Sobre 2022

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Um empresário amigo meu me ligou pedindo que eu comentasse sobre os possíveis caminhos que a política do Maranhão pode tomar, e resolvi postar aqui hoje, o que eu disse pra ele naquela ocasião.

Falei-lhe sobre alguns dos cenários que poderão se materializar em 2022, me abstendo de dar minha opinião pessoal e valorativa em relação a qualquer uma das possibilidades ou a política em si.

Primeiro busquei enxergar as coisas do ponto de vista do grupo do governador Flávio Dino.

Acredito que a melhor opção para Flávio seria ele ser candidato a vice de Lula, fato que é bastante plausível. Neste cenário Brandão seria candidato a governador e Weverton indicaria os candidatos a senador e a vice de Brandão.

Porém há uma variável neste contexto. A montagem de um cenário ainda maior, algo mais monumental, que resultasse em uma ampla coalisão, que envolvesse também o grupo Sarney, o que sacramentaria de uma vez a eleição de todos, sem que muitas forças, políticas e financeiras fossem despendidas. 

Neste caso a vaga ao senado ser oferecida ao grupo Sarney, cabendo a Weverton aceitar indicar o suplente de senador e o vice-governador.

Essa arquitetura seria digna de um Oscar de melhor direção de arte.

Outra boa opção para Dino seria ele ser candidato a senador, Brandão a governador e Weverton indicar os candidatos a suplente de senador e vice-governador.

Aqui também pode haver a troca do parceiro de chapa. No lugar de se compor com o grupo de Weverton, Flávio poderia se compor com o grupo Sarney!

Há, porém, um outro cenário que pode acabar se materializando. Seria Flávio concorrer ao senado com a mulher de Jerry na suplência, Brandão disputar o governo com Felipe Camarão de vice, o que iria rachar seu grupo e faria com que o resultado ficasse completamente imprevisível, principalmente se outros candidatos ao senado e ao governo entrarem na disputa.

Agora vejamos as coisas do ponto de vista do grupo do senador Weverton Rocha.

Fazer acordo com o governador Flávio Dino, não é de todo mal para Weverton, desde que ele possa indicar o suplente de Flávio e o vice de Brandão.

Caso isso não aconteça, a melhor opção para Weverton é ceder a vaga de senador e de vice-governador em sua chapa para quem possa oferecer a ele forças suficientes e necessárias para vencer seus adversários, no caso, Dino e Brandão. Essas forças seriam Roseana Sarney, Eduardo Braide, Roberto Rocha, Josimar de Maranhãozinho, Lahesio Bonfim e Edvaldo Junior.

Por fim, imaginando agora um cenário visto com os olhos dos outros atores desse enredo, algo pouco provável, mas factível de acontecer, caso seja possível haver algum tipo de acordo entre lideranças de temperamentos e posicionamentos tão diversos.

Roseana Sarney, Eduardo Braide, Roberto Rocha, Josimar de Maranhãozinho, Lahesio Bonfim e Edvaldo Junior, só precisariam esperar que o grupo comandado pelo governador Flávio Dino se divida, para unirem forças formando uma chapa capaz de concorrer de igual para igual com as outras, inclusive, quem sabe, até garantindo uma vaga no segundo turno das eleições.

Até pelo fato de ser detentor do poder de mando e ter maior possibilidade de montagens de uma boa chapa, o grupo do governador Flávio Dino, tem a vantagem nesta disputa. Mesmo assim o grupo do senador Weverton Rocha é mais aguerrido e mais bem estruturado politicamente, uma vez que o grupo governista passou oito anos dando pouca atenção aos políticos. Quanto aos outros grupos, ou eles se esfacelaram ou nunca existiram efetivamente e para existirem de fato, precisariam se entender.

Resumo da ópera: No que diz respeito ao senado, os cenários são favoráveis a Flávior, caso não tenha um concorrente que possa motivar a latente reação subterrânea que há contra todo detentor de poder que age como ele.

Quanto a disputa pelo Governo do Estado, o cenário mais provável é aquele com pelo menos quatro candidatos. Brandão, Weverton, Edivaldo e Lahesio.

Sobre o resultado… Eu nunca fui de prever resultados. Já disse e repito, eu analiso cenários. Quem quiser que tire suas próprias conclusões.

A mim só resta repetir o que dizia o grande Lister Caldas, “Quem viver verá”!…

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Última edição

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Não me lembro exatamente quando comecei a publicar meus textos no Jornal O Estado do Maranhão. Sei que foi em meados da década de 1980, depois que a nossa revista deixou de circular encartada nele. Acredito que tenha sido em 1986, o que faz com que esteja completando agora, em 2021, 35 anos de colaboração com esse importante veículo de informação e cultura.

Digo isso com grande pesar pelo fato dele a partir de hoje fechar suas portas, desligar suas impressoras e deixar de circular, abrindo uma lacuna intransponível em nossa sociedade.

Em defesa do JEM, poderia dizer que este é um sinal dos tempos, que o avanço tecnológico no setor da comunicação e do jornalismo, nos impõe condições praticamente impossíveis de serem suplantadas. Poderia dizer que já há muito tempo ele, assim como quase todos os jornais, revistas e a imprensa de modo geral é deficitária. Que as empresas que continuam imprimindo seus periódicos, o fazem de forma titânica, lutando contra as maiores concorrências que essa indústria já enfrentou, a avassaladora tecnologia derivada da maciça informatização do mundo contemporâneo.

Imagine se alguém tivesse contado para Gutemberg que sua máquina, a impressora de tipos móveis, invenção que havia sido até muito pouco tempo a maior responsável pelas transformações do mundo, através da informação e do conhecimento que disseminava, algo capaz de igualar pessoas desiguais, instrumento de equidade e arma para se lutar por melhores oportunidades, seria superada em apenas meia dúzia de séculos, por uma maquininha que cabe na palma de uma mão!?…

Nem mesmo o visionário William Randolph Hearst, imortalizado por Orson Wells em “Cidadão Kane” imaginaria que seu império jornalístico, um dia iria enfrentar tamanha adversidade. Que seus jornalistas, mandados para os fronts das guerras não mais precisariam se deslocar para lá, pois correspondentes com um celular seriam capazes de fazer mais e melhor que eles e numa ínfima fração de tempo, a um custo centenas de vezes menor!?

Antes do JEM, jornais muito maiores, pertencentes a conglomerados muito mais ricos e poderosos, situados nos maiores centros financeiros da Terra, fecharam suas portas. Segundo o Google, instrumento de pesquisa mais acessado do mundo, nos Estados Unidos, entre 2004 e 2018, mais de 1.800 jornais deixaram de existir.

O mesmo Google informa que no Brasil muitos grandes jornais deixaram de circular, entre eles o mais destacado e tradicional foi o Jornal do Brasil. Além dele, A Gazeta Mercantil, O Jornal da Tarde, O Estado do Paraná, o Diário do Povo, O Diário do Comércio, O Sul, e o Brasil Econômico, sem contar os milhares de jornais das pequenas cidades do país.

No Maranhão, muitos periódicos também deixaram de circular, como é o caso do Jornal de Hoje, e outros permanecem sustentando o nome apenas para justificar o trabalho de seu proprietário, que normalmente o opera sozinho e nem chega a imprimir uma tiragem justificável.

Conheço a dor que se sente ao fechar um empreendimento como este. Eu editei durante três anos uma revista que começou semanal, passou para mensal e no fim se transformou em devezenquandal, até desaparecer completamente para se fixar apenas em nossas memórias. A Revista Guarnicê.

A Gráfica Escolar, proprietária do Jornal O Estado do Maranhão tentou durante muito tempo mante-lo ativo, mas um negócio não pode ser tocado apenas com vontade e garra. Ele precisa se manter econômica e financeiramente, coisa que há muito tempo não acontecia, fazendo com que outras empresas do grupo, suprissem seus déficits, o que inviabilizou a continuidade da operação.

O Jornal O Estado do Maranhão chega à sua última edição impressa, mas todos nós sabemos da importância que ele teve no jornalismo maranhense, principalmente como tela de difusão da arte produzida por nossa gente e como caixa de ressonância da cultura de nosso estado.

Minhas últimas palavras, impressas em suas páginas, são de agradecimento a todos aqueles profissionais, das mais diversas funções, que durante todos esses anos trabalharam para fazer com que esse jornal existisse.

Muito obrigado!

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Atos de Scrooge, palavras de Jesus

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Revisava o argumento de um curta-metragem ficcional cujo enredo retrata um personagem bastante comum na vida de quase todas as pessoas, o desafeto, o adversário, o inimigo, o vilão, alguém que cujo todos os predicados são seus defeitos, pois eles são as únicas coisas relevantes em sua personalidade.

Já havia relacionado um predicado infame com cada letra do alfabeto, para adjetivar o indigitado: Argamandel, bilontra, canalha, desonesto, escroque, frasqueiro, ganancioso, hipócrita, ignóbil, joldreiro, larápio, mesquinho, nécio, ordinário, patife, quezilento, ribaldo, soez, torpe, usurpador, velhaco, xexelento e zangado.

Estava escolhendo alguns icônicos personagens da literatura nos quais pudesse basear a pesquisa para o desenvolvimento do tal personagem, quando meu telefone tocou.

Um senhor dizia ao telefone que leria para mim um versículo da Bíblia, e antes que eu dissesse que não poderia atende-lo, ele foi logo falando: “Atos dos Apóstolos, 17:11. Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.”

Ao final ele me explicou do que se travava o tal versículo. Disse que aquela passagem servia para alertar os fiéis de que todos os ensinamentos e orientações, que precisassem de Deus, poderiam ser encontradas na Bíblia, que o livro sagrado é o manual para o bem viver das pessoas.

Eu que estava pesquisando sobre vilões, seres abjetos, personagens repugnantes, já havia relacionado Iago, de Otelo; Javert, de Os miseráveis; o porco Napoleão, de A Revolução dos bichos; Fernand Mondego, de O conde de Monte Cristo; Fiquei imaginando quantos daqueles tipos haviam na Bíblia!

Foi aí que me lembrei que no ano passado, motivado pela desagradável convivência com uma figura com todos estes predicados, eu havia escrito um artigo comparando-o a Ebenezer Scrooge, imortalizado por Charles Dickens em Um conto de natal. Um personagem repugnantemente, avarento, autoritário, irascível, hipócrita, alguém a quem nem mesmo os três fantasmas da história, conseguiriam redimir.

Nessa hora entendi que se eu desejava realizar um projeto cinematográfico relevante, de sucesso, algo pra ganhar prêmio, deveria retratar o personagem central da obra como alguém que gosta de ser um biltre, que não tem amigos verdadeiros, que não valoriza nem a família, alguém como Scrooge, um ser vil, patife, torpe, como aquele nosso “conterrâneo”, cuja história certamente terá um desfecho triste como sua própria vida, fim comum a esse tipo de personagem, que só atinge a redenção por benevolência, pelo perdão de alguma alma caridosa.

Como já havia acontecido antes, quando o tal senhor ligou para ler pra mim um trecho da Bíblia, meu trabalho foi interrompido novamente quando meu netinho, o Theo, empunhando um brinquedo, entrou na sala onde eu estava. Era um boneco do Coringa, arqui-inimigo do Batman. Ele olhou para mim, fez uma cara engraçada, arregalou os olhos e dando um sorriso rasgado, como o do Coringa, se jogou sobre mim e brincamos por algum tempo.

Quando ele saiu, chispando como entrou, me dei conta que fui eu quem deu a ele o tal boneco. Lembrei inclusive do discurso que fiz ao explicar-lhe quem era o Coringa, o que era um vilão, e a relação entre heróis e vilões. Tudo bem que ele é uma criança, mas já tem bastante noção do que é certo e o que é errado.

Depois de lembrar do que eu ensinei para o meu netinho sobre o Coringa, vi que eu estava errado em não relevar as vilanias do “nosso” Ebenezer Scrooge. Lembrei também do senhor que me orientou a procurar as respostas dos problemas na Bíblia, o que me remeteu imediatamente a Lucas, 6:29, que diz literalmente: “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra…” Foi então que resolvi escrever esse texto para dizer ao tal desafeto que o perdoo, até porque nem ele, nem ninguém, nem nada, vale o pesar.

Nessa hora, as palavras de dois de meus heróis, Pessoa e Quintana, me vieram a mente: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”, “Eles passarão, eu passarinho.”

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Baca torta

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Enquanto ocupei o cargo de secretário de comunicação de São Luís, me abstive de fazer uma das coisas que mais gosto, que é analisar os cenários políticos e comentar sobre aquilo que acredito possa vir a acontecer em cada uma das possibilidades que neles se apresentem.

Se fizesse de forma diferente, poderia parecer para alguns, que eu estaria na verdade expondo propositalmente o pensamento do prefeito Eduardo Braide, o que eu até poderia fazer se esse fosse o estilo dele, coisa que não o é. Para outros poderia parecer que eu estaria vazando informações sigilosas do prefeito, coisa que eu jamais faria, até porque uma das coisas mais difíceis no atual cenário político maranhense é ler com clareza e exatidão o que Eduardo pensa, devido ao fato dele ser extremamente discreto e contido no que diz respeito às suas estratégias e posições políticas.

O melhor que tinha a fazer era me manifestar o menos que pudesse, e foi o que eu fiz.

Hoje, já não mais na SECOM, ninguém poderá dizer que eu estou falando pelo prefeito ou deixando escapar alguma informação sigilosa vinda dele.

Dito isso, vamos direto ao assunto. Gosto de analisar cenários políticos e imaginar como eles podem ficar. Faço isso instintivamente, e como todo instinto, é difícil de ser domado.

Na tentativa de definir o que está acontecendo na política maranhense neste momento, esculpi uma frase que até parece sinopse de filme de Christopher Nolan, “À proporção que o tempo passa, o espaço se afunila”. Se bem que prefiro frases mais para títulos de filmes de Frank Capra: “Do mundo nada se leva” ou “A felicidade não se compra”.

Tudo isso parece muito óbvio, porém, os possíveis cenários políticos do Maranhão são tudo, menos óbvios. Vejam só: A distância temporal do pleito é um fator preponderante. Muito pode acontecer em um ano; As indefinições partidárias pesam no contexto, inclusive quanto a volta das coligações; A conjuntura nacional implicará decisivamente no resultado das eleições estaduais, e no Maranhão isso será ainda mais decisivo, tendo em vista a rusga pessoal entre o governador e o presidente; A grande quantidade de candidatos, inicialmente postos nas pesquisas, dificulta o claro entendimento da realidade política maranhense; A demora do governador na definição de quem será o candidato de seu grupo político, trava o tatame de combate interno do grupo palaciano e nos deixa sem perspectivas claras; As definições antecipadas de apoio a esse ou a aquele candidato, engessa a disputa e faz com que os indecisos busquem grupos onde possam ter mais visibilidade e prestígio…

Além disso, a falta de informações mais precisas e mais confiáveis, sobre como pensam e como poderão agir em cada situação possível, personagens importantes dessa ópera, como Roseana Sarney, Roberto Rocha e Josimar de Maranhãozinho, aumenta a dificuldade de leitura do contexto. Inclusive o fato de não se saber como se posicionará o prefeito Eduardo Braide, é um agravante nisso tudo.

Por falar nesses quatro destacados personagens da política maranhense, um importante analista amigo meu colocou uma pulga, grande e ruidosa, atrás de minha orelha. Garantiu a mim que há uma imensa possibilidade dos três primeiros nomes citados no parágrafo anterior, se juntarem para apoiar Edvaldo Holanda Junior, fazendo com que o ex-prefeito de São Luís, que é reconhecidamente uma boa pessoa, possa se viabilizar e garantir uma vaga no segundo turno das eleições de governador do ano que vem. Candidatura que se realmente chegar ao segundo turno, teria o decisivo apoio também do quarto nome citado, até por instinto de sobrevivência.

Nada disso é certo, mas se acontecer desta forma, a disputa pelo governo do Maranhão, deverá ser realmente entre Edvaldo e Brandão ou Weverton.

Como dizia o velho Lister Caldas: “Quem viver, verá”.

PS: Passei algum tempo sem escrever sobre política, mas pelo visto é realmente verdade que o hábito do cachimbo deixa a boca torta!…

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De volta pra casa

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Nestes nove meses em que eu tive a honra de ocupar o prestigioso cargo de Secretário de Comunicação do Município de São Luís, a convite do prefeito Eduardo Braide, busquei realizar um trabalho discreto na forma, porém agudo no conteúdo,  na missão de mostrar para as pessoas tudo aquilo que a gestão municipal realiza em prol de nossa cidade.

Eu, que havia dito que depois de passar 40 anos na política, não mais aceitaria ocupar cargo público, fosse ele eletivo ou comissionado, me dispus a aceitar tal convite, de certa forma até por vaidade, pela oportunidade de fazer parte de um momento raro na história política do nosso estado: O nascimento formal de uma nova e profícua liderança, de um novo grupo, formado por pessoas do mais alto nível, todas imbuídas nos mais elevados sentimentos de dedicação e amor pela cidade de São Luís e de fé nas palavras daquele que foi eleito para ser seu prefeito, com a missão de tornar nossa cidade melhor em todos os sentidos possíveis.

O slogan que forjamos para a administração: “Prefeitura de São Luís, por uma cidade melhor”, diz literalmente o que se pretende.

Nesses nove meses, pude contar na SECOM, com uma equipe pequena, mas aguerrida, completamente comprometida com a realização de um trabalho que tem por finalidade mostrar de forma clara e direta, todas as ações do prefeito e de seus colaboradores, tanto pelo viés jornalístico quanto pelo viés midiático.

Na SECOM, tive a oportunidade de contar com uma maravilhosa equipe, da qual ressalto Igor Almeida, a quem só conhecia de nome, mas de quem fiquei amigo, Alessandro Sousa, que já conhecia, mas não havia trabalhado com ele anteriormente, caso idêntico ao de Maud Zaidan, apenas para citar três.

O trabalho na comunicação é exaustivo e requer dedicação total e exclusiva, por esse motivo, e por acreditar que eu já tenha realizado o trabalho de implantar os métodos necessários para a realização desta importante missão, que na última sexta-feira, dia 30 de setembro, pedi ao meu particular amigo Eduardo Braide que me liberasse do compromisso de continuar exercendo o cargo de seu secretário de comunicação.

Nesses nove meses, tempo de uma gestação humana, fui muito feliz convivendo com as pessoas que formam o corpo diretivo de nossa cidade, pessoas escolhidas por Eduardo com extrema sabedoria, grupo composto de pessoas experientes e respeitadas em suas áreas de atuação e por jovens, que mesmo sem muita vivência na administração pública, compensam isso com sua imensa capacidade técnica.

Disse ao prefeito que não mais fazendo parte do corpo administrativo da Prefeitura, poderei ajudar de outras formas. Se por um lado propalando e defendendo as ações da municipalidade, por outro, criticando construtivamente naquilo que possa ajudar as ações da gestão, colocando luz onde possa ser difícil para um membro interno do grupo fazê-lo.

Tenho afirmado por onde passo que tanto o prefeito Braide quanto o grupo em seu entorno é composto de pessoas dedicadas, bem-intencionadas e imbuídas na missão de realizar um excelente trabalho, preocupados em dar solução para todos os imensos e complexos problemas que dizem respeito ao dia a dia de nossa cidade, e disso dou sempre provas apresentando os fatos.

Disse ao prefeito que tenho muita fé de que ele continuará incansável, dando o melhor de si no sentido de realizar um grande trabalho, dirigindo os destinos de nossa cidade e da gente que nela vive, e que espero que em breve ele alargue as fronteiras deste trabalho para todo o Maranhão.

Por fim desejei a ele, a toda sua família, esposa, filhos, pai e irmãos tudo de melhor que há nessa vida, e estendi esses votos aos meus amigos, seus colaboradores na administração municipal, especialmente aos membros da SECOM, a quem agradeço de público o incondicional apoio que recebi nesses nove meses.

Para quem sabe usar, o poder é algo espetacular. Ser capaz de abrir mão dele, com serenidade e tranquilidade, é algo maravilhoso, uma sensação única que você só é capaz de experimentar quando já o teve por tempo suficiente para se desapegar dele.

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Arcanos em números

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Quem assiste a um filme não pode imaginar nem o trabalho que dá para realizá-lo, nem a quantidade de pessoas, recursos financeiros e insumos envolvidos em um projeto cinematográfico.

São coisas intangíveis como tempo e coisas palpáveis como copinhos descartáveis. São coisas que vão de um simples fósforo cenográfico, feito para não acender, a uma luminária alemã que nos dá a sensação da luz do sol ao entardecer.

A quantidade e a variedade de pessoas envolvidas em um filme é algo extraordinário. Vão de pessoas contratadas para carregar os cenários e o maquinário até consultores sobre tarô, que possam dizer ao roteirista e ao elenco, como funciona o jogo e o que significa cada carta individualmente e em conjunto, para que a história fique verossímil.

Quem assiste a um filme não pode imaginar o que é a convivência de mais de duzentas pessoas, diariamente em um espaço reduzido, fazendo uma coisa cuja concepção nem sempre é a mesma na cabeça de cada uma. Pessoas das mais diversas procedências e formações, egos de artistas de diversas artes e de técnicos de diversos ofícios. Há quem diga que um set de filmagem é um case perfeito para um doutorado de psicanálise.

Hoje não quero falar da parte filosófica da realização de um filme, mas sim da parte numérica, pois os números de uma produção, relativamente pequena como é “Arcanos”, demonstra claramente a magnitude da indústria do audiovisual, principalmente para com isso demonstrar a importância de fortalecermos essa nova fronteira de trabalho em nosso estado e sensibilizar as instituições estatais e empresariais para isso.

Foram 240 dias de planejamento e pré-produção, 30 dias de produção e filmagem, e serão outros 270 dias de pós-produção, até o lançamento do filme.

De “Arcanos”, participaram 153 profissionais, entre elenco e técnicos, e aproximadamente 250 pessoas estavam envolvidas indiretamente no projeto.

 Usamos 2 geradores de energia, 12 veículos alugados e 16 veículos do staff; mais de 15.000 litros de combustíveis.

O filme foi rodado em 3 locações fixas e 21 locações externas; 492 peças de figurino entre roupas, sapatos, bolsas e adereços e 20 kits de maquiagem foram utilizados; mais de 1200 objetos de cena foram usados na filmagem e outros 800 e tantos ficaram de reserva.

Na captação de imagens, usamos uma câmera, 4 lentes, 21 cartões de memória, 9 HDs de 8 TB, 3 HDs de 4 TB, 1 steadycam, 31 baterias de diversos tipos, 6 monitores, 62 rádios transmissores, 58 refletores e 33 tripés de diversos tipos, 280m de pano preto, mais de 2.000m de cabos de força, áudio e vídeo, 1 trilho reto de 8m e 1 curvo de 180 graus, um carrinho de travelling, uma infinidade de acessórios de montagem, totalizando mais de 4 toneladas de equipamentos em um caminhão de serviços.

Foram consumidas 15.000 garrafinhas de 500 ml de água e 6.000 de refrigerante. Usamos 30.000 copinhos descartáveis e bebemos 300 litros de café.

Utilizamos 12 computadores, fora os pessoais, da equipe. Em 6 impressoras foram consumidas 40 resmas de papel e 36 cartuchos de tinta. Além disso usamos 38 rolos de fita adesiva de diversas cores, tamanhos e utilidades.

Foram 1.312 diárias de hotel, 6.031 refeições, entre almoços e jantares e foram servidos 6.241lanches individuais.

No tocante às medidas sanitárias, fizemos 843 testes de Covid, usamos 50 litros de álcool em gel, 100 de álcool 70, e mais de 3.000 máscaras.

Como pouco mais de 30% do pessoal utilizado diretamente no filme veio de fora, foram utilizadas 56 passagens aéreas em nosso projeto.

No setor de comunicação, os 3 maiores jornais, 11 emissoras de rádio e 6 de televisão de São Luís exibiram nosso plano de mídia durante o mês de setembro.

Para realização de “Arcanos” tivemos o suporte da Lei de Incentivo à Cultura do Estado, através da SECMA, com o patrocínio da Equatorial e o apoio de diversas instituições e empresas como a Prefeitura de São Luís, através da SMTT, Guarda Municipal, SECULT, SEMTUR, SEMOSP e FUMPH. Além disso tivemos apoio do SEBRAE, Associação Comercial, Fundação Nagib Haickel, SET, Hotel Blue Tree, Psiu, TVN, Centro Elétrico, Dimensão, Cedro, Potiguar, Locadora São Luís, Toyolex, Atlântica, 77 Boulevard, Equipar, Lavamatic, Citelum, Academia do Show e Gráfica Minerva.

Na realização de um projeto como este a NETFLIX investiria algo em torno de 15 milhões de reais. Nosso orçamento é menos de 1/3 disso e só conseguimos efetivamente captar 25% desse valor, ficando por conta dos produtores os recursos para a finalização do filme, sendo que mais de 60% do valor destinado ao projeto, foi investido em empresas maranhenses.

Tenho certeza que “Arcanos” será um grande sucesso de público e de crítica, e mais que isso, que ele estabelecerá definitivamente São Luís como um novo polo de realizações audiovisuais em nosso país, mostrando para o Brasil e para o mundo nossas riquezas turísticas, culturais e humanas.

As cartas do tarô preveem sucesso para “Arcanos” e para o Polo de Cinema do Maranhão.

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Carregando Pedra

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Quando eu era criança, ouvia sempre uma piada que era recorrentemente contada sobre meu pai: “Nagib é doido. Ele não para! Quando quer descansar, carrega pedra”. Isso era dito para exemplificar o temperamento irrequieto e tenaz dele, e ao que tudo indica, eu e meu irmão herdamos.

Falo isso para me referir à quantidade e à diversidade de projetos que estou desenvolvendo, e graças à Força, com bastante sucesso.

Além de liderar a ótima equipe de comunicação da Prefeitura de São Luís, capitaneada pelo prefeito Eduardo Braide, continuo dirigindo a Fundação Nagib Haickel, o Museu da Memória Audiovisual do Maranhão e o Polo de Cinema de nosso Estado, que congrega mais de 20 produtoras.

Se por um lado, o trabalho na prefeitura é facilitado pela excelente performance do prefeito e de sua equipe, que nas pesquisas, passa dos 90 pontos percentuais de aprovação popular, por outro, no âmbito cultural, mesmo sem o apoio que seria necessário e indispensável, estamos realizando verdadeiros milagres.

Na terceira margem desse meu rio, o setor empresarial, tenho a sorte de contar com o apoio inestimável de minha esposa Jacira e de meu irmão, Nagib, que, de resto, só me perguntam quando é que meus projetos culturais vão começar a render lucros!…

Por favor, não me achem gabola ou prepotente. Sei que pedir isso a quem não me conhece ou não gosta de mim, é uma covardia, mas você que não é um desses, veja só.

O MAVAM, em que pese não contar com nenhum apoio estatal, em qualquer de suas esferas, continua fazendo seu trabalho, e cada vez que recebemos um pedido de um estudante, de um professor ou de um veículo de comunicação, para realizar uma pesquisa em nosso acervo, ou utilizá-lo em algum projeto, mais temos certeza da importância de nosso trabalho.

O Polo de Cinema do Maranhão não para. As empresas ligadas a ele, apesar da crise avassaladora neste setor, tem realizado importantes projetos, como é o caso de “Arcanos”, comédia de costumes que a Guarnicê Produções está realizando em São Luís, em conjunto com a EH Filmes, da produtora Elisa Tolomelli, que tem em seu currículo filmes como Central do Brasil, Cidade de Deus e Lavoura Arcaica.

Além disso, acabamos de gravar um curta-metragem baseado em três contos do escritor Ney Bello Filho. Este é um projeto bastante arrojado. Três contos de Ney foram adaptados para serem contados separados e conjuntamente, por isso este será um produto audiovisual que poderá ser visto em quatro versões: “O Camundongo Número 6”, “O Quadro e a Certidão”, “Diversos de Mim Mesmo” e “Maktub”.

Junto com o cineasta brasiliense, Erik de Castro, estou desenvolvendo um projeto audacioso. Trata-se de “Senta a Púa”, que consiste em um curta-metragem de animação (feito pela Dupla Criação), um longa-metragem em live action, que servirá como piloto de uma série, em 12 episódios de 52 minutos, para canais de streaming, que retrata as ações do Primeiro Grupo de Aviação de Caça do Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial, que teve como um de seus maiores expoentes o maranhense Rui Moreira Lima.

Além desses, tenho mais uma dúzia de projetos prontos para serem laçados ou em desenvolvimento: As séries para televisão, “A Pedra e a Palavra”, “Manufatura Fashion”, “Raja na Rota”, “As aventuras de Tracajaré”, “As Mina Pira”, “Brasil na Palma da Mão”. Os documentários, “Catulo, Maranhense”, “Pão Geral”, “Contraluz”, “Um Tenor Improvável”, “Escravizado”, “Iluminuras”, além de muitos outros na incubadora.

Fora do setor audiovisual, estamos lançando o “Baralho Literattus”, ideia genial do mestre Sebastião Moreira Duarte, produzido pelo Plano Editorial da AML (Academia Maranhense der Letras), patrocinado pela Equatorial e estamos pretendendo espalhar pela cidade estátuas de pregoeiros, produzidas por Cordeiro Filho e Eduardo Sereno. Esse maravilhoso projeto precisa de patrocinadores!

Como meu pai, eu descanso carregando pedra e isso me leva a não parar de trabalhar. Se bem que trabalho, para mim, remete a uma coisa pesada, maçante, chata, mas tudo isso que faço é leve, alegre e muito prazeroso. Esse é um dos segredos da felicidade.

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Stenio e Nostradamus

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Quando eu tinha uns 12 anos, Stenio, irmão de Teté, nossa mãe de criação, nos deu de presente um velho livro, que segundo ele continha profecias que diziam tudo que aconteceria com o mundo a partir de 1555, quando foi publicado pela primeira vez.

Em espécies de saraus, que ele organizava, no terraço da casa de nossos pais, no Outeiro da Cruz, ele nos contou a história do tal profeta. Disse que ele era um francês e que se chamava Nostradamus, nome que mais tarde descobri ser um daqueles escolhidos pelos judeus convertidos ao catolicismo, como os nomes de árvores usado pelos cristãos novos em Portugal.

Stenio nos contou que mesmo em seu tempo, Nostradamus era muito famoso, que perdeu sua mulher e seus filhos na peste negra que devastou a Europa. Uma das grandes curiosidades sobre aquele profeta dizia respeito ao fato dele ter previsto a morte do rei Henrique IV, que trabalhou para a rainha Maria de Medicis, que inclusive teria sido ela quem mandara Daniel de La Touche fundar a cidade de Saint Louis, em terras que pertenciam naquela época a um Portugal que era então dominado pela Espanha.

Nossa infância foi muito rica, cheia de informações advindas de pessoas como Stenio e seu Braz, um velho cearense de Sobral, motorista de nosso pai.

O tal livro se apresentava em uma velha encadernação de capa dura, tinha o papel de suas páginas manchado pelas águas do tempo. Por sua composição gráfica aparentava ser um livro muito antigo. Tempos mais tarde, quando já tinha algum convívio e informação sobre livros, procurando uma ficha catalográfica ou algo que pudesse me dar uma noção de quando ele tinha sido publicado, encontrei um número impresso em algarismos romanos que pareciam ser o ano de sua edição: MCMXXII (1922)

Durante muito tempo aquele livro povoou nossa mente, até porque, ao se ler As Centúrias, conjuntos de versos com 100 quadras em rimas de quatro linhas, elas realmente nos faziam encaixá-las em acontecimentos ocorridos, como no caso da citação quase literal de um dos anticristos arrolados no livro: Hilter. Nostradamus troca o lugar da letra “L” no nome do cabo Adolf.

Faz algum tempo, depois de muitos anos sem lembrar do velho Nostra, uma alusão foi feita a ele, envolvendo-o numa fraudulenta centúria onde ele supostamente teria previsto a pandemia do Covid-19 ou Novo Corona Vírus.

Os fraudulentos versos são: “E no ano dos gêmeos, uma rainha surgirá do leste e espalhará a praga dos seres da noite pela terra das 7 colinas, transformando em pó os homens do crepúsculo, culminando na sombra da ruína”. E sua interpretação seria: “Em 2020 uma epidemia iniciada na China e proveniente de morcegos, atingirá inclusive a Itália, matando principalmente as pessoas mais velhas e causando uma grande devastação na economia mundial.

Quem criou tais versos, é um gênio do embuste!… Mas aqui abandono Nostradamus para focar no novo coronavírus.

Em pleno século XXI, em tempos de tamanha evolução tecnológica, a humanidade ainda é atingida de forma avassaladora por surtos, epidemias e pandemias!… Segundo as estatísticas da OMS, morrem vítimas dos mais diversos tipos de gripe, duas pessoas por minuto, 120 por hora, mais de 2.800 pessoas por dia, mais de 86.000 por mês, o que totalizaria mais de 1 milhão e 50 mil pessoas anualmente.

Mas, há um dado ainda muito mais alarmante que o dessa peste que se abate sobre a humanidade, ciclicamente.

Em meio a tudo isso nós somos confrontados a uma realidade muito mais cruel e permanente que a da saúde. Falo da fome, um dos quatro Cavaleiros do Apocalipse, que junto com a Peste, a Guerra e a Morte se espalharão pela terra e a devastarão.

Segundo estatísticas da FAO, a fome mata pelo mundo, 10 pessoas por minuto, 600 por hora, mais de 14.000 por dia, algo em torno de 430.000 por mês, totalizando mais de 5 milhões, 180 mil pessoas por ano…

Por incrível que parece a Guerra, outro Cavaleiro do Apocalipse mata muito menos pessoas. Estimativas indicam que aproximadamente 200 mil pessoas morreram em 2019 nas guerras convencionais em curso no mundo, o que é muito inferior a quantidade de outras mortes, causada pelos outros agentes citados anteriormente.

Nota de pesar: Meu querido “tio”, Stenio Magalhães Barros, faleceu há alguns meses. Ele não entrou nas estatísticas da Covid-19. Foi atropelado na porta de sua casa, no bairro do Anil. Com ele se foi, boa parte das lembranças de minha infância, um dos maiores patrimônios que tenho e um dos que mais tenho motivo para me orgulhar, pois foi lá que foi gestada, nascida e criada a pessoa que sou.

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Tolos, cafonas e bregas

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Fui instado a me posicionar sobre a polêmica do momento em nossa cidade. A implantação de uma réplica da estátua da Liberdade que a empresa Havan pretende erguer na área de estacionamento de sua loja, na avenida Daniel de La Touche, no bairro do Cohaserma.

A princípio, não tive certeza qual seria a palavra, se cafona ou brega, eu deveria usar para expressar o que pensava, do ponto de vista estético, da escolha da Estátua da Liberdade como ícone de uma loja. Na dúvida, usei as duas. É cafona e é brega.

Mas, cafona e brega parecem ser características assumidas descaradamente pela loja e por seu proprietário, fato que se não agrada a pessoas de gosto refinado como eu, certamente deve agradar os milhares de clientes que lotam suas lojas em outros lugares do país, fazendo com que ela seja uma empresa de sucesso econômico e financeiro. Mas, não deixa de ser cafona e brega.

Do ponto de vista midiático, o uso de um ícone, ampla e mundialmente conhecido como a Estátua da Liberdade, por si só, não garantiria nenhuma alavancagem ao negócio. Já a marola criada pelos incautos patrulhadores do alheio, aqui de nossa província, essa sim, irá alavancar um tsunami de visibilidade àquele empreendimento, que em seu pátio terá uma estátua gigantesca, cafona e brega.

Querer impedir que alguém faça alguma coisa que não tenha restrição legal para sua realização, sob qualquer pretexto ou desculpa, é uma forma absurda e inaceitável de violência contra o estado democrático de direito. Esse fato não é nem cafona nem brega, é criminoso, atentatório aos direitos comuns a todas as pessoas, físicas e jurídicas de nosso país.

Querer impor o nosso conceito estético, cultural, político, filosófico, social, intelectual, qualquer que seja ele, a outras pessoas, é uma violência comparável àquelas mais absurdas e inaceitáveis, com as quais temos convivido bastante recentemente, como a não aceitação e a violência contra outras raças, outros gêneros e outras religiões.

Como gato escaldado tem medo de água fria, e sentindo um certo aroma politiquesco no ar, procurei formular minha opinião sobre esse fato, de forma muito clara e direta, não me deixando contaminar por nenhum PRÉ CONCEITO.

Veja, esteticamente aquele bigodinho usado por Hitler era ridículo, cafona e brega, mas o bigodinho até poderia ser aceito. O que não poderia e não pode ser aceito de forma alguma, são as atrocidades cometidas pelo Cabo de Munique!

Fiz perguntas básicas sobre o caso, como por exemplo: A empresa tem direito de construir uma cópia da Estátua da Liberdade? A legislação municipal permite que tal construção, com as especificidades estabelecidas, seja realizada naquele local? Há algum impedimento referente a dispositivos legais, municipais, estaduais ou federais, que possam impedir tal construção? O interessado tem a posse do imóvel onde tal obra pretende ser realizada? As taxas e impostos referentes ao imóvel e a obra estão pagas?

Todas as respostas às minhas indagações foram no sentido de que não há nenhum impedimento legal, não há nenhuma ilegalidade na realização da referida obra.

Os únicos motivos que sobraram para alavancar a tentativa de impedir a tal estátua de ser erguida, eram mais ralos e fracos que refresco de lima.

1) Uma descarada xenofobia, com relevo em pelo menos dois de seus aspectos, o identitário e o cultural. Quem deseja que a estátua não seja erguida, diz que “esse sujeito vem de fora pra dizer o que fazer em nossa terra” e que “se fosse a estátua de um ícone nosso, de nossa cultura, algo como um Cazumbá, ou quem sabe uma estátua em homenagem a Maria Firmina dos Reis, ainda ia!…” 2) Uma inconfessável ojeriza ao proprietário da empresa, Luciano Hang, mais conhecido como o “Véio da Havan”, uma figura realmente esquisita, um direitista empedernido, um militante bolsonarista, um chato mesmo. Cafona e brega.

Ocorre que nenhuma dessas alegações é motivo bastante e suficiente para que se impeça alguém de construir em uma área sob seu controle, uma estátua.

Com tanta coisa importante pra esse pessoal se preocupar, vai se preocupar com uma bobagem dessas!… Tolos…

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A maior pandemia é de intolerância

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Já faz algum tempo, eu venho querendo escrever sobre o assunto que vou comentar aqui hoje. Trata-se daquele que acredito ser o começo e o fim do problema que mais aflige a humanidade neste momento, excetuando-se, é claro, a pandemia de Covid-19: a intolerância.

Intolerância é a atitude mental e social caracterizada pela falta de habilidade ou de vontade em reconhecer e respeitar diferenças entre crenças e opiniões. Num sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos de vista, costumes, modos de pensar e de agir, diferentes dos seus ou daqueles que admitem como padrão.

A intolerância se manifesta das mais diversas formas, sendo as mais comuns aquelas que dizem respeito à religião, a gênero, à raça e à ideologia política.

A erva daninha da intolerância tem seu habitat. Ela germina com grande fecundidade e velocidade em ambientes onde o radicalismo, a incapacidade de clara compreensão da realidade e uma pequena dose de falta de inteligência cartesiana e emocional, abundam.

Esses habitats têm se multiplicado enormemente pelo mundo afora, desde metade do século XIX, com a reação dos capitalistas às teorias comunistas de Marx. Depois, as seguidas guerras de ajustamento territorial e econômico, em consequência da consolidação da revolução industrial e do aumento das distorções sociais causadas por ela. Exemplo maior disso é a Guerra Mundial, que alguns chamam de primeira e segunda, mas que na verdade foi apenas uma, com um armistício de 20 anos entre elas, que gerou depois a famosa Guerra Fria, que para o bem e para o mal, regulou o mundo durante quase meio século.

A intolerância praticada pelos Estados chega até ser fácil de ser controlada. O grande problema é a intolerância fecundada no ventre das pessoas e das comunidades.

São cristãos que não respeitam ou aceitam mulçumanos, turcos que exterminam curdos, brancos que segregam e atacam negros, heterossexuais que discriminam homossexuais, esquerdistas que passaram décadas massacrando direitistas e que agora estão sendo massacrados… Não podemos esquecer o inverso disso tudo!

Veja o meu caso. Passei toda a minha infância e juventude sendo chamado de filhinho de papai, de pelego, de sarneizista, por pessoas que achavam que elas eram o máximo, mas que na verdade só queriam estar em meu lugar, com o pensamento, o discurso e as atitudes delas, mas sem nenhuma capacidade ou vontade de entender ou analisar o que havia realmente de bom em mim, e o que realmente deveria ser ressaltado para que eu melhorasse e pudesse ser minimamente aceito por elas. Isso é intolerância. Isso é falta de empatia. Isso é incapacidade de entender corretamente os acontecimentos da vida.

Quando uma coisa dessas acontece, não deixa muita margem para conversa ou negociação. Conversa e negociação acontecem antes de se estabelecer o conflito, ou depois dele ter sido decidido, para um lado ou para o outro, desde que o vencedor da contenda não seja intolerante, e não resolva aniquilar o seu oponente.

Vou tentar resumir essa conversa filosófica de forma prática. É inadmissível alguém desconhecer a importância das medidas de proteção contra a proliferação do Coronavírus. O uso de máscara, por mais incômodo que seja é indispensável. Só um imbecil pode argumentar contra.

Da mesma forma, um medicamento, qualquer que seja ele, que minimamente possa trazer alguma vantagem, mesmo que apenas psicológica, sem que seja usado como panaceia, como fuga da realidade e sob rígido controle médico, não pode ser condenado ou desacreditado, só por seu uso ser defendido por alguém de quem não se goste.

A intolerância, vinda de onde vier, pelo motivo que for, configura-se no maior dos problemas da humanidade em todos os tempos, sendo que neste momento ela causa o maior estrago devido a generalizada politização pela qual o mundo passa e pela grande influência dos meios de informação e comunicação, causada pelo vertiginoso avanço tecnológico.

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