Vergonha!

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Não me lembro de alguma ocasião em que eu tenha sentido mais vergonha do que no último domingo, 17 de abril de 2016, quando no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, os representantes do povo brasileiro votaram o parecer aprovado na comissão especial destinada a apreciar a autorização para que se instaurasse no Senado, processo de perda de mandato da presidente Dilma.

Ocorre que aquela vergonha nada tinha de minha. Ela não era resultante de ato praticado por mim. Ela era consequência do pavoroso espetáculo que foi assistir quase a totalidade dos parlamentares que lá estavam exercendo seu direito e sua obrigação ao voto, proveniente do mandato outorgado pelo povo brasileiro, justificarem seus posicionamentos das maneiras mais esdrúxulas e bizarras que qualquer ser humano com um mínimo de bom senso poderia imaginar.

Não quero julgar aqui o mérito do voto de cada um dos deputados. Se eles votaram sim ou votaram não, é uma mera questão de posicionamento de cada um, do ponto de vista jurídico-político, sobre a admissibilidade da abertura do processo. Gostaria de analisar nesse caso, não o principal, mas o acessório que acabou por desqualificar o principal de maneira tão contundente, que os comentários sobre os efeitos da votação foram quase que totalmente encobertos pela forma tresloucada como os votos foram declarados.

Foram poucos… Foram pouquíssimos os deputados que se restringiram a dizer simplesmente que votavam assim ou assado! Tanto os que se manifestavam favoráveis a que o Senado instaurasse o processo que poderia culminar com a perda de mandato da presidente, quanto os que rejeitavam essa ideia, portaram-se de maneira abjeta, asquerosa, imbecil, inaceitável para pessoas que representam todo o povo de uma nação!

Os absurdos não foram privilégio de quem se opunha à permanência de Dilma. Seus defensores foram tão ridículos em sua defesa quanto aqueles que a atacavam.

Nem vou aqui comentar os insultos que alguns parlamentares proferiram contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, acusado de inúmeras irregularidades e de crimes graves, até porque sou dos que acredita que ele já deveria ter sido afastado do cargo… Mas no meio daquilo tudo ali, lembrei-me do dia 5 de outubro de 1988, quando eu e meus colegas constituintes, comandados por Ulisses Guimarães, naquele mesmo templo sagrado da liberdade e dos direitos e garantias do povo brasileiro, cantamos o hino nacional… E aqueles sujeitos ali, maculando de forma absurda a confiança que a eles havia sido confiada pelo povo brasileiro.

Havia certo temor de um possível “efeito manada” quanto àquela votação. O tal efeito manada aconteceu, não no que dissesse respeito ao conteúdo do voto, mas quanto ao seu invólucro, as justificativas que cada parlamentar tinha o direito de fazer quando fosse proferir o seu posicionamento. Alguém começou a falar bobagem e os seguintes o acompanharam tal qual gado rumo ao abate.

Naquela votação foram vistas coisas inacreditáveis. Além do ridículo de citações a familiares, a profissões, a motivos que nada tinham com aquele ato, usou-se muitas vezes o nome de Deus de maneira completamente inapropriada.

Foi um espetáculo digno de um circo de horrores!

Por falar em circo, há um parlamentar que tem como profissão a atividade circense. Um homem de conhecimento formal limitado, de poucas luzes e quase nenhuma letra. Mas esse palhaço por profissão portou-se mais corretamente do que políticos experientes e tarimbados. Em horas como essa, apenas uma fala simples e bem colocada pode ganhar a cena. Era só dizer “voto sim” ou dizer “voto não”!

Aconteceu ainda um caso realmente lastimável. O deputado Jair Bolsonaro, não satisfeito por ser simplesmente um político de extrema direita, resolveu se perpetuar como um burro radical de extrema direita ao elogiar em sua declaração de voto um torturador do tempo do regime militar.

Se aquilo foi marketing, surtiu efeito! Mas o efeito contrário foi infinitamente maior, devastador, comprometendo inclusive, em parte, o resultado da votação.

Apenas para que não passe em branco: a cusparada que o deputado Jean Willys deu em Bolsonaro é outra coisa completamente injustificável, a menos que eles estivessem em um bordel disputando um acompanhante, e ainda assim, acredito que as pessoas que frequentam um bordel teriam melhores modos!…

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Não vejo Golpe!

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Gostaria de dizer que votei duas vezes em Lula, com quem convivi entre 1987 e 1991, durante a Constituinte, e em Dilma em sua primeira eleição em 2010. Não votei nela em 2014, pois naquela altura já sentia o desmando e o descontrole que acontece naturalmente quando ocorre o prolongamento de certo estilo de poder, principalmente quando quem o exerce é um mero substituto, não qualificado para a ação.

Os projetos de poder que se apresentaram para o Brasil nas três últimas oportunidades, primeiro com Collor, depois nos oito anos sob o comando do PSDB, depois com esses 13 anos de PT, são provas vivas do despreparo e da falta de capacidade daqueles que nos governaram no último quarto de século.

Mas vamos ao que realmente interessa: o impeachment.

A primeira votação é apenas de admissibilidade do processo de afastamento. Ela se dá em uma comissão especial composta por deputados de todos os partidos com representação na Câmara dos Deputados. Um microcosmo no qual um bom governo deveria ter a maioria ou então não dar nenhum indício de ter cometido crime de responsabilidade.

Nessa fase de mera admissibilidade, a menor sombra de dúvida quanto à culpabilidade deve fazer com que o processo seja admitido e enviado a julgamento pelo Senado, pois apenas lá, segundo a Constituição, é que um presidente pode ser julgado quanto a crimes que possam levá-lo à perda de mandato.

Não tendo conseguido se livrar do processo nessa primeira instância, o presidente em questão pode se livrar do processo de impedimento ainda uma segunda vez, quando o plenário da Câmara dos Deputados apreciará, aprovando ou rejeitando, a decisão da comissão especial de impeachment.

Nessa instância, a totalidade dos representantes do povo, os deputados federais, dirão se são favoráveis ou não para a continuação do processo. Se o sim for vencedor, o processo vai ao Senado e o presidente da Republica é afastado, assumindo seu substituto legal.

No Senado ocorrerá o julgamento em si. Lá serão apresentadas as acusações e as defesas pertinentes ao caso. Nesta hora os ritos judiciários se impõem com mais força e intensidade. Se nas duas primeiras votações os ritos judiciários deveriam ser seguidos, agora eles se tornam indispensáveis, pois só aqui se dá o julgamento em si, antes o que estava sendo votado era apenas a admissibilidade do processo, coisa que poderia ter sido contornada politicamente, se o governo tivesse maioria tão expressiva que barrasse as acusações que lhe foram feitas. As duas primeiras votações são equivalentes ao voto de desconfiança, comum no parlamentarismo.

No Senado haverá o julgamento, propriamente dito, onde acusação e defesa irão apresentar seus argumentos para os 81 jurados que, primeiramente votarão pela aceitação ou pela rejeição da autorização vinda da Câmara. No caso da aceitação, o Senado irá apreciar as provas apresentadas pela acusação e pela defesa.

Como em qualquer julgamento, é o júri quem absolve ou condena, mesmo sendo a acusação verdadeira ou falsa. Cabe aos advogados de acusação e de defesa, provarem a culpa ou a inocência do acusado.

É bem verdade que o júri pode agir em desconformidade com as provas apresentadas, mas isso pode acontecer em qualquer julgamento, com qualquer júri, em relação a qualquer réu.

Não vem ao caso aqui, se eu acredito que houve ou não cometimento de crime pela presidente. Não vem ao caso o que eu acredito que vá acontecer na votação deste dia 17/04/2016 na Câmara dos Deputados ou sobre o que poderá acontecer no Senado Federal, caso o plenário da Câmara dos Deputados endosse o resultado da votação da comissão especial do impeachment. A única coisa que importa é o cumprimento da Constituição.

O que resultar disso deve ser aceito e acatado por todo o povo brasileiro. Rezemos apenas para que o que quer que seja decidido pelo plenário da Câmara seja o melhor para nosso país, que enfrenta a maior crise moral e econômica de sua história.

 

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“A gente somos Inútil!”

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Um dos maiores problemas da política maranhense, bem como da política brasileira, e de um modo geral, da política mundial, é a inexistência de uma imprensa realmente livre e imparcial, liberta de partidarismos ou interesses comerciais.

O leitor não consegue ter confiança em uma matéria que não esteja desprovida de algum aspecto partidário, pois o que se vê na prática é que se alguém critica negativamente um governo ou um governante, ou sua administração, este é do contra. Mas se outro alguém critica esse mesmo indivíduo ou instituição positivamente, ele é favorável ao analisado.

É raríssimo no Maranhão, no Brasil, ou mesmo no mundo, analistas que ponderem o que está acontecendo sem o peso do partidarismo ou sem o ranço da influência ideológica.

Recentemente voltou à baila o antigo caso de Pedrinhas. As péssimas condições de encarceramento que afligem nosso complexo prisional não são piores nem melhores do que as dos demais estados brasileiros. Não se pode negar que uma forte onda de violência aconteceu algum tempo atrás, motivada por uma guerra intestina, dentro das diversas facções que dominavam o presídio e também o crime nas ruas de nossa capital e do nosso estado.

Este problema foi abordado anteriormente de forma partidária e não apenas jornalística. Os jornalistas adversários da então governadora Roseana Sarney usaram toda espécie de argumentos para narrar e expor o caos do complexo prisional e do sistema carcerário de então, enquanto os jornalistas ligados à então governante do Maranhão tratavam de minorar o problema, esquecendo ou não abordando aspectos realmente equivocados daquela gestão.

O que ocorre agora é uma inversão de polos. Quem antes atacava, agora defende e vice-versa, fazendo com que o cidadão fique à mercê desse jornalismo partidário, onde o jornalista de antes como o de agora está a serviço de uma causa política partidária, grupal, oligárquica, independentemente de quem sejam os grupos implicados.

Alguém pode imaginar, em sã consciência, que os graves problemas estruturais do sistema prisional e carcerário do Maranhão tenham sido resolvidos pelo simples fato de ter havido uma mudança no comando dos destinos do Estado? Ou aqueles problemas não eram tão grandes como se dizia ou eles, grandes e complexos como realmente são, ainda não foram sanados.

Concordo que as mudanças que foram feitas podem ter sido saneadoras em alguns aspectos, mas é difícil crer que o que era um inferno um ano atrás, agora seja um paraíso.Mas o problema maior, em minha modesta opinião, não é esse, pois esse terá que ser resolvido de uma forma ou de outra. O maior problema, para o qual não vejo uma solução plausível, a longo prazo, é o fato de nosso jornalismo ser partidário.

Vejamos o caso nacional. Há hoje no Brasil três correntes jornalísticas. Uma maior, que ataca o governo petista, outra menor que o defende por motivações inversas, enquanto uma pequena fatia tenta fazer um jornalismo que pesa e pondera as coisas e os fatos de modo imparcial.

Ocorre que essa pequena fatia de jornalistas coerentes, que fica imprensada no meio fogo cruzado entre os que amam e os que odeiam Lula, Dilma e os petistas, quando eles ponderam uma coisa que favorece o PT são considerados partidários do PT, quando o fazem atacando ações que desfavoreçam o atual governo e seus representantes são considerados tucanos, coxinhas ou fascistas.

A política em nosso país, e infelizmente, em nosso estado, deixou de ser uma construção de proposituras e ações positivas, para se transformar numa busca desesperada pelos erros do adversário, como se um só pudesse se sobressair se o outro sucumbir na lama do erro e da corrupção.

Torço para ver nas televisões, ler nos jornais, blogs ou nas redes sociais, matérias que sejam realmente imparciais, que possam representar opiniões fundamentadas em fatos concretos e não na defesa dos interesses deste ou daquele grupo político.

 

PS: Depois de terminar esse texto e relê-lo para revisá-lo, tive um acesso de riso. Acho que estava maluco quando o escrevi, pois isso sempre existiu, só está pior e infelizmente parece que não vai acabar.

 

 

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Minha Historia com Maria Aragão

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Fui procurado tempos atrás por uma simpática produtora cinematográfica que estava fazendo um documentário sobre a líder comunista Maria José Aragão. Alguém disse a ela que eu era amigo de Maria e possuía um grande acervo imagético sobre o Maranhão e seus mais importantes personagens. Imediatamente coloquei à disposição da produção todo o material pertencente ao Museu da Memória Audiovisual da Fundação Nagib Haickel.

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Ela quis saber como conheci Maria Aragão, como ela era. Disse-lhe que conheci Maria no começo dos 80. Maria já era um ícone de nossa sociedade. Mulher, médica, comunista. Corajosa, disposta, aguerrida. Camarada para alguns, cúmplice para outros, mãe para alguns outros, avó para os mais jovens, mas sempre uma pessoa capaz de conquistar um amigo com seu sorriso largo, de olhinhos apertados e sua gargalhada solta.

Fui apresentado a ela por amigos comuns. Aldionor Salgado, Cordeiro Filho e Sergio Braga. Nessa ordem, os três me levaram até ela dizendo que eu precisava aumentar o meu currículo e conhecer a mulher mais importante do Maranhão.

Ao ser apresentado por Aldionor, ela brincou referindo-se ao meu pai, dizendo que eu era visivelmente um melhoramento genético do “caboclo do Pindaré”, a mesma terra onde ela nasceu. Quando Cordeiro me apresentou a ela, naquilo que seria a segunda vez a apertar-lhe a mão, desta vez, mais a vontade ela disse a Cordeiro que já conhecia “esse pão do Pindaré”. Quando Sergio Braga, todo formal e gozador, disse a ela que iria lhe apresentar um jovem “direitista” que precisava ser resgatado para as lutas populares e o melhor caminho para fazer isso seria pelas mãos de uma mulher inteligente e charmosa, ela retrucou dizendo estar à disposição e que se fosse apresentada a mim mais uma vez, ia acreditar que era coisa do destino e iria realmente me seduzir. A gargalhada foi geral.

Continuei me encontrando com Maria pela cidade e pela vida. Quem a conheceu sabe o que ela significou, não só pela sua luta social e democrática, mas pelo seu jeito de ser. Não falo isso porque é bonito falar ou por ser politicamente correto. Maria Aragão é uma das pessoas mais incríveis que eu conheci e não estou falando da ativista, que é extraordinária, falo da pessoa.

Em 1983, montei uma gráfica com o artista gráfico Paulinho Coelho, em cima do depósito de cimento de meu pai, no Desterro. Lá passou a ser o ponto de encontro do pessoal da poesia, da política, da cerveja, das “minas”…

A Gráfica Guarnicê era na verdade mais frequentada pelos meus amigos da esquerda que pelos governistas, que nunca foram por lá.

O padre Marcus Passerine, da paróquia de São João fazia conosco seus impressos e jornais. Até meu colega, deputado Luiz Pedro, imprimia seus panfletos lá.

Uma vez Paulinho entrou pálido em minha sala dizendo que tínhamos um problema. Luiz tinha trazido um jornal para rodarmos e nele havia uma fotografia minha e outra de meu pai. Era alguma coisa contra o governo, ele relacionava os políticos que segundo ótica editorial, eram contra o povo. Não pensei duas vezes. Mandei pegar o trabalho. “Ora bolas Paulinho! Se nós não ficarmos com os dólares albaneses desses comunistas eles vão levá-los para outra gráfica, meu filho! Isso é que é a tal economia de mercado contra a qual eles tanto lutam”. Infelizmente ainda hoje alguns poucos comunistas continuam com essas bobagens.

Foi nesse clima que em uma manhã chuvosa de janeiro, subiu as escadas de nossa “célula”, sede da Revista Guarnicê, ninguém menos que Maria Aragão, acompanhada pelo vereador Aldionor Salgado e Mary Ferreira. Ela queria imprimir folders, panfletos e blocos de rifa, onde seria sorteada uma coleção completa dos livros de Florestan Fernandes, tudo para levantar dinheiro para os eventos do dia internacional da mulher.

Ao chegar ela foi logo dizendo que o preço tinha que ser “camarada”, coisa de “companheiro”. Ela era permanentemente bem humorada.

Chamei Paulinho num canto e perguntei se havia sobrado papel da última edição da revista, ele respondeu que sim, então resolvi não cobrar nada pelo serviço.

O dito foi feito. Maria voltou para buscar o material poucos dias depois e ainda me fez comprar dois blocos completos das rifas. Na ocasião ela disse que se eu tivesse sorte ganharia, e assim poderia aprender nos livros de Florestan coisas importantes para meu trabalho político e para minha vida como cidadão. Lembro que ela anotou em uma agenda os números dos blocos que eu comprei.

Nos idos de março Maria me entra na gráfica, acompanhada de um jovem musculoso carregando uma caixa de papelão. Disse que vinha entregar o prêmio da rifa, os livros de FF.

Nunca soube ao certo se ganhei mesmo aquela rifa ou se aquela coleção era a forma de Maria agradecer pela ajuda. Na hora da entrega ela disse que precisava me resgatar da direita e que Florestan era um bom caminho para isso.

Anos mais tarde, em Brasília, já como constituinte, tive a honra de ser colega do grande Florestan Fernandes. Fui apresentado a ele por meu querido amigo Artur da Távola. Em certo momento de nossa primeira conversa ele se vira pra mim e diz: “A Maria me falou de você. Espero que os livros tenham servido para alguma coisa”.

Dali por diante Florestan perguntava por Maria toda vez que me encontrava. Eu, de sacanagem com ela, dizia quando a encontrava, que seu namorado, FF, havia lhe mandado um beijo. Ela ria com os olhinhos apertados.

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O boicote ao Oscar 2016

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Eu estou certo de que a indústria cinematográfica não privilegia da mesma forma os projetos que envolvam temáticas de outras raças que não a branca, mas me recuso terminantemente a acreditar que Spike Lee quisesse que em “Spotlight” fosse introduzido um personagem negro interpretado por Jaime Fox ou que em “O regresso” Will Smith fizesse o papel principal. Isso não deixaria de ser um tanto ridículo, uma vez que nessas histórias não existem personagens negros. (desculpem a ironia, mas não resisti!).

Exemplo oposto a essa lógica é o caso do personagem Nick Fury, o chefe dos agentes da S.H.I.E.L.D. que é branco nas HQs, mas que no cinema, escalaram Samuel L. Jackson para interpretá-lo, o que foi realmente uma grande jogada, principalmente pelo ator que é maravilhoso.

Este ano a quase totalidade dos enredos dos filmes que participaram da premiação do Oscar, tratavam de personagens reais e a indústria não produziu nenhum filme cujo tema envolvesse os negros. Pelo menos nenhum que pudesse ter sido incluído na lista dos melhores, habilitados para disputar uma estatueta.

O já citado Samuel L. Jackson faz um dos oito odiados de Tarantino, e o faz como sempre, de maneira brilhante, mas não ao ponto de ver o seu nome ser incluído entre os cinco atores, principais ou coadjuvantes que concorreram este ano. O mesmo aconteceu com Will Smith em sua performance no filme “Um homem entre gigantes”.

Lembro que em 2015 tivemos o filme “Selma” e em 2014 “12 anos de escravidão”, ambos com temáticas negras e com diversas indicações e efetivamente prêmios.

Em 2013 foi a vez de “Django livre” e vejam que o Django anterior, da década de 70, era Franco Nero, italiano, louro, e de olhos azuis! Isso sem falar em “O voo” com Denzel Washington, indicado como melhor ator.

2012 foi a vez de “Histórias cruzadas” render indicações para a ganhadora do prêmio de melhor atriz coadjuvante, Octavia Spencer, e para Viola Davis, que não conseguiu vencer Meryl Streep.

Em outros anos tivemos como filmes representativos para a classe de artistas negros, “A cor púrpura”, “Malcolm X”, “Conduzindo miss Dayse”, “Histórias cruzadas”, “Ali”, “Faça a coisa certa”, “Febre da Selva”, “A hora do Show”, “Acorrentados”, “No calor da noite”, “A força do destino”, “Tempo de gloria”, “Jerry Maguire”, “À Procura da Felicidade”, “Amistad”, “Duelo de titãs”, “Um sonho de liberdade”, “A última Ceia”, “Ray”, “Colateral”, “Dreamgirls – Em busca de um sonho”, “Um dia de treinamento”, “Preciosa”, dentre tantos outros filmes com temática ou com participação de grandes artistas negros, quase sempre indicados ou vencedores de importantes prêmios!

Vejamos as filmografias de Denzel Washington, de Morgan Freemam, de Will Smith, de Cuba Gooding Jr., de Chris Rock, de Jaime Fox, de Halle Berry, Samuel L. Jackson, Whoopi Goldberg, Danny Glover, Sidney Poitier, Viola Davis, Queen Latifah, Laurence Fishburne, isso pra citar apenas alguns. Estes atores além de diretores como Spike Lee, Steve McQueen, John Singleton, Gina Prince Bythewood, Lee Daniels, apenas para citar cinco, são grandes profissionais e realizam trabalhos extraordinários, cada um de sua forma e com suas características próprias.

Contudo devo concordar com um ponto dessa discussão que nem sequer eu ouvi ser levantada por aqueles que patrocinaram o boicote ao Oscar deste ano. É o fato de existirem poucos projetos cinematográficos que insiram negros, hispânicos, asiáticos, indígenas, mulheres, crianças, deficientes, idosos, homossexuais…

Agora, bater o pé por não terem um determinado tipo de pessoas dentre os indicados à disputa dos melhores trabalhos realizados durante um ano, isso me parece um pouco demais, já que no mínimo o que poderia se fazer era ter bom senso e analisar os desempenhos dos concorrentes.

Sou a favor que haja mais diversidade de raça, gênero, idade, sexo nas produções cinematográficas, mas daí a exigir-se que haja indicados de uma determinada categoria dessa diversidade!… Melhor seria fazer um Oscar negro, um branco, um hetero, um gay, um teen, um old, um pra comédia, outro pra drama…

Sei que vai haver quem concorde comigo e quem discorde de mim. Só desejo que quem discordar entenda que não sou a favor de qualquer forma de descriminação e é por isso que me posiciono desta maneira.

Para mim, quem sempre deve ser indicado para a disputa de um prêmio, é aquela pessoa que tiver o melhor desempenho, seja ela da cor que for.

 

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Oscar 2016

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Vamos diretamente ao que interessa! A minha lista de possíveis ganhadores da estatueta mais famosa do mundo cinematográfico.

Para melhor filme a disputa será entre “Spotlight – Segredos revelados” e o “O regresso”, dois filmes que também polarizarão a disputa de melhor diretor, mas acredito que Alejandro Iñárritu será novamente agraciado este ano, assim como o seu filme.

Na disputa de melhor ator nos deparamos com uma guerra homérica, pois todas as performances são extraordinárias: “Leonardo DiCaprio em “O regresso”, Matt Damon em “Perdido em Marte”, Eddie Redmayne em “A garota dinamarquesa”, Bryan Cranston como “Trumbo” e Michael Fassbender como “Steve Jobs”, são em ordem decrescente, minhas opções. Eles transformaram a escolha deste ano em uma tarefa difícil.

No caso das atrizes isso já não se comprova. Quem deve levar o prêmio é a queridinha do momento em Hollywood, Jennifer Lawrence por “Joy”, mas onde tiver uma Cate Blanchett a disputa é dura. Meu voto, no entanto, é para Brie Larson, por sua atuação em “O quarto de Jack”.

Os meus prêmios favoritos, já disse isso antes, são os de ator e atriz coadjuvantes, pois é neles que os atores principais se refletem e que as histórias se completam.

Na categoria de ator coadjuvante a disputa é quase tão intensa quanto na de melhor ator. Torço para que o premiado seja Sylvester Stallone por seu desempenho em “Creed”, mas confesso que um ator como Mark Rylance de “Ponte dos espiões” não pode ser esquecido.

No caso das atrizes coadjuvantes a disputa é mais ferrenha do que quanto às melhores atrizes, pois todas desempenharam magistralmente os seus papeis.

Kate Winslet (“Steve Jobs”), Alicia Vikander (“A garota dinamarquesa”), Jennifer Jason Leigh (“Os 8 odiados”), Rachel McAdams (“Spotlight: Segredos revelados”) e Rooney Mara (“Carol”) são as minhas apostas em ordem decrescente.

Para melhor roteiro adaptado meu voto vai para “O quarto de Jack”, mas “A grande aposta” pode surpreender.

Para melhor roteiro original, não será uma surpresa se a animação “Divertida mente” vença, mas “Spotlight: Segredos revelados” e “Ex Machina” são fortes concorrentes.

Na montagem reside uma importante forma de direção de um bom filme. Voto em “O regresso”, mas “Spotlight: Segredos revelados” e “A grande aposta” podem surpreender-me.

Uma categoria muito disputada é a de melhor design de produção, a antiga direção de arte. Aqui sinto falta da presença de “Carol” na disputa, se bem que os cinco indicados são impecáveis nesse quesito. Fico com “A garota dinamarquesa”, mas imagino que aqui possa ser feita uma pequena concessão a “Mad Max: Estrada da fúria” ou o óbvio possa ocorrer: “O regresso”.

No quesito melhor fotografia, todos os indicados são excelentes. Ocorre que o excesso de cenas na neve deve render a “O regresso” ou a “Os oito odiados” uma estatueta. Aqui também “Mad Max: Estrada da fúria” pode vencer.

Em melhor figurino a disputa é também muito acirrada e qualquer um que vença será feita a justiça. A minha predileção recai sobre “Carol”, mas “A garota dinamarquesa” é uma segunda opção.

“Mad Max: Estrada da fúria” certamente será o vencedor do Oscar de melhores efeitos visuais, uma vez que essa produção usou as velhas trucagens mecânicas dos anos 70 e 80.

A melhor trilha sonora é sem dúvida alguma a de “Star Wars: O despertar da força”, em que pese exista um Enio Morriconne por trás de “Os 8 odiados”.

Sou suspeito nessa categoria. Sempre que existir um filme de “007” concorrendo à melhor música, minha preferência recairá sobre ele: “Writing’s on the wall” com Sam Smith.

Infelizmente não tenho mais espaço para comentar os outros concorrentes nem o polêmico boicote ao Oscar deste ano proposto pelo diretor Spike Lee.

 

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As mudanças do governo

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Depois de um ano à frente do governo do Maranhão, Flávio Dino implementou mudanças na configuração administrativa de algumas Secretarias de Estado, distribuindo melhor as tarefas e certamente melhorando o funcionamento da gestão do Estatal.

Pouco tenho a comentar sobre a fusão da Secretaria de Agricultura com a de Pesca, a não ser que essa é uma medida boa para a produção do setor.

A fusão da Secretaria de Assuntos Políticos com a de Comunicação poderia fazer um analista desatento ou desconhecedor dos meandros do poder no atual governo imaginar que o resultado seria desastroso e que tal medida fosse uma aberração administrativa. Muito pelo contrário. O que aconteceu neste tocante foi uma reafirmação do poder do secretario Marcio Jerry sobre os assuntos de comunicação do governo, que desde sempre vinha sofrendo o assédio de um determinado grupo dentro do governo para que a SECOM mudasse de mãos.

O que aconteceu foi que sob o manto protetor de Jerry, Robson Paz continua sendo o que ele sempre foi, operador da máquina de comunicação do governo, que na verdade sempre foi chefiada pelo secretário de Assuntos Políticos.

Aventou-se se as mudanças operadas pelo governador teriam fortalecido ou enfraquecido o homem forte de seu governo. Nem uma coisa nem outra. Marcio Jerry continua com a mesma força e com a mesma importância que sempre teve, mesmo que alguns ponderem que ele perdeu a atribuição de interfaciar com o Poder Legislativo, encargo que foi destinado ao ex-presidente da ALM, o secretário do Gabinete Civil, Marcelo Tavares.

Neste ponto, mais uma bola dentro no que diz respeito à reforma implantada por Flávio. Marcelo tem muito mais jeito, muito mais traquejo, muito mais experiência para tratar com os deputados do que Marcio. Marcio é presidente do PCdoB em nosso estado, fato que por si só causa rusgas no trato com as bancadas. Marcio é menos afeito às conversas diplomáticas, coisa que o convívio no ambiente parlamentar exige. Marcelo é conhecido por ter uma excelente capacidade de diálogo político e uma boa postura diplomática e em que pese ser filiado ao PSB, não tem cargo de direção no partido e pelo que parece não mais ambiciona a vida eleitoral.

Neste ponto, acredito ser esta uma medida extremamente eficiente e eficaz no que diz respeito à melhoria do relacionamento com o Legislativo, que já vinha mostrando algumas dificuldades. Resta, no entanto, que o governador dê a Marcelo o respaldo necessário para desenvolver um bom trabalho nessa função, ainda mais em um ano difícil como este que ainda por cima é ano eleitoral.

A retirada de Felipe Camarão da SECMA, a fusão desta pasta com a de Turismo foi outra jogada corajosa e incrivelmente providencial.

Ao desenvolver um projeto onde as duas secretarias se complementavam, Flávio enxergou que elas muito bem poderiam ser só uma e teve a coragem de mudar. Mais uma bola dentro.

Acredito que essa mudança será bastante satisfatória, principalmente porque na direção da Secma foi colocado Diego Galdino, o que garante a continuidade do excelente trabalho que foi implantado e desenvolvido por Felipe Camarão quando esteve por lá.

Falando em Felipe Camarão, sua colocação como secretário de Governo inaugura uma nova fase na gestão governamental de nosso Estado. A função do ocupante deste cargo é ser o longo braço do governador. Ser sua voz e realizador de suas determinações. Este é um cargo que requer que seu ocupante seja uma pessoa íntegra, leal e de extrema confiança. Alguém que represente o mandatário como se ele o fosse e para esse intento não posso imaginar ninguém mais apropriado que Felipe Camarão.

Este jovem vem demonstrando por onde passa ser merecedor de todo respeito e de toda a admiração pelo simples fato de tratar a todos com o mesmo respeito e com uma cordialidade única.

Nesta função Felipe agilizará e operacionalizará para Flávio ações que ele deve ter muito se ressentido neste primeiro ano de seu governo.

Por hora é só.

 

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A boa política não aceita equívocos

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Em 2007 presidi as comissões que na nossa Assembleia Legislativa efetivaram as reformas de seu Regimento Interno e a necessária adequação da Constituição de nosso Estado, uma vez que muitas mudanças haviam sido feitas e nossa Carta Magna nunca havia sido adequada a elas.

Nesse intento, também concorreram para o sucesso dessa façanha, de forma bastante ativa, os deputados Rubens Júnior, Chico Gomes, Víctor Mendes, Marcelo Tavares, Pedro Veloso e Penaldon Jorge, que trouxeram importantes contribuições à mesa dos trabalhos.

Alinhamos e revisamos leis antigas às novas regras da Constituição Federal de 1988, que nunca haviam sido revisitadas.

Diminuímos a quantidade de comissões temáticas de 18 para 12 e aumentamos a quantidade de parlamentares membros de 5 para 7, o que deu maior poder às comissões e mais relevância a seus membros.

Estabelecemos os critérios para a concessão de títulos de cidadania e de medalhas de mérito legislativo, dando nomes de maranhenses ilustres a cada uma das suas divisões, segundo as especificidades das atividades dos agraciados.

Para ser cidadão maranhense a pessoa precisa residir no Maranhão por pelo menos 10 anos ou ter prestado relevantes e comprovados serviços ao nosso Estado. Isso não tem sido lá muito respeitado.

Já no âmbito das medalhas, se quiséssemos homenagear uma pessoa ligada à cultura, a medalha seria a João do Vale; no âmbito da educação e ciência, a medalha se chamaria Terezinha Rêgo; no âmbito da cidadania o nome da medalha seria Maria Aragão; no âmbito esportivo a distinção levaria o nome de Canhoteiro; e no setor da política, o nome da comenda seria o de Nagib Haickel; se o agraciado não se encaixasse em nenhum desses âmbitos de atividades a medalha de mérito legislativo continuaria levando o nome de Manoel Beckman.

Mas em minha opinião a regulamentação mais importante que fizemos naquela ocasião foi nivelar o Regimento Interno da Assembleia Legislativa do nosso Estado, bem como a Constituição do Maranhão às suas semelhantes de vigência federal, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados e a Constituição da Republica, no que diz respeito à eleição da Mesa Diretora do Legislativo maranhense.

A legislação federal não prevê a reeleição para membros da Mesa Diretora do Poder Legislativo dentro da mesma legislatura, coisa que no Maranhão nunca havia acontecido. Nós tivemos a preocupação de estabelecer aqui, norma semelhante à federal.

O que fizemos foi realmente uma façanha e ela parecia que iria durar.

Qual não foi a minha surpresa ao ver que no final de 2010, sob o patrocínio do deputado Ricardo Murad, já então candidato à presidência da ALM, os dispositivos de reeleição foram reintroduzidos em nossa legislação!

Pensando que se elegeria presidente da ALM no início da legislatura seguinte, o deputado Ricardo Murad fez com que deputados ligados a ele o ajudassem na aprovação dessas mudanças, o que configura um erro grave no funcionamento do Legislativo.

Assim foi feito. Desfizeram tudo de bom que havíamos construído três anos antes e reestabeleceram a reeleição para membros da Mesa Diretora, contra o meu voto e de meia dúzia de deputados conscientes de seus deveres.

Veio a nova legislatura e a eleição da Mesa Diretora da ALM. O eleito, no entanto, foi Arnaldo Melo. Foi ele que se beneficiou do instrumento casuístico que fora estabelecido no intuito de beneficiar Ricardo Murad.

Praticaram um desserviço ao Legislativo maranhense e consequentemente ao povo de nosso Estado, que desde então não pode contar com uma disputa realmente republicana e democrática na esfera deste poder.

Deste fato eu extraio duas lições que acredito serem fundamentais para o conhecimento e o entendimento da política. Primeiro, que o casuísmo é uma arma cujo projétil pode atingir também quem a dispara. Segundo, realmente não se pode contar com o ovo “dentro” da galinha.

Independentemente de quem seja o presidente do Poder Legislativo, independentemente de qual partido ele seja, se ele é considerado ou não um bom presidente, esse dispositivo deve ser extirpado mais uma vez de nossa legislação.

 

 

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Umas coisas mudam, outras não

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O momento atual comprova aquilo que eu sempre disse: na política mudam-se as pessoas e até algumas práticas, mas a mecânica da política não muda facilmente. Ela é regida por leis rígidas como as da convivência humana, leis da antropologia, da sociologia e da psicologia.

No dia 2 de fevereiro vimos o governador comparecer à abertura da sessão legislativa na Assembleia Legislativa de nosso Estado e não se fazer representar, como era costume. Aqui a prática mudou! Vontade discrissionária do agente. O atual governador deseja contracenar mais de perto com os atores políticos. Isso é muito bom.

Nesta mesma semana, este mesmo governo, que disse que não iria interferir nas acomodações dos blocos parlamentares e eleição da Mesa da Assembleia Legislativa, o fez de maneira direta.

Não o condeno por isso. Manobras como esta fazem parte do jogo político, mas ocorre que essas práticas eram recriminadas anteriormente e agora, no uso do poder, quem antes criticava o que era feito, continua fazendo igual. Aqui, neste ponto, nada mudou!

É muito importante que se reconheça que algumas coisas que os políticos dizem e fazem faz parte do roteiro que eles têm que seguir para construir uma imagem. Dizer-se republicano e democrático é condição indispensável para um político ser bem aceito, mesmo que na prática, algumas vezes, isso não aconteça. Não que isso seja uma mentira deslavada, mas existem coisas com as quais não concordamos em algum momento e que nos vemos realizando em outro! Esse não é um pecado apenas dos políticos. Este é um pecado de todos nós, seres humanos. Ocorre que na política isso se sobressai.

Alguém poderia dizer que agir assim seria pura incoerência! Não é tão simples como parece! É a mecânica da política, que alguns fazem questão de não reconhecer que é assim, é o que faz com que as coisas aconteçam dessa forma. Fritar ovos exige primeiro que eles sejam quebrados!

Vou refrescar rapidamente a memoria dos mais esquecidos ou relatar para os que desconhecem os precedentes: Durante 10 anos o ex-deputado Manoel Ribeiro se elegeu presidente do nosso Legislativo sempre com a interferência direta dos governadores de então. Isso aconteceu até que um grupo de deputados se rebelou e resolveu não obedecer à imposição do Executivo e elegeu Tatá Milhoemem para presidir a ALM.

Não houve mudança do equilíbrio político nem da Assembleia, nem do governo. O que aconteceu foi que não permitimos que o Executivo nos obrigasse a eleger alguém que não queríamos.

No caso atual, entendo que as coisas sejam diferentes, os deputados e até a sociedade reconhecem que o melhor nome para presidir a ALM é o de Humberto Coutinho. Eu mesmo concordo com essa tese. Não é possível que os deputados não saibam disso! Mas o que está em foco aqui não é isso, é a participação do Executivo neste cenário.

Acontece que o que o Executivo deseja realmente neste caso é garantir, não apenas a reeleição do presidente, mas também a reeleição do primeiro vice-presidente, o que garantirá uma administração mais “tranquila”, do ponto de vista dos Leões. Sou obrigado a concordar que, do ponto de vista do governo, esta postura está completamente correta.

Das interferências que eu já presenciei essa será uma das menores, mas é bom que se repita, interferências estão ocorrendo.

Comecei na política como assessor em 1978, aos 18 anos. Antes disso eu era mero expectador, meu pai era deputado desde que eu tinha oito anos e até onde me lembro, as coisas aconteciam dessa forma. É assim que as coisas acontecem.

Feliz ou infelizmente esse tipo de coisa não vai mudar, pois faz parte da natureza, da mecânica da ação. Não recrimino, apenas constato, faço aquilo que algumas pessoas teimam em não fazer.

 

 

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Pensamentos nefrológicos

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Como faço quase todos os dias, naquele acordei por volta das cinco da manhã. Não que eu precise acordar a essa hora, não que eu seja um operário que precise madrugar para chegar no horário certo à obra, é que minha bexiga que não funciona normalmente durante o dia pede para ser esvaziada invariavelmente nessa hora. Ela é como um relógio cuco suíço que expulsa o passarinho pontualmente no horário previsto.

Depois desse ritual nefrológico e muitas vezes também gastroenterológico, eu estou pronto para exercitar um de meus passatempos favoritos: Escrever. Antigamente diria que era a árdua tarefa de desenvolver pensamentos em papel e tinta, hoje é um exaustivo exercício de “catar milho” nas letrinhas do teclado.
Naquela madrugada me peguei analisando friamente os aspectos do voto facultativo. Fui rever minhas opiniões e minhas convicções, ver se elas poderiam ser abaladas, levando-se em consideração uma analogia absurda que me veio à mente quando pingava a última gotinha de urina no vaso.

Imaginei-me sendo obrigado a analisar a possibilidade de aceitação do voto facultativo no Brasil, levando em consideração alguns dos meus passatempos ou esportes favoritos.

Imediatamente raciocinei que numa sociedade evoluída a obrigatoriedade não precisa existir, pois as pessoas evoluídas não precisam de normas coercitivas, tais como o voto obrigatório, ou o quinto mandamento de Moisés, que diz “Não matarás” para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Dito isso, conclui que o que deveria ser obrigatório, nas sociedades menos evoluídas, eram aulas curriculares de xadrez, modalidade que dá às pessoas que o praticam uma ampla e objetiva visão de rumo, de estratégia para conseguir um determinado objetivo.

Que o judô deveria ser ensinado a todos, pois ele desenvolve o corpo em conjunto com a mente e o espirito, no sentido de extravasar energia física sem uso de violência. Que todos deveriam conhecer o basquete, modalidade que irreversivelmente nos faz descobrir a importância de agirmos em conjunto, em equipe, de forma fraternal e unida.

Que o desenvolvimento do vocabulário e da linguística poderia ser muito melhorado, eliminando grande parte das dificuldades de entendimento e comunicação, se todos praticassem as simplórias palavras cruzadas, e por fim, imaginei que se todos pudessem conhecer o jogo da paciência, que desenvolve nas pessoas a humildade do reconhecimento de seus erros e faz com que seus praticantes busquem a correção dos mesmos, os fazendo mais tolerantes, fazendo com que consequentemente se tornassem mais evoluídos.

Ao terminar de formular essa teoria no mínimo “estrambólica”, descobri que coisa semelhante poderia ser dita e justificada, quem sabe até com muito mais brilhantismo, sobre muitas outras modalidades esportivas e disciplinas curriculares, do que como eu fiz com as armas escolhidas por mim para evoluir a sociedade.

Ao pensar nisso cheguei a uma constatação e a uma conclusão fulminante: a única coisa que verdadeiramente pode fazer com que uma sociedade realmente evolua é o conhecimento, o ensinamento aos membros dessa sociedade, da educação formal e da educação complementar que se possa dar a eles. Sem isso ninguém, nenhuma pessoa individualmente e nenhuma sociedade coletivamente será evoluída. Sem instrução, sem ensino, sem educação, não se chega a lugar algum!

Ao final acabei por me deparar com um sério dilema: é preciso que o cidadão, primeiro tenha a educação necessária para que, só depois disso ele possa, conscientemente, escolher se usa ou não o seu direito de eleger seus representantes ou ao cidadão sem educação e consequentemente sem a formação necessária, deve deixar nas mãos de outras pessoas a decisão de escolher aqueles indivíduos que irão lhes representar?

Pensamentos assim não saem na urina…

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