que transforma os 56% de um em 12% e os 23 do outro em 5%. Significa dizer que o jogo só está começando e tende a mudar, fazendo com que, a expectativa de poder venha também a mudar.

Não posso dizer que a expectativa de poder seja uma coisa ilegítima, mas posso dizer que é uma forma oportunista de agir. Não posso condenar o uso correto das boas oportunidades, mas devo dizer que explorar as oportunidades no que elas têm de nocivo e pejorativo, é praticar uma política no mínimo duvidosa, a mesma que muitas vezes os hipócritas acusam seus adversários de fazerem uso, apesar de eles mesmos também o fazerem.

Admiro aqueles que têm coragem de defender suas ideias, sejam elas quais forem, mesmo aquelas com as quais eu discorde. Estes, mesmo derrotados, serão respeitados e lembrados por seus atos. Já os fracos, os covardes e os hipócritas morrerão no esquecimento da história ou serão lembrados por seus desacertos.

 

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Fato novo

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Outro dia, ao sair do cinema, um cidadão se aproximou de mim e disse gostar muito dos artigos que público aqui nesse espaço, que os lê sempre e que gosta tanto do conteúdo como da forma com que abordo os temas, mas, que às vezes, acha que meus textos são um pouco longos. Hoje, em sua homenagem, farei o possível para encurtar a conversa, até porque o assunto é realmente curto. É apenas uma mera constatação.

Existem pequenos ingredientes extremamente importantes na política. São coisas que acontecem independentemente de quaisquer fatores, quase sempre casualmente.

Entre estes ingredientes inerentes à política, alguns são mais visíveis e simbólicos do que outros. O fato novo, por exemplo, é qualquer coisa que venha mudar o quadro de dormência no qual a política cai de tempos em tempos. É algo indispensável para arejar o ambiente político, muitas vezes impregnado de inércia, de apatia e de acomodação, todas essas, coisas prejudiciais e nocivas à boa política.

Fato novo seria a saída de Roseana do cargo de governadora para disputar o Senado. Isso faria com que as mudanças resultantes do novo contexto apresentassem novas características, novos posicionamentos de governo, faria com que novas práticas fossem implantadas, independentemente delas serem melhores ou piores.

Fato novo foi a desistência de Luís Fernando da disputa pelo cargo de candidato a governador. Isso nos obrigou a escolhermos outro candidato, o que nos deu a possibilidade de nos aproximarmos mais dos políticos, de termos um novo discurso.

Fato novo foi a indicação de um candidato a vice-governador do PSDB e o veto a um indicado pelo PDT, na chapa de Flávio Dino.

Fato novo será a escolha dos candidatos ao Senado em ambas as chapas majoritárias. De um lado, sendo Arnaldo, haverá consequências. Para ser Gastão é preciso que haja outras circunstâncias.

O mesmo ocorrerá caso João Castelo seja candidato a senador ou caso o seja Roberto Rocha. Fato novo de extrema relevância será os dois serem candidatos ao Senado.

Fatos novos podem ser mais ou menos importantes, isso dependerá das motivações e da capacidade que os políticos possam ter de aproveitar esses fatos. Fazer bom proveito de uma determinada situação requer inteligência, sagacidade, coragem, habilidade e sorte.

Esse texto já estava pronto e entregue ao editor responsável quando surgiu uma ameaça de fato novo e por causa dela resolvi reescrever o seu final, pois eu havia esquecido de comentar sobre outro tipo desse ingrediente da política. O fato novo falso. A disseminação de notícia inverídica com o intuito de criar um clima que possa levar realmente a acontecer uma mudança no quadro. Um fato novo falso dando consequência a um fato novo real.

Orquestradamente alguns jornalistas começaram a espalhar que Lobão Filho não seria mais candidato a governador. Os motivos inventados foram os mais diversos. Ele estaria doente, muito mal. Ele havia se desentendido com a governadora Roseana por causa de uma pergunta capciosa de um jornalista paulista. Ele havia desagradado alguns membros do governo, entre eles o influente secretário de saúde Ricardo Murad. Todos motivos absurdamente tolos.

Caberia aqui algumas perguntas bem simples e diretas. Quais seriam os indícios de veracidade dessa notícia? Havia algum indício que corroborasse no sentido de confirmar esse boato? Edinho estaria muito doente? Incapacitado? A resposta é não. Existe uma ruptura interna no grupo que o apoia? A resposta é novamente não, pois esse grupo pode cometer muitos erros, mas sabe que uma ruptura nessa altura do campeonato seria fatal. Existe algum candidato do mesmo nível, ou mesmo inferior a Lobão Filho, disponível? Não. Logo, como diria Sir Arthur Conan Doyle, pela boca de Sherlock Holmes: “Quando você elimina o impossível, o que restar, não importa o quão improvável, deve ser a verdade.”

Havia uma justificativa para cada propagador da marmota. Ocorre que quem inventou isso tudo se esqueceu que esse filme é velho, já o vimos antes. Lembra quando espalharam por aí que Jackson Lago não poderia ser candidato em 2010, pois era inelegível? Pois é! É a mesma velha jogada com outro time. Acredito até que nas duas ocasiões o mentor intelectual tenha sido o mesmo.

Toda essa lengalenga serve para provar que é uma grande fraude a mudança que teremos caso nossos adversários vençam as próximas eleições. Eles vão misturar dois modus operandi, o irresponsável e temerário da juvenil e neófita política universitária e o patrimonialista e oligarca de seus declarados adversários.

Espalhar que Lobão Filho não seria mais candidato a governador só serviu para colocá-lo ainda mais em evidência, só deu a ele e à sua pré-campanha mais espaço na mídia e mais visibilidade.

Antes, quem nem sabia que ele era candidato, agora irá saber que seus adversários estão com tanto medo de sua candidatura que estão espalhando o boato de sua desistência.

PS: Fiz de tudo para esse texto ser menos extenso, mas acabei não conseguindo, pois algumas pessoas não me deixam.

 

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