Os homens que escolhem os deuses

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Não pense que tratarei aqui da epidemia de fé religiosa que tomou conta do cenário político do Maranhão e do Brasil. É mais quem quer ser dono de Deus, patrocinado por esta ou por aquela igreja. Não é nada disso! Acho o cúmulo da apelação, inclusive já recusei vários convites para me filiar a partidos que em suas legendas fazem alusão direta a religiões, ou que são patrocinados por igrejas.

Devo dizer que o título acima é de autoria de meu querido e bom amigo, confrade da Academia Maranhense de Letras, Luiz Phelipe Andrés, que, com excessiva modéstia, proferiu essas palavras numa sessão da AML onde nós fazíamos a lista dos mais importantes luminares de nossa cultura e de nossa arte que irão compor o novo Panteão Maranhense, com bustos expostos em praça pública, em frente de nossa maior Biblioteca.

A frase de Phelipe deveu-se ao fato de que, em nossa conversa, estávamos discutindo quem eram realmente os expoentes máximos de nossa terra de tantas e tão grandes inteligências. Luiz Phelipe brincava dizendo que não ele não podia deixar de imaginar o cenário bem iluminado de nossa sala de reuniões, em torno de grande mesa, coberta por toalha bem alva, com o branco dos mantos gregos, o branco das nuvenzinhas onde cada um de nós estaria confortavelmente sentado e concentrado, na imensa responsabilidade daquela tarefa…

Sebastião Moreira Duarte, uma espécie de semideus, filho de um Deus errante com uma daquelas pobres e belas mortais da Paraíba, levanta a voz pra dizer da alegria e da honra que devemos ter, nós maranhenses, pois em seu rincão natal, um Panteão igual só teria três bustos. No Ceará, se muito seriam uns seis; em Pernambuco e Minas Gerais uns 12; Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo talvez empatem conosco, todos os outros estão abaixo, enquanto nós, aqui no Maranhão, estávamos estabelecendo limites numéricos, pela grande quantidade de luminares que nossa terra produziu no passado e, mesmo em menor escala, ainda continua produzindo.

Eram doze, em alusão aos deuses do Olimpo. Número insuficiente para abrigar tanta gente boa. Subimos para dezesseis. Naquele dia descobrimos que ainda nos faltava percorrer boa parte do horizonte intelectual maranhense e que mais oito figuras deveriam fazer parte desse nosso exército de gênios da maranhensidade.

Estabelecemos que o número deveria ser par e que sua disposição física seria em uma alameda, um busto de frente para o outro, em ordem alfabética, obedecendo ao nome pelo qual ficou conhecido o homenageado.

Fui designado pelos meus pares para capitanear esse projeto que inclui interface com o Poder Executivo, municipal e estadual, com os poderes legislativos nas duas esferas, com instituições e empresas que possam ajudar de alguma forma e com a sociedade de um modo geral.

Existe uma lei municipal que estabelece que a municipalidade implante, mantenha e conserve o Panteão Maranhense, erigindo bustos a importantes personalidades de nossa cultura, indicados e escolhidos pela Academia Maranhense de Letras.

O Governo do Estado reformou a Biblioteca Benedito Leite, o Governo Municipal está concluindo a reforma da Praça Deodoro, que a abriga, inclusive o espaço em frente à biblioteca, onde deverá ser colocado nosso panteão, o mesmo lugar onde eu costumava brincar quando era criança.

Existe nisso tudo uma nota triste. Nenhum dos acadêmicos presentes nas reuniões que decidiram sobre este assunto foi favorável a que os bustos originais, de bronze, que se encontram nos jardins do Museu Histórico do Maranhão, fossem recolocados na praça, porque o nosso povo, ou melhor, os vândalos imbecis que se misturam à nossa boa gente não permitiriam que o Panteão Maranhense permanecesse em bom estado. Mesmo com a promessa de manutenção e conservação da municipalidade, achamos melhor não arriscar. Quem sabe um dia…

A solução que encontramos foi fazer réplicas em material resistente, porém não tão nobre e cobiçado como o bronze, para erigir os bustos dos pais do Maranhão.

Como estabelece a lei municipal já citada, a Academia resolveu que o Panteão Maranhense será recomposto com a seguinte composição: Almeida Oliveira, Aluísio Azevedo, Antônio Lopes, Artur Azevedo, Cândido Mendes, Catulo da Paixão Cearense, Celso Magalhães, César Marques, Coelho Neto, Gomes de Sousa, Gonçalves Dias, Graça Aranha, Henriques Leal, Humberto de Campos, João Lisboa, Joaquim Serra, José Cândido de Moraes, Nina Rodrigues, Odorico Mendes, Raimundo Correia, Raimundo Lopes, Sotero dos Reis, Sousândrade e Teixeira Mendes.

Muitos e importantes nomes ficaram de fora, mas os critérios escolhidos foram a importância incontestável e a relevância inquestionável até a metade do século XX.

Com toda certeza não agradaremos a todos. Alguém dirá que falta um ou outro nome, e até pode ser verdade, mas dos 24 incluídos não imaginamos nenhum que pudesse estar fora. No futuro faremos outras alamedas e disporemos nomes de outros importantes maranhenses, para que sejam lembrados e reverenciados por nossa brava gente, que merece e precisa conhecer sua historia.

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Resposta ao Jerry

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Devo começar minha resposta ao Jerry dizendo que tenho por ele e por sua família carinho e apreço. Sou amigo de seu pai, Seu João, a quem devo finezas.

Depois devo dizer a ele que muito me satisfaz saber que o fadigoso texto que escrevi foi lido por ele e parece que por muita gente, pois ele, como o principal coordenador da campanha dinista resolveu responder-me com um texto no qual não se preocupa em contra argumentar, limita-se a tecer outros comentários no sentido de desviar-se do fulcro, do cerne da questão por mim levantada.

Há um pecado capital nesse tipo de resposta. Isso é uma técnica antiga, usada por quem não deseja esclarecer, alguém que como Chacrinha, acredita que veio ao mundo para confundir e não para explicar. Jerry responde um texto ao qual o seu leitor não teve acesso, logo, o seu leitor vai ler apenas a resposta, não tendo acesso ao texto que deu origem a ela, deixando seu leitor só com a sua versão, não dando a ele o direito de saber o que seu oponente disse. Tudo feito de modo muito democrático, respeitando a liberdade de expressão e de informação honesta e imparcial. Em linguagem bem moderna, SQN!

Para não cometer a mesma incorreção colocarei a seguir link no qual você poderá ler a resposta que o presidente do PC do B do Maranhão deu ao meu texto fadigoso “Exclamações e Interrogações”. blog.jornalpequeno.com.br/johncutrim

Ao tentar desqualificar meu texto usando o adjetivo fadigoso Jerry comete a primeira deselegância. Tenta diminuir seu opositor para com isso ficar em uma posição mais confortável. Tolice. Infantilidade. Não é assim que pessoas evoluídas discutem ideias, Elas usam teses e antíteses, argumentam e contra argumentam. Quando se tem que desqualificar o texto de um oponente em sua forma é porque desmontá-lo e desacreditá-lo em seu conteúdo é mais difícil. Espero que seja o que tenha acontecido em relação ao meu fadigoso texto.

Você diz em seu texto que Lobão Filho é candidato por falta de outro. Isso é verdade. Ele era candidato ao senado e com a desistência de Luís Fernando ele foi alçado na disputa pelo governo. O que não é de modo algum verdade é que Lobão Filho seja um candidato fraco, como você e seu chefe quer fazer as pessoas crerem.

Em campanha a mais de 8 anos, Dino mantinha esperança de o candidato contra si ser o excelente técnico e administrador Luís Fernando, pois assim sabia que a sua vitória estaria praticamente garantida, principalmente se Roseana resolvesse ficar no governo, impedindo que Luís fosse eleito Governador pela Assembleia Legislativa pelo prazo de nove meses, criando assim um fato novo capaz de alavancar sua vitória em outubro.

Realmente ninguém imaginava que essa reviravolta fosse acontecer, mas aconteceu e acabou melando os planos dos dinistas que na nova formatação iriam ter que enfrentar um candidato capaz de em apenas 15 dias de campanha já tinha superado seu antecessor nas pesquisas de opinião de votos.

Dino e Jerry ficaram preocupados e o que está acontecendo agora, são única e exclusivamente os desdobramentos dessa preocupação, é o temor de perder a posição confortável em que se encontravam antes, quando o candidato não lhes metia medo, quando eles nem se importavam em elogiar lhe as qualidades técnicas, pois sabiam que politicamente isso representava pouco ou nada. Com Lobão Filho, eles sabem, a coisa é diferente.

Nunca atingi Flávio ou quem quer que seja de forma desleal ou baixa. No caso de Flávio, reconheço suas qualidades técnicas, seu currículo como advogado, juiz, professor, e como deputado. Acredito até que tenha qualidades para um dia vir a ser governador do Maranhão, só não acredito que já esteja nessa hora, ainda não vejo em que, neste momento, ele possa trazer de bom para o Maranhão, ainda mais acompanhado de quem está. Acompanhado de políticos de altíssimo gabarito e de grande respeitabilidade, honestidade e honradez, (SQN) nomes como os de Zé Reinaldo e Waldir Maranhão para citar apenas dois.

Mas voltemos ao tema original. Pisaram na bola. Fugiram do debate. O que ainda pior, usaram uma desculpa absurda. A velha técnica da vitimização. Coitado de Flávio, tão frágil iria ser destroçado pelos cruéis jornalistas e radialistas da Mirante AM. Não tem que faça alguém que ainda não seja eleitor de Flávio acreditar nessa desculpa.

Veja bem. Helena Heluy me ligou pedindo que eu transmitisse um convite a Edinho para um debate promovido pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Luís que vai acontecer na OAB, reduto reconhecidamente ligado ao candidato comunista.  Sei que o clima neste debate tenderá a ser totalmente desfavorável ao meu candidato, mas como seu amigo e conselheiro dos menos qualificado, sou intransigentemente defensor da ideia de que ele deva ir, que nada tema, que no máximo o que pode acontecer com ele, é ele sair de lá mais respeitado por alguns do que ele entrou. Fugir do dialogo, qualquer que seja ele é uma demonstração de extrema arrogância. Agir assim é o mesmo que insultar aqueles que querem ouvir suas propostas. Tudo bem, essa ação segue uma estratégia, uma linha de raciocínio, mas também rasga um código de ética. Assumam isso. Não dissimulem. Não ajam igual aqueles que tanto condenam e que desejam substituir usando a bela e charmosa bandeira da mudança. Tenham coragem e falem a verdade.

Jerry diz a certa altura: “Somos radicalmente democráticos, com as consequências práticas que daí derivam e dão conteúdo. Inclusive, no respeito às divergências, no debate sempre respeitoso.” Como assim!? Respeito a divergências!?  O que se tem visto é que só está bom pra vocês quando há concordância com vocês! Se há alguma divergência, vocês não aceitam.

Lobão Filho e o governo que o apoia foram criticados com força e veemência nas entrevistas dos outros candidatos, na Mirante AM, mas Flávio não aceita críticas.

Aaahhhh!!!! Jerry… Assim não é nada democrático, meu irmão.

Quanto as tais retaliações, tinha certeza da sua postura, mas de qualquer modo foi bom que você ter esclarecido, assim essas pessoas que não acreditam que vocês sejam capazes de agirem de forma republicana e democrática, que pensam que vocês só sabem agir de forma raivosa e revanchista, pelo menos assim, elas vão ver que, de público, você não agi desta maneira e repudia quem o faz.

 

 

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 ¡Exclamações &¿Interrogações.

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¡Algo de muito estranho está acontecendo na campanha de Flávio Dino ao governo do Maranhão, pois não existe nenhuma razão verdadeiramente consistente para ele se recusar a participar de entrevistas ou debates nas emissoras de rádio e televisão de nossa capital exatamente no momento em que o eleitor precisa resolver em quem votar, logo no momento em que o cidadão precisa decidir quem será a pessoa que irá escolher para representá-lo no governo do Maranhão pelos próximos anos!

Segundo todas as pesquisas realizadas até agora, feitas por um lado ou por outro, o índice de indecisão dos eleitores está acima dos 60%. ¡Significa dizer que seis em cada dez maranhenses, cinquenta dias antes do pleito, ainda não sabe em quem votar!

Recusar mostrar a cara ao eleitor, recusar-se a mostrar suas propostas, suas metas, significa na melhor das hipóteses não querer correr o risco de ser rejeitado por ele. Eleitor indeciso é melhor que eleitor contrário. É assim que pensa e agi quase a totalidade dos candidatos que estão à frente nas pesquisas.

¡Imaginem uma luta de boxe onde um dos contendores teve sorte, encaixou um golpe e levou ao chão o adversário, conseguindo uma vantagem por pontos no primeiro round da luta e passa os outros onze se esquivando, tentando fazer o tempo passar, para ao final ganhar por pontos! ¡Ou um time de futebol que jogando por um empate, fica na retranca, rezando para que o juiz acabe logo com o jogo! É isso que parece estar acontecendo.

¡O risco que corre o boxer fujão é o adversário colocar um golpe certeiro, na ponta do queixo e levá-lo a nocaute! No caso do timeco retranqueiro, o risco é semelhante. ¡Imaginem um lançamento preciso em uma jogada de contra-ataque e um gol nos últimos minutos da partida!

¡As desculpas, para fugir ao debate são as mais diversas. Eles falam de parcialidade, de armação em um conjunto de entrevistas levadas ao ar na rádio Mirante AM, onde todos os representantes dos candidatos concordaram previamente com as regras e até sugeriram mudanças que foram acatadas pela direção da emissora; onde cinco dos seis candidatos compareceram e onde nenhum reclamou da forma com que foi tratado e que puderam falar o que bem quiseram, inclusive tecendo duras críticas ao governo e aos proprietários da emissora! Tem algo errado nisso.

Flávio reclama que foi alvo de todos os candidatos que o antecederam nas entrevistas. ¡Que coisa! Quatro desses cinco candidatos atacaram igualmente ao candidato do governo e nem por isso ele deixou de comparecer ao programa ou pediu qualquer direito de resposta ou coisa que o valha.

¡Ou a direção da campanha de Flávio acredita que o candidato não irá conseguir manter o controle de suas ações em relação a uma ou outra questão, fazendo com que o ouvinte observe alguma inconsistência ou fragilidade em seu discurso, como por exemplo, a sua incapacidade de lidar com opiniões antagônicas, sua pouca paciência, seu ar professoral ou simplesmente pelo desejo de não perder a cômoda vantagem numérica adquirida em mais de oito anos de campanha política e eleitoral!

¡Não querer participar de um debate na TV Difusora porque ela pertence a um dos candidatos é uma desculpa absurda, para quem deseja governar os destinos de todos os maranhenses. Se a emissora fizesse qualquer coisa que prejudicasse algum candidato, acredito que isso ficaria patente frente às câmeras e aquele que por acaso fosse lesado sairia ganhando ao invés de perder. A mídia televisão tem a capacidade de fazer com que as pessoas comuns que a assistem com muita frequência, possam sentir a verdade ou a mentira dita pelas pessoas. Ela pode nos fazer ver se um ou outro candidato tem segurança do que diz ou se o que deseja é nos fazer crer em… “Aparências nada mais!…”

¿Como é que alguém que deseja mudar o Maranhão vai fazer para ser transparente e democrático se não é capaz de conceder uma simples entrevista em uma emissora de rádio, mesmo sendo ela adversária? Imediatamente lembro-me de Fidel Castro, de Hugo Chaves e de Cristina Kirchner.

¿Quer dizer que se Flávio ganhasse a eleição, somente quem concordasse com ele poderia lhe fazer perguntas? Se agora, sem o poder nas mãos, ele destrói a liberdade de imprensa pela fuga e pela ausência, o que faria se tivesse nas mãos o poder maior do Estado?

¿É essa a mudança que as pessoas conscientes, que os bons maranhenses que apoiam esse grupo liderado pelo PC do B, querem ver implantada no Maranhão?

¿O que nós queremos é somente uma panaceia? Um mito? Uma desculpa?

Explico: Panaceia significa remédio milagroso que cura todos os males. Ora bolas! Não precisa ser comunista para não acreditar em milagres. Não existe esse negócio de salvador da pátria. O que há é um Sassá Mutema propagando aos quatro cantos que tem nas mãos o tal remédio que cura os males da inapetência, da omissão, da incompetência e da corrupção… ¿Mas será que esse mesmo remédio cura os males da hipocrisia, da arrogância, da prepotência e da intolerância? ¿Será que essa deusa da cura será capaz conseguir ajuda de sua irmã, a deusa da higiene, para que ela faça uma completa assepsia nos asseclas do candidato Asclépio? Acredito que nem duas deusas seriam capazes destes milagres.

PS: Algumas pessoas têm me aconselhado a não me expor tanto. Para eu não defender com tanta ênfase e com tanta veemência os meus pontos de vista, pois se caso Flávio e seus partidários vencessem a eleição eu iria sofrer muitas e grandes retaliações, que sofreria perseguições, que pessoas ligadas a mim iriam padecer nas mãos dos adversários.

Aqueles que me dizem isso parecem não me conhecer. Primeiro porque não acredito que Flávio vença a eleição. Segundo, caso isso acontecesse e houvesse qualquer retaliação a pessoas como eu, de posição clara e definida, pessoas respeitadas exatamente por sua postura antagônica, mas correta, exercida da forma republicana e democrática, isso seria a prova de que, tudo que foi dito sobre ele e os seus, é verdade. Se assim agissem iriam me dar uma oportunidade única de provar que eu estaria certo em não acreditar em suas propostas de mudança.

¡¿Mudança!?

¿¡Que mudança?!

 

 

 

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impeachment!?

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Depois de ter visto o Jornal Nacional na segunda-feira, 11 de agosto, fui me informar sobre o assunto para tentar analisar os fatos sob a luz do bom senso.
Uma contadora ligada ao doleiro que é personagem principal em várias denúncias de crime Brasil afora, deu depoimento na policia federal onde conta que teria acontecido uma reunião para tratar do pagamento de propina pela liberação de precatórios devidos à Constran e que nesta reunião estariam presentes assessores graduados do governo do Maranhão. Tal notícia foi divulgada no Jornal Nacional e levou a crer que os funcionários citados estariam envolvidos em conluio para lesar o nosso Estado.

Acontece que a depoente citou o nome de uma pessoa que no organograma administrativo do governo não tem nenhuma ligação com o pagamento de precatórios. Essa pessoa que é responsável pela gestão do Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria do Estado do Maranhão, quando procurada pela emissora, disse que foi convidada a participar de uma reunião e que nela, indagada sobre assuntos relacionados ao FEPA, disse apenas que os recursos deste fundo só poderiam ser depositados ou investidos em bancos oficiais. Em que isso se relaciona a precatórios?

Esses fatos levam a crer que na citada reunião, acontecida no Gabinete Civil do Estado do Maranhão, em horário de expediente, não foi tratado nenhum assunto sobre precatórios e sim sobre fundo de pensão, e mais, que a posição dos membros do governo teria sido contrária a qualquer negócio envolvendo o FEPA, principalmente com bancos privados.

A depoente mistura os assuntos, não sei se de propósito; a polícia federal não os esclarece, não sei se propositalmente; a emissora responsável pela matéria jornalística, agi de forma desleixada, querendo apenas noticiar um fato sem que antes investigue se o que apresenta ao telespectador é a verdade ou uma mera versão oportunista. Misturar dois assuntos tão distintos é pura má fé! Ou da depoente, ou da PF ou da TV Globo. Estava então criada uma grave crise.

O tal doleiro foi preso em São Luís, mas antes disso, segundo a reportagem, teria trazido para o Maranhão uma quantia enorme de dinheiro em duas malinhas de mão. Acredito que quando essas malas passassem pelos raios x dos aeroportos, o dinheiro dentro delas, teria sido detectado! Mas pode ser que o sujeito tenha vindo de avião particular… Se a PF sabia que havia dinheiro de corrupção naquelas malas por que não as confiscou ou as seguiu o tempo inteiro?

Eu até acho que sou um bom ficcionista e posso imaginar mil formas de desenvolver um conto ou um roteiro onde essa estória mas isso é um problema para a PF, não para mim, um Sherlock amador. Há no entanto ainda um fato inacreditável! A reportagem afirma que um dos envolvidos deixou na recepção de um hotel de nossa capital, uma caixa supostamente contendo dinheiro, e que somente três dias depois, a tal caixa teria sido resgatada por um funcionário do Governo. Puxa vida! Deixar uma bolada de dinheiro em uma caixa, na recepção de um hotel e ela só ser retirada dias depois de ser deixada, é demais até mesmo para roteiristas como Tarantino ou Woody Allen.

No meio do depoimento a tal contadora diz que foi entregue certa quantia em dinheiro a um assessor da governadora e que este reclamou da pouca quantidade, dizendo que iria falar com a chefa. Ora bolas! Macacos me mordam! Acredito que esteja clara a intenção de quererem envolver o nome da governadora, mesmo sabendo que não há a menor possibilidade de ligá-la a esse caso.

Os esclarecimentos prestados pelos funcionários do Governo do Maranhão citados na precipitada reportagem de televisão, reprisada nos dias subsequentes nos noticiários da emissora, com o mesmo estardalhaço, dão conta de que o que foi dito pela depoente e narrado na matéria de TV não é verdade.

Segundo tais esclarecimentos, nunca aconteceu nenhuma reunião clandestina entre a Constran e membros do governo; O pagamento do precatório a essa empresa obedeceu ao cronograma estabelecido pela justiça que homologou todos os procedimentos da Procuradoria Geral do Estado, com a devida anuência do ministério público e da justiça; Que a Constran, através de seus advogados estiveram sim com representantes do governo para tratar do pagamento do precatório, como faria qualquer credor do Estado; Que a negociação transcorreu com correção e lisura e foi benéfica ao erário estadual, o pagamento efetuado em vinte e quatro parcelas e tendo havido uma economia de quase trinta milhões de reais.

Se não havia como beneficiar a Constran, se o cronograma de pagamentos dos precatórios não foi desrespeitado, se houve o parcelamento e o barateamento da dívida do Estado, se a empresa credora não foi irregularmente beneficiada, por que ela iria pagar propina a qualquer membro do governo?

Não há motivo causal claro ou consistente que comprove ter havido alguma irregularidade relacionada ao pagamento desses precatórios. Sem provas fortes e substanciosas é impossível, a luz do bom direito ou do bom jornalismo envolver o governo nessa armação. Já na política baixa e no jornalismo barato que tem sido praticado nesse país, acusações torpes acontecem antes que se apure a veracidade dos fatos.

Tentar construir um caso bombástico usando um depoimento de uma pessoa amparada pela lei da delação premiada, onde ela envolve sem nenhuma consistência ou prova o nome da Governadora Roseana Sarney, e querer com isso fazer um impeachment!… Isso já é demais.

Acusar é fácil. Destruir reputações de pessoas reconhecidamente sérias como a de Helena Maria Cavalcanti Haickel, que sempre trabalhou no sentido de construir uma vida correta e ilibada, é fácil. As pessoas que tentarem destruir essas reputações e essas vidas devem ser responsabilizadas e punidos, civil e criminalmente, da mesma forma radical, como exigem seja feito com aqueles que acusarem injustamente.

PS: Algumas vezes aqui, neste mesmo espaço, tenho criticado alguns posicionamentos da governadora Roseana Sarney no que tange a sua forma de agir politicamente, mas não acredito em qualquer envolvimento dela em ato de corrupção.

Clique aqui e veja alguns documentos sobre o assunto

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A morte prematura e trágica de Eduardo Campos…

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A morte prematura e trágica de Eduardo Campos tira do povo brasileiro um jovem e brilhante guerreiro, que acima de suas ideias e sua ideologia, independentemente de suas concepções políticas ou partidárias, lutava claramente por um Brasil melhor, colocando-se na linha de frente na batalha dos enfrentamentos dos problemas da nação.

Perde o Brasil, perde o Nordeste, perde Pernambuco, mas perde principalmente sua família, a quem ofereço as minhas condolências, certo de que Eduardo cumpriu fielmente o papel que o destino lhe reservou.

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Atravessando a ponte

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O texto abaixo me foi enviado por minha ex-mulher, a artista plástica, Ivana Farias. Ela encontrou-o vasculhando sites de livros e leituras http://www.skoob.com.br/livro/400669-a-ponte, e mandou para mim. Obrigado Vanvan, você me deu o quinto melhor presente desse dia dos pais de 2014. O primeiro foi o vídeo maravilhoso feito por minha filhota Joama; O segundo foi um abraço dado por nossa filha Laila; O terceiro foi a mensagem de Ananda, direto da Terra do Fogo; O quarto foi a feijoada comemorativa da data na casa de minha mãe; O quinto e não menos importante foi saber notícias de “Dona Sucoro”, como carinhosamente a chamava Tiago, uma espécie de empregado-filho que tive por alguns anos na TV Maranhão Central, em Santa Inês.

Tiago e Socorro desde cedo formaram uma linda e honrada família, baseada nos bons princípios e no trabalho.

Tiago aprendeu fazendo. De cinegrafista e editor, daí para diretor de TV, depois para diretor de operações. Hoje é sócio de um canal de televisão em Santa Inês e deve isso a três importantes fatores: Ter trabalhado em uma escola e ter estudado em um trabalho (fico honrado em ter podido propiciar isso a ele em nossa empresa); Ter escolhido uma mulher que o levou a crescer na vida, dando a ele toda a tranquilidade para mostrar o que de melhor tinha nele, sua perseverança; E por ser boa pessoa e um sujeito honesto.

Li o que escreveu “Dona Sucorro” e fiquei emocionado. Vez por outra a nossa vida nos prova que sermos verdadeiros tem uma vantagem inestimável, nos faz ser vistos e sentidos pelas pessoas da forma que realmente somos.

Obrigado Socorro. Abraço em Tiago. Diz pra ele não deixar de ensinar para as pessoas tudo que sabe, que o conhecimento que ele adquiriu na vida só serve para ele se ele passá-lo adiante, que o que ele aprendeu na vida e no trabalho ele não deve levar para o túmulo. Beijos nas crianças que já devem ser bem grandes.

J.H.

 

Atravessando a ponte
Acompanho Joaquim Haickel desde 1989 quando ele era, então, patrão do meu marido.

A princípio chamou-me atenção a relação patrão/empregado pouco comum entre os dois. Parecia mais uma relação de amor e ódio.

Ora Joaquim ligava muito cedo para minha casa para falar com meu marido e, ao atendê-lo, a ele tecia elogios inacreditáveis de se ouvir de um patrão, ora dizia xingamentos raivosos e incompreensíveis… eu era espectadora daquela convivência conflituosa.

Do outro lado meu marido ora era só adoração pelo patrão/ídolo, ora era só destempero e berros ao telefone como um empregado jamais, em tempo algum pode tratar um patrão.

E assim eles seguiam até que a vida os distanciou por completo. Não brigaram, apenas se afastaram depois de rompido o vínculo patrão/empregado. Uma pena.

Desde sempre percebi que Joaquim Haickel não era um tipo comum. Ele mandava pegar na minha locadora seis filmes pra ver numa só noite quando pairava por essas bandas… Mesmo antes de me conhecer, falava comigo ao telefone como se tivéssemos crescido juntos.

Sua pessoa despertou-me interesse e curiosidade e fiquei orgulhosa de observar seu nome no meu velho exemplar da Constituição Brasileira. Deputado constituinte. Político que fez história.

Depois descobri que também era escritor e que amava cinema e uns anos mais tarde, esperando para ser atendida em um consultório médico, folheando uma revista o vi vestido de chef ensinando uma receita à base de babaçu. Que criatura surpreendente esse menino do Pindaré, esse filho do bom e velho Nagib.

Nos honra, a mim e com certeza ao meu marido, ter caminhado um bom pedaço do nosso caminho tão perto dele.

Dia desses, também por acaso lendo um velho jornal descobri sua explícita e apaixonada admiração por Sebastião Moreira Duarte. Que coincidência das melhores! Sebastião, como se diz lá no sertão, é lá de nós. Olho D’agua do Melão, terra onde ele nasceu, é a terra do meu avô e do meu pai. Cajazeiras, onde ele estudou, eu nasci em 1966!

Acho que minha mente, eterna admiradora do estilo Joaquim Haickel de ser, fica buscando pontos de intersecção entre minha existência e a dele.

Esse texto, que já está ficando grande demais para o meu gosto (não gosto de conversa comprida) não é pra falar do escritor. Imagina se fosse!

A intenção a princípio era comentar a obra A Ponte.

Tenho esse livro na minha humilde biblioteca desde 1991 com uma singela dedicatória “para Tiago e Socorro com amizade” . Está lá na minha estante entre Dayle Haddon e Milton Hatoum. Hoje resolvi relê-lo depois de mais de vinte anos.

Foi um prazer. Literalmente. Se na literatura tivesse aquelas relações familiares próprias das religiões afro eu diria que Joaquim Haickel é um autêntico filho de Eros.

São contos deliciosos de serem lidos e impossíveis de não serem imaginados numa linguagem cinematográfica como têm sido apresentados ultimamente pelo autor. Tal qual Chico Buarque evoluiu da música para a literatura, Joaquim Haickel o fez da literatura para o cinema. Há caminhos que desde sempre estão traçados. Pois é.

São histórias do Pindaré, de São Luís, histórias de brigas, de piadas, de chifres, de prostituição, de amor, (em todas as suas formas), de pessoas e acontecimentos diversos no conteúdo e no tempo, tudo contado de um jeito ágil, rápido, ansioso e ao mesmo tempo romântico, escandaloso, surpreendente e inesperado como se a alma do autor pontuasse todas as linhas.

E chega de conversa. Continuarei, mesmo de longe, espiando Joaquim Haickel, lendo seus textos, vendo seus curtas. Dele, tenho sempre uma certeza: vai me surpreender!

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A Direita e a Esquerda

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Dia desses estava conversando com dois bons amigos meus, um que se diz de esquerda e outro que se assume de direita e pude constatar que eles têm sérios e fortes dilemas sobre essa dicotomia, pois não conseguem entender as nuances e diferenças que existem entre uns e outros posicionamentos circunstanciais da política, nem aceitar as idiossincrasias consequentes destas posições.

Os jovens sempre foram levados a pensar que bonito é ser de esquerda, que esta posição é mais nobre que a outra, que há mais verdade deste lado. Os mais velhos são guinados a se posicionar à direita do cenário, pois o tempo e a experiência os fazem mais ponderados.

Naquele dia a discussão ficou acalorada e os dois se exaltaram a ponto de se alfinetarem. Imagino que muita gente passe pela mesma dificuldade deles em entender claramente esse assunto.

Afinal, o que é ser de direita e de esquerda?

Para nos ajudar a entender se alguém é de esquerda ou de direita podemos usar uma questão simples do dia a dia, como a polêmica sobre o estabelecimento de cotas raciais em vagas nas universidades ou no serviço público, por exemplo. É claro que o resultado dessa análise não estabelece uma classificação rígida – você pode concordar com algumas propostas e posicionamentos de esquerda e também concordar com outras de direita e vice-versa, mas estas são pistas muito esclarecedoras sobre o projeto de sociedade defendido por alguém de um ou de outro lado.

Saber o que significa ser de esquerda ou de direita é importante para que façamos nossas escolhas políticas com consciência. Identificar o posicionamento político de alguém ou de nós mesmos é muito mais complexo do que a mera observação de sua condição social, como se aqueles que têm uma boa situação financeira fossem necessariamente de direita e aqueles que vivem menos confortavelmente fossem necessariamente de esquerda.

Vejamos algumas situações que segundo os teóricos definem os posicionamentos de cada um dos lados.

Você será qualificado como sendo de esquerda se for a favor da inclusão social; caso acredite que todos devem ter acesso às oportunidades, independentemente da classe social ou nível de riqueza; for a favor da distribuição de renda; se acreditar que deva se distribuir o dinheiro público entre todas as pessoas; for a favor de serviços públicos bons e acessíveis a todos, de forma gratuita ou subvencionada. Se for a favor de educação e de saúde gratuita pra todo mundo; for a favor de uma reforma agrária radical, inclusive em terras que estejam produzindo; for a favor da defesa intransigente do meio ambiente, de tal modo que se oponha a qualquer projeto de desenvolvimento que agrida o meio ambiente; for a favor da descriminalização do uso da maconha e do aborto…

Você será tido como de direita, se for a favor da livre empresa, do acúmulo de capital; se for a favor de que as pessoas possam ficar ricas conforme sua honesta capacidade para assim o ser; for a favor da meritocracia e do livre comércio; for a favor de que as pessoas tenham acesso a emprego e renda e ao sucesso financeiro, sem a intervenção direta do poder público; caso seja a favor da desestatização, de serviços oferecidos por empresas privadas, de que o estado não seja operador nem administrador dos serviços que devam estar à disposição dos cidadãos, apenas sendo o poder público seu fiscalizador; for a favor da reforma agrária, mas apenas em terras ainda não cultivadas ou destinadas especificamente para esse fim; for a favor de regulamentos que possibilitem haver desenvolvimento, mesmo tendo que agredir um pouco o meio ambiente, destinando compensações para que isso aconteça; for contra a liberação do uso da maconha e o aborto…

Não se assuste se você descobrir que é a favor de coisas que o tornam uma pessoa de esquerda, ao mesmo tempo em que o classificam como sendo de direita. É que os itens que estabelecem essas posições nada mais são do que formas e caminhos para que atinjamos a tão sonhada felicidade e tudo o que é necessário para realizar os ideais de paz e justiça social. Você e eu podemos trilhar esses caminhos livremente, usando os da esquerda e os da direita. Os políticos não…

Esquerda e direita, por si só, não são partidos políticos. São as ideias que determinam se eles são de esquerda ou de direita. A maioria de nós não sabe o que é isso e saber realmente acrescenta muito pouco no final das contas.

Nos Estados Unidos da América, uma das maiores e mais sólidas democracias do planeta, uma nação poderosa composta por uma sociedade bem alicerçada, o que as pessoas querem? Elas querem ser bem lideradas, querem suas disputas resolvidas, seus acordos respeitados, seus trabalhos garantidos, seus criminosos punidos. Querem suas vidas regulares e regularizadas. Quem as lidera no sentido de que consigam o que desejam e precisam, ganha o poder. Isso é a democracia, um pacto, tácito e elementar.

Lá existem muitos partidos, mas apenas dois são realmente importantes. Mesmo assim, eles têm uma das mais poderosas e estáveis democracias do mundo. De um lado, os Democratas, que pelas avaliações citadas anteriormente é um partido de esquerda, e do outro o Partido Republicano que por esses mesmos parâmetros é de direita.

Acontece que eles são tão parecidos que muito pouca coisa é visível para a grande maioria da população americana. Para nós, estrangeiros, são poucos os que conseguem entender como é possível haver tanta disputa com tanta semelhança entre suas ideologias e seus dois partidos.

Existem outras coisas que são muito mais importantes para a definição de nosso posicionamento, não só político no sentido estrito, partidário, mas em lato sensu, para que você possa saber como se relacionar com a sociedade e como ela interfere na sua vida, na de sua família e de todos nós. Entre estas coisas está o bom senso, o discernimento. Isso é mais importante que qualquer argumento político.

Não importa se você ou eu sejamos de direita ou de esquerda. O que realmente importa é que ficando de um lado ou de outro, busquemos os caminhos que nos levem verdadeiramente a dias melhores, não importando se eles estão nessa ou naquela latitude. O que importa é que eles sejam reais, verdadeiros, que não sejam meras plataformas de campanha eleitoral.

 

 

 

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Reflexões de um pai judeu sobre Gaza

Gustavo Ioschpe

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/reflexoes-de-um-pai-judeu-sobre-gaza

 

Eu vou todos os anos para Israel. É um país incrível. Tem a 25ª mais alta renda per capita do mundo, com 36.000 dólares ao ano, à frente da média da União Europeia e mais de três vezes superior à brasileira (11.000 dólares ao ano). Já ganhou doze prêmios Nobel – tem mais prêmios Nobel por habitante do que a Alemanha, Estados Unidos e França. Israel tem excelentes museus, uma das melhores orquestras filarmônicas do mundo, grandes cineastas (Amos Gitai, Dror Moreh, Ari Folman), escritores magistrais (Amos Oz, David Grossman, S.Y. Agnon, A.B. Yehoshua…), músicos fantásticos. Apesar do seu tamanho minúsculo, é o terceiro país com mais empresas listadas na Nasdaq, a bolsa de empresas de tecnologia, atrás apenas dos EUA e da China. O primeiro serviço de instant messaging, ICQ, é de uma empresa israelense. O Waze também. A Teva, maior empresa do mundo de medicamentos genéricos, é de lá. O país tem grandes restaurantes, um Parlamento vibrante, vida noturna intensa. Tel Aviv poderia ser colocada em qualquer país europeu e o turista não saberia a diferença.

Que tudo isso tenha sido gerado por um país de 20 mil quilômetros quadrados (um pouco menor que Sergipe) fundado em 1948 já seria surpreendente; tendo acontecido sob constantes ataques em guerras e atentados terroristas e acolhendo milhões de imigrantes ao longo de décadas, é algo que aqueles com pendores religiosos poderiam chamar de milagre. Cercado por todas essas opulentas vitórias e conquistas, é perdoável que os visitantes estrangeiros e os próprios israelenses não consigam fazer o esforço sobre-humano de notar que, mantido o atual caminho, o país ruma para o suicídio.

Conflito — A atual campanha de Gaza apenas reforça alguns pontos nos quais acredito há muitos anos. Primeiro: Israel não pode vencer o conflito com os palestinos militarmente sem que se torne um pária entre as nações. Porque a única maneira militar de acabar com o terrorismo dos radicais do Hamas seria dizimar todo o povo palestino.  Algo inconcebível. Enquanto houver palestinos vivos, eles vão querer ter um Estado – uma aspiração que o povo judeu, apátrida por dois milênios, certamente entende bem, e cuja legitimidade é inquestionável.

Eu acompanho esse conflito com lupa há pelo menos vinte anos. Já nem me recordo mais a quantidade de vezes que os comentaristas militares israelenses e seus apoiadores disseram que uma certa ação militar ou o assassinato de um líder do Hamas (Yehia Ayash, Ahmed Yassin, Abdel Aziz al-Rantissi, Salah Shahade, Ahmed Jaabari) daria o “golpe definitivo”.  Mas o enredo é sempre o mesmo: centenas ou milhares de palestinos inocentes são assassinados, casas são destruídas, mísseis explodidos, soldados e civis israelenses morrem e, assim que as operações acabam, a preparação para o próximo conflito começa. Com um saldo sempre negativo para Israel. A operação Chumbo Fundido, de 2008-09, matou entre 1.166 e 1.417 palestinos e treze israelenses.

A operação atual, no momento em que escrevo essas linhas, já custou a vida de 1.492 palestinos e 66 israelenses, além de um soldado sequestrado. A imagem internacional do país se deteriorou sensivelmente de lá pra cá. Chama a atenção que os defensores dessa operação não percebam a sua inutilidade: Israel está usando todo o aparato bélico de que o século XXI dispõe para…enterrar túneis (?!). Túneis que podem ser feitos com pás e um pouco de cimento e que certamente começarão a ser cavados novamente assim que o conflito terminar. É óbvio que Israel precisa se defender dos foguetes e não permitir túneis adentrando seu território, como é óbvio não ser possível eliminá-los militarmente.

Guerrilha –– Muito tem se escrito, nos últimos dias, sobre a indecência do comportamento do Hamas, que estaria vitimando seus concidadãos de propósito para danificar a imagem de Israel. Do outro lado, há aqueles que acusam Israel de “genocídio” e imaginam que o objetivo da ação é matar o maior número possível de palestinos. Não pretendo me ater a teorias e gostaria de ficar no terreno do que considero obviedades. A primeira é que, se os palestinos não podem ter Exército e não conseguem obter concessões pela via da negociação, sua arma será o terrorismo, por não terem outra. A segunda é que terroristas são o que de pior a humanidade produz, e os militantes do Hamas, e sua ideologia, são asquerosos, racistas, desumanos, torpes. A terceira, derivada das duas acima, é que um Exército nacional não pode lutar contra e vencer uma milícia terrorista sem que adote suas táticas, coisa que um Exército nacional não pode fazer. É por isso que os americanos não ganharam no Vietnã nem os franceses na Argélia, e é por isso que o exército israelense não ganhará em Gaza, se por “vitória” entendermos uma ação militar que gere uma paz duradoura.

Não entendo essas pessoas que ficam apontando as atrocidades do Hamas. Ninguém, em sã consciência, acha que essa é uma organização digna e honrada. O que essas pessoas esperam? Que ao denunciar as vilezas do Hamas seus militantes comecem a guerrear de acordo com as Convenções de Genebra?! Não vai acontecer. Que a população de Gaza se insurja contra o Hamas e entenda as razões israelenses para matar centenas de mulheres e crianças, e aceitem o bloqueio marítimo, terrestre e aéreo que Israel impõe a Gaza de maneira resignada? Não vai acontecer. Que a comunidade internacional aceite a morte de centenas de inocentes porque os militantes do Hamas estão jogando foguetes contra cidades israelenses? Não vai acontecer.

O segundo fato, portanto, que essa operação deixa claro é que o problema israelo-palestino precisa ser resolvido na mesa de negociação. Essa, aliás, é a única forma de derrotar o Hamas: mostrar aos palestinos que o terrorismo não leva a nada e que o caminho dos moderados traz resultados. Aqui os defensores de Israel repetem mais uma frase sem sentido, que vem dos partidos da direita israelense: a de que não há parceiro para a paz, de que os palestinos não reconhecem a existência de Israel, de que todos os árabes – ou todo o mundo, dependendo do nível de paranoia do interlocutor – quer jogar os judeus ao mar. Assim sendo, não há nada a fazer, além daquilo que os militares israelenses chamam de “aparar a grama”: ações militares periódicas que causam bastante morte e destruição e retardam em alguns anos o fortalecimento das milícias palestinas. (Esse linguajar desumano, inaceitável, já é um indício de uma brutalização da sociedade israelense e de grande parte da comunidade judaica, que comento a seguir).

Pra ser sincero, acho essa visão equivocada. Ela emana do pecado original do sionismo: a ideia, difundida nos primórdios do movimento, de que a criação do Estado judeu na Palestina histórica era dar “um povo sem terra para uma terra sem povo”. Ocorre que a segunda metade da frase é falsa: havia milhares de palestinos morando, há séculos, nas terras sagradas do judaísmo. Eu entendo perfeitamente que um povo perseguido por milênios e tendo recentemente saído do Holocausto não tenha podido demonstrar empatia para com o sofrimento dos palestinos naquela época – mas não hoje. Também entendo que os palestinos não tenham aceitado a presença judaica em terras que percebiam como suas. Como bem disse David Ben-Gurion, primeiro premiê israelense: “Se eu fosse um líder árabe, eu jamais assinaria um acordo de paz com Israel. É normal, nós tomamos o país deles. É verdade que Deus prometeu-o a nós, mas o que eles têm a ver com isso? Nosso Deus não é o deles. O único que eles veem é: nós viemos aqui e roubamos o seu país. Por que eles deveriam aceitar isso?”

História — Os palestinos e os vizinhos árabes cometeram um erro histórico ao não aceitar o plano de partilha da ONU em 1947 e declarar guerra a Israel em 1948. Pagaram por esse erro com uma derrota fragorosa, exílio e morte, naquilo que chamam de “Naqba” (“Catástrofe”), e continuam pagando até hoje. Em 1947 eles lutavam por 100% da terra. Agora lutam por apenas 22%, a área correspondente à Cisjordânia e Faixa de Gaza.  A ideia de que não há parceiro do outro lado deriva da ideia de que os palestinos rejeitaram ofertas “generosas” de Israel, que previam a devolução de até 95% dos territórios ocupados. Mas mesmo para os palestinos moderados, qualquer coisa que não seja a totalidade dos 22% que lhes restaram é um insulto. Não haverá paz enquanto todos os territórios não forem devolvidos.

Há várias propostas na mesa que chegam muito perto do fim do conflito, como o que foi negociado em Taba em 2001, a Iniciativa de Genebra de 2003, a proposta da Liga Árabe de 2002. Creio que um governo israelense com respaldo popular para chegar a um acordo conseguiria concluí-lo em poucos meses de negociação. A questão que parece mais espinhosa é provavelmente o direito de retorno dos refugiados palestinos, mas ao contrário do que os radicais israelenses espalham, 90% dentre eles não querem voltar para o Estado judeu, e sim para um eventual Estado palestino. Se você tem dúvida sobre a confiabilidade da informação, vale dizer que ela foi auferida por um pesquisador palestino que, ao divulgá-la, teve seu escritório depredado por seus conterrâneos radicais (esse dado, assim como todos os outros mencionados ao longo deste artigo, estão disponíveis em twitter.com/gioschpe).

Cenário — Creio que a maior oposição a um acordo justo e duradouro venha do atual governo israelense, que acredita na manutenção do status quo, talvez desejando que em algum momento os palestinos desistam de suas aspirações ou que alguma mudança radical aconteça no Oriente Médio (muitos ainda imaginam que algum dia será possível fazer um Estado palestino na Jordânia…). Creio que quem analisa os dados friamente, e não através do prisma do pensamento mágico, haverá de concluir que a passagem do tempo é altamente contrária ao interesse israelense. Por quatro motivos: demográfico, geopolítico, sociológico e de relações internacionais.

Demográfico: em Israel, hoje, aproximadamente 75% da população é judia e 21% é árabe. Dentro da população judia, os ortodoxos representam 10% do total. Mas, devido ao diferencial de fertilidade – 7 filhos por mulher ortodoxa versus 2,3 para as judias não-ortodoxas – hoje os religiosos são 20% da população judia com menos de 20 anos. Em 2050, a projeção demográfica é de que os religiosos representem 30% da população judia. Os árabes israelenses também têm fertilidade mais alta do que os judeus não-religiosos: 3,5 filhos por mulher, versus 3,0 para a população judia como um todo. Ou seja, a proporção de árabes e ortodoxos aumenta e a de judeus não-religiosos diminui. Se já é difícil chegar a um consenso hoje, imagine quando talvez a maioria da população for composta de judeus ortodoxos e árabes. Além disso, há a população palestina nos territórios ocupados. Se a incluirmos, hoje temos aproximadamente 12 milhões de pessoas vivendo entre o rio Jordão e o Mediterrâneo. 52% desses são judeus e 45% árabes. Segundo o demógrafo Sergio Della Pergola, da Universidade Hebraica de Jerusalém, essa proporção se inverte em poucos anos; em 2030 os palestinos representarão 56% da população. Imagine se a Autoridade Palestina se dissolver e Israel voltar a ter controle legal sobre toda essa população…

Geopolítico: hoje Israel consegue manter o status quo porque os Estados Unidos oferecem apoio diplomático – vetando sanções no Conselho de Segurança da ONU, por exemplo – e militar. Com o fim da Guerra Fria, caiu a razão estratégica para o apoio americano. Com a descoberta do gás de xisto americano e a reduzida dependência deste país do petróleo do Oriente Médio, a razão econômica também se enfraqueceu. Resta a motivação da política interna, com a pressão da comunidade judaica e, em menor escala, evangélica em favor de Israel. Mas, como mostram críticos como Peter Beinart, o apoio da juventude judaica americana a Israel é menor do que a da geração de seus pais. Mas mesmo que, apesar de todos esses fatores, o apoio americano continue firme e forte (o que me parece improvável), é difícil que ele seja suficiente em um mundo que caminha para a bipolaridade, com a China ocupando o posto de maior economia mundial. A China não tem, nem nunca teve, uma comunidade judaica expressiva. Não é, nem nunca foi, uma democracia. Com 69 carros por 1.000 habitantes (vs. 786 nos EUA) e poucas reservas de petróleo, é difícil de se imaginar que a China irá se alinhar com Israel e não os países árabes. No próprio Oriente Médio, a Primavera Árabe foi mais um sinal de alerta. Quando as populações árabes depuseram seus ditadores militares, em alguns casos escolheram movimentos radicais islâmicos em seus lugares. Quando o Egito foi governado pela Irmandade Muçulmana, houve grande cumplicidade entre o presidente Mursi e o Hamas, incluindo o tráfico de armas. Se a situação de hoje é difícil, o que acontecerá se o Egito voltar a ser governado pela Irmandade, o Líbano pelo Hezbollah, a Síria e o Iraque pelo Isis?

Sociológico: a ocupação militar de outro povo corrói uma nação democrática. É difícil se imaginar que um jovem israelense passe três anos (o período do serviço militar obrigatório para os judeus israelenses; mulheres servem dois anos) suprimindo a liberdade alheia e depois transforme-se em um democrata exemplar. O filósofo israelense Yeshayahu Leibowitz escreveu essas palavras proféticas em um ensaio de 1968, enquanto a população israelense ainda estava embevecida com as conquistas territoriais do ano anterior: “Um Estado dominando uma população hostil de [à época] 1,5 a 2 milhões de estrangeiros necessariamente se tornará um Estado policialesco, com todas as consequências que isso traz para a educação, liberdade de expressão e instituições democráticas. A degeneração característica de todo regime colonial também prevalecerá no Estado de Israel.” Assim está sendo. Atualmente, manifestantes contrários à campanha de Gaza têm sido espancados por militantes de direita e até presos pela polícia. Os apoiadores da ação militar vão às ruas cantando, abertamente, “Morte aos árabes!” e “Morte aos esquerdistas!”. Não é preciso um PhD em Ciência Política para saber que esse ódio e sectarismo são sinais de uma profunda falência democrática, normalmente vista apenas em períodos pré-convulsão civil.

 

Heitor Feitosa/VEJA.com/VEJA.com

O economista Gustavo Ioschpe

Comunidade internacional — Por último, e talvez mais importante, Israel está virando um pária aos olhos da comunidade internacional. É o único país que domina outra população, e é a única democracia ocidental que desrespeita leis internacionais, impõe bloqueios a outro povo, causando enormes dificuldades e sofrimento desde 1967. Muitos judeus veem nesses ataques da opinião internacional o espectro do antissemitismo e até do nazismo, como se criticar o governo israelense fosse sempre uma versão sublimada de ódio antissemita. Discordo, mas não vou entrar nessa discussão. Atenho-me ao fato: a percepção de Israel na comunidade internacional está em queda livre desde a segunda intifada. Já há vários países, ONGs, universidades e igrejas que boicotam o país e incentivam seus membros a não comprar produtos ou ações de companhias israelenses.

Para um país minúsculo em estado de conflagração com quase todos os seus vizinhos, é impossível para Israel manter o seu nível de desenvolvimento caso as sanções da comunidade internacional evoluam para um boicote do estilo imposto à África do Sul da época do apartheid. Pode ser que os esforços propagandísticos do governo israelense surtam efeito, mas eu duvido fortemente que – por mais que o Hamas seja odiado – a comunidade internacional tolere a morte e as privações que as ações israelenses vêm impondo aos civis palestinos.

Israel — Quero concluir com uma experiência muito pessoal. Nessas férias de julho, minha mulher, israelense, foi com nossos filhos visitar sua família, perto de Tel Aviv. Eu não pude ir, por motivos de trabalho. Eles chegaram lá no segundo dia da operação em Gaza e ficaram por duas semanas. Como os que me leem devem saber, considero-me um racionalista, humanista e pacifista. Desde a adolescência. Pois quando minha mulher me contou que teve de ir, junto com os nossos filhos, para um abrigo antiaéreo para se proteger dos foguetes do Hamas, durante algumas horas eu pensei com o fígado, e tive vontade de que o exército israelense despejasse sobre Gaza todo tipo de armamentos, nas quantidades que fossem necessárias, para que os foguetes parassem de cair e eu pudesse ter os meus de volta e em segurança.

Comecei a sair desse estupor ao ver o indescritível sofrimento de pais e familiares que tiveram seus filhos destroçados pelos mísseis que eu desejara que caíssem sobre eles. Antes de ser um judeu sionista sou um ser humano, e por ser humano e pai consigo sentir a dor que acomete um pai que precisa viver como realidade aquilo que, como um mero temor, já me causara tamanha angústia. Se eu tive esse acesso de bile mesmo morando a milhares de quilômetros de distância e tendo familiares no conflito por duas semanas, posso imaginar como se sentem os israelenses que passam por isso, constantemente, há anos. E, ainda mais, o que passa pela cabeça dos habitantes de Gaza, cujo sofrimento é infinitamente maior. Consolidou-se em mim a crença de que esses dois povos, sozinhos, não conseguirão superar seus ódios e medos e chegar a um acordo de paz justo e duradouro.

Caminhos –– Hoje, acredito que Israel tem apenas três alternativas. A primeira é seguir o caminho atual, e confiar em sua supremacia militar e na aliança com o poder hegemônico. Esse é um caminho que, no curto prazo, vai levar apenas a mais conflito, mais mortes, mais isolamento externo e rupturas internas. No longo prazo, tende a levar a um segundo Holocausto. Quem conhece História sabe que o atual atraso econômico e militar do mundo árabe é uma aberração. Enquanto as potências ocidentais de hoje chafurdavam nas trevas da Idade Média, povos árabes representavam a vanguarda do conhecimento e da riqueza. Voltemos mais alguns milênios no tempo e veremos os judeus como escravos do faraó egípcio. Em algum momento esse pêndulo há de fazer o movimento inverso; se a vida dos israelenses depende apenas da supremacia tecnológica, o fim desta trará a extinção daquela.

Os outros dois caminhos envolvem um acordo de paz sendo imposto pela comunidade internacional. Minha única dúvida é se essa imposição virá dos amigos de Israel ou de seus inimigos. Se vier dos inimigos significará que o país foi subjugado pela pressão/boicote internacional. Para chegar a esse ponto, significará que Israel perdeu todo seu apoio internacional. O conflito interno será tremendo, e os termos de um acordo com os palestinos e demais países árabes serão francamente desfavoráveis aos israelenses, talvez exigindo reparações financeiras exorbitantes, perda de território, incorporação de refugiados. Talvez nesse cenário o país sobreviva, mas duvido que como uma democracia plena, com pujança econômica.

O terceiro cenário é aquele em que um acordo de paz é estimulado pelos amigos de Israel, notadamente os Estados Unidos e a comunidade judaica internacional. Esse seria um acordo em uma posição de força, que permitiria um entendimento justo e o fim das hostilidades, e liberaria Israel para continuar seu caminho de desenvolvimento econômico e social. Entendo que muitos judeus e sionistas não-judeus acham que o melhor que podem fazer por Israel é dar apoio incondicional a qualquer ação de qualquer governo. Respeito essa opinião, apesar de saber que aqueles que a professam provavelmente não respeitam a minha. Mas gostaria de, respeitosamente, discordar. Pessoas tomam péssimas decisões sobre suas vidas, e países, mesmo democráticos, também escolhem líderes errados e políticas ineptas. Algumas pessoas acham que os verdadeiros amigos apoiam qualquer sandice e são só elogios. Já eu acredito que os verdadeiros amigos são aqueles que criticam quando acreditam que a crítica é necessária, que falam as verdades duras. Hoje eu acredito que aqueles que apoiam uma política cujo resultado é a inércia diplomática e o crescimento exponencial de cadáveres de inocentes são os que, inadvertidamente, enterram a paz e levam Israel e os palestinos a um beco sem saída.

Para terminar, preciso confessar que não tenho certezas. Talvez já tenhamos atravessado o Rubicão. Talvez os ódios já sejam insuperáveis. O que significa dizer que talvez, mesmo depois de concluído um acordo de paz justo, os foguetes continuem a cair em Israel. Talvez esse conflito seja sobre mais do que terra, como quer a direita israelense. Pode ser. Mas prefiro tentar o caminho do entendimento e da justiça, que tem alguma chance de fracasso, do que persistir no caminho atual, cuja chance de sucesso é zero. E prefiro que os foguetes venham agora, quando Israel e o povo judeu têm uma capacidade de reação que nunca tiveram em toda a sua milenar história, do que em um momento em que já não nos restará mais nenhum cartucho, nem nenhum aliado.

 

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Alguns dogmas universais da política

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Depois de ter sido eleito o mais jovem deputado estadual do Brasil em 1982 e de sido deputado federal na Assembleia Nacional Constituinte na legislatura seguinte, resolvi colocar no papel alguns princípios que deveriam balizar a minha jornada como político. Lendo-os recentemente vi que precisava atualizá-los, mas garanto que não os modifiquei em sua essência. Publico-os hoje no intuito de que sirvam de alguma coisa para alguém.

1 – Política se faz é com políticos. Sem eles o que se faz é coisa diversa. É como futebol profissional e de várzea. As regras até são, ou deveriam ser, as mesmas. Os jogadores chutam uma bola com os mesmos fundamentos e com o mesmo intuito, mas as duas práticas são coisas bem diferentes. Na várzea às vezes não há impedimento, mas mão na bola sempre haverá. O profissionalismo e a expertise fazem com que um e outro sejam coisas bem distintas.

2 – Só terá verdadeiramente sucesso em política quem tiver um grande e forte grupo, espalhado por todas as regiões eleitorais de seu território. Esse ensinamento vem sendo propagado de geração em geração desde que o mundo é mundo. Sem soldado não há exército, sem exército não há batalha. Sem batalha não há vitória. Ninguém entrega o poder de mão beijada. Se o indivíduo especializado em política é indispensável, um grupo deles compondo um exército será vitorioso à medida que seus comandantes lhes derem as armas necessárias e as ordens certas.

3 – É impossível fazer tudo o que as pessoas desejam que façamos, mas é indispensável que se faça tudo aquilo com que nos comprometamos. Ninguém é obrigado a prometer nada, mas tendo prometido é obrigado a cumprir, pois é com atitudes como essa que se forjam os grandes líderes. Não tema dizer não quando precisar, mas sempre que puder, diga sim. Isso fará com que sua palavra seja reconhecidamente honrada. Isso lhe dará não só respeito, mas admiração e o que é principal, sua fama de correto voará pelos quatro cantos e todos irão querer honrá-lo com suas lealdades, para em troca receberem, no mínimo, a mesma coisa.

4 – O apoio da máquina governamental facilita muito no trato da política, pois é o governo, em seus três níveis, o maior transformador da sociedade. Mas é muito importante que quem opere essa máquina o saiba fazer, sob pena de atropelar sua própria gente com ela. Caso a operação da máquina governamental não seja o forte de um líder, ele deve ter alguém de sua total confiança que o faça, com correção e dentro da legalidade.

5 – Não se deve jamais subir uma montanha carregando mais peso que o minimamente indispensável. O ar rarefeito das grandes altitudes castiga o físico. Da mesma maneira, enfrentar uma batalha política e eleitoral preocupado em ganhar o principal, mas tentar emplacar pequenas vitórias localizadas é um risco inconcebível e quase sempre desastroso. Jogue fora o peso morto e dê forças a quem verdadeiramente pode lhe ajudar a subir a montanha.

6 – Não é mais possível se fazer uma campanha, seja ela qual for, sem os instrumentos básicos para essa jornada. Entre eles estão a pesquisa e o marketing. O avanço tecnológico e o desenvolvimento da sociedade obrigam a invasão competente e o domínio correto da informação, através dos meios tradicionais como os jornais, da mídia eletrônica como emissoras de rádio, TV, e da internet pelos blogs e pelas diversas redes sociais como Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter… Antes que esqueça: carisma é algo fundamental, mas hoje, somente ele serve de pouco ou de nada, principalmente se você não souber usar a mídia.

7 – A opinião sobre o pior defeito que um político pode ter varia de pesquisa para pesquisa, de um público consultado para outro, no entanto existem alguns defeitos que estão sempre presentes entre os mais citados: arrogância, hipocrisia, corrupção, incompetência, deslealdade e covardia. Olhando rapidamente parece que não só os políticos, mas todas as pessoas são bem propensas a esses defeitos. Nos políticos a comprovação de um desses defeitos pode ser fatal.

8 – Um bom líder político tem que ser uma pessoa aplicada, dedicada e disponível, ele deve se envolver com as coisas, deve conhecê-las. Acessível e estudioso, deve saber tudo o que puder sobre a história, sobre seus eventos, sobre como as pessoas se comportaram através do tempo. Não é obrigado a ser cultíssimo ou inteligentíssimo, mas precisa se cercar de quem tenha essas qualidades e deve saber fazer com que estes trabalhem no sentido de suprir-lhe as deficiências. Dizer que o político tem que ser bem intencionado poderia dar margem àquele comentário de que o inferno está cheio destes, mas a verdadeira boa intenção é captada e reconhecida imediatamente pelo homem comum, que pode não saber o que é commodities, mas sabe que o preço do tomate está pela hora da morte.

9 – O isolamento é um veneno. Estar próximo das pessoas de seu círculo mais fechado é indispensável, mas sempre que possível o bom líder político deve conviver mais de perto com as pessoas comuns, de grupos diversos. Deve estar sempre aberto a ouvir e só depois disso tirar suas conclusões e tomar suas decisões, que não devem ser imutáveis por serem suas, mas mutáveis se as circunstancias assim exigir. A imagem do grande líder insone, que vai na madrugada à cozinha para comer alguma coisa e lá encontra o servente e com ele divide suas dúvidas, mesmo que metaforicamente, é o clichê da humildade e da solução simples dos problemas. Isso dá realmente certo.

10 – Na política, como na vida, o seu maior adversário é sempre você mesmo. Só você é capaz de estabelecer o seu limite. Seu limite não pode ser superado por outros, seu limite é seu. Os outros terão de superar os deles. Se você não for competitivo, se não tiver aptidão para sê-lo, se seus limites não o credenciarem a uma disputa, desista. Você tem que ter um senso crítico extremamente apurado e um senso auto-crítico extremamente honesto. Quando o filósofo disse “conheça-te a ti mesmo” ele estava falando sério. Sem isso ninguém vai a lugar algum. Somente sabendo de nossos limites é que podemos superá-los. Se nos acostumarmos a diariamente superar nossos limites, se estivermos abertos para o mundo, para nos renovarmos diariamente, jamais pararemos de superar nossos limites e será muito difícil que outros nos superem.

Existem mais dogmas na política, mas acredito que por hoje esses 10 já bastam.

 

 

 

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O documentário “A Pedra e a Palavra”, de Joaquim Haickel, ganha dois prêmios

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Encerrado o XVIII Festival Internacional de Cinema de Avanca.

 

O documentário “A Pedra e a Palavra”, de Joaquim Haickel, ganha dois prêmios.

 18º FESTIVAL DE CINEMA AVANÇA 2014

 

 

 

 

 

 

http://antestreia.blogspot.pt/2014/07/premios-de-avanca-2014.html

 

Veja abaixo a reprodução da matéria.

 

Prémios de Avanca 2014

Terminaram os “Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia – AVANCA 2014”, encerrando 10 dias de festival e 5 dias de competições, conferências e workshops internacionais. Comemorando a décima oitava edição, o AVANCA 2014 contou com mais participantes e atribuiu prémios a filmes e autores de 17 países.

“O Último Inverno” do realizador iraniano Salem Salavati arrebatou o Prémio Cinema para a Melhor Longa-metragem, tendo ainda recebido o Prémio Melhor Atriz que distinguiu AsiyehMoradizar. Foram ainda distinguidas com Menções Especiais as longas–metragens “Não-conformidade” de Igor Parfenov (Ucrânia) e “A Busca” de Luciano Moura (Brasil). Este último filme foi também distinguido com o Prémio Melhor Ator, atribuído a Wagner Moura.

A curta-metragem “O imortalizador”, de MariosPiperides (Chipre), ganhou o Prémio Curta-Metragem e Prémio Estreia Mundial. O Prémio Animação distinguiu o filme russo “Tons de Cinzento” de Alexandra Averyanova. O Prémio Vídeo distinguiu o filme mexicano “Ar” de RominaQuiroz. O Prémio da Melhor Fotografia distinguiu Amir Alivaisi do filme iraquiano “Preto & Branco” de JalalSaepanah.

O Júri, presidido pelo investigador e escritor António Abreu Freire, foi constituído pelos cineastas YevgeniPashkevich (Letónia), Tommaso Valente (Itália), Margarita Hernandez (Cuba / Brasil), o investigador Jason Dee (Reino Unido) e LyudmilaBila (Ucrânia).

Entre as categorias mais esperadas deste ano, esteve a “Competição Avanca”. Reunindo uma selecção de obras produzidas na região, foram distinguidas a longa-metragem “Pecado Fatal” de Luís Diogo, a curta-metragem “Balança” de Rui Falcão, o documentário “A Pedra e a Palavra” de Joaquim Haickele a animação “Foi o fio” de Patrício Figueiredo.

O Júri deste prémio foi presidido pelo produtor Paulo Trancoso e constituído pelo cineasta Bernardo Cabral e pelos programadoras Ayoub El Anjari El Baghdadi (Marrocos), GamzeKonca (Turquia), Rosângela Rocha dos Santos (Brasil) e Flávia Vargas (França / Brasil). Este júri atribuiu ainda uma menção especial a “Mamãs de papelão” de Nuno Cristino Ribeiro.

Um outro júri constituído pelos professores Leonel Rosa e Manuel Freire, pelo poeta António Souto, pelo pintor Acácio Rodrigues, pela investigadora Ana Cristina Pereira e pelos cineastas Henrique Vaz Duarte, Manuel Matos Barbosa, Manuel Paula Dias e Rui Nunes, atribuiu os prémios televisão.

O documentário “Shado’man” do holandês Boris Gerrets recebeu o Prémio Televisão. O Júri atribui ainda Menções especiais aos filmes “Sangre de Dragón” de Nacho Luna (Espanha) e “Trazosenlacumbre” de Carlos Molina (Venezuela).

 

O Prémio Estreia Mundial foi atribuído à curta-metragem “O imortalizador” de MariosPiperides (Chipre)”, e aos documentários “The VaticanandtheThird Reich” de Rufo Pajares (Espanha) e “A Pedra e a Palavra” de Joaquim Haickel (Brasil / Portugal).

A competição “Trailer in Motion” distinguiu o trailer “Der Kreis” de Stefan Haupt (Suíça) e o videoclipe “Le peuple de l’Herbe – parlerle fracas” de Wasaru (França). Também o videoclipNapoleon” de Marco Miranda (Portugal) recebeu uma Menção Especial. O júri foi constituído pelo crítico Nuno Reis e pelo músico Sérgio Ferreira.

Entretanto, na “AVANCA|CINEMA, Conferência Internacional Cinema – Arte, Tecnologia, Comunicação”, o Prémio Eng. Fernando Gonçalves Lavrador, em homenagem póstuma a um dos mais relevantes investigadores portugueses na área da semiótica, estética e teoria do cinema, distinguiu ax-aequo o investigador finlandês JoukoAaltonen da AaltoUniversity e Carlos Júnior Rosa da Universidade de São Paulo, Brasil. Também os investigadores Luís Leite e Marcelo Lafontana da Universidade do Porto e Michael Morgan da EuropeanFilmCollege (Dinamarca), receberam Menções Especiais.

O júri deste prémio foi constituído pelos académicos Francisco Garcia (Espanha), WaiLukLo (Hong Kong), Yen-Jung Chang (Taiwan) e os portugueses Anabela Oliveira, José Ribeiro, Rosa Oliveira, Pedro Bessa e José Marta.

A organização científica internacional “IAMS – InternationalAssociation for Media in Science” atribuiu ainda umas menção especial à comunicação dos investigadores portugueses Alexandra Abreu Lima e Jorge Ramalho, numa declaração apresentada pelo professor e físico nuclear Alessandro Griffini (Itália).

No total, seis júris constituídos por 34 individualidades de 14 países atribuíram 19 prémios e 9 menções especiais.

O AVANCA acontece todos os anos em Avanca no Distrito de Aveiro e é uma organização do Cine-Clube de Avanca e Câmara Municipal de Estarreja com o apoio do ICA/Secretaria de Estado da Cultura, Instituto Português do Desporto e da Juventude, FCT, IAMS, Academia Portuguesa de Cinema, Universidades de Aveiro e Coimbra, ESAP, ESAD, Teatro Aveirense, Junta de Freguesia, Paróquia e Escola Egas Moniz de Avanca, para além de várias entidades locais.

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