“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme "Pelo Ouvido", grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
Como pessoa, Daniel Silveira é apenas mais uma, como parlamentar, ele não é mais que insignificante, mas como detentor de direitos assegurados por nossa carta constitucional, ele não deve e não pode ser tratado de forma marginal e excludente.
As manifestações verbais de Daniel Silveira são certamente asquerosas e inaceitáveis, mas cabem aqui algumas perguntas importantes que devem ser respondidas de forma clara e direta.
Quais as verdadeiras e reais consequências das palavras de Daniel Silveira? Em que resultaram, física e objetivamente, suas palavras? Qual verdadeiro prejuízo foi causado por elas?
Se me perguntarem se Daniel Silveira cometeu algum crime, responderei que sim. Crime de calunia, injúria, difamação, ameaça física e outros similares.
Se me perguntarem se Daniel Silveira ameaçou o estado de direito ou a ordem democrática, direi que não creio de forma alguma nessa hipótese. Acredito que ele tenha ameaçado a pessoa de um ministro, que segundo ele, usa o cargo e a função para desvirtuar e subverter a ordem constitucional brasileira.
Em minha modesta visão, Silveira ameaçou uma pessoa que ocupa o cargo de ministro e não o Tribunal como instituição, como um dos poderes da república. Se acreditasse que fosse essa a intenção de Daniel Silveira, concordaria com o processo que movem contra ele.
Negar a Daniel Silveira, os direitos e garantias que todos os cidadãos brasileiros possuem e que estão previstos na Constituição Federal, é falta grave e crime abominável, que não pode ser aceito nem admitido, sob pena, isso sim, de grave ameaça a ordem constitucional, ao modelo democrático e ao regime republicano.
A condenação de Daniel Silveira marca o ápice do supremo poder do STF, mas em compensação marcará também o início do declínio desse arbitrário poder.
Como modesto conhecedor da história, temo pelo que possa acontecer, pois quem deveria ter a razão e o bom senso como armas de defesa da ordem constitucional, usa isso de forma arbitrária, em causa própria, de maneira arrogante e prepotente, demonstrando não ser apto a exercer as funções para as quais foi designado.
É fácil falar mal de algo ou de alguém que não se conhece. Na maioria das vezes, o descompromisso se confunde com uma absurda noção de liberdade de expressão, que dá a sensação às pessoas pouco responsáveis, que elas podem dizer o que bem entenderem, pois estarão protegidas, não apenas legalmente, mas imunizadas contra as tolices ou as calúnias que possam prolatar.
Ouvi muitas bobagens sendo ditas quando os membros da Academia Maranhense de Letras resolveram eleger Flávio Dino para ocupar a cadeira que havia sido a de seu pai, Sálvio de Jesus.
As pessoas não sabem exatamente como funciona uma entidade como a AML e em parte a culpa é dela e de seus membros que preferem não se abrir para a sociedade, deixando em torno de si uma aura de mistério, como se lá, fosse realmente um lugar de “imortais”.
Como não poderia deixar de ser, a imortalidade das academias é metafórica, e traz na forma do ingresso de cada novo membro, o motivo desta “imortalidade”, pois obrigatoriamente, todos os nomes ligados a cadeira vaga que será ocupada, sejam lembrados, citados, referenciados e reverenciados, fazendo com que a lembrança deles, de seus feitos e suas obras, os tornem eternos e eternizados a cada sucessão.
O ingresso nas academias, sejam elas do que forem, de letras, de artes, de ciências, de medicina, jurídicas… Se deve mais pela capacidade de convivência do entrante que pela qualidade de seus trabalhos, quaisquer que sejam, porém eles não podem jamais serem desconsiderados.
Falo deste assunto hoje, pelo fato de uma pessoa, que eu nem conhecia, ter me abordado em um supermercado, para me perguntar quem nós da AML, iremos eleger para ocupar as duas vagas abertas com os falecimentos de Luiz Phelipe Andrés e Fernando Braga, e ironizando, sutilmente, sugeriu que elegêssemos escritores para as vagas.
Aquele sujeito não sabe que as academias podem ter em seus quadros, além de escritores consagrados, como é o caso de diversos de nossos confrades, pessoas que se destaquem em outros setores como é o caso de Nelson Pereira dos Santos, um dos mais importantes cineastas brasileiros, que foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, assim como recentemente a mesma ABL elegeu um de nossos maiores compositores, o poeta da música, Gilberto Gil e uma das maiores atrizes do mundo, intérprete de textos poéticos e dramáticos, Fernanda Montenegro.
Contei até 10 como o Zeca Diabo de Dias Gomes e respondi para aquele senhor, que falou comigo como se soubesse do que falava. Expliquei-lhe de forma simpática e didática, mais ou menos isso que disse aqui anteriormente, e ele me questionou sobre quem eu achava que deveriam ser os eleitos para as duas vagas.
Achei a pergunta meio estranha, pois o cidadão parecia estar interessado em informações privilegiadas! Ri só com meus botões, mesmo estando de camisa de malha, mas resolvi entrar na dele.
Disse-lhe que os nomes que identificava como os mais viáveis, possíveis e até “desejáveis”, naquele momento, eram os de Salgado Maranhão, Arlete Machado, Rossini Correa, José Jorge Soares, Kátia Bogea, Luís Augusto Cassas, Mundinha Araújo e Lenita de Sá. Disse a ele que essa lista poderia ser ampliada, e citei Celso Borges, Alexandre Lago, Bruno Tomé, Regina Farias, Eulálio Figueiredo, Alan Kardec, Maria Tereza Neves… Disse-lhe que havia outros, como Alcione, Zeca Baleiro e Tácito Borralho, porém expliquei-lhe que citava estes, mais por sua importância, que propriamente por terem chances ou quererem entrar para a AML. Disse-lhe que havia muitas outras pessoas que poderiam também cogitar seu ingresso.
O homem insistiu para que eu dissesse quem eu achava ou pelo menos em quem eu votaria para as duas vagas existentes, e brincou comigo: “Afinal, você entende muito de eleição, sempre acerta os nomes de quem vai se eleger!”
A conversa me intrigava cada vez mais e resolvi dar corda para ver onde aquilo nos levaria.
Disse a ele que no caso das duas vagas que estão abertas, acredito que, caso Salgado e Arlete se candidatassem, ninguém ganharia deles. Caso não se candidatassem, a chance de Rossini cresceria bastante. Disse também ao meu interlocutor que existe um grupo que cogita a candidatura de Kátia em substituição a Luiz Phelipe e que eu particularmente gostaria muito de ter conosco, alguém que pudesse nos ajudar, e bastante, na gestão da Casa, como ela ou Zé Jorge.
O senhor sorriu amarelo, se despediu e continuou suas compras.
Minutos depois, na fila do caixa, encontrei com ele, conversando com um sujeito que embala sonhos de entrar para a AML, já faz algum tempo.
Na saída do supermercado, voltei a encontrar com aquele senhor, agora sozinho, e aproveitei para comentar com ele sobre a ideia que meu amigo e confrade Jomar Moraes tinha sobre o ingresso de alguém na AML. Dizia Jomar, no que é seguido por Sebastião Moreira Duarte, Américo Azevedo Neto e Benedito Buzar, alguns dos mais importantes e ilustres membros daquela Casa, que a pessoa que postulasse uma vaga numa Academia, mais que trazer para si os méritos de ostentar o colar, o fardão, o nome ou a glória de ser um acadêmico, deveria pensar em levar para a instituição seu talento e sua força de trabalho, para honrar e defender a literatura, a arte e a cultura. Que mais que se beneficiar com o fato de ser “imortal”, buscasse imortalizar a instituição e fazer com que ela fosse relevante no contexto cultural da sociedade.
O homem franziu a testa, esticou a mão para me cumprimentar e se foi.
Eu era muito jovem quando assisti pela primeira vez ao filme, “Quem tem medo de Virgínia Wolf?”. Na época, aquele não era o tipo de filme que eu apreciava, mas o título chamou muita minha atenção desde a primeira vez que o vi, inclusive ele me serve até hoje como referência, para quando eu preciso saber que medo alguém ou alguma coisa possa causar para mim ou para outras pessoas.
Lembro de já ter usado esse artifício, substituindo o nome da magnífica escritora inglesa pelo de meu pai, Nagib Haickel, pelo de Sarney, pelo de Lobão quando eu trabalhava com ele, pelo de Roseana, pelo de Lula e mais recentemente fiz a mesma coisa com o nome de Flávio Dino e de Bolsonaro. O resultado é sempre bastante esclarecedor.
Ontem, zapiando nos canais de streaming, deparei-me com esse filme, que é estrelado por Elizabeth Taylor e seu, várias vezes marido, Richard Burton. Taylor inclusive ganhou um Oscar em 1967 por sua atuação como Martha, personagem principal dessa obra, adaptada por Ernest Lehman da peça de mesmo nome, escrita por Edward Albee, para o filme dirigido magistralmente por Mike Nichols.
Fiquei imaginando a quem adaptar o título daquela obra, neste momento. Poderia ser novamente a Lula ou a Bolsonaro, mas nesses casos, seriam perguntas fáceis de responder. Todo mundo sabe quem tem medo de um e de outro. Todo mundo está cansado de saber que medo cada uma dessas figuras faz aflorar e em quem.
Resolvi então fazer a tal pergunta e usar no lugar do nome da senhorita VW, o nome de meu amigo Carlos Brandão, que acaba de assumir o governo do Maranhão, em substituição a Flávio Dino.
A primeira resposta que me veio à cabeça foi o nome de Weverton Rocha, que jura de pés juntos que não teme o hoje governador, mas eu acho que deveria, pelo menos um pouco, afinal de contas, sentado na cadeira e com a caneta em punho, qualquer um é de causar medo.
O segundo nome que me veio à mente foi o de Flávio Dino, até porque qualquer coisa que se diga no Maranhão, tem de ser referenciada por ele, afinal ele governou nosso Estado, sem compartilhar ou dividir o poder com ninguém, durante 87 meses, 2.654 dias, de forma quase tão absolutista quanto Luís XIV.
Mas não acredito que Dino deva sentir qualquer tipo de medo em relação a Brandão. Carlos será leal e não fará nada que macule a amizade que há entre eles. Porém, se eu fosse Flávio, ficaria morrendo de medo de todos os outros políticos do Maranhão, pois cada um deles, que foi destratado, ou tratado mal pelo ex-governador, não vai deixar escapar a oportunidade de dar-lhe alguma forma de troco, pelo tratamento que lhe foi dispensado. Isso certamente é motivo suficiente para causar medo, e dos grandes.
E o povo do Maranhão, teria algum motivo para ter medo de Carlos Brandão? Penso que não. Carlos é um homem de boa índole e boa formação, devotado à família, amigo de seus amigos… Um sujeito de hábitos simples, equilibrado e sem ambições desmedidas ou extravagantes.
Acredito que uma das maiores ambições do atual governador é também uma que eu teria se estivesse no lugar dele: Ser conhecido e reconhecido como um bom governador, não como um sujeito que promete coisas mirabolantes que sabe ser impossível de realizar, mas um governante capaz de dar o melhor de si para conseguir o melhor possível para seu povo.
E os políticos!?… Será que eles têm motivos para ter medo de Carlos Brandão? Não creio, até porque parece que ele está trazendo para seu lado quase todos eles! Os que não vierem agora, caso Brandão vença a eleição, vão acabar, de alguma forma, se aproximando, pois um político sábio e experiente, não descarta apoio.
No final, a conclusão a que chego é que medo não é uma coisa que se deva sentir em relação a Brandão, porém é bom lembrar que ele é um sertanejo, e como disse o grande Euclides da Cunha, o sertanejo é antes de tudo, um forte, e forte aqui deve ser entendido como lutador, alguém que não foge da luta, alguém que sabe por que e por quem lutar, alguém que como meu pai, “Dá um boi para não entrar numa briga, mas depois de estar nela, dá uma boiada pra não sair”.
Soube que o governador Carlos Brandão foi criticado por alguns escroques desocupados, por escrever um texto em suas redes sociais onde disse que se casar, ter filhos e estar com a família são coisas únicas, mas que honrar a distinção de governar o Maranhão, estado que ele ama e do qual se orgulha é insuperável. Depois agradece ao povo por tê-lo ajudado a chegar aonde se encontra.
Criticar alguém, ainda mais um político, por dizer que a sagrada importância da família, em seu patamar automaticamente insuperável é comparada ao fato de poder governar o estado e o povo que ama, é o cúmulo da safadeza.
Esse tipo de coisa, muito comum nos dias de hoje, quando cada um que fala uma bobagem, ou propaga uma infâmia, pode ser ouvido ou lido por milhares de pessoas através das redes sociais, me faz lembrar a fábula do velho, o menino e o burro, que é bem conhecida de todos.
Nessa fábula, cada pessoa que passa pelos personagens, dá uma opinião sobre como eles deveriam se comportar, sob o ponto de vista do opinante. É o que acontece no mundo de hoje, só que da forma mais canalha que pode haver, pois se criam narrativas no sentido de mudar a verdade dos fatos.
Não vou discordar do fato de Brandão ter usado as palavras de forma pouco cuidadosa, mas discordo peremptoriamente que ele tenha desvalorizado sua família em detrimento do poder, até porque em momento algum ele falou do poder que emana do cargo de governador, mas do privilégio e da honra de dirigir os destinos do Estado que ama, e do qual se orgulha.
Quem conhece Brandão sabe de sua total devoção a sua família e aos seus amigos, e dizer o contrário é um acinte. Não se assustem quando logo mais ele começar a ser criticado por privilegiar a família em detrimento do Estado e do povo.
Canalhice é a coisa mais repugnante que pode haver na política, coisa que se iguala à hipocrisia e ambas deveriam ser rechaçadas por todos.
Recentemente recebi ligações de três grandes e queridos amigos, coisa que muito me alegrou, pois pudemos conversar sobre eventos importantes de nossas vidas.
Carlos Alberto Milhomem, Antonio Carlos Braid e Aderson Lago estiveram presentes em alguns dos momentos mais importantes de minha vida política, seja como deputado, seja como secretário de estado.
Fazendo um rápido retrospecto de minha jornada política, comecei como assessor parlamentar em 1978, cargo que ocupei até 1980, quando passei a ser oficial de gabinete do então governador João Castelo, mas depois pedi transferência para o gabinete do Secretário-Chefe da Casa Civil do Governo, José Burnet, para em 1982 concorrer a um mandato de deputado estadual, que assumi em 1983, aos 22 anos de idade. Naquela legislatura, fui o mais jovem parlamentar do Brasil.
Durante todo esse tempo, meu parâmetro maior foi meu pai, e continua sendo até hoje, mas que juntei a ele outros, como Zé Sarney, por exemplo.
Esses três amigos me servem também de parâmetro. Muitas vezes me pego imaginando o que eles fariam em alguma situação.
Trabalhei com Milhomem na Secretaria de Assuntos Políticos, no Governo Lobão, ocasião em que pude conviver mais com ele, já que o conhecia desde o tempo em que eu fora Deputado Federal Constituinte e ele era o coordenador geral pelo gabinete de Lobão, em Brasília.
A princípio, quem não o conhece pode até ter um pouco de medo dele, pois ele é aparentemente bruto, mas por debaixo daquela casca grossa, há um camarada gentil e bondoso. Não diria delicado, isso não, mas generoso e sensível, por mais incrível que possa parecer.
Anos mais tarde trabalhei pela eleição de Milhomem para presidente da Assembleia, ocasião em que exerci o cargo de primeiro secretário do poder legislativo maranhense.
Naqueles dois anos, realizamos coisas incríveis na ALM. Coisas estruturantes como a nova sede, como revisões de regimento e da constituição. Arrumamos a Casa, como se costuma dizer.
Nessa época, Braid e Aderson também estavam juntos conosco.
Com Braid, a relação é hereditária. Meu pai era muito amigo dele, tanto que o sucedeu na presidência da Assembleia Legislativa.
Aqui abro um parêntese para dizer que mesmo tendo passado apenas sete meses no comando do legislativo maranhense, Nagib Haickel gravou seu nome em pedra, na história daquele poder, por seu jeito simples, despojado, aberto e acolhedor. Valorizou os funcionários, deu força aos deputados e credibilidade ao poder legislativo, e Braid o ajudou muito nisso. Aderson também. E Milhomem servindo de ponte entre ele e os deputados com o governo e os secretários de estado, que por exigência de meu pai, passaram a despachar do gabinete da presidência da ALM.
No dia 7 de setembro de 1993, na cidade de Coroatá, depois de um desfile cívico e de um lauto almoço, meu pai, Nagib Haickel, então presidente da Assembleia legislativa do Maranhão, faleceria, nos braços de Carlos Braid e Marcony Farias.
Aderson Lago, este é um caso curioso. “Dersinho”, era como meu pai o chamava, isso quando não usava um outro apelido, mais apimentado: “Messalina”. Em ambos os casos, era sempre no sentido carinhoso, mesmo que os dois não combinassem em quase nada politicamente.
Aderson tinha um histórico antigo com meu pai, desde o tempo em que, como engenheiro, trabalhava com Jerônimo Pinheiro, na SEDUC, no governo Nunes Freire. Passou pela CAEMA, no governo Cafeteira e naqueles dias, estavam juntos, como deputados, na Assembleia Legislativa.
Aderson tem algumas passagens homéricas com meu pai. Comigo então, elas foram ainda mais sensacionais, como na ocasião em que conclamei a oposição a apoiar a candidatura de Milhomem a presidente da ALM, e não posso deixar de citar o dia em que ele não tendo como demolir meus argumentos em um debate, recitou um poema de Guerra Junqueiro, comparando-me ao personagem de um poema, um tal “Tertuliano”… Menino levado!…
Depois que meu pai morreu, resolvi fazer um filme sobre ele, “O caboclo do Vale do Pindaré”. Procurei imagens de arquivo e amigos que pudessem falar alguma coisa sobre o personagem. Milhomem é do tipo que não gosta muito de falar, principalmente em frente às câmeras. Braid contou sobre os últimos momentos dele com meu pai. Aderson contou várias histórias. Algumas incríveis. Uma que até o levou às lágrimas, durante a gravação.
Esses três homens, mais velhos que eu, mais vividos e experientes que eu, são verdadeiros amigos. Foram de meu pai e são meus.
Tenho outros verdadeiros bons amigos, mas esses três são especiais, pois fizeram e fazem parte de momentos importantes de minha vida.
É impossível não falar do assunto do momento. O tapa que Will Smith deu em Chris Rock, durante a cerimônia do Oscar, e as discussões cruciais sobre tal conjuntura, no mundo, hoje. De um lado a liberdade de dizermos ou fazermos o que se quiser, sem limites ou preocupação com quem atingimos e as consequências que tais coisas possam gerar nas pessoas, e de outro lado a reação que essas pessoas possam ter em relação ao que for dito ou feito, a capacidade ou a incapacidade de absorção de tais palavras ou ações e as consequências das consequências que podem transformar tudo isso em um redemoinho infindável de ações e reações, aquilo que é comumente conhecido como intolerância.
Sempre achei que algumas piadas são completamente sem graça e outras além de sem graça, são agressivas e aviltantes. Coisas sem sentido e desnecessárias. As tais brincadeiras de mau gosto.
Da mesma forma que sempre achei que reagir a essas coisas com força, com violência, não é o caminho correto. Sempre achei que esse tipo de reação tira a razão de quem sofreu a injúria, calúnia, difamação ou mesmo o insulto ou a ridicularização.
Essa temperança, esse senso de equilíbrio, é aquilo que há de mais importante na condição humana. O humorista que deve saber o limite da piada e quem se sentiu atingido por ela, que deve saber o limite da reação.
Nem Chris Rock deveria ter cometido tal grosseria, nem Will Smith poderia ter cometido tal violência. Todos dois estavam passando dos limites. A coisa mais comum no mundo de hoje quando os meios de comunicação nos permitem dizer e fazer coisas que até Deus duvida.
O que se tem visto, diariamente, em todo lugar do mundo, é a exacerbação desses DIREITOS. E isso é inadmissível.
Eu uso recorrentemente três ditados populares que bem representam essa situação: “Quem diz o que quer, ouve o que não quer”, “Eu perco o amigo, mas não perco a piada”, e “Quem não aguenta com o pote que não pegue na rodilha”. A sábia distribuição das ideias contidas nessas palavras, adubadas com temperança e tolerância, é a base de uma boa convivência.
Não quero que a liberdade de dizer e fazer seja ferida de qualquer forma, nem que o direito de reagir ou de agir possa ser restringido, tirando do indivíduo a sua soberana responsabilidade sobre seus atos, só quero que isso seja feito com consciência.
No final, chego à conclusão que o erro de Rock levou ao erro de Smith, e que em um caso onde todos estão errados, além de ninguém estar certo, nada tem a ser feito, a não ser se parar e repensar como se deve agir.
Muitos amigos meus têm me mandado mensagens pedindo que eu escreva sobre dois assuntos dos quais gosto muito. Um grupo quer que eu fale sobre política, sobre a eleição ao governo do Estado, e outro que eu fale sobre cinema, mais precisamente sobre a premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, que anualmente distingue aqueles que eles acreditam, mais se destacaram no ano anterior, nas diversas atribuições que tem o cinema.
Como na semana passada falei de política, agora vou dedicar um tempinho para falar de cinema, do Oscar 2022.
Concorrendo a melhor filme estão: Belfast, No Ritmo do Coração. Duna, Não Olhe para Cima, Drive My Car, King Richard – Criando Campeãs, Licorice Pizza, Ataque dos Cães e O Beco do Pesadelo. O vencedor deve ser Ataque dos Cães, mas King Richard – Criando Campeãs, e O Beco do Pesadelo tem alguma chance, os demais, nenhuma.
Para melhor diretor, Paul Thomas Anderson, por Licorice Pizza, Ryusuke Hamaguchi, por Drive My Car, Kenneth Branagh, por Belfast, Jane Campion, por Ataque dos Cães e Steven Spielberg, Amor, Sublime Amor. Só quem tem remota chance de disputar com Campion, é Branagh.
O prêmio de melhor ator está sendo disputado cabeça a cabeça, pois todos os desempenhos são magistrais. Vou lista-los em ordem decrescente, daquele que acredito que tenha mais chance, para o que penso ter menos chance de ganhar a estatueta. Benedict Cumberbatch, por Ataque dos Cães; Andrew Garfield, por Tick, Tick … Boom!; Will Smith, por King Richard – Criando Campeãs; Denzel Washington, por A Tragédia de Macbeth (em que pese o filme ser muito difícil); e Javier Bardem, por Apresentando os Ricardo;
No quesito melhor atriz, a coisa é um pouco diferente. Existe uma favorita:Kristen Stewart, por Spencer. As outras têm menos chances, nessa ordem: Nicole Kidman, em Apresentado os Ricardos; Olivia Colman, por A Filha Perdida; Penélope Cruz, por Mães Paralelas; e Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye.
Eu tenho especial carinho pelo elenco coadjuvante, mas esse ano a disputa está um pouco confusa no masculino. Kodi Smit-McPhee, por Ataque dos Cães; J.K. Simmons, em Apresentando os Ricardos; e Jesse Plemons, por Ataque dos Cães têm mais chances que Troy Kotsur, em No Ritmo do Coração e Ciarán Hinds, por Belfast.
O mesmo acontece no feminino, que em minha opinião a ordem de preferência deve ser a seguinte: Kirsten Dunst, por Ataque dos Cães; Judi Dench, por Belfast; Ariana DeBose, por Amor, Sublime Amor; Jessie Buckley, por A Filha Perdida; e Aunjanue Ellis, por King Richard – Criando Campeãs.
Na disputa dos roteiros feitos especialmente para o cinema a briga é boa, entre os três primeiros citados nesta lista: Belfast, Não Olhe para Cima, King Richard – Criando Campeãs, Licorice Pizza e The Worst Person in the World.
No que diz respeito a um roteiro que foi adaptado de uma obra anterior, não deverá haver disputa, Ataque dos Cães deve vencer, mas com remotas chances aparecem A Filha Perdida. No Ritmo do Coração, Drive My Car e Duna, não têm chance.
A disputa pelo prêmio de melhor animação do ano recai sobre Encanto e Luca. A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, Flee e Raya e o Último Dragão, cumprem tabela.
Canção Original é sempre uma grande disputa, principalmente quando estão concorrendo um filme da saga 007, alguma superprodução musical ou um desenho da Disney, que dessa vez não há. Eu pessoalmente penso ser impossível dizer com o mínimo de certeza quem será o vencedor nesta categoria. Todos são ótimos. No Time to Die, do filme 007 – Sem Tempo para Morrer, de Billie Eilish e Finneas O’Connell; Dos Oruguitas, do filme Encanto, de Lin-Manuel Miranda; Somehow You Do, do filme Four Good Days, de Diane Warren; Be Alive, do filme King Richard – Criando Campeãs, de Beyoncé Knowles-Carter e Dixson; e Down to Joy, do filme Belfast, de Van Morrison.
Quanto a trilha sonora original, a coisa é menos complicada, em que pese todas serem igualmente maravilhosas, mas me arrisco a coloca-las em ordem de preferência. Duna, de Hans Zimmer; Não Olhe para Cima, de Nicholas Britell; Encanto, de Germaine Franco; Mães Paralelas, de Alberto Iglesias e Ataque dos Cães, de Jonny Greenwood.
Ao comentar os prêmios técnicos, vou coloca-los em ordem decrescente de preferência.
Edição de som: Duna, 007 – Sem Tempo para Morrer, Amor, Sublime Amor, Belfast e Ataque dos Cães.
Fotografia: O Beco do Pesadelo, Duna, A Tragédia de Macbeth, Amor, Sublime Amor e Ataque dos Cães.
Efeitos visuais: Duna, 007 – Sem Tempo para Morrer, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis e Free Guy
Figurino: Aqui há uma disputa acirrada entre Cruella e O Beco do Pesadelo, mas os demais são também muito bons, nessa ordem: Duna, Cyrano e Amor, Sublime Amor.
Maquiagem e cabelo: os favoritos são Cruella e Casa Gucci, mas Duna, Um Príncipe em Nova York 2 e Os Olhos de Tammy Faye mereceram as indicações.
Montagem: esse item é difícil até de se colocar em ordem de preferência, mas vamos lá: Tick, Tick… Boom!; Não Olhe para Cima, Ataque dos Cães; King Richard – Criando Campeãs e Duna,
Design de produção é um quesito do qual eu entendo um pouco, mas os concorrentes têm nível tão alto que qualquer coisa pode acontecer. O meu palpite é o seguinte: O Beco do Pesadelo, A Tragédia de Macbeth, Ataque dos Cães, Duna e Amor, Sublime Amor.
Não posso opinar sobre muitas categorias, pois não vi os filmes que concorrem nelas, como por exemplo Filme Internacional, Curtas Metragens, Documentário.
Acordei pensando sobre o que está acontecendo na Ucrânia, e lembrei do que aconteceu no Afeganistão e depois na Chechênia. No primeiro caso, a União Soviética e no segundo a Federação Russa, invadiram aqueles países e nós, do ocidente, defensores da liberdade e da democracia, fizemos muito pouco, quase nada em relação a isso.
No caso do Afeganistão, os Estados Unidos, apenas cumpriram seu papel de antagonista dos russos naquilo que até então era a guerra fria. No caso da Chechênia, não lembro de nenhuma ação mais efetiva contra Putin, que já naquela época fazia as suas presepadas.
Me pergunto por que eu não me indignei com a invasão e aniquilação da Chechênia! Pensando agora, acredito que foi pelo fato de não ter nenhum conhecimento nem empatia sobre aquele país e seu povo. Talvez pensasse que era um problema interno, que eles que o resolvesse internamente.
Depois, aquele atentado terrorista checheno no Teatro Dubrovka, em Moscou, fez com que tomasse partido contra os terroristas, sem analisar os motivos, mesmo que cruéis e inadmissíveis daquela ação, o por que daquela atitude tão radical. Hoje sei que ela foi uma represália pelo genocídio que Putin estava efetuando em seu país.
Agora Putin ataca um país mais conhecido, com relações mais próximas a nós, com religião igual a nossa, com costumes parecidos aos nossos, com um povo cosmopolita, e aí tomamos partido e nos opomos a invasão e a guerra.
Hoje acordei me odiando por não ter tido o mesmo pensamento e a mesma atitude que tenho agora em relação a Ucrânia, quando da invasão da Chechênia. Hoje vejo como estava errado. Não me posicionei contra a invasão da Chechênia, pelo fato da maioria do povo daquele país ser mulçumano, por não ter conosco muitas semelhanças e ter diferenças em quase todos os aspectos.
Hoje descobri o quanto fomos canalhas, eu inclusive, por não sermos coerentes em questões tão importantes como esta, por usarmos dois pesos e duas medidas.
Alguém disse certa vez, não lembro quando nem onde, que mesmo que não se perceba imediatamente, quando um leão espana com o rabo, as moscas que o fustigam, as consequências disto acontecem, seja elas quais forem ou quando e onde repercutam.
Neste momento estou pasmo por tão pouco está sendo efetivamente feito para conter, para parar Putin, e temo que as consequências disso possam ser desastrosas, não só para a Ucrânia e seu povo, mas para todo o mundo.
Esse conflito, que teve início já faz mais de um mês, parece que ainda vai se arrastar ainda por algum tempo e o que é pior, parece que todos nós estamos nos acostumando com ele. Digo isso por eu mesmo ter ficado tão indignado quando essa guerra começou, mas agora, devido aos problemas do dia a dia, as vezes até esqueço dos horrores que estão acontecendo na Ucrânia, da mesma forma que às vezes nem lembro do que acontece no Afeganistão, na Síria, no Sudão e em tantos outros lugares conflagrados por guerras.
Nossa responsabilidade em coisas como essas, são bem maiores do que pensamos.
Já faz algum tempo comentei com alguns amigos, que a política do Maranhão tinha tudo para passar de um patamar conflagrado, cheio de disputas e intrigas, para um estágio de evolução, onde a união, a paz e a prosperidade, tomariam o lugar das acirradas divergências de outrora.
Disse a eles que isso aconteceria quando do natural declínio hegemônico do grupo liderado pelo ex-presidente José Sarney, mas não antes de haver um acirramento entre este grupo e um outro que quisesse se estabelecer em substituição a ele, mas que isso não perduraria, pois as mudanças geracionais, culturais e políticas não permitiriam que continuassem a existir hegemonias como aquela, e como tantas outras que existiram por nosso país.
Eu sempre disse que Flávio Dino seria governador do Maranhão, e que tentaria se firmar como liderança que se igualasse a Sarney, mas sempre soube que isso não aconteceria, não que Flávio não tivesse capacidade para isso, mas pelo fato de só ter sido possível existir uma liderança como a de Sarney, porque no tempo em que ela nasceu e se consolidou, era possível que isso acontecesse. Hoje em dia, lideranças como aquelas não são mais plausíveis nem possíveis de existir. Os tempos são outros.
Previ que se passaria por um breve interlúdio, gerado pelo declínio natural de quem permaneceu tanto tempo no poder, e o novo poder estabelecido. Que haveria uma fase de transição, que a princípio poderia parecer e até em alguns casos, ser, violenta, mas que com o arrefecimento dos ânimos, graças a sabedoria do antigo morubixaba, e pelo rápido amadurecimento do novo cacique, as coisas poderiam se consolidar de forma a fazer com que caminhássemos todos para um tempo em que o Maranhão marcharia junto, mesmo que não totalmente unificado, em busca de tempos melhores.
O que eu não previ é que isso seria feito pelas mãos de alguém que fosse desprovido de maiores ambições, que fosse alguém que não causasse medo nas pessoas, alguém que não usasse o poder para intimidar ou submeter, correligionários e adversários. Não imaginei que teria que ser manso, o artífice desta obra.
Eis que surge Carlos Brandão, homem simples, de temperamento afável, comedido, simpático, que pela sua forma de ser, pode conseguir, graças ao ambiente que temos hoje, graças às mudanças sociais, políticas e culturais que ocorreram nos últimos tempos, uma coisa que nem Sarney nem Dino conseguiram. Juntar todos os políticos do Maranhão… Se não todos, pelo menos os mais relevantes eleitoralmente, em torno de um projeto de ESTADO, onde mais importante que grupos e partidos, seja realmente o povo e a organização administrativa que o agrega.
Lembro que também previ, e parece que nisso eu errei feio, que haveria um grande acordo entre as duas bandas do grupo liderado por Flávio Dino. Brandão seria candidato a governador, Weverton indicaria o candidato a vice, e até ao senado, caso Dino fosse candidato a vice-presidente da república.
Sempre soube que o candidato sendo Brandão, pela boa relação que ele sempre teve com importantes figuras ligadas ao ex-presidente José Sarney, o grupo iria apoiá-lo, pois este seria um movimento natural, e seguir os movimentos naturais é uma das regras fundamentais e imutáveis da boa política.
Os movimentos refratários e persecutórios ao grupo Sarney, de forma indiscriminada, perpetrados por Flávio Dino, assim que assumiu o poder, se mostrou eficiente por um lado e inócuo por outro, pois se aquilo serviu para ele fazer uma limpeza no ambiente, acabou matando junto, a oportunidade de unir quase todos os políticos do Maranhão em torno de si. Essa oportunidade Brandão tem agora.
Mas para que isso aconteça, de maneira retumbante, precisaria que o senador Weverton Rocha entendesse que o momento não é de confronto, que apesar dele não perder nada, caso não vença a eleição ao governo, pelo fato de ter ainda quatro anos de mandato de senador, ele deveria pensar naquilo que poderia ser mais interessante para seus companheiros, que não são poucos nem fracos, que correm o risco de ter no mínimo contra si, a má vontade do próximo governador e da próxima administração estadual.
Por outro lado, infelizmente, ainda consigo identificar, principalmente no grupo ligado a Brandão, pessoas com um velho pensamento, algo mais antigo que o vitorinismo, do tempo em que Benedito Leite e Magalhães de Almeida mandavam em nosso Estado, gente que tem um lema, que em minha opinião sintetiza o que há de pior na política e na vida: “Quanto menos somos, melhor passamos”. Existem pessoas assim também do lado de Weverton, mas acredito que Brandão, nem as pessoas mais importantes, próximas a ele pensam desta forma, e acredito que Weverton também não.
Em minha modesta opinião, o melhor que poderia acontecer para o nosso ESTADO, para a nossa GENTE, seria que os grupos políticos majoritários de nossa terra entrassem em um grande acordo, e que não houvesse disputa, entre eles, quanto aos cargos majoritários no Maranhão, em 2022. Penso que assim todos sairiam ganhando.
Isso não é coisa fácil de acontecer, mas nada impede que seja tentado! Digo isso como livre pensador que sou. Livre e pensador o suficiente para saber que muitas vezes, existem coisas que estão à nossa frente, coisas obvias, e não as enxergamos nem ouvimos, até que uma criança ou alguém a quem não damos importância, nos mostre.
PS: Lembro a você que me lê agora, que em uma contenda, existem aqueles que ganham mais com ela que os próprios contendores. São os apostadores, que muitas vezes não arriscam nada na disputa, mas ganham muito com ela.
Assisti ao filme “Belfast” e acredito que ele seja, sem sombra de dúvida, o segundo colocado na preferência de quem aprecia cinema, quanto à disputa do Oscar de 2022.
Sendo “Ataque de cães”, o franco favorito, a disputa pelo segundo lugar é quase um outro primeiro prêmio.
“Belfast” lembra muito um outro filme, “Roma”. Não que o primeiro tenha sido feito baseado no segundo, mas é uma reminiscência de uma mesma época, final dos anos 1960, começo dos 70. Os dois falam de vidas de famílias comuns, no México e na Irlanda do Norte e retratam a vida dos dois roteiristas-diretores das obras.
Kennet Branagh nasceu, como eu, em um mês de dezembro, é portanto, como eu, sagitariano. Quando ele nasceu, nevava em Belfast. Quando eu nasci, um ano antes dele, em São Luís do Maranhão, fazia muito calor e chovia.
A minha infância foi como a de todas as crianças de minha cidade, a de Buddy, personagem do filme, era normal para os iguais a ele. A diferença é que eu, católico, estudei em um colégio Batista, e isso, naquele tempo em nosso país, não era e não é, graças a Deus, nenhum problema, mas Buddy, protestante, vivia no fogo cruzado entre protestantes e católicos, num tempo e num lugar onde isso era normal.
“Belfast” não vai ganhar o Oscar de melhor filme, como “Roma“ ganhou de melhor filme estrangeiro, mas é um belo filme e precisa ser visto, por pessoas de minha idade, que vão se identificar com ele, e por pessoas mais jovens, para que saibam como era a vida naquela época.
Por fim, cheguei a uma triste conclusão. Ao contrário do que aconteceu nos casos de “Roma”, de Alfonso Cuarón, e de “Belfast”, de Kennet Branagh, uma história que eu escrevesse e filmasse, quem sabe com o nome de meu bairro, “Outeiro da Cruz”, ou de minha cidade, “São Luís”, raramente teria tanto sucesso, pois a minha, a nossa vida, não teve e não tem conflito suficiente para produzir-se um filme de sucesso, mas pelo menos deu pra aprender um pouquinho sobre cinema.