Dia dos Pais

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Por ser Dia dos Pais, resolvi sair das temáticas que mais têm pautado os meus textos nos últimos tempos, cinema e política, para falar um pouco sobre o meu pai, sobre a referência que eu tive e tenho de pai.

Imagino que meus leitores saibam que meu pai foi o empresário e político Nagib Haickel, um sujeito que teve a sorte de casar-se com uma mulher maravilhosa, Clarice Aragão Pinto, que geraram eu e meu irmão Nagib.

Meu pai ficou conhecido por ser um camarada espirituoso, brincalhão, barulhento, direto, autêntico, destemido, de uma inteligência aguçada para números e negócios, mas de pouca paciência para lidar com burocracia, pessoas pouco ativas e pouco operantes. De pavio curto, ia de zero a cem em cinco segundos, mas voltava a zero no mesmo tempo.

Nunca foi um sujeito de mutas posses, mas nunca foi mal de vida. Trabalhador incansável, dizia que trabalhava para ter dinheiro suficiente para não ter que depender de ninguém.

Era conhecido por sua imensa generosidade e pela grande quantidade de amigos que amealhou em sua curta vida. Morreu três meses antes de completar 60 anos, mas morreu como queria. No ponto mais alto que havia chegado. Era presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Não teve muito estudo formal. Dizia que havia se formado em quatro faculdades. A primeira era a faculdade da família, amava seus pais, irmãos, esposa, filhos, parentes de um modo geral e aderentes de forma incondicional, tendo sido sempre foi arrimo de sua família.

A segunda faculdade que ele dizia ter se formado, era a da empresa onde começou a trabalhar aos 13 anos, a Chames Aboud e Cia. Dizia que tivera como professores Eduardo, Alexandre, Cesar e Alberto Aboub e como colega, William Nagem, entre outros.

A terceira faculdade, segundo ele, teria sido a Assembleia Legislativa, onde pode aprender com gênios e foi colega de mestres.

A quarta faculdade que ele teria se formado, segundo dizia em seus discursos, era a faculdade da vida e dizendo isso ele se aproximava de forma íntima e carinhosa das pessoas comuns, que naqueles tempos também só tinham a oportunidade de se formarem nessa faculdade. A da vida.

Quando resolvi escrever sobre o Dia dos Pais, fiquei imaginando como fazer isso de forma diferente, então fui procurar em meus álbuns de fotografias, quatro delas que pudessem expressar os estados de espírito mais comuns em meu pai. Fotos de situações nas quais eu o via com frequência.

Na primeira foto, o Nagib enérgico, fosse na vida empresarial ou política. A forma dele agir espantava quem não o conhecia, mas aos seus conhecidos ela era normal e previsível.

Muita gente tinha uma primeira impressão muito ruim dele, mas em quase todas as vezes essa impressão se transformava em muito boa. E não sou eu, seu filho quem diz isso, mas Benedito Buzar, jornalista, historiador e biógrafo de muitos políticos maranhenses.

Na segunda foto, o Nagib orientador, de poucas palavras, mas de muitos exemplos práticos. Por ter pouca paciência, ele queria que as pessoas vissem como agir seguindo seus exemplos.

Na terceira foto, o Nagib esperto, que dava um boi para não entrar em uma briga e uma boiada para não sair dela, que dizia que o difícil se faz logo, e que para se fazer o impossível, era só uma questão de tempo.

Na quarta foto, o Nagib espirituoso e brincalhão, capaz de inventar conversas com Tapiacas e Mandubés na beira do Rio Pindaré, de distribuir toneladas de bombons para a criançada por onde passasse, de pular e dançar em cima dos taipás dos caminhões que fazia de palanque.

Esse era o meu pai. O pai que tive por apenas 34 anos, tempo suficiente para ter me ensinado muitas das coisas que aprendi na vida.

Tenho certeza de que quase a totalidade de vocês que me leem, têm ou tiveram pais como o meu, e que os honram sendo aquilo que meu pai dizia que um homem tinha obrigação de ser: Filho respeitador, irmão companheiro, marido amoroso, pai carinhoso e amigo leal.

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A pior situação

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Ontem tive uma discussão feia, que quase descambou para um atrito sério, com duas das pessoas que mais amo. Meu irmão e minha esposa.

Em 2018 cada um de nós pensava em votar em um candidato diferente para presidente da república. Eu iria votar em Alckmin, Jacira votaria em Amoedo e Nagib votaria em Bolsonaro.

À proporção que se aproximava o dia da eleição, fui vendo que o voto útil, aquele que se dá a um candidato que não tem a menor chance de disputar um eventual segundo turno, seria uma temeridade, uma vez que o que eu não desejava mais era ter um presidente de esquerda, alguém que pertencesse a um grupo que jogou nosso país em um abismo de aparelhamento ideológico, corrupção e a beira de uma efetiva guerra de classes.

Tanto eu quanto Jacira acabamos votando em um candidato detergente, desinfetante. Nós não votamos nele acreditando que ele seria um grande estadista. Ninguém em sã consciência fez isso! Quem votou nele com o mínimo de discernimento entre realidade e mito, votou para se ver livre do PT e da gangue que dominou o Brasil durante 16 anos.

Ocorre que ninguém imaginou que o detergente, o desinfetante que escolhemos, tivesse tantos efeitos colaterais, que viesse tão contaminado por outras toxidades que tornasse impraticável o bom e salutar convívio com ele, com suas ideias equivocadas do que é o melhor para o país e seu povo. Não que todas as ideias dele estejam erradas, mas pelo menos a maioria das formas dele as colocar em prática, de se comunicar com a nação e o mundo, estão.

Discordar disso é ser cego e surdo. Quem não consegue ver que o atual governo tem ações extremamente positivas, mas tenta implementá-las de maneira tão desastrosa que as torna completamente ineficazes e completamente atacáveis, destruindo tudo que elas poderiam ter de bom, está completamente fora da realidade.

Quatro anos depois, mesmo desiludido com as ações do presidente, meu irmão ainda prefere votar nele que cogitar a ter novamente no comando de nosso país a gangue de hipócritas, sectários e maniqueístas, corruptos e canalhas ligados a esquerda e ao PT.

Minha esposa não cogita votar novamente em Bolsonaro. Isso está completamente fora de questão para ela. Ocorre que ela não cogita votar também em Lula, por todos os motivos que são do conhecimento geral.

Quanto a mim, que fui político durante mais da metade de minha vida, me encontro sem opção, uma vez que não há em nosso país uma terceira via capaz de acolher pessoas que pensem e se posicionem como eu. Mais que isso! Eu não admito o voto útil. Ele é um dos motivos de termos desastres políticos de proporções megalíticas.

Você sabe por que a democracia americana é tão sólida? Porque lá não há espaço para uma terceira via. A diferença real entre democratas e republicanos é mínima e ocorre em aspectos que dizem respeito apenas a forma de convivência entre as pessoas. Além disso a alternância cíclica e sistemática do poder, faz com que as políticas de um lado e de outro não criem raízes suficientes para aparelhar o estado de maneira definitiva e criminosa, como acontece farta e largamente em países como o Brasil.

Na discussão de ontem, meu irmão não quis entender que se Lula e o PT voltarem ao poder, o maior culpado será unicamente Bolsonaro. Por outro lado, minha esposa disse que prefere ser comandada por um ladrão que por um sujeito completamente insensível às fundamentais necessidades das pessoas.

Quanto a mim!… Fico no meio dessas duas teses absurdas, discordando delas mais que concordando com elas, mas sem uma opção plausível. Talvez a minha seja a pior situação!…

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Tive acesso a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!”, resolvi analisá-la parágrafo por parágrafo, e fiz algumas observações que vão entre parênteses e em caixa alta.

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Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. (OK!)

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais. (APENAS PARA LEMBRAR AOS ESQUECIDOS E COMUNICAR AOS QUE DESCONHECEM ESTE FATO: NEM LULA NEM A BANCADA DO PT, BEM COMO OUTROS PARTIDOS E PARLAMENTARES DE ESQUERDA NÃO ASSINARAM A NOSSA CARTA CONSTITUCIONAL DE 1988, POIS NÃO RECONHECIAM NELA A REPRESENTAÇÃO DA VONTADE SOBERANA DO POVO BRASILEIRO.)

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal. (UM EXECUTIVO FRACO, ENCABEÇADO POR UM BOÇAL E IDIOTA POLÍTICO; UM LEGISLATIVO COVARDE E PROPINEIRO, QUE NÃO ASSUME SUAS PRERROGATIVAS E OBRIGAÇÕES; UM JUDICIÁRIO MILITANTE QUE PRATICA NÃO SÓ MAGISTRATURA ADMINISTRATIVA, MAS TAMBÉM UM JUDICIALISMO POLÍTICO E IDEOLÓGICO.)

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular. (OK!)

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. (OK!)

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral. (DESDE A REDEMOCRATIZAÇÃO, TIVEMOS 8 ELEIÇÕES ONDE FORAM ELEITOS 5 PRESIDENTES DA REPÚBLICA. NESSES 32 ANOS, 24 FORAM DOMINADOS POR PARTIDOS DE IDEOLOGIA DE ESQUERDA, SENDO 8 ANOS DE PSDB E 16 ANOS DE PT, E 8 ANOS DE PARTIDOS DE DIREITA, INFELIZMENTE COM DOIS TEMERÁRIOS, COLLOR E BOLSONARO. DITO ISSO NÃO É VERDADE QUE TIVEMOS MUITAS ALTERNÂNCIAS DE PODER. ESSA AFIRMAÇÃO É FACCIOSA E MENTIROSA, SERVE PARA ILUDIR OS DESATENTOS E ACALENTAR OS MILITANTES.)

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude. (CONCORDO COM TUDO ISSO! OCORRE QUE O REDATOR DESTA CARTA, BEM COMO SEUS SIGNATÁRIOS NÃO EXPLICAM POR QUE DEPOIS DE 24 ANOS COMANDANDO NOSSO PAÍS, O PT E O PSDB NÃO RESOLVERAM ESSES PROBLEMAS TÃO SENSÍVEIS E GRAVES, QUE AFLIGEM O NOSSO POVO. PELO CONTRÁRIO, AGRAVARAM MUITO ESSAS MAZELAS, ENRIQUECENDO MAIS AINDA OS GRANDES EMPRESÁRIOS E OS BANQUEIROS!)

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos. (OK!)

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições. (TEMOS AQUI MAIS UMA NARRATIVA FACCIOSA, QUE É APOIADA PELA TOTAL FALTA DE CAPACIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM SE EXPRESSAR E SE MANIFESTAR, MAS É SÓ! NADA TEM DE VERDADEIRA!)

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. (CONCORDO COM O FATO DE NOSSO PROCESSO DE VOTAÇÃO SER CONFIÁVEL, JÁ O MESMO NÃO POSSO DIZER QUANTO AO PROCESSO ELEITORAL, PRIMEIRO PORQUE A LEGISLAÇÃO QUE ORDENA AS ELEIÇÕES É EXDRÚXULA, FEITA PARA SER ESCAMOTIADA. QUANTO A INCITAÇÃO À VIOLÊNCIA, ESSA É UMA OUTRA NARRATIVA INFUNDADA.  SE O QUE DIZEM FOSSE VERDADE, O TSE E O STF JÁ TERIAM AGIDO, UMA VEZ QUE ELES TÊM FEITO ISSO A TORTO E A DIREITO, POR MUITO MENOS MOTIVOS!)

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão. (OK! AGORA ESTAMOS PREOCUPADOS COM OS GRINGOS! ENTÃO TÁ, CHEIROSO! EM NOSSO PAÍS NÃO SÓ AS PESSOAS QUE SIMPATIZAM COM A ESQUERDA SÃO CONFIÁVEIS E RESPEITÁVEIS. AQUELES QUE NÃO SIMPATIZAM COM A ESQUERDA TAMBÉM NÃO ADMITIRÃO ATAQUES A DEMOCRACIA, MAS NÃO ACEITARÃO QUE O ESTADO BRASILEIRO SEJA NOVAMENTE ASSALTADO E APARELHADO.)

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática. (CONCIÊNCIA CÍVICA!? QUE PAPO FURADO É ESSE!? CONCIÊNCIA CÍVICA É PISAR EM NOSSA BANDEIRA, SÓ POR ELA SER VINCULADA A UM DETERMINADO POLÍTICO!?)

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. (APOIO INTEGRALMENTE ESTE PARÁGRAFO, DESDE QUE NO PARÁGRAFO ANTERIOR A ESTE SE INCLUA O REPÚDIO ÀS PRÁTICAS CORRUPTAS E AO APARELHAMENTO PARTIDÁRIO E IDEOLÓGICO DO ESTADO, COISAS QUE REPRESENTAM IGUALMENTE GRANDE PERIGO PARA NOSSA DEMOCRACIA.)

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. (MAIS UM PARÁGRAFO DEDICADO ÀS NARRATIVAS PARTIDÁRIAS QUE SÓ ENFRAQUECEM A VERDADEIRA LUTA PELA DEMOCRACIA. ONDE ESTÁ HAVENDO AUTORITARISMO EM NOSSO PAÍS, A NÃO SER POR PARTE DE UM JUDICIÁRIO MILITANTE E DE UMA IMPRENSA PARTIDÁRIA!? O QUE REALMENTE OCORRE É QUE TEMOS UM IDIOTA POLÍTICO NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, CUJAS FALAS DÃO MARGEM A CRIAÇÃO DESSAS NARRATIVAS E DESSE CLIMA. CASO ELE FOSSE MENOS “BURRO”, MAIS HIPÓCRITA E CANALHA COMO SEUS ADVERSÁRIOS, O CLIMA NÃO SERIA ESSE QUE VIVENCIAMOS)

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!! (NISSO ESTAMOS JUNTOS, E ESTAREMOS SEMPRE! ESSA NÃO É UMA PAUTA QUE SEJA PRIVATIVA DA ESQUERDA, MAS SIM DE TODOS OS BRASILEIROS QUE DESEJAM UM BRASIL MELHOR, SEM CORRUPÇÃO, APARELHAMENTO E RESPEITO ÀS PESSOAS E ÀS INSTITUIÇÕES!)

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O mais forte *

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Lan Tuan, velho mestre budista, chamou seus discípulos e passou-lhes uma tarefa. Disse-lhes que deveriam descobrir qual é a maior força que existe, quem é o ser ou a coisa mais forte, e que eles só poderiam retornar ao mosteiro quando tivessem chegado a uma conclusão absoluta.

Ele disse aos discípulos que ao invés de se dispersarem, cada um indo para um lado, eles deveriam sair juntos, a procura dessa resposta, pois aquilo não era uma mera competição, mas uma tarefa de aprendizagem.

Lan Tuan deu a eles uma flauta mágica. Bastaria que eles a tocassem, que qualquer criatura ou coisa falaria com eles, mas que eles só poderiam usar a flauta para procurar a resposta a essa pergunta, jamais para outra coisa. E mais, que a flauta deveria ser devolvida assim que retornassem ao mosteiro.

Os discípulos se foram, e chegando em uma forja, um deles tocou a flauta mágica e um outro perguntou ao ferro: Ferro, você é o mais forte?

O ferro respondeu: Eu sou forte, mas não sou o mais forte. Ainda que minha matéria seja extremamente resistente e construa estruturas poderosas, forte é o fogo! Porque quando eu passo por ele, eu derreto.

Então perguntaram ao fogo: Você é o mais forte? O fogo respondeu: Eu não sou o mais forte. Ainda que eu derreta ferro, forte é a água. Quando ela cai sobre mim, ela me apaga.

Água, então você é a mais forte!?… A água respondeu: Eu não sou a mais forte. Mais forte é o sol. Que quando passa com seus raios sobre mim consegue me evaporar.

Então perguntaram ao sol: Sol, pelo visto você que é o mais forte!? O sol respondeu: Eu não sou o mais forte, porque ainda que eu tenha poder de fazer a água evaporar, forte é a nuvem! Que quando para na minha frente tira todo meu brilho.

Então perguntaram: Nuvem, você que é a mais forte? A nuvem também respondeu: Eu não sou a mais forte, mais forte é o vento. Eu até consigo tirar o brilho do sol, mas quando o vento bate em mim, ele me joga de um lado para o outro.

Vento, você é o mais forte? O vento disse: Eu não sou forte. Embora eu jogue a nuvem de um lado para o outro, forte é a montanha. Porque quando eu bato nela eu me divido ao meio.

Cansados eles já nem perguntavam mais. Afirmavam: Montanha, você que é a mais forte.

Eu não sou a mais forte, respondeu a montanha. Ainda que eu faça o vento se dividir ao se colidir comigo. Forte é o homem! Porque ele vem com os seus maquinários e constrói edificações e acaba comigo.

Homem, então é finalmente você que é o mais forte!… O homem diz: Eu não sou o mais forte. Ainda que eu consiga construir edificações sobre rochas, destruir tudo a minha volta, ainda assim eu não sou o mais forte. Forte é a morte! Porque quando ela me abraça eu não consigo escapar.

Exausto, o discípulo mais inquieto disse então a morte: Morte você que é a mais forte entre todas as forças do universo.

A morte então respondeu: É… por muito tempo eu pensei que eu era isso mesmo. Eu abracei milhares e milhares de pessoas, durante toda a eternidade. Abracei pessoas ricas e pobres, sábias e ignorantes, boas e más, e nesses abraços, acabei com as vidas de todas elas.

Depois disso observei que havia algo mais forte que eu, algo que sobrevivia àquelas pessoas, um conjunto de sentimentos que normalmente chamam de amor. Um sentimento superforte, algo inquebrável e inquebrantável, uma coisa que não morre jamais. Um sentimento que sintetiza em si todos os sentimentos e sentidos que existem, todos mesmo, principalmente os bons, em muita quantidade, mas também os considerados maus, em pequenas doses suportáveis.

Então, um dos discípulos tocou mais uma vez a flauta mágica e os outros perguntaram ao amor: Amor, você é a coisa mais forte que existe? E o amor respondeu que não, que mais forte que ele são todos aqueles seres e coisas que possuem o privilégio de experimentar os sentimentos e os sentidos que o compõem.

Se achando em um beco sem saída, os discípulos, desiludidos, voltaram ao mosteiro. Ao chegarem lá souberam que o mestre Lan Tuan havia morrido naquela manhã.

Chang Nin, auxiliar de mestre Lan Tuan, chamou os discípulos que haviam saído naquela jornada e disse-lhes que na noite anterior a morte do mestre, ele lhe dera uma carta para ser entregue a eles, quando retornassem.

No papel estava escrito o seguinte: Se vocês não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva sobre qual é a maior das forças da natureza, mas descobriram a existência de uma força abstrata, constituída de diversos sentimentos e sentidos, é porque aprenderam a lição e estão preparados para usarem principalmente dois dos diversos ingredientes de sua composição, a sabedoria e a memória. Uma que servirá para descobrirem como aprenderem sempre e como melhor ensinarem, e a outra para jamais se esquecerem do que realmente é importante.

Depois de lerem a carta, o discípulo mais inquieto, pegou a flauta mágica para tentar falar com o mestre Lan Tuan, quando um outro discípulo, o mais sereno e calmo, pegou a flauta de sua mão e depositou sobre o peito do falecido mestre, para que fosse cremada com ele.

*  História baseada uma antiga parábola religiosa que me foi contada por meu primo, João Mohana, médico, sacerdote e escritor. 

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O dilema do cidadão honrado e do eleitor consciente

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Depois de ontem, não resta nenhuma dúvida que Bolsonaro é um completo imbecil, da mesma forma de que depois de tudo que fez, nada leva a crer que se eleito, Lula e seus esquerdopatas não irão voltar a praticar os mesmos atos abomináveis e corruptos que os mantiveram no poder por 16 anos.

A cada dia as atitudes do atual presidente da república diminuem mais e mais a possibilidade dele vir a ser apoiado por boa parte dos cidadãos honrados de nosso país, e por um grande número de eleitores conscientes, pessoas que não desejam que o Brasil volte a ser dominado por uma camarilha de corruptos, hipócritas, sectários, maniqueístas e toda espécie de figuras nefastas.

É neste ponto em que estas pessoas se encontram, e eu sou uma delas. Jamais votarei novamente em Lula e sua gangue, da mesma forma que é impossível para alguém como eu, que entende perfeitamente bem os mecanismos da política, apoiar novamente um sujeito temerário, como está mais que claro que é Bolsonaro.

Então o que resta para pessoas como eu, pessoas que estejam na mesma condição que eu, que pensem como eu, que sintam as coisas como eu sinto? O que nós podemos fazer numa situação dessas?

Votar em Ciro, em Tebet, em um outro candidato qualquer!? Isso vai resolver!? Se fizermos isso, teremos sucesso? É muito provável que não.

A radicalização política, social, cultural e psicológica a qual nosso país, de maneira criminosa, foi submetido nos últimos tempos, perpetrada pelas máquinas políticas de esquerda e de direita, destruiu qualquer possibilidade de haver uma terceira via, um caminho alternativo, algo que nos livrasse dos impropérios absurdos do atual presidente e das atrocidades políticas, administrativas, econômicas e morais do ex-presidente.

Num bom e escrachado português de baixo calão: “Nós estamos é fodidos”! Se apoiarmos Bolsonaro, até podemos ter sucesso na economia, mas não teremos o respeito necessário para que esse sucesso perdure e possa ser desfrutado de forma produtiva e sadia. Se apoiarmos Lula, até poderemos ter um pouco de respeito por parte de alguns, mas no fundo seremos dirigidos por uma organização criminosa, voltada única e exclusivamente para se manter no poder.

Só vejo uma única saída para esse dilema. Uma saída muito difícil de ser implementada. Algo que depende de uma engenharia política bastante intrincada, que precisa ser construída com ingredientes difíceis de serem encontrados nos dias de hoje, principalmente nos homens e mulheres que fazem política, que possuem os diversos tipos de poder e de influência em nosso país.

Só vejo uma possibilidade de nos livrarmos tanto de Bolsonaro quanto de Lula, de uma vez só, de uma única e decisiva tacada.

A saída seria que todos os demais candidatos a presidente, todos os partidos que não estejam empenhados nessa desgraçada polarização de esquerda contra direita, todas as pessoas conscientes de nosso país, todos os influenciadores, todos os pensadores, os jornalistas, a imprensa de um modo geral e o empresariado, se empenhassem em um acordo amplo e geral, no sentido de criarmos uma alternativa a essa polarização, construindo uma terceira opção viável e forte para desbancar um dos dois contendores no primeiro turno, e que possibilitasse a derrota do outro no segundo.

A questão é: Existem pessoas em nosso país capazes de construir tal ambiente!?

A resposta a essa pergunta mais uma vez está condicionada pela existência dessa infame polarização, pois durante os anos de domínio de Lula e do PT, eles destruíram o sistema sociopolítico capaz de gerar lideranças verdadeiras, malefício que a ascensão de um direitista boçal e incompetente não foi capaz de sanar.

Podem me chamar de visionário ou até mesmo de louco. Não tem importância, não vou me chatear, nem levar para o lado pessoal, mas infelizmente é essa a nossa única e difícil, quase impossível, saída.

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A indústria audiovisual maranhense

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A cidade de São Luís e o estado do Maranhão já foram, episodicamente, palco de produções audiovisuais de repercussão nacional.

Tivemos por aqui a gravação do filme “Uirá, um Índio em Busca de Deus”, dirigido por Gustavo Dahl, com base no livro de Darcy Ribeiro, em 1972; “A faca e o Rio”, baseado na obra de mesmo nome, de Odilo Costa, filho, dirigido pelo cineasta holandês, George Sluizer, em 1973; “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil”, dirigido por Carla Camurati, em 1985; a novela “A Cor do Pecado”, da Rede Globo, de 2004; E o filme “Casa de Areia”, de 2005, dirigido por Andrucha Waddington, são os mais relevantes.

Outras importantes produções foram realizadas por aqui, como cenas de um filme da Marvel que usou o cenário dos Lençóis Maranhenses como um deserto onde acontece uma batalha entre heróis e vilões, além de diversos documentários, séries e ensaios fotográficos de agências de modelos internacionais.

No entanto, apenas em 2021 um filme de grande porte foi totalmente produzido e rodado em terras maranhenses, em São Luís, mais especificamente.

Trata-se do “Projeto Arcanos”, que deu origem ao filme “Tire 5 Cartas”, que conta a história de Fátima e de sua típica família ludovicense, e que tem em seu elenco, Lilia Cabral, Stepan Nercessian, além de diversos atores, atrizes e técnicos maranhenses.

“Tire 5 Cartas” é uma comédia de costumes que vai fazer os expectadores rirem e se emocionarem, ao mostrar a vida de pessoas comuns, com as quais todos se identificam.

Esse filme é o marco histórico que transformará São Luís e o Maranhão, em um importante polo de produção cinematográfica de nosso país, trazendo para cá inclusive, produções internacionais.

O projeto teve em parte o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, através do patrocínio da Equatorial e do Mateus, além do apoio de algumas empresas e instituições que reconheceram a importância dessa ação. A outra metade do investimento para realização deste filme foi custeada pela Guarnicê Produções.

“Tire 5 Cartas” será lançado nos cinemas de todo Brasil no último trimestre de 2022 e em seguida será exibido pelos canais do grupo Globo.

Os maranhenses, já há bastante tempo, demonstram que são bons cineastas, exemplo disso são os trabalhos de Al Danúzio, Arturo Saboia, Aurea Maranhão, Ben-Hur Real, Beto Matuck, Beto Nicácio, Breno Ferreira, Breno Nina, Cícero Filho, Erlanes Duarte, Euclides Moreira Neto, Fernando Baima, Francisco Colombo, Fred Machado, Iramir Araújo, Isa Albuquerque, João Ubaldo de Moraes, Lucas Sá, Manu Sheury, Markim Araújo, Mavi Simão, Murilo Santos, Rafaela Gonçalves, Rose Panet, Taciano Brito, dentre outros.

O cinema maranhense tem sido selecionado para participar de inúmeros festivais nacionais e internacionais de cinema e tem ganho muitos prêmios, com seus excelentes longas e curtas metragens, nas categorias de ficção, documentário e animação.

O Polo de Cinema do Maranhão já é uma realidade e isso se comprova com a produção de um episódio de um Reality Show apresentado pela Xuxa e a gravação dos capítulos iniciais da próxima novela das 21 horas da Rede Globo, “Travessia, que inclusive tem o ator maranhense, Romulo Estrela, como um dos protagonistas.

É hora de todos apoiarem o cinema maranhense, lembrando que essa é uma indústria 100% não poluente, que em nosso país é maior em volume de negócios e em empregabilidade de mão de obra, que as indústrias têxtil e automobilística juntas, e que tem a peculiaridade de deixar no local onde ela se desenvolve, dois terços dos recursos nela investido.

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O signo da posição

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Eu sempre disse e repito, a direita usa muito mal os meios de comunicação. A primeira coisa errada é o fato de se autointitularem “conservadores”, uma palavra que é antipática, sugere algo retrógado, antiquado, velho, chato, o contrário de “progressista”, que automaticamente nos faz pensar em algo moderno, revolucionário, jovem, dinâmico, inovador.

O pior nem é apenas o simples fato do uso equivocado da nomenclatura, mas o efetivo uso dos adjetivos que induzem o nome conservador, o que não identifica alguém que seja verdadeiramente de direita.

Midiaticamente o direitista é malvisto e o esquerdista se não é bem-visto, pelo menos é palatável. O direitista é sempre considerado alguém em boas condições financeiras, o que já subentende alguém que não deseja que ocorram mudanças para que as coisas melhorem para os menos favorecidos, enquanto os esquerdistas têm uma imagem de paladinos da justiça, de lutadores em favor de causas justas, que melhorem a vida das pessoas, ao ponto de até se sacrificarem por elas.

A verdade é que existem pessoas de posicionamento situado a direita do espectro político que fazem exatamente as mesmas coisas que as mais a esquerda, mas que, ou não sabem divulgar seu trabalho, ou ele é incluído no rol dos de esquerda, devido as características de suas ações.

Exemplos singelos disso são os de minha mãe e minha esposa, cada uma a seu modo. Minha mãe realiza diversas ações junto a comunidade cristã a qual pertence, voltada a melhorar a vida das pessoas, mas ela não é militante política, mas suas crenças a colocam do lado direito do planisfério ideológico. O mesmo ocorre com minha esposa que sendo uma liderança empresarial, realiza diversas ações no sentido de incluir mulheres, jovens e idosos, de forma engajada e consciente, no meio produtivo, no ponto de vista econômico e social, e de modo algum faz isso como uma militante de esquerda. Pelo contrário.

Eu mesmo, durante muitos anos tive vergonha de me declarar de direita, pois era bonito ser de esquerda, muitos de meus amigos eram de esquerda e os que eram de direita, falavam e faziam coisas que para mim eram reprováveis, não que eles fossem más pessoas, mas que não sabiam se colocar na cena política e simplesmente faziam o oposto dos esquerdistas, que era exatamente a coisa errada a ser feita.

Hoje, mais vivido e maduro, assumo minha efetiva posição e tenho orgulho dela, mas não admito que me rotulem pejorativamente como direitista, como um mero conservador, alguém que não luta por mudanças para patamares melhores, muito menos como alguém que aceita esse tipo de coisa.

Da mesma forma eu não colo automaticamente nos esquerdistas o rótulo de hipócrita, maniqueísta e sectário que é comum nos dessa latitude, até porque esses adjetivos podem muito bem ser encontrados no pessoal de direita, que agem como se tivesse sua imagem refletida em um espelho em relação aos seus postos, faz as mesmas coisas erradas que faz um esquerdista sem coerência ou o critério correto.

O mal não está em ser de esquerda ou de direita, mas naqueles que não agem sem aquilo que é indispensável para tudo na vida: Correção e honestidade em seus propósitos, coerência em suas ações, tolerância em sua convivência, respeito em seus relacionamentos, inteligência emocional, humildade e sabedoria para consigo mesmo e com todos. Coisas muito difíceis de serem encontradas simultaneamente e em quantidade suficiente em quem normalmente está envolvido com política.

Tendo essas coisas, não interessa de qual lado do espectro político que uma pessoa se encontra. Tendo isso, ninguém é de direita ou de esquerda. Quem é assim, quem tem esses predicados, adjetivos e substantivos, é um humanista, e sempre buscará o caminho do centro, da conciliação e do entendimento.

Já diziam quase todos os grandes pensadores, que o melhor caminho é sempre o caminho do centro.

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Sensação de dever cumprido

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Mais abaixo vou reproduzir para você, que me lê agora, uma mensagem que recebi recentemente, via WhatsApp, de um grande e querido amigo meu, Vadequinho.

Para quem não sabe, nós a chamamos de Vadequinho por ele ser filho de “seu” Vadeco, que foi diretor do Grêmio Lítero Recreativo Português e do Maranhão Atlético Clube e que fez história em nossa cidade, no tempo em que ela ainda tinha menos de meio milhão de habitantes.

Conheci Vadequinho quando, oriundo da secretaria de Assuntos Políticos no governo Lobão, fui nomeado para secretaria de Educação, no governo Fiquene, em 1994. Vadequinho era chefe da assessoria jurídica da SEDUC, e logo ficamos amigos, principalmente por ter reconhecido nele uma pessoa séria, um funcionário público correto, um amigo leal e um grande conhecedor do caráter e da alma humana. É verdade que ele é um pouco zangado, mas apenas com quem merece, coisa que para mim era primordial, devido a meu temperamento parcimonioso e contemporizador. Minha parceria com ele se tornou perfeita, pois fazíamos bem os papeis daqueles estereotípicos policiais americanos, o bonzinho e o malvadão. Eu era o bonzinho, até porque era eu quem tinha ambições políticas e eleitorais.

Waldimir Costa de Jesus Filho é o nome de batismo de Vadequinho, que durante vinte anos, entre 1994 e 2014, ficou conhecido também como “Senhor Vadeco, o cão de guarda do deputado Joaquim Haickel”.

Todo político, todo agente público deveria ter um Vadequinho, tanto como colaborador quanto como amigo.

Como colaborador Vadequinho era ao mesmo tempo a segunda e a última linha de operação de meu gabinete. A pessoa era recebida na recepção e encaminhada a ele, que filtrava os assuntos e os trazia para mim, qualquer que fosse a natureza dele e eu decidia o que fazer. Caso fossem necessárias mais ações em referência ao assunto, eu pedia que Vadequinho acompanhasse o desenrolar e me mantivesse informado.

Eu e Vadequinho desenvolvemos um sistema que depois de algum tempo passou a funcionar como uma orquestra sinfônica, cujo maestro era eu e ele era o pianista ou o primeiro violino, ou o solista, qualquer que fosse o instrumento. Ele só não poderia ser designado para alguma tarefa política propriamente dita, pois ele não suportava as tolices e asneiras das pessoas nesse setor.

O certo é que Vadequinho muitas vezes era tido como “Deputado”. Tudo bem que ele não pudesse entrar no plenário, fazer discursos, propor leis ou votá-las, mas quase todo o resto ele fazia.

Depois que deixei de ser deputado, fui praticamente obrigado a aceitar o cargo de Secretário de Esportes e Lazer, e na SEDEL meu adjunto era Alim Neto, responsável por toda parte esportiva da secretaria, Monica Gobel era responsável por toda a parte administrativa e financeira e Vadequinho era responsável pelo funcionamento do gabinete do secretário, trazendo tudo para mim só no ponto de eu finalmente decidir e assinar ou não (Durante os 20 anos que trabalhamos juntos, eu só assinei um papel, qualquer que fosse ele, depois de passar pelo crivo de Vadequinho). Essa equipe funcionou durante quatro anos, com quase nenhum recurso financeiro e sem nenhuma força política, mas funcionou muito bem.

Quando em 2020, Eduardo Braide me convidou para ser Secretário de Comunicação da Prefeitura de São Luís, os primeiros dois nomes que pensei para me ajudar nessa tarefa foram os de Vadequinho e Mônica. Ambos recusaram.

Mas voltemos a mensagem que Vadequinho me enviou:

“Depois de um longo e tenebroso inverno, eu e Rosa fomos a um arraial de São João, e o escolhido foi o do Ipem. Achei tudo lindo. Ficamos maravilhados. Tudo perfeito e uma multidão radiante com o evento. Mas uma coisa me chamou atenção logo na entrada. Vi que mais uma vez, e isso já acontece desde 2012, portanto há 10 anos, o São João, assim como o Carnaval e todos os eventos culturais e esportivos, como construção de campos de futebol e quadras polivalentes, festivais de música e shows por todo o Maranhão, só acontecem por causa das leis que você idealizou, construiu, propôs e aprovou na Assembleia legislativa: As Leis de Incentivo à Cultura e ao Esporte, que por minhas contas, juntas já injetaram nestes setores, aproximadamente 1 bilhão de reais em 10 anos. Você deveria se sentir orgulhoso, pois eu me sinto por ter participado dos trabalhos que desenvolveram e criaram tais leis, que em minha opinião são os sustentáculos da cultura e do esporte do Maranhão. Sem elas não teríamos atividades nestes setores. A cultura e o esporte de nosso estado devem muito a você e não vejo ninguém reconhecer isso. Mas a vida é assim mesmo. Te conheço, sei que sentes orgulho do trabalho que realizamos e sei que só isso já te satisfaz. Grande abraço, do teu amigo e irmão, Vadeco”.

Enquanto lia a mensagem de Vadequinho, fui me emocionando, minha garganta travou, comecei a chorar miudinho e depois tive um acesso de riso, que voltou a se misturar a um choro emocionado, até que fui me acalmando.

Dias depois eu fui ao Arraial do Ipem, pois minha esposa Jacira queria ver o Boi Pirilampo e tomar mingau de milho. Logo na entrada vi as logomarcas da Equatorial, do Mateus e da Cola Jesus, junto da marca do Governo do Estado e imediatamente me lembrei de Vadequinho, e do orgulho dele e do meu, por aquilo tudo estar acontecendo, pelo menos em parte, por um trabalho que realizamos, já faz 10 anos.

A sensação do dever cumprido, é uma das melhores sensações que uma pessoa pode sentir.

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Nem morfologia, nem sintaxe. Lógica!

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Resolvi analisar uma postagem de Lula, feita no Twitter, na tentativa de entender o que ele pensa de nós. Quem e como ele imagina que sejamos.

Dividi o texto postado por ele em três frases, para que a compreensão se torne mais fácil, sem dar margens para muitas dúvidas.

Vejamos:

“Eu quero ser presidente de um movimento pelo restabelecimento da democracia”.

Em primeiro lugar a democracia brasileira nunca esteve tão forte, pois ela tem aguentado ataques vindos de todos os lados e não dá demonstração alguma de enfraquecimento!

Ela tem sido atacada por quem deveria proteger a lei que a instituiu; é atacada pelo destempero de quem deveria administrar as ações que acontecessem por causa dela; é atacada pelo desleixo daqueles que deveriam trabalhar para aprimorá-la; é atacada pelos que deveriam noticiar a verdade sobre os acontecimentos gerados por sua existência; e por fim, inacreditavelmente, é atacada por aqueles que deveriam ser seus beneficiários.

Nesta frase, o autor tenta incutir na cabeça do leitor desavisado, a necessidade de termos um salvador, um messias, alguém que venha nos salvar de alguma coisa que ele diz que existe, mas que todos sabem que não é real.

Em segundo lugar, se alguém atenta contra a democracia, são aqueles que descumprem as leis estabelecidas, a lei civil, a lei penal, a lei constitucional, como tem sido comprovado recorrentemente, como é o caso do autor da frase e de seus asseclas.

Tudo bem que hipocrisia e mentira não são crimes tipificados em nossos códigos, pois se fossem, quase todos seriam criminosos.

“Que a gente possa colocar no coração de cada um de nós a indignação contra a miséria, a pobreza e o desalento que está caindo hoje nesse país”.

Ora!… Nosso país foi governado durante 24 anos por partidos de ideologia esquerdista, dezesseis dos quais pelo PT, partido do autor desta frase. A pergunta que precisa ser feita, é por que nos 16 anos que eles estiveram no poder, e seu poder foi imenso naquela ocasião, eles não acabaram ou pelo menos minimizaram “a miséria, a pobreza e o desalento” do povo deste país? Como é que “a miséria, a pobreza e o desalento” de agora podem ter surgido repentinamente, se ela já não existisse desde antes?

Existem várias respostas para essa pergunta. A primeira é que esse tipo de pessoa, e principalmente de político, só consegue manter o poder se houver miséria, pobreza e desalento, pois a ideologia deles é quase uma religião. Eles vendem esperança, a eterna esperança, aquela mesma que para existir, precisa que a realização do objetivo aventado, jamais se realize.

Como alcançar o objeto da esperança é muito difícil, o tempo inteiro o indivíduo fica cativo desse tipo asqueroso de político, que lhe oferece um fio de esperança, dando-lhe pequenas porções de alento, para causar-lhe uma leve sensação de conquista, que logo se apaga, necessitando de mais injeção de esperança e assim sucessiva e eternamente. Uma verdadeira escravização.

Se não houvesse miséria, pobreza e desalento, e existisse em contrapartida, abundância, riqueza e conforto, não precisaríamos de grandes disputas políticas e todos poderíamos ser “socialistas”, pois todos seriam minimamente desiguais, e se isso acontecesse, não precisaríamos de políticos para nos prometer redenção e nos iludir com esperanças fugazes e falsas.

A imagem que me vem à mente quando leio, vejo ou ouço essas pessoas, me remete às revistinhas em quadrinhos de minha infância, onde um cocheiro segura uma vara de pescar com uma cenoura pendurada na ponta, colocada à frente de um animal que arrasta a carroça, fazendo com que o pobre coitado trabalhe na esperança de pegar o alimento.

Ora, se é verdade que o objetivo dessa gente é acabar com a desigualdade, a injustiça, a dificuldade, se eles realmente acabarem com essas mazelas, qual poder eles vão almejar? Entender isso é indispensável para a compreensão do contexto político, o nosso e o de todos.

Esse tipo de gente, essa esquerda, busca uma coisa que não deseja realmente encontrar, até porque se o fizerem, destroem-se a si mesmos!

Em muitos aspectos a esquerda brasileira é diferente de esquerdas de países como Estados Unidos e Dinamarca, por exemplo, que conseguem se manter numa linha mínima de ação, com coerência e lógica, e veja que ao dizer isso, não estou generalizando.

Mesmo que eu discorde e me oponha a eles, existem esquerdistas, socialistas e até comunistas que não são mal-intencionados, que não são criminosos, que não são canalhas.

Na frase final da postagem, o autor diz:

“Vamos juntos pelo Brasil. Bom dia!”

Em minha modesta opinião, Lula foi um bom governante em seu primeiro ano de governo, entre 2003 e 2004, enquanto estava fascinado com o efetivo poder. Nos anos seguintes, rendeu-se ao lado negro da força e enveredou por um caminho onde a manutenção do poder era a única coisa que interessava a ele e aos seus comparsas, e não ao povo brasileiro e ao Brasil.

PS: Antes que algum palhaço venha reclamar, quando digo “lado negro da força” faço uma referência a Star Wars, de George Lucas. Minha frase nada tem de preconceituosa. Quem desejar, pode substituir a expressão usada por Lucas por outra, como “obscuro”.

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Amigos, juçara e queijos

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Eu gosto de cultivar hábitos, para com eles estabelecer e cumprir, no limite do possível, rotinas que estabilizem e normatizem meu dia a dia. Isso não significa que eu seja um sujeito enquadrado e engessado, isso nunca! Jamais!…

Faço jejum intermitente de no mínimo 20 horas às segundas, terças, quintas e sextas. Nas quartas, sábados e domingos, eu folgo! Reunimos a família para almoçar na casa de minha mãe, que com 92 anos, faz questão de ajudar no preparo das delícias que nos oferece.

Nas quartas ela alterna um maravilhoso cozidão maranhense, com tudo dentro (rabada, patinho e chã; vinagreira, repolho, jerimum, maxixe, quiabo, chuchu, cenoura, batata, macaxeira, milho, banana e quando tem, ela coloca até caju), e uma extraordinária carne de grelha, Melhor até que a da famosa Diquinha, com arroz branco e feijão mulata gorda, sem contar os acompanhamentos e complementos. Salada de alface, rúcula, tomate e pepino, camarão seco ou charque com ovos, purê de batata ou de jerimum ou ainda feijão peneirado, uma especialidade inventada por minha avó, Maria Haickel, inspirada no homus libanês.

Aos domingos o cardápio é muito mais variado, pois o comparecimento é sempre maior. Nesses dias temos coisas como cuxá, vatapá, caruru, mocotó e feijoada, passando pela célebre galinha, ao molho pardo ou no leite de coco babaçu, pela carne de porco assada, as tortas de camarão, caranguejo, carne, miúdos, descambando para lasanhas e estrogonofes, para agradar a meninada. A celebre carne assada de panela com molho ferrugem não falta nunca. Isso sem contar o macarrão e as farofas, de farinha seca ou de farinha d’água, itens que meu saudoso cunhado Antônio mais apreciava.

Disse isso só para deixar vocês com água na boca e para finalmente falar do dia de sábado.

Aos sábados, minha mãe não almoça comida normal, do dia a dia. Neste dia, por estar antecipando o preparo da comida que servirá no domingo, ela toma juçara com camarão seco ou jabiraca e farinha d’água. E não adianta tentar chamar de açaí, que ela não aceita. Esse hábito ela cultiva a muitos anos, desde quando era menina e ia passar férias no sítio de uma tia dela, Tia Nádia.

Normalmente eu vou tomar um pouquinho de juçara com ela, mesmo que eu tenha outro compromisso para o almoço, com amigos, o que é frequente.

Comentei isso com meu amigo Altevir Mendonça e sua esposa Manú e eles mandaram para minha mãe alguns litros de sua Nut Açai, que eu confesso, foi o melhor que eu tomei em toda minha vida, e não digo isso para agradar a Manú e Altevir, mas é porque o açaí deles é realmente maravilhoso.

Altevir está cultivando uma variedade de açaí em uma de suas fazendas na baixada. Uma coisa extraordinária de se ver. É o poder do agronegócio usando as mais modernas tecnologias disponíveis de cultivo e irrigação.

Comentei sobre o presente de Altevir e Manu com meus amigos Nelson e Cris Frota e eles perguntaram o que minha mãe costuma servir nas sobremesas de nossos almoços em família e eu disse-lhes que além de frutas, bolos e café, não falta doces de goiaba, caju, banana e leite.

Nelson e Cris então mandaram para minha mãe uma coleção dos Queijos Eldorado, que acabaram de ganhar diversos prêmios em concursos internacionais. 

Com uma mãe como essa e com amigos como esses, só fazendo mesmo quatro dias de jejum intermitente por semana, caso contrário vou chegar rápido aos 200 quilos!…

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