O fator Roseana

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Um ex-prefeito, intimamente ligado ao governador Flávio Dino, ao encontrar-se comigo no restaurante preferido dos políticos, em São Luís, colocou a mão no meu ombro, puxou-me para o lado, afastando-me dos demais, e me perguntou meio que sorrateiramente se eu acredito que Roseana será candidata a governadora do Maranhão na eleição de 2018.
Vi em seus olhos a chama de uma curiosidade honesta. Curiosidade que se justifica plenamente, uma vez que informação é um capital importantíssimo, ainda mais em tempos toscos como esses pelos quais estamos passando.
O erro dele foi imaginar que eu pudesse realmente saber a verdadeira intenção de Roseana no que diz respeito a seu destino político e eleitoral. Ele, bem como outros, nem imaginam que eu devo ser a pessoa menos qualificada para prestar um depoimento confiável, pelo menos do ponto de vista da pessoa em questão. Eu só sei o que eu faria no lugar dela!
O motivo daquela pergunta se deve ao fato de que o quadro político-eleitoral maranhense será um com Roseana disputando a eleição e outro completamente diferente sem ela na disputa. Todo mundo sabe, inclusive os correligionários de Flávio Dino, que caso Roseana seja candidata, muita gente ficará com os “passes” supervalorizados!
Acredito que faz muito tempo que Roseana não se sente tão feliz! Na verdade não lembro quando ela tenha sido assim tão paparicada por políticos e pelo povo em geral, exatamente para ser candidata!
Lembro-me de alguns momentos de gloria pelos quais ela passou: Quando seu pai era presidente da República; Quando ela encabeçava um grupo de deputados favoráveis ao impeachment de Collor; durante seu primeiro mandato como governadora; e quando, mesmo doente, venceu uma eleição sem sair da cama do hospital.
Fora esses momentos, apenas este agora, quando ela é conclamada a ser candidata ao governo do Maranhão, como sendo a única pessoa capaz de enfrentar Flávio Dino com chance de vencer, pode ser inscrito em sua biografia como momentos de verdadeira felicidade e grande contentamento.
Apenas em horas como estas é que o político se sente realmente realizado. Quando seus correligionários imploram para que ele entre numa disputa, quando o povo diz que ele é a única opção a se contrapor ao status quo, quando até seus ocasionais adversários gostariam que ele se candidatasse, pois assim eles seriam mais valorizados pelo poder dominante.
É!… Tenho certeza que Roseana está muito feliz com todas essas manifestações de apoio e solidariedade, e com a grande quantidade de apelos que ela tem recebido para se candidatar ao governo em 2018.
É aí que começo a pensar e me pergunto. Por que será que Roseana não foi candidata a senadora em 2014? Se tivesse sido teria ganhado, mesmo que com certa dificuldade. Seria a primeira vez no Maranhão que uma chapa majoritária elegeria o governador e a outra o senador. Teria feito história e teria estabelecido claramente que aquele pleito não foi hegemônico.
Se ela se afastou da política eleitoral em 2014, quando todos precisavam tanto dela, por que voltar agora, em uma situação desfavorável? Parece incoerente!…
Talvez o meu raciocínio extremamente pragmático não consiga ver o que há por trás de toda essa história. Talvez eu entenda menos de política que eu e algumas pessoas imaginamos. Ou talvez eu esteja certo e Roseana realmente não será candidata a governadora.
Caso realmente ela não venha a ser candidata, o pleito será gélido, a vitória do atual governador será certa, os correligionários dele valerão menos que seus opositores, exatamente como ocorria quando o grupo Sarney mandava no Maranhão.
Caso ela seja candidata o cenário ficará bastante movimentado. O seu grupo poderá garantir a eleição de um senador, suas bancadas estadual e federal se fortalecerão para a disputa e até os adversários de seus aliados, nos municípios, ficarão mais valorizados pelo atual governo, que como os governos de antes, relega os políticos a um terceiro plano.
Só Flavio Dino tem algo a perder se Roseana for candidata ao governo em 2018.

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“Vamo Arreuní, Vamo Guarnicê…”

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O Festival Guarnicê de Cinema completa em 2017, 40 anos de existência, e resolvi contar pra você um pouco de minha relação com este que é um dos mais antigos festivais de cinema do Brasil.
No início dos anos 1980, mais precisamente em 1983, eu, Celso Borges, Roberto Kenard, Paulinho Coelho e Érico Junqueira Aryes, secundados pelo cartunista Cordeiro Filho, pela jornalista Dulce Brito e pelo músico Ronaldo Braga, criamos a Revista Guarnicê, publicação voltada para a cultura de modo geral, com foco na literatura. Na Guarnicê havia espaço para tudo e todos, tanto que em 1984, para apoiar um parceiro de aventuras, o jornalista e cineasta João Ubaldo de Moraes, eu criei a Guarnicê Produções, que a princípio só existia como marca de fantasia.
Em parceria com Ubaldo e incentivado por Ivan Sarney, realizei meus primeiros trabalhos em super 8. Depois, também Zé Louzeiro passou a nos apoiar.
Comprei uma câmera, um projetor, uma moviolazinha… Aprendi o ofício de fazer cinema da maneira mais rudimentar que poderia existir, mas era algo maravilhoso. Para mim era melhor que a literatura, que tanto exigia de mim, um disléxico.
A primeira realização da Guarnicê Produções, tendo eu e Ubaldo como roteiristas, diretores, produtores, editores, sonoplastas… Só não fomos neste filme, atores… Estou falando de “The Best Friend – O Amigão”, um filme que se pode chamar de experimental, uma vez que se utiliza da mímica para contar sua história.
Nesta película, duas mãos se relacionam! Uma mão brasileira e uma mão americana, ambas identificadas pelas cores nos punhos de suas luvas brancas e pelas músicas que cantarolam, quando elas aparecem.
Aqueles ainda eram os tais anos de chumbo. O FMI estava em todas as notícias dos telejornais e o nosso filme falava exatamente disso.
A mão americana oferecia dinheiro à mão brasileira, que aceitava e pagava juros exorbitantes, como se via acontecer na telinha.
A história se desenrola e há um “grand finale” que ainda hoje, quando o assunto não está mais em voga, ainda surpreende por sua originalidade.
Devo dizer, para ser justo, que, para aquela época, aquela foi uma boa produção, mas vendo alguns detalhes referentes exatamente à produção daquele filme, hoje, tenho vontade de chorar!
Resultado: “The Best Friend – O Amigão” ganhou dois prêmios. O de melhor filme maranhense, pelo júri técnico e o de melhor filme do ano, pelo júri popular, que compareceu às sessões do festival naquele ano de 1984.
Depois disso continuamos, eu e Ubaldo produzindo outros filmes.
Acabada a Revista Guarnicê, eu que naquela época já estava na política, já era deputado estadual, resolvi ser deputado federal constituinte, o que me afastou de São Luís e das atividades artísticas e culturais.
Mesmo que não estivesse totalmente afastado, pois não parei de participar da vida artística, literária e cultural de modo geral, demorou 23 anos para que eu voltasse a me atrever a fazer cinema, formalmente.
Em 2007 realizei “Padre Nosso”, que na verdade foi um ensaio, para que pudesse me familiarizar com as novas tecnologias, agora já tão avançadas.
Em 2008 realizei “Pelo Ouvido”, filme com o qual repetiria a façanha de ganhar mais dois prêmios no Festival Guarnicê de Cinema, melhor atriz para Amanda Acosta e mais uma vez, melhor filme do festival, pelo júri popular.
O “Pelo Ouvido” saiu daqui e foi selecionado para mais de 120 festivais de cinema do Brasil e do exterior, onde no final de dois anos tinha ganhado 21 prêmios.
Em 2016 duas produções das quais fui coprodutor sagraram-se campeãs em suas categorias. “Macapá”, cujo diretor é o jovem promissor cineasta Marcos Ponts e “Joca e a Estrela”, em parceria com a Dupla Criação, que tem feito trabalhos primorosos em animação.
A minha história com o Guarnicê é essa, mas a história do Guarnicê com a cidade de São Luís e com o cinema do Maranhão é algo muito maior.
Viva o Festival Guarnicê! Viva o cinema Maranhense!

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O 86 de Felix

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Fico feliz pela honra de ser um dos primeiros a apresentar a mais nova façanha de Felix Alberto Lima. Trata-se de um projeto multimídia, composto de um livro, em encadernação de capa dura, um disco, em duas versões, LP e CD, e um filme documental em DVD. Essa ambiciosa obra chama-se “Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento”, onde ele narra as peripécias de sua geração, que em 1986 fervilhava na vivência e na convivência do Campus da Universidade Federal do Maranhão e por toda a cidade de São Luís.

Felix começa seu livro com duas frases que para mim são emblemáticas em minha vida e das minhas paixões, cinema e memória. Waly Salomão grita: “A memória é uma ilha de edição”, e Jean-Luc Godard sussurra: “Cada edição é uma mentira”.

Construído com seu “time” narrativo próprio, com suas vírgulas sempre bem colocadas, o livro que compõe esse pacote, faz um minucioso recorte histórico dos fatos que aconteceram quando o autor e seus parceiros povoavam a universidade. Penso ser importante que se diga que nele o autor é fiel à ótica dos personagens que marcaram aquele período, pessoas que participaram ativamente do chamado movimento estudantil e de intensas agitações culturais no campus da UFMA, bem como em todos os bares e botecos da cidade.

Lendo o livro tive uma incrível sensação de “dejavu” (Heloisa!), mesmo que naquela época já estivesse fora do ambiente universitário. Já sendo deputado estadual desde 1983, mantinha relacionamentos de amizade com muitos dos personagens (CB, Párias…) que aparecem na incrível iconografia do livro e nas imagens resgatadas dos acervos audiovisuais da época.

Pegando como gancho a realidade de sua geração em torno do que acontecia principalmente na área de vivência do Campus do Bacanga, Felix faz o “link” de fatos como a polêmica exibição do filme “Je vous salue, Marie”, de Jean-Luc Godard, e avança sobre as disputas políticas no meio da militância estudantil, os festivais de música na UFMA, a poesia cambaleante da Akademia dos Párias, o Circo Voador no México e em São Luís, o Comunicarte, o show de Lobão e Titãs no Colégio Maristas, entrevistas memoráveis com Agostinho Marques e Luís Carlos Prestes, as primeiras eleições diretas para reitor na universidade, o jornal laboratório do curso de Comunicação Social e muitos outros fatos, para construir ao final o seu “Maio oito meia”, e faz isso com brilhantismo e competência, como já havia feito antes, em 2003, para comemorar um evento que acontecera três anos antes de 86. Ele é autor de outra importante obra de recorte jornalístico histórico. Trata-se do “Almanaque Guarnicê”, publicado para comemorar os 20 anos daquela que foi uma das mais importantes revistas culturais de nosso estado.

O filme, dirigido por Beto Matuck, outro bom amigo e parceiro de grandes realizações, é fiel ao relatado no livro e constrói uma obra intrigante e cativante transportando para o audiovisual todas as informações e sensações registradas em papel.

Integram também esse projeto um LP e um CD que trazem 12 músicas (11 regravações e uma canção inédita) que também embalam a trilha sonora do filme. Esse é um “plus” do projeto que ouvindo, voltamos no tempo.

Para finalizar essa breve análise, divido-me em dois sentimentos complementares. O primeiro é o de congratulações pelo belo e importante trabalho realizado por essa competente equipe. O segundo é o de gratidão pelo registro de parte tão importante e rica da história recente, dos fatos e das pessoas de nossa terra.

Esta será uma obra que marcará nossas vidas, nos fazendo jamais esquecer dias tão maravilhosos como aqueles.

 

PS: O Lançamento desta coletânea de obras será no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, no próximo dia 30 de maio, a partir das 18h.

É importante salientar que esse projeto teve o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo do Maranhão, através do patrocínio do Grupo Mateus.

 

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Se eu fosse Temer

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Se eu fosse Temer

Desde que ouvi as gravações feitas por Joesley Batista, um dos empresários mais poderosos de nosso país, que no Palácio do Jaburú conversava com o presidente Michel Temer sobre diversos assuntos, venho ruminando um entendimento melhor sobre toda essa situação. É isso que vou comentar com você hoje.

Temer é 19 anos mais velho que eu, mas começamos na política na mesma época. Ele foi nomeado procurador-geral do Estado de São Paulo em 1983 e eu tomei posse como deputado estadual pelo Maranhão naquele ano. Fomos deputados federais constituintes juntos em 1987 e depois disso cada um tomou seu rumo. Como curiosidade, posso dizer que Temer foi meu relator assistente quando da apreciação da emenda de Amaral Neto sobre a pena de morte.

Eu voltei para o Maranhão e Temer continuou em Brasília. Sua carreira deslanchou e o levou à presidência do PMDB, à vice-presidência da República e depois à presidência. Quanto a mim, trouxe minha vidinha até aqui.

Depois de todas essas idas e vindas encontrei-me com Michel umas três ou quatro vezes, ele sempre muito amável e gentil.

Ele nunca foi e pela sua forma de ser, nunca seria um homem duro, de posições mais rudes, sem tanta prosódia, adjetivação, mesóclises, sem tanto refinamento. Ele é o que se pode chamar de cidadão cordial. Essa não é uma característica apropriada para ser a mais marcante em um político na situação em que ele se encontra. O temperamento do qual precisávamos neste momento é um que oscilasse entre três pontos, do violento Antonio Carlos Magalhães, passando pelo enérgico Itamar Franco até chegar ao aparentemente pacato, mas obstinado Tancredo Neves.

Porém, Temer não é nada disso e ainda tem o péssimo hábito de se cercar de amigos ursos, de pessoas da pior qualidade. Aquele velho ditado que ouvi muitas vezes de meus pais, “me diga com quem andas que eu digo quem tu és”, poderia servir muito bem para ele, mas serve também para muita gente, boa e ruim.

Voltando ao problema em questão, como disse no início deste texto, desde que ouvi as gravações feitas por Joesley Batista, venho ruminando um entendimento melhor sobre toda essa situação e acredito ter chegado a uma conclusão. Temer deveria fazer uma análise dura, profunda e isenta, assistir alguns filmes sobre momentos de ruptura pelo qual passaram as sociedades, algo como “Danton”… E aí olhar para sua mulher, seu filho e suas filhas, e renunciar.

Na renúncia ele pode, veja bem, eu disse pode, ter uma saída menos desonrosa e mais altruísta.

O que ouvi nas gravações não é suficiente para condená-lo a nada, mas é muito mais que suficiente para destruir o pouco de apoio que ele ainda contava, tanto na sociedade quanto no próprio Congresso Nacional.

Acredito que o que pode realmente vir a incriminar Temer é a conversa envolvendo a propina entregue a Rodrigo Loures. Isso ficando provado, Temer estará definitivamente acabado! E pode ainda ter outras denuncias!

Apenas o fato dele ter ouvido um bandido como o Joesley Batista dizer o que disse, já configura falta de decoro e moral para exercer o cargo de presidente da República.

Fico imaginando o que passa pela cabeça de Michel e chego a ter pena dele. Imagino que ele não conseguiu acordar hoje com a mesma disposição que eu, não pôde beijar sua mulher com a alma leve como eu fiz com a minha, não se sentou à mesa para tomar café e assistir ao “Bom Dia Brasil” com o mesmo ânimo que eu. Ao pensar nisso tive pena dele.

Muitos irão dizer que pena não seria o sentimento que eu deveria ter, mas conhecendo-o como penso conhecer, sei que ele gostaria de ser lembrado como o homem que tirou o Brasil de sua pior crise econômica. Ver isso se esvair deve ser desesperador para ele.

Temer cometeu erros e deve neste momento tomar uma decisão que, se não pode salvar nem ele nem o país, pode impedir que ele e o Brasil sejam completamente destruídos.

No lugar dele eu renunciaria, mas providenciaria para que essa transição fosse feita em paz e irrestritamente sob a luz da Constituição Federal.

 

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Cinema e Justiça

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Cinema e Justiça

Ontem compareci ao “Happy Hour Cultural” da Escola Superior da Magistratura do Maranhão (Esmam), onde conversei sobre o tema “Justiça e Cinema”. Como diz o título da palestra, falei sobre o fato do cinema frequentemente abordar temas referentes à justiça e ao mundo jurídico.

Comecei comentando sobre justiça ser um conceito abstrato, que se refere a um estado ideal de interação social, onde deve haver equilíbrio entre os interesses em questão. Que a ideia de justiça está presente nos estudos não apenas do direito, mas também da filosofia, da ética, da moral e até mesmo da religião.

Ressaltei que as concepções e aplicações práticas da justiça variam de acordo com o contexto social onde ela é praticada. Que ela é comumente alvo de controvérsias entre pensadores e estudiosos, e para que ela ocorra precisa ser parametrizada por um conjunto de leis que servem como normas de conduta e convivência, que variam de sociedade para sociedade.

Depois entrei direto no cinema, a quem, sem dizer novidade, chamei de sétima arte, uma vez que ela é posterior às seis artes clássicas: música, teatro, pintura, escultura, arquitetura e literatura. Disse também que ela é a união de todas as artes anteriores, pois o cinema se apropria da literatura no roteiro, do teatro na interpretação dos atores, da música em suas trilhas sonoras, e da pintura, da escultura e da arquitetura, em suas ambientações e cenários. Some-se a isso o uso das mais modernas tecnologias de fotografia e filmagens, o que transforma o cinema não apenas na arte mais completa, como naquela que atinge maior público e congela o tempo.

Disse-lhes que o cinema pode ser utilizado como veículo de informação, como nos casos dos célebres cines jornais; de educação, na transposição de obras literárias e teatrais; de arte, como na criação de linguagens próprias do cinema; como entretenimento, quando se apresenta pura e simplesmente como lazer; e como indústria, quando ficam patentes os inúmeros recursos utilizados em suas realizações.

Dito isso, passei a discorrer sobre os cinco filmes que escolhi especialmente para exemplificar como o cinema se utiliza do assunto justiça, e fiz comentários sobre essas maravilhosas realizações, sempre demonstrando como o cinema serve de veículo para a difusão da ideia de justiça.

“Doze homens e uma sentença” conta a historia de um julgamento de um jovem que é acusado de ter matado o pai. Ironicamente o foco do filme não é o crime ou o criminoso, mas os 12 homens que vão julgá-lo e as reações desses homens no processo de julgamento.

“Testemunha de acusação”, que conta com um elenco estrelar, serve para Agatha Christie demonstrar mais uma vez ser de uma genialidade inigualável ao engendrar uma trama onde uma testemunha aparentemente hostil a um réu, na verdade serve para livrá-lo de uma pena capital.

“O vento será sua herança” traz à baila um fato verídico ocorrido nos anos de 1910, no sul dos Estados Unidos. Uma discussão jurídico-religiosa sobre o ensinamento da teoria evolucionista nas escolas. Um tema eletrizante, capaz de fazer com que ninguém pisque na sala de exibição.

“Filadélfia” trata do desrespeito ao direito à opção sexual e os consequentes preconceitos advindos desse fato, tudo isso num momento obscuro da vida de uma sociedade hipócrita, que se vê obrigada a conviver com uma doença avassaladora.

Por fim, “O povo contra Larry Flynt”, baseado em fatos reais da vida do editor de uma revista masculina que resolve defender com unhas e dentes o direito contido na primeira emenda à Constituição americana, que garante o direito à informação e à opinião, temas muito polêmicos, fronteiriços dos direitos das pessoas envolvidas em casos desse tipo.

Todos estes filmes imperdíveis!

Acredito que quem compareceu, gostou da palestra.

 

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O verdadeiro amor

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Há tempo que eu queria abordar o assunto do artigo de hoje, mas foi preciso assistir ao extraordinário filme “Lion” para que pudesse me libertar das amarras que me impediam de reconhecer publicamente o amor que eu sinto por um homem.

Se você não viu “Lion”, sugiro que o veja! Quando saí da sala de exibição do filme tive certeza do tanto que PODE ser incomensurável o amor entre dois irmãos.

A singela história, verídica, de dois meninos indianos, ocorrida em meados dos anos de 1980, comprova que é no exercício da mais pura fraternidade, ou seja, laços que envolvem irmãos, que o amor tem a sua maior afirmação.

O amor de uma mãe por um filho é compreensível! O amor de um filho por uma mãe é facilmente explicável. O amor de uma mulher por um homem e vice versa, tem raízes naturais, biológicas e antropológicas. O amor entre dois irmãos está a alguns graus em latitude e em longitude do ponto concêntrico de uma explicação natural, e talvez por isso seja um amor tão bonito.

O exemplo bíblico do Gênesis onde Caim mata Abel por inveja, nos cega para a verdadeira relação que PODE existir entre irmãos.

Meu irmão Nagib, em quase todos os aspectos, é um homem que não poderia ser mais diferente de mim.

Filhos dos mesmos pais, criados da mesma maneira, com os mesmos valores e com os mesmos conceitos, nos tornamos pessoas bem diferentes em nossas atividades e na vida.

Nosso pai era um homem que tinha duas ocupações e seus filhos resolveram inconscientemente que cada um se dedicaria a um desses setores. Enquanto eu enveredei pela política, Nagib se incumbiu dos negócios. Enquanto eu cultivei a diplomacia, Nagib desenvolveu um modo inflexível de lidar com as coisas e as pessoas. Enquanto eu compensei minhas frustrações, buscando complemento às condições incômodas e inaceitáveis de minha vida, na cultura, nas artes, na literatura, no cinema, Nagib se embrenhou cada vez mais profundamente nos negócios, dando mais atenção a eles que à sua própria vida.

Ao saber da história de Saroo e Gaddu, personagens do filme “Lion”, me deu a chance de hoje vir até vocês para dizer o quanto eu amo o meu irmão, pessoa com quem nem sempre concordo, mas que hoje, acima e antes de todas, é aquela de quem eu mais dependo, uma vez que no que ele faz, é total e completamente insubstituível.

Eu sempre fiz uma brincadeirinha com minha filha Laila. Sempre disse a ela que eu tinha uma lista de pessoas que eu amava. Dizia a ela que essa lista mudava de ordem conforme a ocasião pela qual a vida se encontrava. Quando eu era criança e entendia pouco da vida, a ordem era meu pai em primeiro lugar, minha mãe em segundo e meu irmão em terceiro. Meu irmão ficou doente e por medo de perdê-lo, o coloquei em segundo lugar junto com minha mãe. Quando eu passei a entender as coisas, a lista mudou, Minha mãe foi para primeiro, meu pai foi para segundo lugar e meu irmão voltou ao terceiro, uma vez que havíamos nos distanciado, coisa natural naquela altura da vida. Quando minha filha nasceu ela passou de todos e ficou em primeiro lugar. Meu pai morreu medalha de bronze, naturalmente herdada pelo meu irmão. Pensei que fosse essa a ordem natural e definitiva dos amores de minha vida, mas depois de “Lion” descobri que os amores de filhos e pais não podem entrar nesse tipo de lista e que na verdade, é o meu irmão a pessoa a qual eu sou mais ligado, pois a relação que cultivamos se tornou algo tão essencial quanto o ar que eu respiro.

Outro dia, numa de nossas animadas conversas nos almoços na casa de nossa mãe, minha mulher, reclamando que eu não me cuidava, estava ficando sedentário, não praticava mais esportes, só queria saber de escrever, fazer filmes e assistir televisão, Nagib se virou pra mim e disse: “Tu estás proibido de morrer! Se tu morreres eu me mato, pois não vou poder tocar nossas coisas sozinho!” Todo mundo caiu na gargalhada, menos eu, pois ironicamente sabia que na verdade quem não pode morrer é ele, se isso acontecer EU estarei morto, pois nossa família pode ficar sem meus artigos, sem meus filmes, mas não pode ficar sem o trabalho que ele desenvolve todo dia, incansavelmente.

Somos muito, muito, muito diferentes! Não concordo com a grande maioria das coisas que ele pensa, política e culturalmente, mas o que seria de mim sem ele! Nada…

 

 

 

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FD X RS (atendendo a pedidos!)

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“Desde ontem a noite que estou com uma questão me encucando.
Me lembrei de um velho amigo que, quando queria ouvir uma análise política, eu recorria a ele, chamava-se Walter Rodrigues.
Com o falecimento dele, ficamos com poucos analistas políticos de crédito.
Me lembrei do poeta, ex-parlamentar, membro da Academia Maranhense de Letras, cineasta e produtor cultural dirigindo o MAVAM, Joaquim Haickel.
Então resolvi provocá-lo aqui no Facebook, sobre a atual conjuntura política do Maranhão. Dentre as atividades de 
Joaquim Haickel, tem mais uma que é a de analista político.
Tenho discutido muito sobre as questões nacionais, mas muito pouco sobre as questões locais.
Faço então um desafio ao Joaquim, para que ele trace um perfil entre o governador Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney, que está insinuando candidatura ao governo em 2018. Quem ganha com isso nesta disputa, o que você vê de positivo neste próximo pleito.
Tá lançado o desafio, deputado Joaquim Haickel”.

 

Esse meu texto é motivado pela postagem no Facebook, reproduzida acima, feita pelo meu querido amigo, o cartunista e ex-vereador de São Luís, Cordeiro Filho, que, provocador, deseja se deliciar com minhas quase sempre insubordinadas análises políticas. Vou tentar atende-lo!

O fato é que um dia desses, me peguei pensando exatamente sobre esse assunto: as diferenças, igualdades, formas de ser, pensar e agir das duas figuras mais graduadas da política maranhense, excetuando-se Zé Sarney, pois compará-lo aos dois seria covardia!… Para com os mais jovens!

Tentarei ser objetivo e sucinto, em que pese minha predileção para detalhes.

Antes de qualquer coisa devo declarar com honestidade e transparência que entre as figuras de Flávio Dino e Roseana Sarney, tenho mais proximidade com a segunda, mas acredito que isso não me impedirá de ser franco, honesto e coerente em minha abordagem e, sendo assim espero que ambas figuras, não levem minhas palavras para o lado pessoal, pois se há uma coisa que aprendi muito cedo sobre política é que ela deve ser, o mais possível, exercida de forma impessoal.

Podemos começar exatamente aqui neste ponto nossa análise. No que diz respeito ao backgraud, do preparo prévio de cada um dos personagens.

Roseana deveria ter aprendido mais e melhor com o mestre que tinha em casa, enquanto Flávio, mais bem preparado culturalmente que ela, deveria ter desenvolvido menos defeitos no decorrer de seu trajeto.

O fato é que ao contrário do que as pessoas pensam, Roseana não foi criada desde cedo para viver no mundo da política. Essa foi uma decisão tomada no meio do caminho. Um desvio causado por diversos motivos, entre eles o gigantismo de seu grupo político e a falta de adequado planejamento durante a década de 1970, quando Zé Sarney passou a ter atuação mais dedicada ao cenário nacional que ao local. (Abro um parêntese para comentar que sobre a política maranhense das décadas de 1970 e 1980, o Maranhão perdeu dois quadros importantes que poderiam ter sido grandes governadores: Haroldo Tavares e Lourenço Vieira da Silva).

Muito tímida e insegura, Roseana é dona do maior e mais estrelar carisma da política maranhense, superando inclusive Zé Sarney neste quesito. No entanto lhe falta a capacidade aglutinadora de seu irmão Fernando e a clareza e oratória de seu irmão Zequinha, que era a primeira opção para sucessor do pai.

Flávio Dino por sua vez incorporou o carisma sisudo de juiz. Na verdade ele tem quase tudo de juiz. Explico! Da caricatura que nós comumente fazemos de um juiz: Empáfia, arrogância, prepotência… Sua palavra é lei e a última tem que ser sempre a dele. Inflexível, só reconhece um erro quando lembra que agindo assim vai fazer com que as pessoas acreditem que ele é humano. Estudioso, foi o primeiro de sua turma no concurso de juiz federal, mas dizem que o célebre personagem das ruas de São Luís, “Rei dos homens”, antes de enlouquecer era de uma inteligência e uma cultura invejável. Ele é capaz de conceber ideias próprias, e algumas são até boas, mas se apropria das ideias de outras pessoas, raramente dando-lhes crédito. Ele parece ser incapaz de voltar atrás por iniciativa própria. Para fazer isso é preciso ser obrigado.

Em suma, duas pessoas… Digamos… “Mimadas”. Uma pela criação de filha preferida e de saúde frágil, e o outro por falta de coragem de se abrir para o mundo de forma plena, livre de restrições.

Roseana tem um alter ego que serve para o bem e para o mal. Seu marido Jorge Murad é responsável por algumas coisas boas que ela fez nos quatorze anos em que governou o Maranhão, mas a forma dele pensar e agir, quase sempre, acabou sendo a maior causadora dos problemas que ela e seu grupo político tiveram durante os últimos trinta anos.

Flávio Dino também tem o seu alter ego! Trata-se de seu colega de lutas universitárias, Marcio Jerry, que não tem a mesma influência desfrutada pelo marido de Roseana, por motivos óbvios, mas que também serve como bode expiatório nas coisas ruins e de escada nas coisas boas. A vantagem de Jerry sobre Jorge é que nem tentando muito o primeiro consegue ser tão antipático como o segundo.

De um lado temos uma mulher simpática e carismática. Tímida e mimada, nunca se deu bem com os nãos da vida ou da política. Herdeira de parte da grande sorte de seu pai, sempre se cercou de pessoas competentes e capazes, pelo menos até que ela e o marido resolvessem que essas pessoas estavam ultrapassadas. E uns até que estavam mesmo, mas a forma de tratar essas pessoas não foi a mais correta. Aí começou a rachar o casco da nau de seu grupo político.

Do outro lado um homem inteligente e culto que viu uma fresta de luz e correu atrás dela. Conseguiu abrir uma janela e poderia até ter construído um novo e permanente cenário no nosso estado, se não tivesse como meta principal destruir o casario antigo.

Ele faltou a essa aula, devia estar fazendo alguma manifestação junto com seus parceiros do DCE. Ele não sabe que para destruir um grande político ou o seu grupo, é preciso que o tempo o desgaste, e isso Flávio tinha a seu favor; É preciso que eles cometam erros sucessivos e graves. Mais um ponto a favor dele; Não se deve caçá-lo, pois isso vai vitimá-lo e o fará reagir. Nessa reação ele se fortalecerá e crescerá. A única coisa que Flávio devia ter feito para destruir Sarney e seu grupo, e não fez, porque não pôde, não teve capacidade nem teve competência, era cumprir todas as sonhadoras promessas da campanha eleitoral, onde ele dizia que iria transformar o Maranhão.

Ele tentou fazer com Sarney o que Sarney fez com Vitorino depois de 1966, mas esqueceu que as “CNTP” eram outras, os personagens eram outros, o cenário era outro.

Abro um parêntese para uma pequena ilação. Em termos de fragilizar o grupo Sarney, algumas poucas ações de Roseana foram mais eficazes que todas as ações de Flávio juntas.

Voltando a nosso assunto de hoje, vejo que existem mais semelhanças que desigualdades entre o governador Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney.

Você se lembra do incidente envolvendo a então prefeita Maura Jorge de Lago da Pedra!? Pois é! Várias vezes aconteceram casos como aquele nos governos de Roseana, mas com uma diferença, Roseana apesar de mimada não é arrogante nem prepotente como Flávio, e ali isso ficou claro.

Roseana tinha e tem um grupo de puxa sacos que a cerca, que só diz a ela o que eles pensam que ela quer ouvir. Ela nunca disse a eles que ela quer ouvir só loas e elogios, mas eles a viciaram de tal forma que ela só consegue aceitar esse tipo de relação.

Flávio, além dos puxa sacos conseguidos pela função de governador, tem os apaniguados do PC do B, máquina que hoje aparelha completamente o nosso Estado. Se por um lado há semelhança na mecânica do puxa-saquismo, por outro, os temperamentos dos dois fazem com que ele, o puxa-saquismo, atue de formas diferentes em suas personalidades. Flávio não se deixa manipular tanto quanto Roseana. Seus erros são causados quase sempre por sua teimosia.

No tempo de Roseana, os políticos balançavam de partido em partido, como macacos nos galhos. Quando ela era do PFL, levava todos para esse partido. Quando passou para o PMDB, obrigou a muitos mudar de legenda.

O mesmo se viu com o PC do B de Flávio e Jerry. Da noite para o dia centenas de políticos se tornaram comunistas desde criancinhas. Já existem até umas cinco dúzias de prefeitos filiados a esse partido.

Nas máquinas midiáticas dos dois residem algumas grandes diferenças entre eles. Se Roseana tinha a seu favor a maior estrutura midiática do Maranhão, com jornal, televisões e rádios a sua disposição e a seu favor, Flávio conta com um exército de blogueiros e tuiteiros, propagando até algum peido cheiroso que ele possa dar.

A comunicação social é tão importante no governo de Flávio Dino, que ele a delegou ao seu lugar tenente, que inclusive acumula o cargo de coordenação da política em nosso estado. Esse órgão estatal deveria se chamar de Secretária Plenipotenciária de Causa e Efeito.

Os staffs dos dois governadores falam por si só, em que pese Roseana em seu último mandato ter insistido em nomear para Secretaria de Esporte e Lazer um membro da Academia Imperatrizense de Letras, da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e Flávio nomear para o mesmo cargo um professor de História… Vai ver os ditos governadores não confiavam nos indicados para cargos, digamos, mais importantes!

A ideia absurda de Flávio juntar as secretarias de cultura e turismo só rivaliza com a insistência dele em fazer a mesma coisa que Roseana fez, e não agregar a juventude à SEDEL.

Nos quatorze anos em comando do nosso Estado, o secretariado de Roseana foi de primeira, ocorre que as repetições transformaram secretarias em feudos e isso ajudou a fragilizar o seu grupo. Quando se fala em eleição de Roseana, eu me arrepio todo só de imaginar o destino da SINFRA, da SES, da SEDUC, da SECOM, para citar apenas quatro feudos.

Flávio tem um secretariado desigual, cheio de altos, baixos e subterrâneos, mas entre eles gente de ótima qualidade como Felipe Camarão, Ted Lago, Carlos Lula, Marcellus Ribeiro, para citar também quatro.

Nos anos de governo de Roseana, o Maranhão experimentou um grande crescimento, mas este crescimento não foi transferido para a nossa população. Durante o governo de Flávio os números do estado não foram tão bons, até por causa da grave crise que se abateu sobre o Brasil, e logicamente nada também pode ser transferido à população. Mesmo assim é importante salientar que se não existisse essa crise, Flávio não teria feito nada muito diferente de sua antecessora.

Em relação aos políticos, tanto Roseana quanto Flávio não gostam deles, acham que eles são asquerosos, e alguns são mesmo, mas quem escolhe o mundo da política tem que saber conviver com essas coisas e com essa gente. Existe até um ditado popular apropriado para essa situação que me recuso a citar, por respeito àqueles que não fuçam!

Roseana sustentou Manoel Ribeiro, durante dez anos como presidente da Assembleia Legislativa, com a missão precípua, de manter os deputados e os políticos em geral longe dela, de Jorge e do Palácio.

Flávio delegou tal missão a Humberto Coutinho que tenta fazer a mesma coisa sem a mesma periculosidade. Caso pudesse Flávio elegeria Coutinho tantas vezes quanto Roseana elegeu Ribeiro, que só deixou a presidência da ALM porque deputados de diversas tendências se rebelaram contra a imposição dos Leões. Existem pessoas que acham que os atuais deputados não são tão “dóceis” como os de legislaturas anteriores, mas há quem diga que nesse quesito são iguais ou até piores!

Em relação à bancada federal acredito que o desrespeito deste governo para com ela seja igual ao dos anteriores. Aparentemente as únicas vozes que são ouvidas pelos Leões são as de dois Rochas: do aliado Weverton e do ex-aliado Roberto. O primeiro porque se transformou no único político independente do Maranhão, uma vez que tem seu próprio grupo político e um partido, consistentes e fortes. E o segundo, por ter a seu favor pelo menos seis anos de mandato de senador da república, e muito pouco a perder.

Denúncias contra Roseana existem e agora vemos que da mesma forma existem denúncias contra Flávio. Se eles são culpados dos crimes que lhes são atribuídos, isso será a justiça quem vai dizer, mas uma coisa é certa, é impossível se fazer uma omelete sem quebrar os ovos.

Mudemos o rumo da prosa e pensemos um pouco! O que pode levar alguém que já governou seu estado por quatorze anos querer mais uma vez governá-lo!? Em seu primeiro mandato Roseana teve uma ótima atuação, em que pese ter desmantelado o nosso sistema agrícola, acabando com as agências de apoio e extensão rural e não colocando nada em seu lugar. Ela entre 1995 e 1998 criou as bases de um estado mais presente e atuante, mas não se preocupou em fazer com que a vida das pessoas fosse bem afetada por essas ações.

Qual o motivo que a levaria a querer ser mais uma vez governadora!? Pra provar que pode!? Por birra!?

Uma coisa é certa! Não só eu, mas todas as pessoas com quem eu já conversei sobre esse assunto acreditam que somente Roseana tem capacidade eleitoral de enfrentar de igual para igual o governador Flávio Dino! Mas e se ela vencer, com que staff vai governar? Ela teria coragem de chamar os bons quadros que atuam no atual governo!? Porque Flávio Dino não teve esse desprendimento em relação aos bons quadros que existiam na gestão anterior a sua! Ela iria se apoiar no grupo de sempre!? E Flávio, se tiver uma segunda chance!? Vai cometer os mesmos erros motivados por um partidarismo cego, por um carcomido sectarismo e um maniqueísmo tacanha!?

Se Roseana teve um bom primeiro governo, o mesmo não se pode dizer de Flávio, pois sua estreia no executivo foi desastrosa.

Meu pai, uma vez, conversando comigo, comentou que existem pessoas talhadas para cargos executivos e outras feitas para serem do legislativo. Deu o exemplo dele e de meu tio, seu irmão, Zé Antônio Haickel que foi prefeito de Pindaré-Mirim por dois mandatos. Meu pai achava que nasceu para ser deputado. Ele sabia de suas limitações e conhecia suas habilidades, sabia como ser eficiente em seu trabalho parlamentar e diplomático. Segundo ele, tio Zé Antônio seria um péssimo parlamentar, mas como prefeito se saiu muito bem nos dez anos que governou seu município. “Saiu pobre da prefeitura” – dizia com orgulho! Da mesma forma ele via o caso de Castelo e Luís Rocha. Ele achava que Castelo era um executivo nato e um parlamentar apagado, e que o inverso acontecia com Luís Rocha, que era um parlamentar brilhante e um governador medíocre.

Imagino que ele diria o mesmo de Flávio e Roseana. Ele é uma perda de tempo como executivo, mas um parlamentar brilhante. Roseana como parlamentar teria nota zero para ele, mas acredito que ele veria nela qualidades não de uma boa executiva, mas com desprendimento suficiente para se cercar dos melhores quadros e delegar tarefas importantes.

Imaginem só aonde chegamos! Tanto Flávio quanto Roseana, se formos analisar friamente, são e foram governadores menos bons que Castelo e Pedro Neiva!

Por fim acredito que agora deva dar um veredito sobre essa disputa. Num jogo político entre Flavio Dino e Roseana Sarney, nas atuais circunstâncias, a vantagem é do atual governador, mas sua eleição não são favas contadas. A obrigação de não cometer erros, é dele, agora que está no governo, e erros são algo que ele tem se especializado em cometer.

Se Roseana for candidata e houver ainda a candidatura de Roberto Rocha e de sabe-se lá mais quem, o caldo vai engrossar!

É impressionante a quantidade de notícias de insatisfação com o atual governo, que tem chegado aos meus ouvidos, algumas delas vindas de políticos de seu próprio partido! Mas somente isso não basta. Aqueles Leões mesmo um tanto desdentados e mal adestrados continuam com um rugido poderoso!

Resta sabermos como será uma campanha eleitoral sem as contribuições empresariais de outrora! As pessoas estão preparadas para isso!? Estão dispostas a arriscar!? A financiar a sua própria campanha!?

Para Roseana quatorze anos de governo pode ter sido o suficiente para entrar para história do Maranhão e seu julgamento será feito com base nisso. Por estes quatro anos de Flávio, a história irá julgá-lo, mas lembro de um ditado de mesa de jogo que cansei de ouvir meu pai dizer enquanto jogava pif-paf e esperava as três últimas cartas serem distribuídas: “Vamos ver se três melhoram seis”. Flavio vai tentar outro mandato para ver se mais quatro anos governando o Maranhão podem melhorar os quatro que estão findando.

Acredito que todos os maranhenses desejam que, quem quer que seja o próximo governante de nosso estado, acabe com a hipocrisia, o sectarismo e o maniqueísmo na gestão da coisa pública, pelo menos; que não permita que as secretarias de estado sejam feudos; que desça do palanque depois das eleições; que trabalhe mais e faça menos proselitismo; que tente destruir seu adversário construindo um Maranhão melhor.

Devo dizer que esse texto foi escrito entre a hora que recebi a postagem de Cordeiro Filho, por volta do meio dia deste domingo 23 de abril de 2017 e agora um pouco antes das 18 horas deste mesmo dia, quando vou postá-lo. (E ainda passei duas horas deliciosas no almoço de domingo, na casa de minha mãe!) Logo, o fato de ter escrito tudo isso em tão curto espaço de tempo, não me permitiu aprofundar minha a análise sobre alguns aspectos. Posso inclusive ter me esquecido de algum fato importante, que, sem prejuízo posso incluir depois.

PS: Esse texto não será publicado na página de opinião do Jornal O Estado do Maranhão, onde sempre publico minhas crônicas e artigos, por dois motivos. O primeiro se deve ao fato dele ter tamanho três vezes maior que o estabelecido pelo editor daquela seção do jornal e o segundo, pelo tema nele abordado ir de encontro com a linha editorial daquela importante publicação. Assim sendo esse texto só poderá ser lido em meu Blog ou nos dispositivos midiáticos de quem desejar reproduzi-lo.

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Farinha do Mesmo Saco

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O que tem se visto e ouvido desde a divulgação da lista de pessoas arroladas pelo ministro Edson Fachin, do STF, são coisas dignas de constar de um daqueles best sellers de intriga política de Gore Vidal. (Poxa, acho que subi muito o nível desses caras! Gore Vidal!)

Em que pese esse mundo de denúncias que estamos assistindo, ainda assim, todos os acusados alegam inocência! Ainda não apareceu nenhum corajoso para reconhecer que tenha realmente recebido recursos financeiros não contabilizados, “para fins eleitorais”!

Os denunciados adotaram uma cantilena bem parecida, cuja letra conta a história de terem recebido doações oficiais declaradas à justiça eleitoral, submetidas a prestações de contas e aprovadas por ela.

Mas o certo mesmo é que nosso sistema político está falido e isso todos nós já sabemos faz muito tempo! Como parte dele, nosso sistema eleitoral é uma aberração que nunca foi consertada porque os detentores do poder nunca tiveram interesse nisso.

O eleitor brasileiro, ou é viciado em um partidarismo aparelhador que o transforma em engrenagem das maquinas de esquerda, ou é viciado nas benesses monetárias de direitistas que compram votos. No final, grande parte do eleitorado brasileiro, de um lado ou de outro, vende voto.

A falta de coragem e de vontade política dos últimos governos, de enfrentar os graves problemas do país, nos trouxe até onde estamos. Na beira do abismo!

O PT nunca quis fazer as reformas que todos sempre souberam ser indispensáveis: Da previdência, a trabalhista, a tributária e fiscal, a política e eleitoral. Nunca pensaram em reformar o nosso sistema educacional, de saúde ou de segurança. Eles só queriam o poder e para permanecerem donos dele lançaram mão das mais abjetas ações de corrupção.

Em quase todo lugar do mundo existem eleições. Em todos eles os sistemas apresentam problemas. Na maior democracia do planeta ocorreram problemas nas três últimas eleições. Lá acabaram de eleger um presidente que teve menos votos nominais que sua concorrente, porém isso consta da regra, não importando que ele (Trump) seja um grande imbecil! A democracia tem dessas coisas. A soberana escolha popular pode levar a vida desse soberano povo ao caos. Foi o que aconteceu com o Brasil pelo menos nas últimas três eleições.

Acredito que a primeira eleição de Lula foi legítima e até necessária. Votei nele! Naquele mandato penso que ele pôde fazer boas coisas, até porque o que ele mais fez foi colocar cores e nuances petistas nas ações peessedebistas que FHC já realizava.

Na reeleição, Lula não conseguiu mais manter o mesmo tom. As coisas se partidarizaram radicalmente. O PT e seus asseclas passaram a ser mais importantes que o Brasil. Apesar disso Lula era o cara! Votei sem muita fé!

Ao escolher Dilma para substituí-lo, Lula apostou no quanto pior melhor, pois essa seria a maneira perfeita de voltar quatro anos depois do já anunciado desastre, nos braços do povo, como salvador da pátria. Ele só não contava que o “desastre” se apegasse tanto ao poder que o descartasse.

O primeiro mandato de Dilma foi a confirmação do erro de sua escolha e a comprovação das políticas equivocadas, da partidarização e do aparelhamento do estado. Votei nela, torcendo para eu estar errado. A reeleição de Dilma foi a gota d’água. O Brasil se tornou um país totalmente aparelhado e loteado. Votei contra ela.

A corrupção irrigando os apoios ao governo que não tinham como acontecer de forma legítima e a sensação de impunidade e de invulnerabilidade dos poderosos levou à aparição de um personagem do qual espero que eu não seja obrigado, a no futuro, a falar mal dele. O Moro! Que só será lembrado como um personagem do bem se conseguir manter-se minimamente imparcial e jamais cair em tentação, não se deixando seduzir pela política eleitoral e partidária.

O Brasil tem que ser passado a limpo e essas mudanças precisam ser profundas e definitivas. O problema é que parece não ter sobrado ninguém para implementar tais mudanças!

Ocorre que depois da lista do Fachin, parece que não sobrou ninguém vivo no cenário político nacional. Quem não levou um tiro na cabeça ou no coração, apanhou uma surra de pau roxo ou no mínimo foi jogado dentro da fossa séptica mais fétida que possa existir.

O certo é que o mais limpo dessa lista está definitivamente e para todo sempre, sujo, e não adianta dizer que não pediu, não recebeu e que não deu em contrapartida nenhum benefício ao seu doador de campanha, seja ele oficial ou via caixa 2.

A corrupção no Brasil é estrutural e epidêmica, se espalha e contagia quase a totalidade das pessoas envolvidas no sistema político. Não terá o nome incluso em listas como esta apenas quem não tenha nada importante para oferecer de vantagem.

Há uma coisa que deve ser observada atentamente! Em momentos de fragilidade como esse pelo qual passamos é que aparecem os maiores aventureiros. Lembram-se de Collor!?

 

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Talvez eu já possa morrer…

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O ano de 2017, em que pese os dois anos que o antecederam terem sido muito ruins no aspecto econômico e financeiro, está se constituindo em um ano de efetivação das metas que faz algum tempo tracei para minha vida.

Faz 20 anos criamos a Fundação Nagib Haickel, voltada para a promoção da educação, da cultura, do esporte e da cidadania, com foco especial na preservação da memória de nossa terra e de nossa gente, através de meios audiovisuais.

A FNH passou a ser o ponto de partida e de chegada do meu projeto de vida, no que diz respeito ao aspecto de devolver à sociedade um pouco das coisas que consegui aprender e apreender.

Nesse sentido, a FNH instalou em 2010 o MAVAM, Museu da Memoria Audiovisual do Maranhão, com sede num prédio icônico do centro histórico de São Luís. Dele resultou depois o Polo de Cinema Ficcional, Documental e de Animação do Maranhão que congrega uma dúzia de empresas produtoras de áudio visual, que buscam implantar em nosso estado uma indústria neste setor.

Em torno do MAVAM desenvolveram-se projetos de busca, identificação, resgate, limpeza, restauração, digitalização e catalogação de importantes acervos de imagens e sons que retratam as circunstâncias e as consequências da vida do povo maranhense e de suas instituições, com especial destaque aos acervos fotográficos de Edgar Rocha e a coleção de Antonio Guimarães, o acervo radiofônico do abnegado Talvane Lucatto, os filmes de cineastas como Murilo Santos, Euclides Moreira e João Ubaldo de Moraes e principalmente as imagens registradas pelo cinegrafista Lindberg Leite.

De alguns anos para cá o MAVAM já vem demonstrando que estava alcançando seu objetivo, mas eu sempre muito exigente com os resultados nunca me dei por satisfeito, e ainda não estou! O que faço através desse texto é antecipar não só o reconhecimento por ter alcançado algumas metas, mas também o agradecimento a algumas pessoas, sem as quais teria sido impossível realizar o que até agora realizamos.

Nem a Fundação Nagib Haickel nem o MAVAM, nem o Polo de Cinema possuem funcionários. O que temos são voluntários que dedicam parte de seu tempo para realização dos trabalhos ali desenvolvidos. Não seria possível citar aqui todos que nos ajudaram a chegar aonde chegamos, e peço que todos sintam-se citados através dos nomes daqueles que destacarei.

Seria impossível fazer o que fazemos sem os esforços de Joan Carlos Santos, de Beto Matuck, de Fernando Baima, de Cinaldo Oliveira e de Almira Pestana, apenas para citar cinco de nossos colaboradores voluntários.

Da mesma forma devo destacar o nosso mais importante parceiro institucional, o IPHAN, que tem nos ajudado sempre que é acionado.

Vocês devem se perguntar o motivo de eu estar aludindo esse assunto exatamente agora! Explico! É que em abril o MAVAM fará sete anos e alguns fatos, bons, me fizeram constatar o sucesso de nosso trabalho. A grande quantidade de pedidos de uso de nossas imagens para utilização das mais diversas formas, pelos pesquisadores e por artistas e cineastas do Maranhão e de outros lugares do país!

Isso tudo seria normal, mas um trabalho de pesquisa desenvolvido pela professora Rose-France de Farias Panet, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UEMA, doutora em políticas públicas pela UFMA e em Antropologia pela École Pratique des Hautes Études em Sciences Sociales de Paris, com base em nossos acervos, me fez ver que o nosso trabalho realmente está atingindo seu objetivo principal, que é ser uma referência em pesquisa sobre as coisas de nossa terra e de nossa gente, em meios audiovisuais.

Plantei árvores, escrevi livros (e fiz filmes), tive uma filha (e criei outros tantos)… Mas principalmente sonhei esse sonho e o realizei…

 

PS: Gostaria de agradecer a todas as outras pessoas e instituições que nos ajudam no trabalho de manter a FNH, o MAVAM e o PCM.

 

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Reconheço-me preconceituoso!

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Durante um daqueles movimentados almoços de domingo, quando nossa família se reúne na casa de minha mãe, surgiu o assunto que acabou por resultar no texto de hoje.

Depois daquele dia reconheci perante todos que eu sou preconceituoso. Não que eu exerça qualquer tipo dos preconceitos usualmente existentes no dia a dia.

Reconheci praticar preconceito religioso. Não que eu abomine esta ou aquela pessoa por sua crença. Respeito igualmente católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, budistas, hinduístas e os adeptos de qualquer religião, em que pese, mesmo eu crendo em uma força superior, eu não professar nenhuma religião especificamente.

O preconceito que eu tenho em relação à religião é no que diz respeito àqueles que as usam para manipular as pessoas. Além disso, sinto pena dos que se deixam manipular.

Reconheci que tenho preconceito de gênero. Não que eu valorize mais os homens que as mulheres. Descobri que na verdade eu tenho preconceito em relação a como as pessoas desses gêneros se colocam em relação a si mesmas e à sociedade em que vivem.

Homens que precisem reafirmar a sua condição masculina ou a sua macheza são tão dignos de restrição quanto mulheres que precisem sensibilizar as pessoas por sua condição feminina e “frágil”. Homens e mulheres devem ser simplesmente pessoas!

Bem junto ao preconceito de gênero aparece o preconceito de sexo. Não tenho nenhuma restrição a pessoas que escolham se realizar sexualmente como bem entendam. Nada tenho contra quem deseje ser bissexual, gay, lésbica, travesti, transexual, transgênero ou qualquer outra forma de manifestação da escolha sexual do indivíduo.

Sobre isso, devo dizer que tenho amigos e parentes gays e lésbicas e que os amo e respeito muito! Eles são pessoas inteligentes, competentes, produtivas e responsáveis. Cidadãos na melhor concepção da palavra. O que eu acho errado é quem usa a sua condição sexual apenas para agredir a família e a sociedade, que de forma igualmente constitucional, não os compreendam ou aceitam. Abomino também quem usa sua condição sexual para tirar proveito dos desavisados.

Não fui criado em um ambiente racial segregador, logo convivo com brancos, pretos, amarelos e vermelhos da mesma maneira.

Mas pra não ser hipócrita, certa vez fiz um teste comigo mesmo. Coloquei-me a imaginar minha filha casando com um afrodescendente! Fiquei incomodado com o que pensei, até que um dia ela me apareceu namorando um japonês! Convivendo com o rapaz, sublimei o fato de que meus netos pudessem vir a ter os olhos apertadinhos e serem mais baixos que os jogadores de basquete eu gostaria que fossem. O rapaz era tão gente boa que o fato de sua raça pouco importava.

Quanto ao preconceito em relação à classe social, sempre convivi com pessoas menos abastadas que eu. Não sei se ao dizer “graças a Deus” vou parecer arrogante, não é essa minha intenção, mas dizendo isso reafirmo o que todos já sabem: “Não ter”, é muito difícil. “Ter” é imprescindível. Todos deveriam possuir pelo menos iguais condições de lutar pela possibilidade de “ter”. Há, no entanto, um verbo, palavra que indica a ação do sujeito, capaz de fazer com que pessoas que não “têm” se igualem e até superem aquelas que apenas “têm”. Trata-se do verbo “ser”. De que adianta “ter”, sem “ser”!? Mais vale “ser”, sem “ter”. Quem “é” pode chegar a “ter”, mas quem apenas “tem” sem “ser”, jamais “terá” nada, pois nada “será”.

Naquele almoço comprovei o que eu já imaginava! Eu não tenho nenhum desses preconceitos que existem por aí. O meu preconceito é muito mais elementar, bem mais primordial que os que comumente enfrentamos. Meu preconceito é quanto ao tipo do caráter, da personalidade, da forma com que o indivíduo encara e exerce a vida.

 

PS: Há um outro preconceito do qual não consegui me desvencilhar. É em relação aos hipócritas, sectários e maniqueístas.

 

 

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