Um pedaço da Ponte – Parte I

5comentários

Vou inaugurar uma nova fase de postagem nesse blog. Já que com a mudança editorial do Jornal  O Estado do Maranhão, passei a escrever naquele matutino apenas quinzenalmente, na semana que eu não publicar naquele veículo, publicarei aqui contos, crônicas e poemas publicados em meus livros ou de algum amigo. 
 
Começo hoje com o prefácio que meu querido companheiro de Assembléia Nacional Constituinte, Artur da Távola, fez para meu livro “A Ponte”, editado pela Global Editora em 1991.
 
Em seguida lhes ofereço um pouco do “Engenho Central, Pindaré”, feito com a inestimável colaboração da maravilhosa memória e da imensa sensibilidade de minha tia Josefina.
 
FACÚNDIA
 
Joaquim Haickel é um facundo.  Na vida como na literatura.  Raros escritores são, na arte, o que na vida são.  E sua facúndia existencial estende-se para a literatura. É um célere, um devorador.  Afoito, prefere as pedras preciosas in natura.  Seu afã é descobri-Ias, jamais o paciente ato de as lapidar.  A mistura de velho árabe sábio com garoto levado que lhe marca a tipologia e o temperamento aparece nos contos.  Ora, a surpreendente inversão e economia dos contos “Agenda”, “Ambulante”,” Padre Nosso” e ” Geladeira”, ora o vezo regional de maranhense empedernido dos contos “As Moças do Curralzinho e os Rapazes do Pau Furado” ou o flagrante da Coluna Prestes pelo interior de seu estado, ou ainda o seu intenso e belo conto “Engenho Central, Pindaré”.

Não importa que o facundo Joaquim salte da cidade de Imperatriz, no Maranhão, para qualquer sartreana angústia existencial ou para o erotismo sadio que o atormenta tanto na vida pessoal quanto na literatura. Assim são os facundos: generosos, dispersivos, estróinas do talento. O mesmo Joaquim Haickel que pode ser visto jogando de cortador e saltando alto com seus 110 kg no voleibol ou viajando para aprofundar-se na cultura chinesa, por certo sentado ao lado da mais bonita morena presente no avião; o mesmo Joaquim Haickel que pode ser visto a trabalho sério como deputado federal ou ouvido na estrepitosa gargalhada de que são pródigos os felizes e saudáveis, pode ser encontrado, também, na ternura simples por personagens femininos que inventa e pressente como a comovente ” Clara Cor-de-Rosa’ ou a visão trágipatética de Francimar o menino que era menina por vontade da mãe.

Joaquim Haickel é, pois, um facundo.  Sua literatura imita-lhe a vida.  E sua vida (ah! que alívio) é venturosa.  Sim, enfim, senhores, eis que surgiu alguém naturalmente feliz e que do fundo da alegria de viver é capaz de encontrar a tragicidade, o espanto, a parada sensível.  E assim como atira-se a viver, sem tréguas, lamúrias ou timidez, vai criando e devorando vivências e personagens com apetite invejável.  Invejável, sim.  Nós outros, temerosos, prudentes, ora ficamos com raiva do desperdício à espera de que ele amadureça os temas e trabalhe os textos, o teor das histórias, a sua ideologia e rigor temático, ora ficamos é mesmo com inveja de tanta seiva, riqueza e talento, o que o leva, pródigo mas feliz, ao desperdício de quem nasceu forte, alegre, e concebe a vida como deliciosa aventura e, não, como penosa tarefa a enfrentar.
 
Artur da Távola 

Engenho Central, Pindaré

Sei, por sua mãe, que você é curioso quanto às velhas histórias do Pindaré, berço de seu pai.  E agora que voltei, estou mandando para sua apreciação as reminiscências de um passado.

O que mais me admirou foi o aumento da população, o muito de desconhecidos que tomaram conta da terra, já que nós, os filhos do lugar, processamos em estranhas plagas arriar ferro.

E quedeí-me a pensar naquela manhã em que meu avô, imigrante libanês, chegou num velho gaiola que fazia a carreira do rio Pindaré.  Chegou, descarregou as malas, e ali mesmo, no pátio da fábrica de açúcar – que naquele tempo era a maior riqueza do Maranhão – foi abrindo as malas e vendendo à prestação para os operários, as roupas de carregação e as bugigangas de que se munira no comércio de São Luís.

Era o ano de 1909.  Por esse tempo, o Município de Engenho Central, hoje Pindaré, constava de três ruas, com casas bem distantes umas das outras.  As casas das três ruas foram se aconchegando mais.

Foi ali que nasci e cresci.  Bons tempos aqueles em que todos se conheciam, e a gente sabia tudo um da vida do outro.  Sabia-se, por exemplo, quanto vendera a loja do Dr. Mamede ou o que se almoçava em casa do Dr. Florindo; e, quando os pais surravam os filhos, se ouviam de longe os gritos e a taca comendo no lombo e pernas dos garotos que não obedeciam, respeitavam ou temiam os mais idosos. E os passantes ainda gritavam num apoio irrestrito aos pais que corrigiam os filhos: ‘-‘Bate, que perdida é a que bater no chão”” ‘ Uma execução em regra para crescerem disciplinados e educados.  Assim conversavam entre si os nossos pais.

As mulheres da vida eram poucas, pela manhã os interessados cochichavam com quem dormira a Elpidia e a Florentina.  Bons tempos!  Na venda do Dico Coelho era a reunião diária, à boca da noite, do pessoal de segunda, para um dedo de prosa e um ou outro gole de cachaça.  E quando estava lá o Alexandre, o riso era ouvido com mais freqüência. Ele gostava de contar anedotas e lembro-me ainda de sua mão grossa de vaqueiro espalmada mostrando-me nos dedos o passar dos anos e o murchar do sexo dos homens. Mostrando o polegar, ele dizia, olha vinte, no indicador, olha trinta, no médio, olha quarenta, no anular, olha cinqüenta e, com o mínimo, bem aberto, e apontando para baixo, olha sessenta.Todos ríamos, porque aquela era a verdade que todos esperavam com o passar dos anos.

Na farmácia de Tunico Melo se reunia o pessoal de primeira, e como a família morasse na mesma casa, as moças casadoiras iam até lá e ficavam na sala de visita, enquanto nós, os rapazes, ficávamos na calçada olhando de quando em vez pela janela aberta.

Quando havia alguma festa de aniversário, o chocolate com bolo de roda, broa ou manuê era uma verdadeira delícia!  E era também uma boa ocasião para brincadeira de prendas ou cantoras acompanhadas por violão.

Aos domingos, o terço rezado na capela por “Seu Mano” era um pretexto para os vestidos novos das moças e a pintura no rosto que só nos domingos podiam usar.

Missa só duas vezes por ano: no tempo do Natal e em junho, na festa do padroeiro, com procissão, ladainhas, foguetes, sinos, orquestra (vinda de outra cidade) e tabuleiro de doce.  O luar iluminando o largo da capela e roupa nova para o baile.
Padre Hellíerd era o vigário da região que vinha desde Vitória do Mearim até Boa Vista por esse mundão de matos por povoar.

Certa vez, depois de dizer missa em Plndaré, seguiram viagem para Monção e Boa Vista.  Era costume alguns senhores da região viajarem com o padre de um a outro lugar, todos montados em gordos burros de selas com coloridos coxinilhos, arreios enfeitados de moedas de prata e os pás enfiados em caçambas de bom metal

Pois bem, certa vez seguiram com o padre alguns senhores de Pindaré e, entre eles, Chico Pinto, coronel das terras de Mato-dos-Boís.  Lá pras tantas, já anoitecendo, o guia, contrafeito, avisou ao padre que havia perdido o roteiro. Estavam perdidos na mata.  Casas eram difíceis de encontrar numa região que não as tinha.  Todos ficaram apreensivos, e o padre acabou dando esta opinião: “Já que estamos perdidos, soltemos as rédeas aos animais e deixemos que eles nos levem a algum lugar”

Chico Pinto pulou do burro e, soltando uma palmada na sela, berrou no silêncio da mata: “”Forte miséria, padre”. “O que foi, Chico?” perguntou o padre, alarmado.

– Forte miséria, você passar 11 anos no seminário e hoje deixar-se levar pela cabeça de um burro!

Os gaiolas iam de mês a mês, e a civilização nos chegava atrasada e em conta-gotas.  Líamos jornais com trinta dias de atraso!

E, quando outra noite, um avião perdido nas rotas aéreas roncou nos céus da minha terra, a mulher do Chico Esfola Bode, que há muito vinha traindo o marido, jogou-se aos pés do pobre como e confessou seu erro.  Quando ficou constatado que não era um pedaço do céu que vinha se quebrando, houve tabefes e facadas.

O primeiro rádio chegou!Levado por seu Chibinho Rabelo.  Duvido muito que qualquer outro acontecimento neste vasto País tenha barateando e marcado uma população por quanto nos barateou.  Marcou época porque, por mais de cinco anos, foi o único rádio do lugar.  E nesses cinco anos a gente contava as coisas e dizia: foi antes do rádio chegar, foi no ano que o rádio chegou, foi depois Je chegada do rádio.

E o rádio avisou até a morte da mãe de “‘Leite (2uente”‘, um preto que nasceu no ano da liberdade.  Um dia em que ele passava pela casa dos Rabelo, ouviu o rádio dizer.  “,Só Leite, ta mãe morreu” E ele contava: “quando uvi o bicho dizê eu taquê pé, taquê pé e cheguei lá a véia tava dura”

Minha tia Alzira e dona Jerusa eram as professoras do Pindaré e procuravam explicar da melhor maneira o que e como era o rádio.  Mas não dava para entender e muito menos acreditar.  Era mais compreensível acreditar num homenzinho de voz possante que se alimentava com coisas estranhas saídas de bateria.  E quando as baterias, certa vez, enfraqueceram, o rádio ficou mudo; teve quem levasse ovos e leite para “alimentar” o enfraquecido homenzinho.  Era assim o Pindaré.

E agora, eis-me aqui, no pátio da bonita casa de meu irmão, há relembrar aqueles tempos.  Não, não vou dizer que no meu tempo era melhor.  Os muitos anos, as desilusões e as tristezas que por mim passaram e me fizeram de vista curta é que me impedem de apreciar a beleza de que a atual geração é privilegiada.  Ainda há fome.

É noite de luar, e eu acabo de ver que é a mesma lua e a mesma brisa, o mesmo céu e o mesmo Deus de minha geração.  E isto é um conforto.
 

Dedico este conto a minha querida e saudosa tia Josefina,
mulher à frente de seu tempo.

5 comentários »

Assembleia Legislativa entrega prêmios no Festival Guarnicê de Cinema de 2009

4comentários

Dedos extraídos das matérias de autoria de
Ellen Serra e Viviane Menezes da agência Assembléia.

O deputado Joaquim Haickel (PMDB) comentou, nesta quarta-feira, 24, o êxito do 32º Festival Guarnicê de Cinema (2009) e afirmou que o Parlamento maranhense estabeleceu um marco na existência do evento ao criar o “Prêmio Cinematográfico Assembleia Legislativa”.

Na tribuna, Joaquim Haickel compartilhou com todos os deputados a homenagem que recebeu durante a festa de encerramento do festival, realizada no Teatro Odylo Costa Filho, no último domingo, 21.

O evento, realizado anualmente pelo Departamento de Assuntos Culturais (DAC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), aconteceu no Teatro Odylo Costa Filho e reuniu diversos atores, produtores e diretores do cenário cinematográfico nacional.

Presente há 32 anos no panorama cultural, o festival já se tornou um referencial do meio. O objetivo, segundo Euclides Moreira (secretaria de Cultura), é revelar talentos, formar platéia e divulgar os vários dispositivos audiovisuais brasileiros.
“É uma espécie de oásis cultural, responsável por uma formação de cultura cinematográfica nacional”, observou Alberto Dantas, diretor do DAC, que agradeceu o empenho do deputado Joaquim Haickel junto ao governo do estado do Maranhão, mais especificamente às secretarias de Cultura e Planejamento, dirigidas por Luis Bulcão e Gastão Vieira.

Os prêmios instituídos pelo poder Legislativo, através de um projeto de lei de autoria do deputado Joaquim Haickel, gratificam trabalhos audiovisuais em curta-metragem, realizados no Maranhão ou sobre o nosso Estado e por maranhenses. “São uma demonstração de que a Assembleia Legislativa também se preocupa com o universo cultural”.
O vencedor de cada categoria recebe do Legislativo Estadual um prêmio no valor de dez salários mínimos. Na noite de ontem, JR Balbi recebeu o prêmio “Deputado Bernardo Almeida” pelo melhor vídeo digital “Bicho do Pé”. Já o cineasta Francisco Colombo faturou o prêmio “Deputado Erasmo Dias” com o filme “Reverso”.

O prêmio “Deputado Mauro Bezerra” que recompensaria o melhor na categoria documentário, foi dividido entre os dois documentários maranhense desta edição do Guarnicê, “Levo de Alcântara” de José Patrício Neto e Terence Kelleer e “Impressions” de Breno Ferreira.

Quem também marcou presença no evento foi o deputado federal Ribamar Alves (PSB). Ele é autor de uma Emenda que visa à construção do Museu de Memória Audiovisual do Maranhão. “São R$ 900 mil destinados a instalação desse Museu, que na verdade, constituirá o embrião do cinema maranhense, Onde os cineastas poderão desenvolver seus projetos”, afirmou Joaquim.

Segundo Haickel, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional investirá, nos próximos meses, R$ 2,15 milhões na construção do museu. Além dos R$ 900 mil da iniciativa de Ribamar Alves, também destinaram emendas com idêntico propósito os deputados federais: Pedro Novais (R$ 250 mil), Sétimo Waquim (R$ 200 mil), Gastão Vieira (R$ 100 mil), Carlos Brandão (R$ 50 mil) e Cléber Verde (R$ 50 mil). O senador Epitácio Cafeteira também se juntou à causa e apresentou emenda no valor de R$ 600 mil.

HOMENAGEM

O deputado Joaquim Haickel, também, foi homenageado durante o encerramento do Festival Guarnicê de Cinema, com a exibição do filme “Pelo Ouvido” que completa um ano este mês. Foi a primeira vez que o curta foi, oficialmente, apresentado em película no país.

Com 17 minutos de duração, o filme baseado num conto, também chamado Pelo Ouvido e de autoria de Joaquim, é considerado o de maior repercussão até hoje, sendo exibido em mais de cem festivais no Brasil e no exterior e obtendo mais de 11 prêmios.

Sua maior alegria foi ter recebido os primeiros prêmios de “Pelo Ouvido” no Maranhão: o de melhor atriz e de melhor filme pelo júri popular. Ele agradeceu a todos e disse que tudo que ele faz é por amor.

“Tudo que tenho feito pelo cinema do Maranhão não precisa de agradecimento, tudo que faço, faço pensando em mim também. Faço porque amo e porque acredito no amadurecimento dos cineastas maranhenses”, finalizou Joaquim.

4 comentários »

Amizade e Respeito

16comentários

Esta semana mais uma vez me questionei sobre qual seria, dentre todos, o sentimento mais importante e acabei esbarrando no grande poeta Vinícius de Moraes que dizia, causando polêmica, que a amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, pois ela permite que o seu instrumento, o amigo, e o seu objeto, a amizade, sejam divididos com outras pessoas e com outros afetos. O amor, por sua vez traz em si, a posse e o ciúme, coisas que não admitem a menor divisão ou rivalidade. A amizade é um sentimento coletivo, plural e o amor é individual, singular.

Algumas vezes, nós nem procuramos alguns de nossos amigos, mas basta sabermos que eles existem e esta mera condição nos encoraja a seguir em frente pela vida. Por isso, mesmo sem que eles saibam, devemos rezar por eles, e é nessa hora que de certa forma me envergonho, porque essa minha prece é em síntese, dirigida não apenas ao bem-estar de meus amigos, mas ao meu bem próprio estar pessoal.

Se há uma coisa que me consome é o fato de que o movimento da roda da vida muitas vezes não me permite que eu tenha ao meu lado, andando comigo, convivendo comigo, alguns de meus melhores amigos, ou mesmo alguns daqueles que não são nem assim tão grandes amigos, mas que se tornam bons companheiros de jornada. Volto a Vinícius só para constatar que é verdade que a gente não faz amigos, apenas os reconhece.

Há no entanto em minha opinião outro sentimento tão importante e nobre quanto o amor ou a amizade. O respeito. O respeito pelo próximo, pelo outro. O respeito por nós mesmos. Ter respeito é fundamental para que sejamos respeitados. Respeitados pelas pessoas mais idosas e vividas e pelas crianças com sua desconcertante sabedoria. É! As crianças também possuem uma grande sabedoria. O respeito é um sentimento que tem que estar inserido em todos os outros sentimentos.

É muito importante que sejamos respeitados pelos nossos amigos assim como pelos nossos “inimigos” também! O respeito mais importante talvez seja exatamente o respeito que temos pelas pessoas de quem discordamos, pessoas que por uma razão ou por outra, não comunguem das mesmas idéias que nós. O respeito deles para conosco, é a maior honraria que se pode almejar. O cumprimento sincero de um adversário leal e correto após uma peleja, seja ela no esporte, na política ou na vida, é um dos maiores prazeres e uma das maiores realizações que eu já experimentei.

“Josué Montello, o nosso grande romancista de Os Tambores de São Luís, o ensaísta, o crítico literário e o memorialista, escreveu um volume de 400 páginas sobre Os inimigos de Machado de Assis. É um livro-documentário, sem qualquer objetivo de defender Machado ou de fazer retaliações a seus ferozes detratores, é uma dedicada pesquisa que mostra que, tanto na literatura quanto na política ou na vida, ninguém escapa de ter adversários, críticos ou desafetos”.

“A máxima de Nelson Rodrigues que diz que toda unanimidade é burra, não encontra guarida apenas na política, mas também na literatura. Goethe foi chamado de asno por Paul Claudel, André Gide rejeitou a obra de Proust, Sartre contestou os méritos de François Mauriac e Fialho de Almeida criticou violentamente Os Maias, de Eça de Queiroz”.

Portanto, não há bom escritor que não tenha sido arrasado em alto e bom som. Muito menos há um político que tenha escapado dessa sina.

“No Brasil, não poderia ser diferente. Aclamado por críticos do naipe de Alfredo Bosi, Antônio Candido, José Aderaldo Castelo, Eugênio Gomes, Raimundo Magalhães Jr., Lúcia Miguel Pereira, Dirce Côrtes Riedel e Roberto Schwarz, Machado de Assis teve seus detratores e desafetos. Enumerá-los foi o desafio de Josué naquele brilhantemente livro”.

Outro importante intelectual, Antônio Cândido, dizia que por mais pobre que seja nossa literatura, devemos amá-la incondicionalmente, porque ela é a materialização de nossa expressão. Vale então acatar a sugestão de Montello que nos sugere o mandamento de amar ao nosso inimigo. Talvez assim consigamos ser dignos de pelo menos uma nota no rodapé da história.

Dito tudo isso, gostaria de finalizar dizendo que quem quiser discordar de Zé Sarney que discorde. Discordar é salutar e há muito no que se discordar em um homem que tem mais de 50 anos de vida pública, que foi deputado, governador, senador inúmeras vezes e presidente da República.

Discordem dele, mas o respeitem. Se não o fizerem pelo muito que ele fez pelo Maranhão e pelo Brasil, que o respeitem pelo grande estadista que ele foi justamente quando mais precisávamos de um para nos guiar em uma travessia segura para um regime democrático, que nos garantisse o sagrado patrimônio que temos hoje, essa jovem mas sólida democracia da qual desfrutamos e que nos garante o direito de discordar pública e abertamente de quem quisermos, até mesmo dos presidentes dos três poderes constituídos.

PS: Lanço mão de importantes autores, como Vinicius de Moraes, Nelson Rodrigues, Josué Montello, Antonio Candido, Oscar D’Ambrósio e Ivan Andrade para exemplificar o que ocorre em relação a um sentimento às vezes pouco valorizado: O respeito.

16 comentários »

Nunca é demais.

5comentários

Texto republicado a pedidos.  
 
Sou cristão, mas meu cristo é um pouco diferente do cristo de outras pessoas. Olha, como estas coisas são difíceis de explicar, até mesmo para alguém que como eu, procuro me aprofundar nestes assuntos. Na verdade nem sou cristão. Sou Jesuítico! Cristão é quem acredita num cristo, num messias, num salvador.

Eu acredito nos ensinamentos de um Jesus histórico, um hebreu da Galiléia, criado sob os fundamentos das leis e da religião judaica, nos tempos do imperador Tibério. Um Jesus que a seu modo, se rebelou contra as duas esferas de dominação que oprimiam sua terra e seu povo em seu tempo. Rebelou-se contra o sistema religioso imposto pelos sacerdotes do templo de Jerusalém, que controlavam a vida de todos os hebreus, e contra o poder administrativo e militar que mantinha tais sacerdotes no topo da vida social e religiosa da Judéia: O império romano.

Sigo os ensinamentos de um Jesus geográfico que nasceu em Belém, que viveu em Nazaré, Qumram e Cafarnaum, que fugiu com os pais para o Egito, que dos doze aos trinta anos não se sabe ao certo seu paradeiro e que aos 33 anos morreu em Jerusalém. Um Jesus humano que morreu mesmo, e para mim o que menos importa é se ressuscitou.

Acredito em um Jesus que antes de ser filho de Deus, foi filho de Maria e enteado de José, um bondoso carpinteiro descendente do rei Davi, que o criou com amor e deu-lhe o que um filho mais precisa de um pai. O exemplo.

Entre os dois Jesus, um divino salvador e o outro um simples ser humano, optei em seguir o segundo, pois preciso muito mais de um amigo, de um companheiro de viagem que me mostre o caminho e me sirva de guia, que de um messias libertador.

O Jesus de Bento XVI, de padre Antonio e de minha mãe, o Jesus de meu irmão e de meus amigos evangélicos, não é melhor nem pior que o meu, até porque os dois são a mesma pessoa, apenas é visto de forma diferente.

Minha posição não é religiosa. Sou meio avesso às religiões porque na grande maioria das vezes elas são intolerantes, intransigentes, preconceituosas, inclementes e radicais. Fazem mais política que qualquer outra coisa.

Vejo as religiões como vejo os partidos políticos, cujo objetivo maior é alcançar o poder, que no caso delas é Deus. No meu entendimento Deus, por ser de todos nós, não é propriedade nem privilégio de um determinado grupo. Ele esta aberto a quem o busque através dos ensinamentos que seus profetas espalharam pelo mundo e que os discípulos destes propagaram e continuam propagando: o amor ao próximo, a bondade, o perdão, a tolerância, o respeito ao ser humano e à natureza…

Conhecedor das doutrinas que levam ao Deus único e misericordioso, ao pai de compreensão e de bondade, por que seguir o modelo de Jesus e não o de Salomão, que veio antes dele, ou o de Maomé, que veio depois?

É uma mera questão cultural. Se tivesse nascido em uma família judaica ou em um clã muçulmano, teria a religião que me fosse ensinada por meus pais e adotaria os códigos de moral  de meu grupo social.

Sendo eu proveniente de uma família cristã e tendo sido criado numa sociedade ocidental, me identifico mais com a forma de pensar própria desta cultura e construi meus códigos de moral e de ética baseado nela.

Desde cedo vi que, excetuando-se o ambiente sócio-cultural em que se nasce e no qual se cresce, sejamos judeus, cristãos ou mulçumanos, todos nós buscamos os mesmos objetivos, almejamos as mesmas coisas, lutamos pelas mesmas idéias, tanto como indivíduos quanto como sociedade.

Não comungo com alguns dogmas das religiões estabelecidas por outros seguidores de Jesus. Isto é uma questão de fé e como tal acho que deve permanecer no âmbito da crença pessoal de cada um, até porque para mim importa muito mais o que disse Jesus no sermão da montanha ou o que ele quis dizer com a parábola do bom samaritano do que se Maria concebeu realmente do espírito santo.

Para mim pouco importa se Jesus ressuscitou Lázaro, se Moisés fez abrir o mar vermelho ou se Maomé subiu ao céu em uma escada de ouro. Para mim o que mais vale é o que ensinaram estes homens. Moisés ensinou o valor da liberdade, do indivíduo e da nação. Jesus mostrou a importância de amarmos aos outros como amamos a nós mesmos. Maomé fez ver que não deve haver qualquer distinção entre as pessoas.

Como acredito que os ensinamentos desses mestres buscam nos mostrar um caminho para alcançarmos uma vida melhor, mais cheia de coisas boas, de sentimentos nobres e ações corretas, é que me coloco como seguidor de um deles, sem jamais me opor, seja por preconceito ou por intolerância, às outras formas de pensamento.

É fato que pensamos e agimos de formas diferentes, mas acredito buscamos as mesmas coisas: O bem do individuo e da coletividade. Por isso acho que devamos ter a consciência histórica de nossas circunstâncias e de suas conseqüências.
Amém!

5 comentários »

Ai que Vida!

14comentários

Finalmente assisti ao mais badalado longa-metragem realizado por um cineasta maranhense. Trata-se de “Ai que Vida!”, filme roteirizado e dirigido por Cícero Filho, a quem tive o prazer de conhecer pessoalmente semanas atrás na ALM, quando ele foi levado até lá pelo deputado João Batista.

Nos últimos meses todo mundo me perguntava se eu já havia assistido “Ai que Vida!”. A insistência das pessoas para que eu visse ao filme era inversamente proporcional ao meu interesse em vê-lo. Eu mesmo já estava achando que na verdade estava era com uma certa inveja do retumbante sucesso que fazia tanto o jovem Hércules quanto o seu trabalho, “produzido artesanalmente no interior do Piauí e do Maranhão, contando com modestos recursos financeiros, técnicos e humanos”.

Por princípio, jamais em minha vida, comprei um CD ou um DVD pirata e “Ai que Vida!” não seria o primeiro. Lembro que enquanto todos compraram “Tropa de Elite” pirata, eu me recusei terminantemente. Só assisti ao filme do Padilha no cinema.

Semana passada Avana foi a ducentésima pessoa a me perguntar se já havia assistido “Ai que Vida!” e antes que respondesse ela foi logo sacudindo o DVD em minha frente. Não perdi tempo, peguei a caixa e disse a ela que a única forma de eu vê-lo era se alguém me desse uma cópia.

Vim para casa, coloquei o DVD sobre a mesinha da TV e ele ficou lá, maturando, durante sete dias, até que eu conseguisse um tempinho para finalmente vê-lo.

Quero reafirmar que sou muito mais cinéfilo que cineasta, então o que vocês vão ler a partir de agora é a minha sincera opinião sobre o que vi e não simplesmente uma crítica.

Cícero Filho começa seu filme como gente grande, como quem conhece o ofício de fazer audiovisual. Vemos uma tortuosa estrada de piçarra e no alto da tela uma D-20 velha, transformada em pau-de-arara se aproxima. Os sons ao fundo completam o quadro. Se fosse só isso seria banal, mas o diretor que também é o fotografo, usa suavemente o zoom da câmera, nos dando a agradável sensação de aproximação tanto daquela realidade conosco como de nós para com ela. Me ganhou na primeira cena. Me remeteu imediatamente a deliciosos Road Movies como “Bye bye Brasil”.

Se havia em alguma parte recôndita de meu ego algum resquício de ciúmes pelo sucesso do jovem diretor e de sua obra, evaporou-se nos primeiros sessenta segundos de seu filme. A linguagem cinematográfica não precisa de erudição, de refinamento, de escola. Ela é inerente ao ser humano, e em alguns ela se sobressai mais contundentemente. Homero, Shakespeare e Machado eram verdadeiros cineastas e nem câmeras havia em seu tempo.

Cineasta é aquele que conta uma determinada história de tal forma que nos faz sentirmos dentro dela. Faz com que sintamos que ora estamos escrevendo o roteiro, ora fotografando a cena com nosso enquadramento, pelo nosso ponto de vista, ora somos os protagonistas, ora somos meros coadjuvantes ou até mesmo simples figurantes. Ele nos leva de encontro a sua história ao mesmo tempo em que joga ela dentro de nós. Cícero Filho faz isso em seu “Ai que Vida” com competência.

Não vou dizer aqui que o filme é perfeito só para que pareça que sou bonzinho. Não, isso não. Até porque nem bonzinho eu sou, nem quero ser. O filme tem as deficiências naturais de quem o fez nas condições em que fez. Vou citar apenas dois exemplos. Há alguns problemas graves de luz. Uma das principais coisas em um filme é a iluminação. Outra é o desempenho dos atores, de um modo geral são amadores ou nem mesmo são atores. Um filme não é um livro, não é um “causo”, ele precisa de gente para consubstanciar sua história, e de gente capaz de fazer isso corretamente.

A fotografia é boa. Os enquadramentos de cena são muito bons. A atriz principal, Toinha Catingueiro, é uma figura!!! Não sei se ela é atriz profissional, mas se não é, deveria ser. Claro, precisa se aprimorar, estudar um pouco, conhecer certas técnicas de interpretações, alguns macetes. O principal ela tem, talento. É a nossa Marcélia Cartaxo.

A legião de personagens que desfilam em frente à câmera de Cícero é antológica. Não sei ao certo se são hilários por serem ridículos ou se são ridículos por ser hilários, o certo é que eles são uma caricatura fiel de nossa terra. Não falo apenas do Maranhão ou do Piauí, falo do Nordeste, falo do Brasil.

Está claro o motivo pelo qual todos adoram “Ai que Vida!”! É que nós nos vemos nele. Vemos os nossos amigos, os nossos desafetos e conseguimos com certa distância, detectar as nossas circunstâncias e as conseqüências que elas de uma forma ou de outra acabam nos acarretando.

Parabéns, Cícero! 

PS: Na mesma noite assisti “Reverso”, excelente curta-metragem do também maranhense Francisco Colombo. Certamente mais um sucesso do cinema maranhense.

14 comentários »

PALAVRAS

5comentários

Incrível!!!

Minha ex-mulher, a artista plástica Ivana Farias, mandou-me o surpreendente e-mail abaixo e sobre ele a única coisa que tenho à comentar é que como ela mesma é sabedora, eu jamais soube, até este momento, quem era o senhor Robert Lowell. Ivana mandou-me esse e-mail por isso, para ressaltar a importância das palavras, para pontuar o fato de que elas não pertencem a ninguém.
É incrível que duas pessoas em lugares tão diferentes, em épocas distantes, cercados de realidades, circunstâncias e conseqüências tão distintas possam usar as mesmas palavras sem jamais terem tido conhecimento um do outro.

“A luz no fim do túnel pode ser um trem se aproximando”
(Robert Lowell)

Robert Lowell (Boston, Massachusetts, 1 de março de 1917 – 12 de setembro de 1977), nascido Robert Traill Spence Lowell, foi um poeta americano cujas obras, de natureza confessional, envolveram as questões da História e as trevas da autodeterminação. Lowell sofreu com o alcoolismo e depressão, e foi hospitalizado várias vezes ao longo de sua vida.

Depois ela juntou o que disse ou escreveu, não sei, Carlos Drummond de Andrade, e que também era de meu total desconhecimento:

“Ao ver uma luz no fim do túnel certifique-se que não é o trem”
(Carlos Drummond Andrade)

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 – Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro.

Mais abaixo ela anexa uma publicação feita no Jornal Pequeno, matutino que não tenho o costume de ler e nesse dia especifico também não li.

Escracho do dia

“Há sempre uma luz no fim do túnel, mas cuidado! pode ser um trem”!
Atos, Fatos & Baratos
23 de maio de 2009

Querem saber o que é mais inacreditável ainda !!!
O quadro abaixo, que ela também me mandou, é o caso inverso. Ela deve ter achado em algum lugar pela WEB uma reprodução feita por alguém, em algum lugar desse mundão de meu Deus, que usou a mesma idéia que eu tive para um trabalho feito por mim mesmo, usando inclusive uma ferramenta inapropriada, mas era a única que eu tinha, o Execel, em 1993, 16 anos atrás.

blog_030609.jpg

Ivana finaliza com ninguém menos que Goethe:

“Nesse mundo há muitas palavras e poucos ecos.”

5 comentários »

Insólito

2comentários

blog_joaquim.jpg 

Ultimamente tem aumentado muito a quantidade pessoas que
estão visitando o meu blog, entre eles existem uns sujeitos que deixam alguns comentários interessantes, mesmo que para isso usem nomes falsos. É exatamente em homenagem à um desses novos freqüentadores de meu blog, que quero oferecer especialmente o texto de hoje.
Espero que esteja do seu agrado.

Cuidado com o trem, viu!!!???

2 comentários »

Comentário digno de nota: 10

3comentários

O comentarista que se diz Fidel de Pijamas mandou o comentário abaixo para o texto “Berro!?” e eu sem saber de quem se tratava pedi permissão para repercuti-lo aqui nesse espaço e dividi-lo com vocês, como ele não respondeu eu interpretei isso como consentimento. Espero que gostem desse texto tanto quanto eu gostei.

Na peça Tímon de Atenas, Shakespeare dá uma bordoada em todos nós, desculpem palavra tão dura, quando pergunta por meio do filósofo Apemanto: “Qual o homem que morre sem levar para o túmulo a lesão de um pontapé oferecido por um amigo”? Quem de nós nunca levou uma mordida da ingratidão, “esse demônio do coração de mármore”? Com certeza, ninguém!

Tímon é um rico general, aposentado, puro, generosíssimo, e um de seus maiores defeitos repousa na crença da amizade. Sua casa é uma festa só, cheia de amigos desfrutando de seus banquetes e seus presentes caros. Avaro de elogios, cobre seus aduladores de prodigalidades. Enfim arruinado, apela aos amigos por dinheiro. Nada consegue. Diante de um “não” pronunciado por um de seus “amigos”, seu secretário Flávio reage: “Ó! Observai como o homem é monstruoso, quando se mostra debaixo da forma da ingratidão!”.

Na peça Como Gostais, o Duque de Milão é traído pelo próprio irmão, que lhe toma o trono e o expulsa da cidade. Um companheiro consola o desterrado príncipe com esta triste canção: “Sopra, sopra vento hibernal, não és assim tão infernal, como é a humana ingratidão. Teu dente não é tão agudo, porque não és visto, mas é rude teu hálito de furacão… e não mordes tão pungente como a vileza do ingrato”.

E o velho Rei Lear, que divide o reino entre as filhas, é rejeitado por elas. Com o coração dilacerado chora de dor: “Ó Rejane, tua irmã não presta! Como um abutre, enterrou aqui o bico acerado da ingratidão”. E o velho Lear teatralmente repuxa as carnes do próprio corpo como se quisesse arrancar as filhas de si mesmo.

O desafortunado Othelo, vítima de uma trama perversa que o fez sufocar sua esposa Desdêmona, olha para Iago, o homem que o traiu, e se revolta: “pergunta para esse meio demônio por que envenenou meu sangue e minha alma”.

DEPUTADO, ESSE ARTIGO RETRATA MUITO BEM A POLÍTICA DO MARANHÃO. A CARAPUÇA ESTÁ SOB MEDIDA, PARA A CABEÇA DE FULANO, BELTRANO , SICRANO  E ETC….

A INGRATIDÃO

Nem mesmo Shakespeare escapou de pontapés por estar vivo dois séculos depois de ser enterrado em Stratford. O filósofo e satirista Voltaire tentou, durante parte de sua vida, demolir a fama de Shakespeare. O caso de Voltaire não é bem de ingratidão, mas de inveja. Afinal Voltaire escreveu 54 peças teatrais. Alguém sabia que ele era dramaturgo?

E em Tróilus e Créssida, Shakespeare nos explica esse sentimento, a ingratidão. Quem fala é Ulisses enquanto aconselha Aquiles: “O Tempo, meu senhor, tem nas costas um saco, dentro do qual coloca as esmolas para o Esquecimento, esse monstro enorme da ingratidão. Esses restos são as boas ações do passado, devoradas tão rapidamente quanto foram feitas, e tão depressa esquecidas quanto foram terminadas”.

Não acredito que alguém tenha conseguido contrariar a afirmação de Apemanto. Tímon deu muito, porque achava que todos eram iguais a ele, porque acreditava que quem dá recebe. Aí vem o Tempo para colocar as esmolas no saco do esquecimento. Depois que se devora, se esquece. Resta-nos corroer-nos de dor.

Pudemos observar que os ingratos são de naturezas diversas: amigos, filhos, empregados!O que devemos fazer, então, para escapar desse vilão chamado ingratidão? É o próprio Shakespeare quem responde por meio do conselho de Polonius ao filho Laertes: “Os amigos que tiveres e cuja adoção puseres à prova, sujeita-os à tua alma com arcos de aço”. É assim que tenho procurado fazer com todas as pessoas que amo!

Theófilo Silva é presidente da Sociedade Shakespeare de Brasília e colaborador da Rádio do Moreno.

Resposta: Meu caríssimo Fidel de Pijamas quero agradecer-lhe por tão maravilhoso presente. Nunca um comentário neste blog foi lido e relido tantas vezes por este peripatético vivente, por este disléxico escrevente, como esse que você me enviou.

Profundo e completo sendo claro e simples. Para mim, perfeito.

Identifiquei imediatamente dezenas de cabeças e acho que é bem possível passar-se dias relacionando centenas delas, catalogando-se os casos específicos adaptáveis a todas as carapuças exemplificadas nessa pequenina jóia que você me mandou.

A ingratidão e a traição são apenas duas das características acentuadas nesse seu texto e elas são as duas mais freqüentes companheiras da arrogância e da prepotência, coisas que não são privilégios apenas dos poderosos ou dos políticos, como pode alguém pensar.

Permita-me repercutir esse comentário na minha publicação de quarta-feira próxima, e mais, permita-me sair da escuridão do desconhecimento causado pelo uso que você faz do anonimato. Permita-me puder privar mais proximamente de sua amizade, pois mesmo que sejamos antagônicos em qualquer âmbito, seja você flamenguista ou membro do PT, PSB, PSDB ou PDT, terá deste vascaíno e pmdbista aqui o respeito e a admiração que dedico a todos, inclusive aos que discordam de meus posicionamentos futebolísticos e políticos. Tenho certeza, pelo que demonstra o seu texto, que iríamos nos divertir bastante comentando de forma bem humorada as idas e vindas dessa gangorra que convencionamos chamar de vida.

PS: O texto do Theófilo Silva, presidente da Sociedade Shakespeare de Brasília, é perfeito.
3 comentários »

Especialmente para os comentaristas Ricardo e Matt Murdock

1comentário

SP e MG doam 8 toneladas de medicamentos ao MA

Transcrito do Blog de Décio Sá
Dom, 17/05/09

Chateado com as notícias do blog a seu respeito, o deputado federal Roberto Rocha (PSDB) resolveu mostrar serviço. Ele conseguiu viabilizar ajuda humanitária aos desabrigados das enchentes no Maranhão junto aos governos de São Paulo e de Minhas Gerais, comandado pelos tucanos José Serra e Aécio Neves, respectivamente.
 
São ajudas que vão desde oito toneladas de medicamentos, cobertores, colchões, calçados, roupas, creme dental etc., até equipamentos sofisticados como balsas com motores, barcos infláveis, equipamento de mergulhos, primeiros socorros, enfim, vários materiais e equipamentos que chegam num momento mais que oportuno, e que aliviará o sofrimento de milhões de maranhenses.
 
Para Roberto Rocha, a ajuda humanitária demonstra a solidariedade dos dois estados mais ricos da federação ao Maranhão e sensibilidade humana dos governadores José Serra e Aécio Neves em relação ao sofrimento dos brasileiros do Maranhão. “Não tinha a menor dúvida de que conseguiria ajuda humanitária dos governos de São Paulo e de Minas Gerais. Tanto o governador José Serra, quanto o governador Aécio Neves, de pronto colocaram-se à disposição para ajudar os maranhenses vitimados pelas enchentes”, afirmou.
 
O tucano explicou que os critérios para doação dos materiais e equipamentos deverão ser rigorosamente huminitário, sem interferência política na escolha dos municípios beneficiados. Veja abaixo a relação de materiais e equipamentos doados pelos governos tucanos:

Água mineral – 21 mil litros
Barcos infláveis de casco rígidos com motor -5 unidades
Balsas Rafting – 5 unidades
Calçados – 680 pares
Cestas básicas – 10 mil unidades
Cobertores – 3.875 unidades
Colchões de solteiro – 7 mil unidades
Copos de água mineral – 100 mil unidades
Creme dental – 1.400 unidades
Equipamentos de comunicação – 41 unidades
Equipamentos de mergulho – 2 unidades
Equipamentos de primeiros socorros – 20 unidades
Equipamentos de proteção individual – 300 unidades
Equipamentos de uso pessoal – l30 unidades
Filtros – 300 unidades
Kits enchentes – 10 unidades
Kits higiênicos – 3 mil unidades
Lençóis – 5 mil unidades
Medicamentos – 8 toneladas
Peças de roupas – 58.800 unidades
Remos – 20 unidades
Rodos – 420 unidades
Rolos de corda de 50metros – 20 unidades
Sabão em barra – 400 unidades
Sabonetes – 864 unidades
Vassouras – 350 unidades.

1 comentário »

Berro!?

8comentários

Ninguém gosta muito de ser criticado. Criticado no sentido negativo da palavra. Isso é conseqüência da condição humana e eu sem nenhum constrangimento assumo que sou um dos que não gosta de ser criticado, até porque os críticos, sejam eles profissionais gabaritados ou meros borra-botas incompetentes, raramente levam em consideração critérios relevantes que devem ser realmente analisados. E o que é mais incrível, os incompetentes ainda são menos piores que os que os tais gabaritados, pois estes, estudiosos e aplicados no que fazem, conseguem realmente enfiar o dedo na ferida do criticado.

Brincadeiras à parte, digo isso para louvar primeiramente a iniciativa de certa critica que me fizeram. Vamos chamar de critica, pois, mesmo infundada, ou melhor, fundamentada em uma série de inverdades, ela consubstancia-se numa deliciosa e agradável leitura, pois usa como base, a melhor, em minha modesta opinião, das obras de Jorge Amado.

Trata-se de “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”. Historia urbana ambientada na Salvador dos anos 50. Uma novela repleta demais de nuances e detalhes, que poderia fazer algum desavisado chamá-la de pequeno romance, mas o fato dela ser lida de um fôlego só, ser popular e acessível a qualquer um, a torna simplesmente uma novela, quem sabe a mais primorosa de nossa literatura. Como diz o meu algoz, “Mistura sonho e realidade; loucura e racionalidade; amor e desamor; ternura e rancor, de forma envolvente e instigante”. Bravo!!!

Em seguida o dublê de analista político e crítico literário, mostrando muito mais seus dotes para a segunda função, descreve o tal Quincas: “Joaquim Soares da Cunha foi funcionário público, pai e marido exemplar até o dia em que se aposentou do serviço público. A partir daí…” e continua falando sobre o personagem e a obra de Jorge, com quem tive o prazer de conviver um pouco quando este passou uma temporada em São Luis, em meados dos anos 80, tempo em que concluía seu livro “Tocaia Grande”.

Até esse momento achava que o tal crítico, era “o cara”. Foi quando notei que o texto era bom demais para o autor. Fui então procurar o meu exemplar do livro. Não o encontrei. Estou de mudança e ele esta numa das caixas amontoadas na casa de minha mãe. Recorri sem cerimônia, ao Google e qual não foi a minha surpresa ao ver que desavergonhado copiou Ipsis litteris, tudo, igualzinho até mesmo o erro contido na simplificação do titulo da obra, pois há quem pense que o livro se chama “A Morte de Quincas Berro D’Água”, quando se chama na verdade “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”. Veja no endereço pt.shvoong.com/books/novel/1686764-morte-quincas-berro-agua/ .

Bem, já chega de falar do falso erudito, vamos falar agora do falso jornalista. Um cabra safado que vive agredindo, vilipendiando, falseando, denegrindo, ofendendo quem bem entende, com o único intuito de aguçar a parte mais obscura do caráter das pessoas, aquela responsável pela mórbida satisfação que tem o ser humano em apreciar a dor dos outros, o grotesco, o chulo, o mórbido, o trágico, o cruel.

Esse jornalista, se é que se pode chamar isso de jornalista, na semana passada deve ter lido o pedido público de desculpa que fiz, daqui deste espaço e ele mais que ninguém sabe a quem foi direcionado aquele pedido.

Naquele mesmo dia ele destilaria seu veneno contra uma jovem que ele nem conhece e com a qual jamais terá a honra de trocar uma única palavra, pois ela vive em um mundo que não é o dele, muito diferente do esgoto onde ele habita.

Para finalizar, nem vou tecer comentários sobre a alusão que o tal “crítico” fez desse Quincas aqui com o Quincas de Jorge Amado. É que aquilo não pode ser levado em conta, pois para que se consiga material suficiente para preencher as mal escritas e mal impressas páginas de alguns jornais, só recorrendo-se ao que há de mais fácil e abundante em nosso jornalismo, a versão, na melhor das hipóteses, ou na pior delas, a mentira deslavada.
 
 
Veja abaixo as referidas matérias e as devidas explicações
 

“A Morte de Quincas Berro d’Água”

A Morte de Quincas Berro d’Água é uma das melhores narrativas publicadas por Jorge Amado. Saída do prelo em l958, conquistou logo a admiração de quantos dela se aproximaram. Mistura sonho e realidade; loucura e racionalidade; amor e desamor; ternura e rancor, de forma envolvente e instigante.

Joaquim Soares da Cunha foi funcionário público, pai e marido exemplar até o dia em que se aposentou do serviço público. A partir daí, jogou tudo para o alto: família, respeitabilidade, conhecidos, amigos, tradição. Caiu na malandragem, no alcoolismo, na jogatina. Trocou a vida familiar pela convivência com as prostitutas, os bêbados, os marinheiros, os jogadores e pequenos meliantes e contraventores da ralé de Salvador. Sua sede era saciada com cachaça e seu descanso era no ombro acolhedor da prostituta.

Fez-se respeitado e admirado entre seus novos companheiros de infortúnio: era o paizinho, sábio e conselheiro, sempre disposto a mais uma farra ou bebedeira. Sua opção pela bandalha representa o grito terrível do homem dominado e cerceado por preconceitos de toda sorte e que um dia rompe as amarras e grita por liberdade.Morreu solitariamente sobre uma enxerga imunda e sua morte detonou todo o processo de reconhecimento/desconhecimento por parte da família real e da família adotada.

Os amigos durante o velório se embriagam e resolvem, bêbados, levar o defunto para um último ‘giro’ pelo baixo-mundo que habitavam. O passeio passa pelos bordéis e botecos, terminando em um saveiro, onde há comida e mulheres. Vem uma tempestade e o corpo de Quincas cai ao mar.

Ontem, um jornalista que cobre as atividades da Assembléia Legislativa, tão logo foi encerrada a eleição que escolheu o novo segundo vice-presidente e quarto secretário da Mesa diretora, Hélio Soares e Marcos Caldas, exclamou: “Morreu Quincas Berro Dágua”. Fazia alusão ao deputado governista Joaquim Haickel, que em vão tentou – e não admitia ficar de fora – ocupar uma das duas vagas abertas com o licenciamento de Max Barros e Raimundo Cutrim.

Um outro jornalista quis saber o motivo do ‘apelido’ e descobriu-se que a alusão tinha nada a ver com o personagem de Jorge Amado. Ele explicou: “O Quincas berrou, berrou, e acabou na água, sem nada…”. Algo do tipo: nadou, nadou e morreu na praia….
 

Como Helena

O deputado Joaquim Haickel (DEM) terminou imitando, ontem, o gesto de sua colega Helena Helluy (PT), a única a não votar, em fevereiro, mesmo estando em plenário, no deputado Marcelo Tavares para a presidência da Assembléia Legislativa.
Haickel, apesar de dizer que reconhecia o acordo de lideranças que dividiu os dois cargos da mesa para as bancadas do governo e da oposição, absteve-se de votar nos colegas Hélio Soares e Marcos Caldas.
Invocou uma tal ‘coerência’ consigo mesmo ao fazer o meio protesto…
 
 

Acordo elege Marcos Caldas e Hélio Soares para a Mesa Diretora da AL e Haickel fica fora

Um acordo envolvendo oposicionistas e governistas garantiu ontem a eleição dos deputados Hélio Soares (segunda vice-presidência) e Marcos Caldas (quarta secretaria) para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, nas vagas abertas com a posse de Max Barros (DEM) e Raimundo Cutrim (DEM), respectivamente, no comando das Secretarias de Infra-Estrutura e de Segurança. O acordo deixou meio magoado o roseanista Joaquim Haickel, que queria uma das vagas, e numa espécie de protesto inusitado, se absteve de votar, mas permaneceu em plenário “em apoio ao acordo”.

Na sessão conduzida pelo presidente da Assembleia, Marcelo Tavares (PSB), Joaquim Haickel, que vinha cobrando as duas vagas para o bloco sarneisista, disse que respeitava o acordo feito pelas lideranças, por isso estava em plenário dando quorum à votação, “mas o meu voto tanto no deputado Hélio Soares quanto no deputado Marcos Caldas, por uma questão de coerência, vai ser abstenção”. O líder do Bloco Democrático, Carlos Braide, havia anunciado momentos antes o acordo costurado, pelo qual o grupo roseanista ficaria com uma vaga para Hélio Soares e a outra iria para um deputado tido como sendo da agora oposição.

A primeira votação foi para segundo vice–presidente e Hélio Soares conseguiu 30 votos, 11 deputados estavam ausentes do plenário e houve uma abstenção, justamente a de Joaquim Haickel. Na segunda votação, para quatro secretário, Marcos Caldas obteve 31 votos, e desta vez caiu para 10 ausentes e novamente houve o registro da abstenção de Haickel. Os dois foram eleitos para complementar o segundo biênio da 16ª legislatura da Assembléia. Quem também chegou a anunciar que seria candidato a uma das vagas foi João Batista, também do PP, que teve de abrir caminho para Hélio Soares dentro do bloco sarneisista.
 

A verdade

1) Pensei em ser candidato ao cargo de segundo vice-presidente da ALM. Falei com meus colegas e ficou tudo acertado, mas no dia seguinte resolvi desistir da disputa, pois minha eleição me impossibilitaria de participar das comissões técnicas da casa e eu sou membro das mais importantes delas (Constituição e Justiça, Orçamento, Indústria e Comércio, defesa do consumidor, e meio-ambiente). O fato de não concorrer a um cargo não invalida a minha intransigente defesa do acordo feito para eleger as duas ultimas mesas diretoras da casa. Amanhã aparece um gaiato querendo não honrar os acordos, podemos voltar para tempos pouco democráticos, isso pode virar jurisprudência e de lá já viemos.

2) Não fiz protesto algum. Posicionei-me de maneira clara em defesa do acordo que havia sido firmado quando da eleição da mesa da ALM em dezembro de 2008. Ser comparado à deputada Helena Heluy, a mim muito me honra, pois em que pese não termos concepções políticas idênticas, postulamos a mesma fé na boa convivência, na tolerância, no respeito, na moral e na ética.

3) Os textos acima estão repletos de erros de fato como por exemplo, Braide não é líder do Bloco Democrático; João Batista não abriu mão de sua vaga, foi sacrificado; Joaquim Haickel não pertence nem nunca pertenceu e espera nunca pertencer ao DEM;
 
PS: Os três textos acima foram copiados e transcritos como foram publicados. Os erros que existem neles são provenientes dos originais.

8 comentários »
https://www.blogsoestado.com/joaquimhaickel/wp-admin/
Twitter Facebook RSS