“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme "Pelo Ouvido", grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
Simone na verdade não foi candidata a presidente da república, ela concorreu a esse cargo apenas para não ter que enfrentar a derrota certa que teria numa eventual disputa de reeleição ao senado, para a ex-ministra da agricultura, Teresa Cristina, que se elegeu de forma retumbante em Mato Grosso do Sul.
Simone não teve todos aqueles votos que foram computados a ela. Quem votou nela, o fez por diversos motivos indiretos. Em primeiro lugar, para não ter que votar em um candidato péssimo ou em um ruim, para não ter que votar em Lula ou em Bolsonaro. Muitas pessoas votaram nela por ela ser simplesmente mulher e pouca gente votou nela por acreditar que ela pudesse governar nosso país de forma satisfatória, até porque todos sabiam da impossibilidade de ela vir a pelo menos, passar para o 2º turno, quanto mais de vencer a eleição.
Simone, que atacou tão ferozmente tanto Lula quanto Bolsonaro no 1º turno, segundo ela, por pensar naquilo que seria melhor para o Brasil, resolveu apoiar Lula no 2º turno.
Eu fico cá comigo, me perguntando, se ela está mesmo pensando naquilo que é melhor para o Brasil, por quais motivos ela não tomou essa atitude desde o 1º turno? Se ela tivesse feito isso, muito provavelmente nem haveria 2º turno!
Sobre Ciro Gomes:
Não sei ao certo se Ciro foi desidratado ou liquidificado por uma campanha ardilosa feita pelo pessoal de Lula na tentativa de acabar a eleição no 1º turno, mas o certo é que o cearense cabra da peste perdeu a terceira posição na corrida presidencial, graças a essa manobra, e isso, um homem com o temperamento como o de Gomes, não perdoa, ou pelo menos não deveria perdoar.
Mesmo assim Ciro, afinou e anunciou que seguirá a decisão de seu partido, o PDT, que acompanhará Lula na segunda metade desse jogo.
Em sua fala, Ciro em momento algum pronunciou o nome do partido ou do candidato que envergonhadamente insinuou que apoiará no 2º turno dessas eleições.
O certo é que ele está completamente desmoralizado perante seus eleitores, aqueles que acreditaram nas coisas que ele disse durante a campanha eleitoral, muitas delas, sobre quem é Lula, o que ele fez durante o tempo que esteve no poder e sobre aquilo que ele acredita que Lula fará caso venha a ser presidente novamente.
Sobre Fernando Henrique Cardoso:
Apenas para não perder a oportunidade de comentar a posição de alguém que é tido como um cavalheiro, um político distinto, um homem de bons princípios, um humanista, sociólogo e filósofo renomado, um verdadeiro diplomata tendo sido até cogitado para assumir a secretaria geral das Nações Unidas, presidente do Brasil por oito anos, o homem que criou a reeleição para os cargos do executivo, o famoso FHC, que com todo esse currículo, disse em uma entrevista a revista Isto É, que “A ética do PT é roubar”, declarou apoio a Lula, logo, ou ele estava mentindo antes, ou agora a ética dele é igual a do PT!
Sobre Michel Temer:
Temer não é tão diferente dos demais. Tendo sido por duas vezes eleito vice-presidente numa coligação onde o PT encabeçava a chapa, resolveu apoiar Bolsonaro, uma vez que o MDB liberou seus filiados para votar como melhor lhes parecer, mas por coerência, ele deveria seguir com seus velhos companheiros.
Sobre José Sarney:
Sarney se comporta como o estadista que é. Recebe a todos indistintamente, e mesmo que tenha preferência pessoal por Lula, devido a gratidão pela atenção e o respeito que o petista sempre lhe dedicou, se mantem discreto como deve fazer um ex-presidente.
Sobre mim mesmo:
Eu nem sou mais um político praticante! A política está em mim apenas em suas formas socrática, platônica e aristotélica, crítica, idealística e pragmática. Na verdade, o que eu sinto é uma imensa angústia, por estarmos mais uma vez sendo obrigados a escolher entre um candidato ruim e um pior.
Eu que nem sou um sujeito religioso, rezo para que qualquer que seja o resultado da eleição, o Brasil não fique pior do que está, pois em que pese o despreparo do atual presidente para tratar as pessoas, para se relacionar com a imprensa, e também com seus antagonistas, nossa economia tem tido ótimos resultados, o que poderá garantir sucesso em diversos outros setores de nosso país.
Sobre os políticos de modo geral, com raras, na verdade, raríssimas exceções:
Os piores problemas dos políticos são alguns de seus predicados, adjetivos e substantivos, suas incoerências, suas hipocrisias e suas arrogâncias, que os levam a cometer diversos desvios de conduta, entre eles a corrupção e o autoritarismo.
Fria é uma palavra que exprime uma temperatura que não combina com o clima polarizado que tomou conta do nosso país, mas é a palavra e o sentimento que precisa se sobressair quanto se deseja analisar com o máximo de isenção e com a maior imparcialidade possível uma conjuntura.
Preciso deixar de lado qualquer resquício de opinião e de sentimento que por acaso eu tenha sobre este ou aquele candidato, sobre esta ou aquela proposta e sobre um ou outro lado nesta disputa. Desde logo digo que isso é uma tarefa muito difícil, pois o desapego àquilo no qual você acredita, nunca é uma coisa fácil de fazer.
Vamos aos fatos. São apenas quatro os candidatos citáveis nesta eleição presidencial, sendo que dois são coadjuvantes e dois protagonistas.
A disposição espacial destes candidatos é a seguinte: Lula está à esquerda do quadro e ao lado direito dele está Ciro, que por sua vez tem do seu lado direito Tebet e por fim, à direita dela está Bolsonaro. Desta disposição ninguém discorda, certo?
Os dois candidatos citados mais ao centro desta linha são os coadjuvantes e como tal atiram nos candidatos que se encontram nas pontas e jamais um contra o outro, pelo contrário, eles trocam figurinhas entre si.
A Tebet está fazendo um papel melhor que qualquer um poderia imaginar, mas é apenas e tão somente um papel, um roteiro, uma narrativa, ela está plantando algo que poderá ou não vir a colher no futuro.
O Ciro também está fazendo um papel muito melhor do que qualquer analista poderia imaginar. Ele está tão bem que até a mim, que tenho pavor de “bandido inteligente”, ele impressionou, ao ponto de cogitar votar nele.
Ciro é o mais preparado dos candidatos, e exagerando um pouco, posso dizer que se somarmos todas as aptidões e capacidades dos demais candidatos, ainda assim não superariam as dele, porém ele traz em si os piores germes dos dois protagonistas desta eleição, ele é tão temerário e irresponsável quanto Lula e tão autoritário e boçal quanto Bolsonaro, sendo que é muito mais inteligente e competente que ambos juntos. Tenho medo de gente assim.
Chegamos a Lula e Bolsonaro. Pobre e triste sina de meu amado país, ter que escolher entre estes dois sujeitos. Um representa o patrulhamento ideológico, o aparelhamento das instituições, o populismo hipócrita, a manipulação midiática, a corrupção deslavada. O outro representa a falta de respeito, a insensibilidade, o autoritarismo, a incapacidade de convivência social, o negacionismo.
Os defensores de ambos vão defendê-los com unhas e dentes e me acusarão de ser parcial ou partidário. Algumas das coisas que eu disse acima podem até serem contestadas, porém são coisas que se diz sobre ambos e que de uma forma ou de outra, colou a suas imagens, e um político nada mais é que aquilo que sua imagem representa!
Dizer que Lula não é ladrão é praticamente impossível, da mesma forma que negar que Bolsonaro seja genocida! Se é verdade ou não, isso não importa mais, para uns e para outros eles são isso mesmo.
Em 2018 Bolsonaro foi eleito como resposta a ideologia e aos políticos que durante vinte e quatro anos comandaram o Brasil, sendo oito deles encabeçados pelo PSDB e dezesseis pelo PT.
Bolsonaro teve 4 anos para demonstrar que poderia fazer melhor e até conseguiu fazer isso em muitos e importantes aspectos, como o da economia e das finanças, porém pecou absurdamente no aspecto político, diplomático e institucional. Seus acertos não são e não serão sentidos tão imediatamente, mas seus erros são instantâneos e refletem negativamente na hora que ele fala, nem precisando que ele venha a fazer o que diz.
Da mesma forma que a maioria do povo brasileiro disse não a Lula e sua turma em 2018, tudo indica que dirá não a Bolsonaro em 2022. O certo é que infelizmente o Brasil vai sair dessa eleição mais dilacerado e dividido. O certo é que sairemos menores e enfraquecidos, e se me perguntarem de quem é a culpa, eu direi, agora deixando de ser tão frio e imparcial. A culpa é de Lula, que poderia ter sido um grande líder, um grande estadista, mas preferiu ser o comandante de uma corrente ideológica e partidária. A culpa é de Bolsonaro, que não teve a capacidade de se portar como um estadista, de dar o exemplo que precisa ser dado por aqueles que têm a função de líder, que não foi capaz de entender os mecanismos da política e de ter a sensibilidade necessária para conviver com os antagônicos.
Nunca antes na história deste país, tanta gente mentiu tanto quanto os candidatos nessa campanha eleitoral de 2022.
Nem estou me referindo aos candidatos a deputados estaduais e federais, nem aos candidatos a senador, pois as mentiras ditas pelos concorrentes ao poder legislativo são mais aceitáveis, uma vez que eles farão parte de um colegiado, que trabalhará junto, mas nem sempre na mesma direção, o que permite algum desvio de rota e uso de narrativas mais ou menos verdadeiras.
Mas no que diz respeito aos candidatos ao poder executivo!… Jesus, Maria e José! Meu Deus do céu!… É difícil você achar uma verdade no que eles dizem.
Não vou me ater aos candidatos aos governos estaduais e me concentrarei a comentar sobre os candidatos a presidente da república.
De cada 10 coisas que qualquer um deles diga, cinco são mentiras deslavadas, três são falácias e duas são insultos aos adversários, demonstrando assim o baixo nível de suas propostas, o despreparo para uma disputa sadia e saudável e a inadequação para comandar os destinos de nosso país e de nossa gente.
Um passou quatro anos fazendo campanha publicitária contra si mesmo e agora tenta aparentar o que não é. Tenta parecer bem-educado, sútil, leve, engraçado, mas vez por outra não se controla e deixa que vejamos o boçal que realmente é. Este até mente menos que os outros, mas é mais por incapacidade que por vontade própria, pois seu jeito grosseiro e obtuso, o faz pouco afeito a mentiras e hipocrisias.
Um outro mente descaradamente em relação a tudo. O problema deste é não conseguir falar a verdade mesmo. Às vezes penso que ele enlouqueceu, pois parece acreditar piamente nos absurdos que diz. É como se ele estivesse vivendo em um mundo separado da realidade, apartado de tudo que é correto. Quando o vejo ou o escuto, a impressão que tenho é a de estar vendo e ouvindo um personagem criado por ele, um Avatar, feito para representar ideias tão absurdas que até consegue enganar algumas pessoas.
O problema do terceiro candidato é que ele traz em si o que de pior há dos anteriores: É um boçal como o primeiro e usa as falácias e as hipocrisias melhor que o segundo, agregando a isso o extremo perigo de ser mais inteligente, culto e competente que os dois anteriores e todos os demais candidatos a presidente, somados.
Apenas para cumprir tabela, vou comentar sobre a quarta candidata. Essa se escora no fato de ser mulher para dizer o que bem entende e para qualquer resposta que receba se protege atrás deste fato. Usa seu gênero ora como espada, ora como escudo, criando narrativas bonitas na boca, mas completamente impossíveis na prática.
Os demais candidatos nem merecem serem citados, uma vez que de uma forma ou de outra, são apenas mais do mesmo.
É uma pena que estejamos numa situação destas, onde nenhum dos candidatos a presidente de nosso país nem sequer pode apresentar uma proposta razoável e factível para gerir nossos destinos.
É triste a situação em que nos encontramos. No frigir dos ovos temos que escolher entre um autoritário de direita e um ditador de esquerda, entre um boçal e um lunático, entre um populista que usa a religião e a família como mote e o outro que apela para o complexo de vira-lata que ele mesmo tratou de promover e sedimentar em nossa gente.
Um pelo outro, não quero troco. Um é ruim e o outro é péssimo, e a medida para aqueles que devem nos liderar não pode ser essa.
Quando era mais jovem, fui niilista, e estou quase voltando a sê-lo, graças a essa corja.
2022 é um ano repleto de efemérides. Mas você poderia me perguntar o que são efemérides. Efemérides são acontecimentos ou fatos importantes que ocorreram em determinada data, é a celebração de um acontecimento que completa um ciclo temporal, normalmente marcado por anos.
A efeméride mais importante neste ano é sem dúvida alguma a comemoração dos 200 anos da Proclamação da Independência do Brasil!
Entre outras datas marcantes, temos também os 100 anos da semana de arte moderna, responsável por uma grande revolução artística e cultural em nosso país.
Neste ano celebramos os 200 anos da independência do Brasil, os 200 anos do nascimento da primeira escritora, Maria Firmina dos Reis, a escrever um romance no Brasil, que inclusive era negra e sua obra, “Úrsula”, foi também o primeiro livro escrito por uma mulher latino-americana a abordar a questão da escravidão.
No âmbito da Academia Maranhense de Letras, temos ainda em 2022 os centenários de nascimento de Antônio Almeida, de Lucy Teixeira e de Nascimento de Moraes.
Lembrei agora que faz exatos 40 anos que eu, pela primeira vez disputei e venci uma eleição. Em 1982, eu então com 22 anos, fui eleito deputado estadual pelo Maranhão, tendo sido o mais jovem deputado brasileiro naquela legislatura.
Mas há uma outra efeméride que gostaria de comentar com vocês. Em 2022, o Festival Guarnicê de Cinema completa 45 edições, sendo o terceiro mais antigo festival de cinema do Brasil, com edições ininterruptas.
Sobre este importante festival, promovido pela Universidade Federal do Maranhão, gostaria de comentar que na edição deste ano, a nossa empresa, a Guarnicê Produções, concorre com três filmes, sendo dois curtas metragens e um longa.
“Curupira – O demônio da floresta” é o longa-metragem do gênero terror que coproduzimos em parceria com Erlanes Duarte, do Grupo Mulektedoido, e será exibido no sábado dia 24, às 16:50 horas, no Cine – Teatro João do Vale.
O curta “Maktub”, que será exibido também no sábado, dia 24, às 19:30 horas no Cine – Teatro João do Vale, localizado na Rua da Estrela, na Praia Grande, é um drama existencialista, que retrata, em dois momentos, a vida de um homem em busca de si mesmo e do entendimento da vida.
“A Lista”, é o outro curta-metragem, este estrelado por Lilia Cabral e sua filha Giulia Bertolli. É uma comédia dramática, se é que esse gênero existe mesmo!… Nela uma senhora rabugenta é ajudada por uma jovem durante a pandemia de Covid-19. Nele vemos o retrato de acontecimentos pelos quais nós passamos recentemente.
Lilia, está como sempre magnífica, e sua filha Giulia, comprova o ditado sobre os filhos dos peixes.
Este filme será exibido às 19:30 horas, da quinta-feira, dia 29, no Cine Teatro Aldo Leite, localizado no Palacete Gentil Braga, na Rua Grande.
Além disso, este ano o MAVAM – Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, foi convidado para apresentar em uma mostra especial, alguns dos mais significativos documentários sobre personagens importantes de nossa história.
Dentro de alguns anos 2022 será também um marco temporal. É que nele será lançado o filme “Tire 5 cartas”, comédia de costumes resultante do Projeto Arcanos, que realizamos inteiramente na cidade de São Luís e que em breve será lançado pelos canais do Grupo Globo.
Prestigie a cultura e o cinema maranhense, compareça aos locais de exibição dos filmes ou acesse o portal do Festival Guarnicê de Cinema. Abaixo, o link de acesso a programação.
A prática e a disseminação do preconceito são crimes estabelecidos em nossa Carta Constitucional e como tal devem ser combatidos e não pode e nem devem ser aceitos de forma alguma, porém sentir preconceito ou ser preconceituoso intimamente, não é crime, até porque, isso é uma condição natural e inerente das pessoas. Apontem-me, sinceramente, uma pessoa que não seja de alguma forma, que não sinta algum tipo de restrição a alguma condição de outrem, qualquer que seja ela.
É crime insultar ou agir de forma discriminatória contra alguém por ele ser preto, pobre, mulher, homossexual, umbandista, portador de alguma doença ou deformidade física, gordo, feio, careca, baixinho, esquerdista ou corintiano, ou mesmo se ele for branco, rico, homem, heterossexual, evangélico, não for portador de alguma doença ou deformidade física, magro, bonito, cabeludo, altão, direitista ou flamenguista.
Não gostar de branco não é crime, mas fazer apologia contra brancos, isso é. Não gostar de homossexual não é crime, mas fazer discriminação contra homossexuais é crime.
O crime não se caracteriza por alguém não gostar ou não sentir afinidade. Isso é algo que acontece no âmbito intrínseco do indivíduo, e como tal deve ser aceito. O que não pode é esse indivíduo expor aquilo que sente, fazer seu sentimento ultrapassar os limites de seu eu e colocar o objeto de seu sentimento preconceituoso e discriminatório em situação minimamente desconfortável ou vexatória.
Pensar de forma preconceituosa e sentir preconceito são coisas que não devem ser apoiadas de forma alguma. São sentimentos reprováveis que não podem ser incentivados, mas que não se pode dizer que não existem e criminalizar sentimentos é igualmente recriminável, por mais nobre e justo que isso possa parecer ou mesmo ser.
Lá vou eu mais uma vez me enveredar em um assunto espinhoso que pode suscitar muitas dúvidas, incompreensões e resultar em críticas que podem vir cheias do mesmo preconceito que tais pessoas aparentemente dizem combater!
Por mais incrível que possa parecer, eu passei a vida inteira sendo vítima de preconceito e discriminação. Fui discriminado por ser de família abastada, depois fui descriminado por estar acima do peso, mais tarde, por ser ruim no futebol. Durante algum tempo sofri preconceito por não ser um poeta como alguns queriam que todos fossem e porque não fumava maconha. Quando entrei para política, sofri preconceito por meu pai ser poderoso e por eu ser liberal e não esquerdista.
É claro que nenhum dos preconceitos que sofri são comparáveis àqueles que dizem respeito a condições mais inerentes às pessoas, como a raça, o gênero, e a crença religiosa. Dos preconceitos tidos como os mais graves, sofri e ainda sofro apenas o ideológico ou político.
Na Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a atual Constituição Brasileira, eu, então com 26 anos de idade, participei dos trabalhos da Comissão de Direitos e Garantias Individuais do Cidadão, responsável pelo capítulo 5º, o mais importante de todos os capítulos de nossa Carta Magna, que foi regulamentado pela Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
Neste capítulo estão contidos todos os direitos que as pessoas de nosso país possuem e que devem ser garantidos a todo custo, sob pena de nossa sociedade não ser justa e correta para com seus membros.
O preconceito e a discriminação, qualquer que seja ela não pode ser aceita e é crime.
Gostaria de dividir com vocês um assunto sobre o qual eu tenho apenas uma leve noção, não sabia como se chamava, nem que havia um estudo específico sobre ele. Em alguns casos eu chamava isso simplesmente de incoerência e em outros de completa estupidez.
Desde logo aviso que apesar de ser uma ideia simples, a explicação é bastante intrincada e requer atenção e perspicácia, e que eu estou ainda me aprofundando neste tema.
Falo da “Dissonância Cognitiva”, uma faceta psicológica e sociológica do comportamento humano, algo muito atual e presente em nosso dia a dia.
A dissonância cognitiva ocorre quando, sem que se perceba, existe um descompasso, uma incoerência entre as atitudes de um indivíduo e aquilo que ele pensa e acredita ser o certo. É quando, sem perceber, o que ele faz, é de alguma forma diferente daquilo em que ele crê ou deseja.
Existem várias formas da dissonância cognitiva se manifestar, e em minha opinião, as mais evidentes são as que ocorrem com os militantes políticos, com as pessoas religiosas ou com pessoas que estejam amorosamente apaixonadas.
Essas dissonâncias cognitivas são iguais as outras, só que nos indivíduos militantes, religiosos ou amorosamente apaixonados, ela ocorre motivada por paixão, seja pela política, por fé religiosa ou por uma pessoa. Esses indivíduos agem impulsionados por essas motivações e nem percebem que há um descompasso entre o que pensam e aquilo que fazem, pois para eles tudo aquilo é o normal, o correto.
Todas as pessoas estão sujeitas a dissonância cognitiva e todas, de uma forma ou de outra, buscam a consonância, mas essa busca é não é fácil.
Para que se livrem da dissonância cognitiva, as pessoas precisam fazer três coisas: 1) substituir uma ou mais crenças, opiniões ou comportamentos que estejam envolvidos na dissonância; 2) adquirir novas informações que irão aumentar a consonância; 3) tentar esquecer ou reduzir a importância daquelas cognições que mantêm a situação de dissonância.
O problema no caso dos dissonantes é que eles são mais refratários a fazerem aquilo que precisam fazer para afastá-los desse problema torná-los consonantes com a realidade, pois suas motivações para agirem como o fazem são maiores e mais fortes.
Esse é um dos maiores problemas pelos quais a humanidade passa atualmente, o que é uma grande incoerência, uma vez que hoje em dia há muito mais terapias acessíveis e informações disponíveis para eliminar qualquer dissonância cognitiva que possa existir!
Vou tentar dar exemplos primeiro daquilo que ocorre em alguns desses casos.
Quando alguém se diz defensor da democracia, mas apoia um candidato que defende ações antidemocráticas, ou governos sabidamente ditatoriais, fica claro o descompasso e a incoerência.
Quando alguém abomina a corrupção, combate o desvio de conduta, a prevaricação e outras mazelas da mesma natureza, e ainda assim apoia e defende quem faz essas coisas, esse mesmo descompasso e a mesma incoerência ficam evidentes.
Quando o Estado Islâmico resolveu justiçar pessoas, gravar suas degolas e postar nas redes sociais, além da extrema covardia, da completa abominação, do mais completo instinto animal, eles estavam indo exatamente contra aquilo que eles diziam defender, pois o islamismo não aceita aquele tipo de ação; Quando os terroristas do IRA, Exército Republicano Irlandês, colocava explosivos em casas noturnas e matava centenas de inocentes, estavam indo contra o que defendia a sua religião, o catolicismo; Quando o reverendo americano, Jim Jones, levou pessoas ao suicídio coletivo, na Guiana, estava indo contra os preceitos de sua fé. A mesma coisa aconteceu nos casos do atentado às torres gêmeas, das cruzadas, da inquisição ou da caça às bruxas em Salém.
Quando uma pessoa que está completamente apaixonada por outra, mas ao invés de simplesmente amá-la e fazê-la feliz, faz o oposto, podendo até a chegar a matá-la, essa dissonância entre o fato e a crença, fica patente.
Resumindo de forma bastante direta e clara, dissonância cognitiva é a incoerência, é o descompasso que existe entre o que uma pessoa pensa e aquilo que ela faz. A questão é o indivíduo libertar-se deste problema, pois para isso precisa que ele tenha consciência dessa realidade. É muito difícil que os indivíduos acometidos desse problema escapem das armadilhas causadas por assuntos tão apaixonantes.
Em suma, a dissonância cognitiva é aquilo que nos leva a cometer os maiores erros, as maiores besteiras e os maiores absurdos em nossas vidas.
Numa dessas madrugadas insones, procurando um filme para matar a noite, me deparei com um que havia visto na adolescência, do qual gostei tanto que o incluí na lista de filmes do meu livro inacabado, “365 filmes para não precisar de psicanálise”.
O filme era “À sombra de um gigante”, de 1966. Estrelado por Kirk Douglas, com Senta Berger, Angie Dickinson, John Wayne, Yul Brynner, Frank Sinatra e Topol, e dirigido por Melville Shavelson, um diretor pouco importante.
Aquela madrugada seria cruel para mim. Pelo menos para a parte de mim mais saudosista, mais romântica, mais juvenil, pois ao assistir novamente aquele filme, quase cinquenta anos depois de tê-lo visto, entendi a verdadeira importância que têm o meio e a mensagem, coisas abordadas de maneira exemplar pelo filósofo Marshall McLuhan, e discutidas por quase todos os comunicadores, desde então.
“À sombra de um gigante” conta a história de um coronel, David Daniel “Mickey” Marcus, um judeu não praticante e um militar um tanto insubordinado do Exército dos Estados Unidos, o principal arquiteto das políticas de assuntos civis das forças armadas americanas na Segunda Guerra Mundial, que mais tarde viria a ser o primeiro general de Israel.
O filme trata principalmente da participação de Marcus como conselheiro militar do incipiente exército israelense, antes mesmo da fundação do Estado Judeu.
Em que pese a história, seu contexto, suas causas e consequências serem muito relevantes, um filme de ficção, por menos alavancado que seja em uma figura real, traz ingredientes importantes para sua criação e estruturação.
O caso é que o Joaquim que com 15 anos, por volta de 1975, assistiu “À sombra de um gigante”, num Corujão da Globo, não conseguia, naquela época, ver a qualidade ruim da produção daquele filme. Aquele Joaquim só via o heroísmo, a honra, a nobreza dos personagens daquela história. Só via a mensagem, pois o meio pouco importava, perto de fatos tão significativos.
O Joaquim de 2022, aos 62 anos, tendo assistido tal filme há exatos quarenta e sete anos, ficou extremamente decepcionado, não com o conteúdo, com a mensagem, mas com o meio usado para expressá-la. A produção do filme é muito ruim. Chega mesmo a ser tosca, mas a mensagem continua intacta, mesmo que corroída pelo desgaste natural das comparações que automaticamente são feitas com os acontecimentos dos dias de hoje.
Sobre o final do filme, tive em 2022 a mesma sensação que tive ao vê-lo em 1975. O que mais importa para homens nobres e honrados, não é apenas o que eles fazem ou realizam, mas os exemplos que eles deixam.
Hoje constato que a produção de “À sombra de um gigante” é ruim, porém, ao rever esse filme, meu coração e minha mente se encheram de júbilo.
Naquela madrugada, por um instante parei para comparar aquele filme com a realidade e entendi que o que senti ao assistir novamente aquele filme, quase 50 anos depois, é exatamente o inverso do que tenho sentido ao assistir a propaganda eleitoral na TV. No caso da propaganda eleitoral, a constatação que se tem é que o meio, ou seja, a produção, ficou muito melhor e mais e sofisticada, mas a mensagem, principalmente dos candidatos ao legislativo, empobreceu e piorou de maneira assustadora.
No final a constatação que se tem é a de ser realmente muito difícil fazer sombra a um gigante.
É muito fácil entender os motivos que levam algumas pessoas a antipatizarem com Bolsonaro. É igualmente fácil entender o que faz algumas pessoas se identificarem com as coisas que Lula diz.
Bolsonaro é ríspido, mal-educado, grosseiro, defende coisas que não condizem com o senso comum, coisas que lhe conferem a impressão de crueza e crueldade, que possibilita a criação de narrativas negativas sobre ele e sobre quem, mesmo não sendo como ele, não agindo nem parecido a ele, pertence à mesma corrente de pensamento liberal.
Por outro lado, Lula por ser hipócrita, manipulador e malabarista diz aquilo que as pessoas gostam e desejam ouvir. Ele é um mágico, um prestidigitador, capaz de fazer truques baratos de circos mambembes, como dizem os cronistas esportivos, “jogar pra torcida”.
Minha situação, bem como a daqueles que pensam como eu se complica, pois, uma coisa é se opor a esquerdalha, outra bem diferente é apoiar os impropérios de alguém como Bolsonaro. Imaginem só o absurdo que seria acharem que Gustavo Corção, Roberto Campos, Sandra Cavalcante ou Delfim Netto, simplesmente por serem liberais e de direita, concordam com ações destemperadas e grosseiras.
Vocês não podem imaginar o esforço que uma pessoa, clara e francamente liberal de direita como eu, tem que fazer, para não ser facioso, ao analisar a situação política pela qual atravessamos.
Vejam bem! O protagonista do lado com o qual eu mais me identifico, dificulta minha vida, pelo simples fato dele não ser capaz de representar corretamente a minha forma de pensar, por total falta de capacidade de comunicação minimamente harmônica e civilizada.
Imaginem se Margareth Thatcher, Ronald Reagan ou João Paulo II fossem tão atabalhoados e descalibrados quanto Bolsonaro! Ainda hoje o mundo estaria convivendo com a guerra fria e o Muro de Berlin ainda estaria de pé!
Em 2018 o povo brasileiro deu uma resposta a Lula, ao PT e a esquerda de um modo geral. Disse a eles através das urnas eleitorais, que estava cheio de suas embromações políticas, que depois de 8 anos de PSDB e seu socialismo ralo, travestido de bom mocismo, e de 16 anos de PT com sua simbiose de quadrilhas ideológicas e criminosas, ele queria algo diferente, e a única coisa diferente que havia a mão era representada por um ex-capitão do exército, deputado do baixo clero, produto de uma política viciada e carcomida estabelecida em nosso país, depois da redemocratização.
Hoje, quatro anos depois, não por falta de aviso, aquele sujeito a quem foi dada a oportunidade rara de varrer do mapa os vermes da esquerda, (e vejam bem que estou me referindo apenas aos vermes, pois há na esquerda quem seja importante e necessário para o equilíbrio das forças políticas de nosso país) corre sério risco de acabar devolvendo a eles o comando de nossa nação e submeter novamente nosso povo a uma espécie de escravidão mental e ideológica, coisa bem ao tipo de gente que pratica essa forma de política.
Essa gente é especialista em uma espécie de escravidão moderna. Uma escravidão quase imperceptível, sem açoite, sem pelourinho, sem fome, sem aparente privação de liberdade, e até com aspectos de paz e relativa felicidade.
É provável que seja esse o legado de Bolsonaro. Nos devolver aos braços do pior tipo de operadores do pensamento de esquerda que há hoje no mundo. Uma esquerda gasosa e aparelhadora, que ocupa todos os espaços, de maneira completamente paralisante, agindo de forma a impedir que pessoas que pensem minimamente diferente de sua forma de agir, sejam completamente canceladas e aniquiladas do convívio social e até da própria vida.
A maneira deles fazerem isso não é usando violência formal, pois isso não funcionaria. Enquanto Bolsonaro defende a possibilidade do uso de armas, que sozinhas não fazem mal a ninguém, Lula defende o uso de livros, que se forem mal escolhidos, mal ensinados e interpretados, ferem tanto quanto as armas nas mãos de pessoas despreparadas para portá-las.
É difícil transformar um livro como “Memórias póstumas de Brás Cubas” em um instrumento cortante ou explosivo, mas “Cadernos do Cárcere”, pode muito bem ser transformado em uma AK47. Precisa ser corajoso para dizer isso e não temer ser mal interpretado e apedrejado pela turba patruladora, e só tem coragem quem é capaz de agir apesar do medo.
A violência que essa esquerda usa é difícil de ser combatida aberta e francamente, pois ela se apresenta de forma camuflada e visa a destruição dos tecidos sociais onde estão alojados aqueles que se opõem a ela. Visa destruir a família, controlar a imprensa e estabelecer narrativas, desvalorizar a religião que não lhe for serviçal, controlar o judiciário, aparelhar o sistema educacional, e o Estado de forma geral.
Os esquerdopatas agem seguindo os ensinamentos e preceitos da António Gramsci, que preconizou que a conquista do poder só pode ser atingida pela total destruição da sociedade existente, para que no lugar dela seja erguida uma outra, que siga os padrões defendidos por eles.
É contra esse tipo de escravidão que eu me oponho e contra o qual lutarei de todas as formas que forem possíveis, desde que elas não firam minha forma humanista, liberal, justa e coerente de pensar e agir.
Algumas pessoas as vezes reclamam que meus textos são muito longos, e hoje vou fazê-las reclamar por escrever um texto curto, sobre um assunto controverso. Farei isso para deixar mais tempo para essas mesmas pessoas possam refletir sobre as coisas importantes que vou abordar.
Eu sempre fui fascinado pelas semelhanças e as diferenças entre as palavras e principalmente entre os conceitos que eles trazem em si. Duas dessas palavras, que para mim são de suprema importância na vida das pessoas, são ética e moral.
Elas nada têm de semelhantes em seus aspectos gráficos, gramaticais, fonéticos ou morfológicos, porém os seus significados comumente confundem as pessoas, e isso não ocorre apenas com as menos cultas ou estudadas. É comum muita gente bastante entendida em alguns aspectos, derrapar sobre o que significa cada uma dessas palavrinhas que em minha opinião estão no centro visceral de todas as discussões atuais.
Observemos os significados formais de cada uma dessas palavras.
Ética é a parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente sobre a essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. Ou seja, é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.
Moral é o conjunto de valores e regras que definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido em uma sociedade. Dito isso, é importante lembrar que esses conceitos podem variar de acordo com a cultura de determinado grupo e com o tempo em que ele se encontra.
Essas definições de dicionário, no entanto, em meu ponto de vista, são insuficientes para expressar coisas tão importantes. Pensando nisso busquei uma melhor definição para ética e a que mais me identifiquei foi com aquela que seja talvez a mais simples. Tão simples, a ponto de assustar.
Ética é um dos poucos valores universais. Ela é igual aqui, no Japão ou na Inglaterra. Ou você é ético em todo lugar ou não é ético em lugar nenhum.
Você tem ética quando não sendo obrigado a agir ou deixar de agir de uma determinada maneira, você o faz por deliberação própria. Ética não é imposta.
Uma atitude ética é sempre boa e justa, de um ponto de vista geral e abrangente. A ética tem uma outra característica peculiar, ela coloca o coletivo sobre o individual.
Já a moral é algo que é certo ou errado para aquele grupo, aquela determinada sociedade, naquele país, dependendo da sua cultura ou do tempo em que ela ocorre.
Um bom exemplo sobre moral e ética é o seguinte: Nos países islâmicos, se você tiver boa condição financeira e paciência suficiente para ter três sogras, você poderá ter três esposas, isso é a moral, porém você terá que tratá-las com igualdade, isso é ética.
Moral é quando alguém pergunta se algo é certo ou errado, já se perguntam se algo é bom ou é mau, isso é ética.
Há quem acredite que a humanidade chegou a um ponto crítico, em que se constata que existem poucas pessoas que possuem ética e moral. Que estamos em um ponto sem volta, em que existe uma grande quantidade de pessoas que tem moral e não tem ética, e vice-versa, um ponto em que infelizmente a maioria das pessoas não têm nem ética nem moral.
Eu prefiro acreditar que essa percepção é resultado do aparelhamento ideológico do Estado e da sociedade, da desvirtuação do ensino, da educação formal, da desagregação da família e do distanciamento dos valores fundamentais do humanismo, em nome de uma busca enlouquecida pela supremacia de ideias, pela busca desenfreada pelo poder.