Tempos Difíceis Virão.

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No dia 5 de abril deste ano faleceu um grande amigo meu. Meu e de muita gente por esse mundo afora. Seu nome era John Charles Carter, mas por esse nome ninguém vai saber de quem se trata. Algumas pessoas poderão até saber de quem eu falo se eu disser que ele algumas vezes atendia pelos nomes de Rodrigo, Taylor, Stewart, Moises, Gordon, Ramon, Murdock ou Judah.

Não quero fazer um joguinho de enigma e de suspense com você, mas se eu disser agora quem era esse meu amigo, vou perder toda a força e todo o impacto sobre o assunto especifico que quero tratar hoje. Enquanto isso você tem até o final dessa crônica para descobrir quem é esse amigo. E olha que eu disse “quem é esse meu amigo” porque amigo não morre, amigo é para sempre, mesmo aquele com quem você jamais se relacionou mais de perto, mais pessoalmente, como é o caso.

Esse meu amigo morreu aos 85 anos de idade e é sobre isso que eu quero falar. Na verdade alertar. Sobre a idade das pessoas que nos cercam. Sobre o tempo e sobre a responsabilidade e a função que as pessoas da minha faixa etária têm neste momento de nossas vidas, das vidas de nossos pais, de parentes e amigos mais velhos.

Tenho notado que de algum tempo para cá, os nossos pais, orientadores e amigos estão se indo com mais freqüência que dantes. È o tempo.

Não é natural que o pai sobreviva ao filho, o natural é que os filhos vejam os pais desvanecerem e é isso que infelizmente está acontecendo nesse momento em nossas vidas.

De um tempo pra cá tenho freqüentado muitos velórios, tem morrido muita gente em volta de nós. São pessoas acima dos 70 anos, muitos na faixa dos 80. São nossos pais, nossos parentes ou pais de nossos amigos. Pessoas com as quais convivemos desde que nascemos. Figuras emblemáticas, exemplos vivos para nossas vidas, parâmetros para nossas ações.

É por isso que comecei esta crônica falando desse que foi um dos maiores parâmetros que eu tive em minha vida. Não por ele, mas pelas vidas que ele encarnou, pelos exemplos que representou.

Esse amigo de quem falo, estrelou provavelmente alguns dos mais importantes filmes da historia do cinema e com certeza alguns dos mais importantes da historia da minha vida: O Maior Espetáculo da Terra, Os Dez Mandamentos, 55 Dias em Pequim, El Cid, Agonia e Êxtase, Ben-Hur, A Marca da Maldade, O Planeta dos Macacos, Terremoto, Da Terra Nascem os Homens, A Maior História de Todos os Tempos, O Senhor da Guerra, Khartoum, A Última Esperança da Terra, Aeroporto 75, A Batalha de Midway, e até Tiros em Columbine…

Trata-se de Charlton Heston, ou melhor, trata-se do meu amigo Ben-Hur, de meu herói El Cid, de meu ídolo Michelangelo, de meu camarada Brad Braden.

 Trata-se de um homem que vestiu mil mascaras e ajudou com elas a formar minha cultura e a lapidar o meu caráter. Fez o mesmo que Emanuel Aroso, Samuel Gobel, Mendes Frota, Maria Castelo, Lister Caldas, Mauro Bezerra, Alberto Abdalla, Irtes Cavanhaque, Raimundo Vieira da Silva, Oliveira Ramos, Cid Carvalho, Lopes Bogéa, Alderico Silva, Cecílio Sá, dona Kyola, dona Filuca, Leôncio Rodrigues, Denizard Almeida, Conceição Aboud, Josué Montello, Luís Noronha, Ieda Cutrim Batista, Manoel Caetano Bandeira de Mello, Luis Carlos Bello Parga, Biné Duailibe e tantos outros. Todos esses amigos bem mais próximos, que também já se foram, mas que antes, fizeram de uma forma ou de outra, parte do filme real de minha vida.

É meu amigo, esses são tempos realmente muito difíceis e para alguns de nós, inclusive eu, ainda vai piorar um pouco mais. Vamos perder algumas das pessoas que mais amamos, mas pelo menos ficará a certeza de que essas pessoas foram decisivas em nossas vidas. Atores e atrizes principais de nossos filmes.

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Sorte Chinesa

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Em minha permanente busca, estive no último domingo num templo budista e lá além da oferenda do incenso e do pedido que se deve fazer ao Buda, passeei pelos jardins, coisa que não combina muito comigo.

Mas aconteceu uma coisa muito interessante. Havia dois jarros de porcelana com papelzinhos dentro em frente a um altar. Num jarro mensagens em português e no outro em mandarim. Peguei um papelzinho em português e ele me falou profundamente sobre meu eu, sobre o que eu estava precisando ouvir. Então voltei e peguei outro papelzinho desta vez em mandarim e pedi a um voluntário do templo que o lesse para mim e ele disse que não poderia traduzir, que aquilo era uma coisa pra se entender através o sentimento, não da compreensão.

O mais incrível é que tanto o texto em português quanto o em mandarim eram bastante parecidos, mas só soube disso ontem quando o segundo foi traduzido.

A reprodução dele você pode ver abaixo, juntamente com a tradução para o inglês feita por uma amiga de uma amiga e depois para o português feita por mim mesmo.

Espero que esse oráculo fale ao seu coração e à sua mente assim como falou para mim. 

MANDARIM

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INGLÊS

The moon doesn’t have to be in perfect round shape;
Defection is also a kind of beauty;
Life doesn’t mean that you have to possess a lot;
Being respected is also a happiness. 

PORTUGUÊS

A lua não tem que estar em perfeita forma redonda;
A diferença também é uma espécie de beleza;
Viver bem não é possuir muitas coisas;
Ser respeitado também é uma forma de ser feliz.

PS: Se alguém souber uma tradução ou interpretação melhor que essa, por favor, mande pra mim por meio de comentário. Ficarei bastante agradecido.

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Política e religião: Tolerância.

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Há algumas coisas que um político não deveria dizer ou fazer jamais. “Isso pega muito mal pra você”, me disse um publicitário amigo meu falando sobre a minha imagem. Segundo ele, tenho uma imagem muito boa em uma determinada faixa da sociedade, mas em outras ou sou um mero desconhecido ou, pelo fato de me ligarem ao grupo político ao qual pertenço, tenho uma imagem automaticamente associada à deles.

Apesar dessa advertência, há algumas coisas em que não vou mudar. Quem quiser, vai ter que gostar de mim assim como eu sou. Posso até tentar mudar em uma ou em outra coisa que não seja estrutural em mim ou em meu caráter, mas jamais tentaria mudar algo que pra mim é de decisiva e fundamental importância, como por exemplo, minha forma de me relacionar com meu Deus ou como me comportar moral e eticamente.

Imaginem se um marqueteiro chegasse pra mim e dissesse assim: “Para sua imagem ficar melhor você, que é bastante calvo, vai precisar a partir de agora usar uma peruca”. Se dependesse disso para minha imagem melhorar, pra eu ganhar votos e me eleger, estaria frito, pois isso eu jamais faria.

Se o mesmo marqueteiro dissesse que eu teria uma grande possibilidade de angariar mais eleitores se eu entrasse para uma igreja, qualquer que fosse ela, seria impossível para eu seguir esse conselho. Já se ele dissesse que eu devesse defender os interesses de um time de futebol, isso eu faria sem maiores problemas, desde que fosse a agremiação de minha predileção. Eu sou vascaíno e jamais vestiria a camisa do Flamengo na intenção de ficar bem na foto ou no voto.

Digo tudo isso porque hoje quero reafirmar aqui o que nunca escondi de ninguém: Eu não sou muito chegado à religião. A nenhuma delas, mas acredito firmemente em Deus. Em sua onipotência, onipresença e onisciência. Creio que Jesus, o homem, filho de Maria e enteado de José, tão filho de Deus quanto eu ou você, é o nosso maior e o melhor exemplo e que devemos fazer de tudo para tentar seguir seus passos. Tento firmemente ser cristão, o que para mim é seguir os ensinamentos e o exemplo do Cristo Jesus.   

Minha mãe que é uma mulher de extrema fé, uma católica fervorosa, tem suprido em parte essa minha carência dogmática a qual não faço muita questão de sanear.

Quero que Deus me permita amá-lo, respeitá-lo e honrá-lo longe da hipocrisia e da manipulação religiosa. É que eu já sou obrigado a conviver em um meio bem parecido com o da religião, a política, onde muitas vezes se você não seguir os dogmas, não rezar como querem os teólogos, gurus ou lideres, você é proscrito e excomungado.

Meu Deus não precisa de dogmas. Para mim o seu dogma é o natural, o amor, a paz, a compreensão, a generosidade, a bondade ou pelo menos a busca de todas essas coisas.

Mas ultimamente tenho freqüentado uma célula de uma igreja chamada Maranata, não por eu freqüentar essa igreja, mas sim por ser organizada por meu amigo Rafael Blume. Vou a sua casa ou às casas das pessoas que fazem parte dessa célula porque fui convidado, gostei e principalmente porque acho importante participar de grupos assim.

Nesse convívio, que tem sido bastante proveitoso, tenho visto que algumas pessoas realmente precisam de uma religião, de uma igreja de uma congregação para que seja possível efetivar sua fé e possibilitar seu engrandecimento enquanto ser humano. Mas tenho visto também e tenho comprovado nas leituras que fazemos lá, que um único sentimento, uma única ação resolveria quase todos os problemas e dificuldades do nosso dia a dia, do dia a dia de qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo: Tolerância.

Para onde quer que me vire, constato que com um pouquinho mais de tolerância por parte de todos, tudo ficaria bem mais fácil.

Amem!

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Notícia

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

Confundido com doleiro, dentista relata excessos de agentes em outra operação da PF 

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O policial vestido de preto gritava repetidamente “Você é o Marco Matalon. Fala, do-lei-ro Marco Matalon, fala”. Gritava e apontava a metralhadora para o homem franzino que tinha sido encostado à força contra a parede. Descalço, de pijama, o homem respondia: “Sou o Fabio Bibancos. Sou dentista. Não sou Marco Matalon.” Não adiantava.

Durou das 6h às 12h de anteontem a ação da Polícia Federal na rua Maurício Francisco Klabin, 401, na Vila Mariana. No local, os agentes acreditavam que funcionasse o escritório de Marco Ernst Matalon, que figura na investigação da PF como “um dos maiores doleiros do país” e está foragido.

Quando, às 6h, os agentes bateram à porta do imóvel, procurando por Matalon, foram atendidos, via interfone, pela caseira June Bernachi, 65. Ela lhes disse que não conhecia ninguém com tal nome e que não podia abrir a porta. Os “visitantes” insistiam e ela negava. Dez minutos depois, com um estrondo, a porta de vidro da frente foi destruída pelos homens. Que entraram.

A caseira, desesperada, telefonou para Bibancos, que mora em um edifício defronte ao local. Pedia socorro, achando que estivesse diante de assalto cometido por ladrões comuns. Bibancos correu para a clínica, convencido disso. “A gente vê o tempo todo nos telejornais ladrões fazendo-se passar por agentes da PF”, diz ele.

“Pára de chorar, bichinha”, gritou-lhe um agente, quando o dentista, de 45 anos, apavorado, tentava explicar-lhe entre lágrimas que não era Matalon (a quem conhecidos descrevem como homem corpulento, de mais de 70 anos), e que ali funciona o Instituto Bibancos de Odontologia, anexo ao qual estão instaladas a ONG Turma do Bem e a Escola do Pensamento em Saúde, projetos que ele anima.

Foi um mandado de busca e apreensão assinado pelo juiz federal Fausto Martin de Sanctis que autorizou a ação da PF no consultório de Bibancos. Segundo a Polícia Federal informou à Justiça, “teriam sido realizadas diversas vigilâncias” no local, que levaram aos seguintes apontamentos: “[tem] diversas características relacionadas à segurança (altos muros, guarita com segurança, câmeras de vigilância, interfone para identificação) que, em tese, seriam incompatíveis com as atividades desenvolvidas por ONG, havendo, assim, suspeitas de que poderia ser utilizado como “fachada” para atividades ilegais de câmbio ou até mesmo de lavagem de ativos.”

“Eu não teria muros altos ou câmeras de vigilância se vivêssemos em um país seguro”, defende-se Bibancos, uma estrela da odontologia paulista, que cuida, por exemplo, dos sorrisos dos atores Ana Paula Arósio, Marcelo Anthony, Marco Ricca e Fabio Assunção.

Os agentes da PF chegaram ao endereço da clínica de Bibancos rastreando a empresa Iaia Garcia Holding Ltda., em que Muriel Matalon, atriz e filha de Marco Ernest Matalon, consta como sócia. Muriel, que se encontra em viagem no exterior, é amiga de Bibancos e ex-voluntária da Turma do Bem, da qual se desligou oficialmente em 2006.

Desde então, a ONG, que dá atendimento odontológico gratuito a 6.000 crianças carentes de todo o país, recebeu o reconhecimento da Ashoka, uma organização mundial sem fins lucrativos que apóia empreendedores sociais destacados. O próprio Bibancos foi eleito Empreendedor Social 2006 em premiação promovida pela Folha em parceria com a Fundação Schwab. Há uma semana, o dentista estava em Nova York. Foi convidado pela equipe de programa de governo do candidato Barack Obama à Casa Branca a apresentar seu projeto.

A PF recolheu do consultório de Bibancos e da ONG sete hard disks, dois laptops e agendas. “Senti-me como em um Estado totalitário. O que eu vivi foi uma violência inaceitável contra os direitos de todos os cidadãos”, diz Bibancos, chorando.

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Eleições Municipais.

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Há muito tempo venho querendo escrever sobre as eleições do próximo mês de outubro, que definirão o preenchimento das câmaras e das prefeituras municipais para o quadriênio 2009/2012, onde mais de 5000 municípios elegerão novos mandatários.

Todos os olhares estarão voltados principalmente para São Paulo, maior cidade da América Latina, onde o atual prefeito Gilberto Kassab, tentará manter-se no cargo concorrendo, com dois ex-governadores do estado, dois ex-prefeitos e uma ex-ministra, tendo sido todos os seus três principais concorrentes, deputados federais. Paulo Maluf, Geraldo Alkimim e Marta Suplicy. Isso é o que se pode chamar de briga de cachorros grandes.

Mas os interesses nas eleições serão proporcionais aos tamanhos e as importâncias políticas de cada municipalidade. Não se pode comparar, por exemplo, a importância e o interesse de todos nós maranhenses dispensaremos às eleições de São Luis e às de Aldeias Altas.

Nem sei como está o quadro político em Aldeias Altas, mas em São Luis 11 candidatos disputam o Palácio Daniel de La Touche. São eles o ex-governador João Castelo (PSDB), cinco deputados federais, Gastão Vieira (PMDB), Pedro Fernandes (PTB), Flavio Dino (PC do B), Kleber Verde (PR) e Valdir Maranhão (PP). Temos ainda o deputado estadual Raimundo Cutrim (DEM) e o ex-deputado Clodomir Paz (PDT). Há ainda os candidatos Paulo Rios (PSOL), Welbson Madeira (PSTU) e Ribamar Pedrosa (PCO).

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Há uma coisa que se deve ressaltar e até mesmo elogiar. A qualidade dos candidatos. De modo geral todos os candidatos têm uma ótima formação e são detentores de uma grande e comprovada representatividade.

Até agora eu não disse nenhuma novidade e me parece que essa eleição terá essa característica, a facilidade de entendimento dos cenários políticos e a simplicidade das situações estratégicas que cada grupo político poderá e deverá lançar mão.

Há, no entanto, uma observação que devo fazer. No caso de São Luis, entendo que o governo jogou muito mal. Melhor para o sistema democrático, pois poderemos conhecer as diversas propostas políticas e seus protagonistas que a partir de agora, além de se candidatarem a prefeito de nossa capital, passarão a ser os eventuais candidatos a sucessores das nossas atuais maiores lideranças de um lado e de outro.

Para que o Governo vencesse com facilidade as próximas eleições em São Luis, no primeiro turno, sem muito estresse nem grandes gastos de qualquer natureza, bastaria ter feito corretamente seu dever de casa, costurado melhor e lançado uma chapa única, chapa, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Seria simples, era só dar o Porto para o Palácio. 

PS: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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Uma Triste Constatação.

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Não quero parecer saudosista. Quero é afirmar peremptoriamente que o sou e reafirmar que continuarei sendo. Não um daqueles saudosistas que só sabem reclamar da artrite e da vista cansada. De que não pode mais bater uma pelada na praia aos domingos, nem identificar se a pessoa de cabelos longos do outro lado do balcão é uma mulher ou o baterista da banda que toca no bar.

Jamais serei um desses saudosistas que é incapaz de se lembrar o quanto já foi bom de bola e o quanto lhe rendeu seu velho charme, ali encostado em seu Puma GTB, no estacionamento da boate do Jaguarema. Isso não!

Gosto de lembrar com alegria e com carinho das coisas que vivi, de eternizar na minha memória sentimentos, pessoas, lugares, visões, melodias, gostos e aromas que fizeram com que eu me tornasse quem eu sou hoje.

Vocês ai, os que são da minha faixa etária, conseguem se lembrar do cheiro do rinoceronte Cacareco, aquele brinquedinho que todos nós tivemos um. Eu lembro. Era feito de um látex bastante resistente, porem macio. Outro dia passou por mim uma moça linda e elegante e eu identifiquei nela o mesmo aroma que emanava daquele brinquedo. Chamei a moça de lado, expliquei-lhe que aquilo não era uma cantada e perguntei-lhe que perfume ela estava usando – “Jean Paul Gautier”, respondeu-me risonha. Não é que um perfumista que trabalha para o Gautier descobriu um poderoso feromônio da alegria infantil e aprisionou em um frasco, tal qual um gênio.

Mas meu atual saudosismo foi disparado por dois fatos que me causaram bastante tristeza. O primeiro é o fechamento da Varanda ou como queiram alguns, da Maria Castelo.

Depois da morte de dona Maria, sua filha Sonia, vinha tocando aquele que era o primeiro lugar que eu costumava levar meus amigos que vinham de fora, para degustar um fenomenal casquinho de caranguejo ou uma deliciosa patinha do tal crustáceo.

O cerramento das portas de um restaurante como aquele, mais que o simples encerramento de um CNPJ, é a constatação que a cidade que nós tanto amamos, o lugar que nos viu nascer, que nos ajudou a crescer, que nos acalentou nas madrugadas úmidas dos anos 80, esta cidade está morrendo. Morrendo uma morte muda, calada e nós, mesmo os que prestam atenção nisso, apenas observamos impotentes a marcha dos acontecimentos.

Meus amigos Roosevelt, Nelson, PH, Zé Valter, Cabileira, Fernando, Marcelo, Henry, Chico, Castelo, Sergio, Plantier, Danilo, Luis Carlos, Paulo… Nós teremos que eternizar em nossas memórias, eu vou ter que eternizar em minha memória, o paladar das comidas de dona Maria Ribamar. Seu excepcional vinagrete, sua farofa torradinha, o camarão grelhado que para Ivana era servido com dois ovos estrelados que mais pareciam sois, aquele macarrão com camarão que nunca sei dizer o nome, os filés, acebolado e com champignon, puxados na cebola, no alho e na pimenta do reino…

Isso não é apenas saudosismo, é uma constatação: Nossa polis, nossa cidade, assim como nós a conhecíamos, está acabando, esta morrendo. Uma parte de nós esta morrendo com ela. 

A outra notícia, que se não é tão ruim quanto esta, pois há uma incrível e inteligente solução a ser dada, é tão comprobatória de que as últimas coisas de nossa cidade, que nos liga ao nosso passado, um passado extremamente recente, estão se acabando. É o fato de que o cine Roxy esta para ser vendido pra uma loja de roupas ou de calçados, como já aconteceu com o cine Éden e o cine Passeio.

Acho que o governo federal através da Universidade, da lei Rouanet, do MinC, da Petrobras, Eletrobrás, os governos estadual e municipal, através de suas leis de incentivo a cultura e de suas secretarias responsáveis pelo setor, deveriam comprar o prédio onde funcionou o Roxy e doá-lo para o Instituto Guarnicê, ligado a UFMA para que possamos ter ali além de preservada a memória de um pedaço de nossa cidade, um centro de convergência e de convivência de estudantes, cinéfilos e cineastas maranhenses.    

Parabéns meu querido amigo Ivan, você esta corretíssimo, é preciso amar a cidade, é indispensável que se ame a nossa cidade, pois assim estaremos amando a nós mesmos e às pessoas. 

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Bom, ruim e terrível

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

BOM : Sua esposa está grávida.
RUIM : São trigêmeos.
TERRÍVEL : Você fez vasectomia ano passado e não contou pra ninguém.

BOM : Sua esposa não fala mais com você.
RUIM: Ela quer o divórcio.
TERRÍVEL: Ela é advogada.

BOM : Seu filho passou da puberdade.
RUIM : Ele está envolvido com a vizinha da frente.
TERRÍVEL : Você também está.

BOM: Seu marido entende de moda feminina.
RUIM : Usa a sua roupa.
TERRÍVEL : Fica melhor nele que em você.

BOM : Você decide dar aula de educação sexual para a sua filha.
RUIM: Ela te interrompe várias vezes.
TERRÍVEL : Corrigindo você.

BOM : Sua filha arranjou seu primeiro emprego.
RUIM : De prostituta.
TERRÍVEL : Seus colegas do futebol e do trabalho estão todos ficando clientes dela.
MAIS TERRÍVEL AINDA : Ela está ganhando 10 vezes mais que você e disse que vai reformar a casa e te dar um carro novo.

BOM : Você arranjou uma gata quente para bater papo via CHAT… Começou no erótico, partiu pra sacanagem e descambou para a pornografia pura.
RUIM : não agüentando de tesão você resolve se revelar. Ela responde que conhece você muito bem e que não vai dar para continuar porque você não passa de um grande canalha e, ainda por cima, vai contar para a sua mulher!
TERRÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍVEL : Era sua sogra.

MORAL DA HISTÓRIA : Ta ruim? Não reclama… Aprenda a sorrir de seus problemas e não terá razões para deixar de sorrir!

Loucura é fazermos sempre as mesmas coisas e esperarmos por resultados diferentes!

E lembre-se que um dia você já foi o espermatozóide mais esperto da turma.

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Cinco prêmios em oito dias: “Pelo Ouvido”, de Joaquim Haickel

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Matéria publicada no site www.curtaocurta.com.br

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Entre os dias 14 e 21 de junho, o filme “Pelo Ouvido”, adaptado, produzido e dirigido por Joaquim Haickel foi premiado em três festivais. No Boston International Film Festival, nos Estados Unidos onde ele levou o prêmio de melhor direção, no II Festival Curta Cabo Frio, onde recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio de melhor atriz para Amanda Acosta e no 31º festival Guarnicê de Cinema de onde saiu com os prêmios de melhor filme do júri popular e novamente de melhor atriz para Amanda Acosta.

O filme é baseado no conto homônimo de Haickel, que além de realizar trabalhos no cinema e literatura, também é deputado. O texto foi escrito na década de 80, quando o diretor participava da revista cultura Guarnicê e ainda ensaiva os primeiros passos na política. A trama gira em torno das relações de um casal, cujo protagonista, após acidente, tornou-se cego, surdo e mudo. Cerca de 40 pessoas trabalharam na produção do filme, que custou aproximadamente 150 mil reais.

Confira abaixo uma pequena entrevista com o diretor e o conto que deu origem ao filme.

joaquimnagibhaichel.jpgCurta o Curta – Como nasceu a idéia do filme?
Joaquim Haickel
– Em outubro de 1991, o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu veio a São Luís ministrar um curso para jovens poetas, escritores, jornalistas e universitários maranhenses.Cada dia alguém da oficina indicava um conto para ser lido por e depois havia uma rodada de discussões e comentários.

Sugeri a leitura do conto “Pelo Ouvido”, dizendo-o de David Linch. Lido o conto, a maioria do grupo – inclusive o próprio Caio Fernando Abreu – reconheceu traços cinematográficos que ligavam o texto a experiências do soturno diretor. No dia seguinte, o constrangimento foi geral quando todos souberam que eu havia escrito o conto Pelo Ouvido em 1983, e não David Linch.

COC – Quanto tempo durou a produção? Qual a maior dificuldade que você enfrentou?
Haickel
– Adaptamos o roteiro em 30 dias. Aprovamos o projeto no Minc em 60. Enquanto isso, adiantávamos a pré-produção. Gravamos em 5 dias. Desenvolvemos uma trilha sonora original, montamos e finalizamos em mais 90 dias.

Foram 6 meses de um trabalho extremamente prazeroso. Tive a sorte de contar com uma equipe de primeira: Cássia Mello, Arturo Sabóia, o pessoal da Mutante Filmes, etc. Dificuldade mesmo só para conseguir patrocinador.

COC – Esse é seu primeiro filme?
Haickel
– Pode-se dizer que sim. Participei de um grupo que fazia filmes em super 8 no inicio dos anos 80 em São Luis. Fizemos até um filme que ganhou os prêmios de melhor filme maranhense tanto do júri técnico, quanto do júri popular. Chamava-se “The Best Friend – O Amigão”. Agora, paralelamente ao “Pelo Ouvido” fiz outro filme, “Padre Nosso”, editado em duas versões, 1 minuto e 4 minutos.

COC – O filme tem participado de outros festivais?
Haickel
– Para mim foi indispensável a contratação do Curta o Curta para distribuir o filme em 50 festivais nacionais. Quanto aos festivais internacionais, minha amiga Lyvia Viana tem feito um trabalho incrível de distribuição. Estamos participando da pré-seleção de outros 50 festivais fora do país e acabamos de saber que estaremos na sessão Focus on World Cinema do Festival Des Films Du Monde, em Montreal no Canadá, em agosto.

COC- Você está fazendo outro filme agora?
Haickel
– Tenho uns quatro projetos em mente. Um documentário sobre as relações entre eleitor e candidato durante uma campanha política. Um docudrama sobre um personagem da historia maranhense, que ainda não foi escolhido. Pode ser o Padre Antonio Vieira, Gonçalves Dias, Sousândrade, Ana Jansen, os irmãos Artur e Aluízio Azevedo, Joaquim Gomes de Sousa, O caso vergueiro ou sobre as ricas famílias maranhenses do inicio do século 20.

Há muito assunto. Alem disso quero encontrar alguém que me ajude a adaptar algumas historias de meu livro de contos, A Ponte. E principalmente, quero fazer um longa-metragem baseado no mundo do cinema. A vida das pessoas que estudam esse oficio, essa arte. Tudo a cerca dessa gente, de seu trabalho e de seus sonhos. Uma homenagem ao cinema, os cineastas e aos cinéfilos.

COC -Por que e para que fazer curtas no Brasil de hoje?
Haickel
– É fazendo curta que se aprende a fazer longas! É praticando que se aprimora e a maneira mais fácil de se praticar é fazendo, e pra se poder fazer temos que começar fazendo mais barato, mais simples. Há outro motivo de porque e pra que se deve fazer curta metragem. Essa é uma linguagem única, a capacidade dizer em 15 ou 20 minutos o que alguns levam 90 ou 120. Curtas e longas estão para literatura como conto e romance. Para um há um mercado estabilizado e demanda para o outro não, mas nem por isso deve se deixar de fazê-lo.

Pelo ouvido, o conto

Cego era Churck. Cego e surdo.
Em verdade Churck era cego, surdo e mudo.
Kate não era sadia. Talvez não muito sã, mas sadia.

*

Casaram-se em Richmond e foram morar em Washington, num bairro antigo – Georgetown.
Kate trabalhava numa fábrica de sutiãs – telefonista.
Churck recebia pensão do exército. Na Coréia, uma granada estourou-lhe os tímpanos, arrancou-lhe as cordas vocais e vazou-lhe os olhos. Mas foi só.

*

Voltou pra casa e casou com a namorada de infância Katarrine Hampumt.
Kate o amava muito. “Kate o ama muito” – comentava-se.

*

Voltar pra casa, encontrar Churck e amar era o que se passava pela cabeça dela desde a saída.
Chegava, preparava banho pra dois. Espuma e amor na banheira.
Churck adorava. Kate nem tanto. Preferia na cama.

*

Depois do chá com torradas, Kate lia – Dashiell Hammett – em voz alta.
Churck nada ouvia. Pintava: mulheres – azuis, verdes, lilases, sempre mulheres nuas – nada via.

*

Onze horas, a de deitar. Kate sorria – hora de sentir prazer. Primeiro adaptava o headfone com o qual trabalhava a seu aparelho, discava: Chevy Chase, 3951.

*

“Alô!” – Kate.
“Estava ansioso…” – voz masculina do outro lado da linha.

*

Kate e Churck se amavam, Churck nada falava.
Kate ouvia.

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20 curiosidades sobre a China

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Tenho um bom amigo que me manda pelo menos 50 mensagens eletrônicas por dia, então resolvi compartilhar com vocês, sempre que for possível, algumas delas (apenas algumas…rsrsrsrs). Espero que apreciem.

Em Agosto deste ano, todos os holofotes do mundo estarão voltados para a China, por causa dos Jogos Olímpicos de Pequim. Mas o que não podemos imaginar são as curiosidades à respeito do país mais populoso do mundo.
 
Esta semana, despertado que fui por uma reportagem sobre o assunto publicada na revista Superinteressante, resolvi ir à caça e trago aqui para a Papo de Homem um mundo de fatos curiosos sobre a China.
 
1.
A cada feriado do Ano-novo chinês, mais de 300 milhões de pessoas viajam pela China, para visitar parente, sendo o maior movimento migratório do planeta. Como não conseguem ir ao banheiro nos trens superlotados, muitos viajantes usam fraldas para adultos.
 
2.
A polícia não tem armas. Aliás, ninguém carrega armas, e o crime praticamente não existe entre os civis. Também pudera, aquela clássica história do criminoso ser executado e a bala ser cobrada da família assusta qualquer um. A China é o país que mais executa
prisioneiros no mundo.
 
3.
Após décadas do mais puro regime comunista, os chineses ignoram o que é privacidade. Bisbilhotar e tomar conta da vida alheia é quase obrigação, sendo muito comum xeretar conversa alheia ou olhar o cartão de ponto do colega para denunciar atrasos.
 
4.
Os símbolos chineses são tão ornados e complicados de desenhar, que se você resolve sentar num banco e escrever algo num papel comum, vai atrair uma multidão de curiosos apontando para você. Vai entender?
 
5.
São calmos até demais. Não se ouvem buzinas nos engarrafamentos. Não se vê chinês com cara de estressado.
 
6.
O que nós chamamos de boa educação e higiene não se aplica na China.
Os banheiros são apertados, fedidos e com apenas um buraco no chão.
As pessoas urinam no meio da rua. Soltar puns em público é com eles mesmos.
O que chama mais atenção é o hábito de cuspir: Chineses cospem em qualquer lugar, e se você der mole, pode levar uma cusparada acidental, pois a medicina tradicional chinesa acredita que seja danoso engolir a saliva. E fuma-se até em aviões na China.
 
7.
Os chineses recusam gorjetas. Um viajante relatou que ao oferecer uma gorjeta a uma garçonete, ela empurrou a mão dele e saiu correndo, corada de vergonha. Quando você deixa a gorjeta na mesa, o funcionário corre atrás de você para devolver o dinheiro.
 
8.
Essa é muito esquisita. Funcionários chineses riem da sua cara quando você reclama de algo. Parece que estão de sacanagem, ninguém consegue entender, mas deve ser algo cultural. Eu, hein?
 
9.
Os bebês chineses andam com a bunda de fora. Sim, as roupas têm buracos no bumbum do bebê. E em último caso, vai na rua mesmo. As fábricas de fraldas devem adorar isso.
 
10.
Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas.
 
11.
O território chinês abrange 4 fusos horários, mas o governo não quer nem saber, e todo o país adota a hora de Pequim. O que faz o sol nascer às 4 da manhã no leste do país, e no oeste, às 9 da manhã.
 
12.
Os chineses são muito supersticiosos. Os andares 4, 14 e 24 de muitos prédios não existem, porque o ideograma do 4 é parecido com o da morte. Celulares terminados em 4 ou com muitos 4 são bem mais baratos, e muito utilizados por estrangeiros.
Já o número 8 tem o ideograma que lembra o da prosperidade. Não é à toa que os jogos Olímpicos começarão no dia 8 de agosto de 2008, às 8:08 da noite.
 
13.
Os lamas tibetanos estão desde o ano passado, proibidos de ressuscitar sem autorização do governo
 
14.
Segundo tradição do interior do país, homens que morrem solteiros têm a linhagem comprometida na próxima vida.
Para evitar isto, os familiares tentam arrumar o chamado minghun, ou casamento após a morte, enterrando uma noiva-fantasma ao lado do solteirão. Quanto mais nova a moça, melhor, e o preço pode chegar a US$ 2000,00.
 
15.
Fruto da política do filho único e da preferência das famílias por homens, existem 18 milhões de homens a mais que mulheres na China.
Saber o sexo da criança antes do nascimento é proibido, porque se for mulher, o casal pode decidir abortar.
Apesar disto, o aborto é legal na China, mesmo no final da gravidez.
Por conta disto, a China é o país mais avançado em pesquisas com células-tronco, além que quase nenhuma chinesa tomar anticoncepcional.
 
16.
A inovação mais recente que o governo quer implantar na legislação trabalhista são férias anuais de 15 dias. O salário de um operário é mais ou menos R$ 80,00/mês.
 
17.
A gastronomia chinesa é, digamos, exótica. O banquete do ano-novo chinês entre os mais ricos inclui iguarias como ovos podres cozidos e sopa de ninho de andorinha. Nas províncias do sul, come-se de tudo: gafanhotos, escorpiões, ratos selvagens, gatos, cachorros, estrelas-do-mar, cobras e até casulos de bicho-da-seda.
Há um restaurante em Pequim cuja especialidade é pênis. Isso mesmo, lá se tem pratos com o membro de 9 animais : Touro, jumento, cão, cobra, cervo, carneiro, búfalo, foca e cavalo, e como o povo acredita que o prato é afrodisíaco, não faltam clientes.
Ah, e se estiver numa mesa com chineses, jamais deixe os palitinhos fincados no arroz, pois isso representa desejar a morte das pessoas ali presentes. E também procure deixar comida no prato, pois um prato vazio para os chineses não significa que você gostou da comida, mas que o anfitrião foi ineficiente ao te servir.
 
18.
As transmissões de redes internacionais de TV apresentam 9 segundos de atraso. É o tempo suficiente para que o censor tire a rede do ar caso constate que a notícia é ofensiva aos interesses chineses.

19.
77% dos chineses não sabe que a Aids pode ser evitada com o uso da camisinha.
 
20.
Ver filme erótico pode dar cadeia (se você for pego, claro). Gays também são perseguidos por lá. Anúncios, passeatas ou personagens gays na TV são proibidos.

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Maranhão no Festival de Cinema de Boston

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FÉLIX ALBERTO LIMA
Especial para o Alternativo – jornal O Estado
Trailer Pelo ouvido

amandaacosta.jpgUm tributo ao mais feminino dos sentidos humanos. Assim é Pelo Ouvido, o curta-metragem do maranhense Joaquim Haickel que participa hoje da 13ª sessão competitiva do Festival Internacional de Cinema de Boston, nos Estados Unidos. O filme, única produção brasileira selecionada para o festival, é baseado em conto homônimo de Haickel publicado no livro A Ponte, em 1991, pelo selo Edições Guarnicê.

Pelo Ouvido é visceral e ao mesmo tempo suave e terno. Tem pegada técnica com uma linguagem universal, envolvente. São 17 minutos de uma história que surpreende, de roteiro inteligente, trilha sonora original impecável e recursos cenográficos sob medida. Pelo Ouvido, o conto, foi escrito em 1984, quando Haickel integrava a equipe de redatores e agitadores culturais da revista Guarnicê e ainda ensaiava os primeiros passos na política.    

A história se passa quase que totalmente dentro de um apartamento de uma grande cidade, que tanto pode ser São Paulo, Londres ou São Luís. Pelo Ouvido cabe em qualquer parte porque prende a atenção e transcende tempo e espaço. O filme conta a história de Katie (Amanda Acosta) e Charlie (Eucir de Souza). Charlie é vítima de um grave acidente que o deixa com seqüelas irreparáveis. Cego, surdo e mudo, Charlie mergulha no silêncio de um mundo que nem sempre satisfaz as fantasias da jovem Katie. Há poucos minutos para compreender – ou pelo menos para tentar decifrar – os desdobramentos dessa relação. Katie e Charlie se entendem.    

 O curta-metragem, a rigor, sugere uma discussão, traz uma mensagem subliminar, defende um ponto de vista, documenta uma história, revela passagens de ficção, fragmentos da história. Esqueça tudo isso. Pelo Ouvido é um curta sem maiores pretensões, uma provocação desinibida sobre um tema que, entre quatro paredes, salta aos olhos da indiferença. Joaquim Haickel não quis escrever um réquiem aos amores servis. Katie e Charlie se dão de presente, na cama, na banheira, no tato, na poesia, no telefone. Para gemer cada vez mais alto, Katie precisa ouvir o que Charles é incapaz de pronunciar.    

 Pelo Ouvido foi rodado em São Paulo entre setembro de 2007 e maio de 2008. Com roteiro de Joaquim Haickel e Arturo Sabóia, o filme é dirigido pelo autor do conto e tem produção executiva de Ana Mendonça e Coi Belluzzo. Cerca de 40 pessoas, entre técnicos, atores e assistentes, participaram da produção que arrebatou lugar de destaque no Festival Internacional de Boston. O curta consumiu na produção aproximadamente R$ 150 mil, com equipamentos, pagamento de cachês e custos com locação.

 Eucir de Souza, o Charlie, é ator da nova geração do teatro paulista. Em 2007, encenou o monólogo O Incrível Menino Na Fotografia, com texto de Fernando Bonassi. No cinema, participou de curtas como Riso-Hiena, O Tempo dos Objetos e Fim de Caso. Mais recentemente fez o curta-metragem Palíndrome. Em Pelo Ouvido, Eucir interpreta com a alma um artista (poeta, músico e escultor) preso no silêncio cego de seu apartamento.

 A bela Amanda Acosta, que interpreta Katie, tem passagens pela TV, publicidade, cinema e teatro. Nos palcos,encenou Rapsódia dos Divinos, As mulheres da Minha Vida, Os Sete Gatinhos, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. Marcante foi sua interpretação de Elisa Doolittle na inteligente comédia My Fair Lady. Na música, Amanda Acosta foi uma das vozes do famoso Trem da Alegria, grupo que embalou sonhos de muitas crianças Brasil afora. Voz afinada e de repertório luxuoso, Amanda dá vida à música O Segredo, feita especialmente para o filme Pelo Ouvido.

Autodidata e apaixonado pela Sétima Arte

As primeiras experiências de Joaquim Haickel com cinema datam das cruzadas culturais dos anos 80. Perambulou a esmo pelas salas dos cines Rex, Monte Castelo, Rialto, Éden, Roxy e Passeio. Em 1984, com uma idéia na cabeça e uma câmera na mão de amigos, Haickel une-se a João Ubaldo e Newton Lilio para rodar The Best Friend (O Amigão) e o inscreve na 8ª Jornada Nacional de Cinema do Maranhão, o persistente Guarnicê de Cinema dos tempos atuais. O filme conquista os prêmios de melhor filme maranhense, do júri técnico, e melhor filme da jornada, do júri popular.

Adquiriu gosto pela arte, mas não quis mais brincar de cinema, pelo menos até o ano passado. Virou cinéfilo e passou a conhecer a linguagem do cinema como poucos no Maranhão. É um devorador de fichas técnicas, um incorrigível palpiteiro nas sessões do Oscar e freqüentador assíduo das salas de exibição.

Fazer cinema novamente, segundo Haickel, é reinventar o desafio do menino que cresceu impressionado pela luz e pelo movimento da tela grande. “Não estudei a linguagem do cinema, não freqüentei as academias, mas tenho o conhecimento do autodidata dedicado, apaixonado”, argumenta. Orgulha-se de ser um amador em matéria de cinema. “Amador é aquele que ama o que faz, e é isso o que acontece comigo”.

Sobre incursões futuras na produção cinematográfica, Joaquim Haickel desconversa. “Eu não sei bem o que eu quero, mas o que eu não quero eu tenho certeza”, relata em depoimento no making off do filme.

Capa Alternativo – O Estado – 08/06/2008

Complemento importante dessa notícia: 

“Pelo Ouvido”, Filme de Joaquim Haickel leva 5 prêmios em seus 3 primeiros festivais. 

Entre os dias 14 e 21 de junho, o filme “Pelo Ouvido”, adaptado, produzido e dirigido por Joaquim Haickel, tendo por base um de seus contos, foi premiado em três festivais. No Boston International Film Festival nos Estados Unidos onde ele levou o prêmio de melhor direção, no II Festival Curta Cabo Frio, onde recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio de melhor atriz para Amanda Acosta e no 31º festival Guarnicê de Cinema de onde saiu com os prêmios de melhor filme do júri popular e novamente de melhor atriz para Amanda Acosta. 

TROFÉU SÃO LUÍS: O júri técnico de Vídeo atribuiu o Troféu São Luís para o Deputado Joaquim Haickel pela sua cumplicidade com o movimento audiovisual maranhense.

“Pelo Ouvido” ainda participa da pré-seleção de mais de 100 festivais de cinema, no Brasil e no exterior, para isso o filme foi traduzido e legendado em inglês, francês e espanhol. 

Para os festivais nacionais a Guarnicê Produções, dirigida por Joaquim Haickel inscreveu outro filme, “Padre Nosso”, também baseado em uma de suas obras, desta vez um poema.   

Veja também: http://www.curtaocurta.com.br/

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