A ILHA
Ainda criança aprendi o que é uma ilha.
Nasci em uma!
Agora marcado pelas memórias
descobri que podem haver outros tipos
Descobri que uma porção de terra
cercada de poesia por todos os lados,
cercada de amor,
também é uma ilha.
Ainda criança aprendi o que é uma ilha.
Nasci em uma!
Agora marcado pelas memórias
descobri que podem haver outros tipos
Descobri que uma porção de terra
cercada de poesia por todos os lados,
cercada de amor,
também é uma ilha.
Você não nega
mas sonega.
Eu nem isso,
não nego nem sonego,
entrego tudo.
Falo,
felo,
“fi-lo
porque qui-lo”
folo,
fulo
fico assim pela distancia,
pelo tempo.
Fito a foto daquela noite:
Que loucura!
Embriagues sem álcool.
Só me resta imaginar…
Passar a barba em teu braço,
em teu ombro,
teu pescoço,
puxar teu cabelo.
Te abraçar,
beijar tua boca
e te amar.
Falar ao teu ouvido esquerdo
palavras que te façam tremer,
que deixe o outro morrendo de ciúmes,
que te façam voar…
Depois,
virar-te do avesso
e travesso
saciar a vontade do teu direito ouvido
e dizer-te tudo…
O vento açoita a janela
e o sol começa
a invadir pelas frestas.
Bem-te-vis e curiós
entoam o que lembra
uma melodia de Vivaldi.
Agarrada a mim
ela não pára de tremer
pede pra eu não parar
e diz que gosta.
Asmática,
ensaia uma tosse
mas a hipófise vence os brônquios.
De que mais precisa um homem?
Vento, sol, passarinhos.
Uma mulher linda,
de pele branca.
Uma rosa tatuada,
nome de filme.
Doida para aprender
o que se faz
e como ver.
Luz artificial!?
Pra quê!?
Tudo lá fora
e ela comigo
aqui dentro,
aqui dentro.
Qualquer coisa a mais
é excesso.
Muito cedo descobri que em algum lugar em meu cérebro havia um dispositivo que fazia com que eu não agisse de determinada maneira, que me censurava, e que fazia com que eu simplesmente redirecionasse minhas energias para outras coisas, fazia com que pensasse, idealizasse, sonhasse, vivenciasse, mas não fizesse, não realizasse aquele intento previamente censurado, e ainda assim essa tal engrenagem fazia com que eu sentisse o prazer advindo daquela energia, fazia com que eu conseguisse sentir prazer como se tivesse realizado meu intento primordial. Foi assim que comecei a escrever muito cedo, foi assim que busquei os esportes, foi assim que me apaixonei pelo cinema. Hoje vejo que foi também assim que optei pela política.
Depois descobri que em algumas circunstâncias isso também servia de adiamento, procrastinação, maturação e até, de certa forma como planejamento de algo que eu desejava realizar e que, através daquele instinto poderoso, eu apenas treinava para quando chegasse a hora de colocar em prática. Talvez por isso, tudo em minha vida tenha acontecido de forma mais arrumada, mais planejada e natural.
Muito tempo depois de conhecer tal sintoma, de identificar com precisão suas circunstâncias, seus efeitos e até algumas formas correlatas e análogas de seu desenvolvimento em minha vida, lendo sobre psicologia, descobri tecnicamente, cientificamente, do que se tratava.
A palavra usada para designar tal função de nosso inconsciente, para nomear esse nosso instinto é tão esclarecedora que não precisa de maiores aprofundamentos para seu entendimento. Trata-se da sublimação, que em química significa mudança do estado sólido para o estado gasoso ou vice-versa, sem passar pelo estado líquido. Palavra que no dicionário está assim descrita: Sublimação – 1. Tornar sublime; purificar, enaltecer, exaltar. 2. Tr. dir. Elevar à maior perfeição. 3. Pron. Tornar-se sublime; enaltecer-se, engrandecer…
No âmbito da psicanálise, esse fenômeno, a sublimação, é o processo inconsciente que consiste em desviar a energia da libido para novos objetos, de caráter útil. Mecanismo de defesa do eu, através do qual alguns impulsos, desviados de seu objeto primitivo, são integrados na personalidade que os investe em objetos equivalentes de valor social. Segundo Freud sublimação é a fonte da nossa cultura. Só produzimos arte, ciência e tudo o mais porque deixamos nossa energia canalizada para isso, porque não podemos ou pelo menos não devemos sair por ai matando, roubando, mentindo…
Em suma, sublimar um desejo, uma ação, é por uma atitude consciente ou semi-consciente, deixar de realizar esse desejo, mas sentir-se como se o tivesse realizado.
Estou passando por uma fase dessas em minha veia artística. Tenho sublimado muitas idéias, tenho armazenado energia para uma realização que ainda não consigo identificar, mas sei que ela está por aqui em algum lugar, dentro de minha cabeça, rondando, espreitando, esperando uma oportunidade.
A coisa é tão séria que comecei a fazer uma lista de idéias de poemas, crônicas, contos, roteiros ou mesmo de algumas mudanças neles. Só para citar alguns: Há pelo menos três anos venho observando que com freqüência tenho engolido a letra “E” quando estou escrevendo. É como se o “E” não existisse, principalmente em alguns casos. Por exemplo, acabei de voltar a linha anterior para colocar o segundo e o terceiro “E” na palavra escrevendo, pois meus dedos guiados por meu cérebro os eliminaram. Dá um bom ensaio não acham?
Tenho comigo, desde a primeira vez – devia ter doze anos – em que assisti ao filme Sansão e Dalila, com Victor Mature e Hedy Lamarr, a tese de que a força de Sansão jamais esteve em seus cabelos, mas sim em seu amor, da mesma maneira que sua fraqueza não consistia em simplesmente ser careca, mas sim na decepção pela traição de sua amada.
Tenho sentido muita vontade de falar sobre o que aconteceu e continua acontecendo no Haiti. Preciso dizer o que penso e o que sinto sobre a segunda fundação do estado maranhense, agora com essa nova arrancada para o progresso.
Da mesma forma tenho sentido muita vontade de escrever sobre alguns amigos meus, pessoas de quem gosto, com quem tenho afinidades, que são caras para mim como Paulo Nagem, Antonio Carlos Barbosa, Fernando Sarney e Edinho Lobão que são quase como irmãos. Paulo Coelho, Celso Borges, Érico Junqueira Ayres e Roberto Kenard, de quem sinto tanta falta (deles e do tempo em que éramos muito, muito felizes). Heloisa Collins amiga para sempre. Cristina Tavares meu primeiro amor verdadeiro. De Ivana Farias com quem aprendi muito do que sei e com quem fiz minha melhor história: Laila.
E queria falar também de outros amigos: Nelson Frota, espécie de primo mais velho, precoce. Falar de Gonçalvinho e da inveja boa que tenho de sua competência e do orgulho que sinto de sua simplicidade prestativa; De Benjamim Alves de quem nem sou tão intimo, mas que consegue ser tão elegante que me sensibiliza. Falar de Zeca Brás que vota em mim há vinte e oito anos, e principalmente de Hélio Sales, um pequeno amigo em estatura física, pois mede pouco mais de um metro de altura, mas que é um gigante em lealdade, que mesmo em meio à traição da qual fui vítima no município de Pio XII, ele me ligou e disse que não deixaria de me apoiar, pois via em mim uma boa pessoa e o melhor deputado para lhe representar.
Bem, um dia desses, quando passar essa fase de sublimação, vamos falar de todos esses assuntos. Por enquanto, sublimemos.
Um cavalo chamado Totó
Totó tinha um nome comprido e importante: Antônio Carlos Maciel Filho. Mas todo mundo só o chamava de Totó. Nasceu numa fazenda e lá cresceu, livre e solto, com a inocência impregnada de malícia dos meninos que convivem com os animais, acostumados à vadiação dos bichos e às coisas naturais dos campos e currais. Pela manhã, estudava com a professora que o pai trouxera da cidade só para ele, a fim de que não crescesse burro, como as crianças do sítio, que mal aprendiam a ler na escolinha do Governo, situada meia légua mais adiante, no povoado de Areal Grande.
A noite, repassava as lições, brincava um pouco com Tininha ou ouvia as estórias engraçadas de Nhá Esperança. As tardes, porém, de chuva ou sol quente pertenciam aos dois; montavam a cavalo e saíam pelas estradas parando de casa em casa, ou iam para a Casa do Fomo ver fazer farinha. Sempre os dois, sempre juntos, ele e Tininha. As vezes, atravessavam a capoeira que ficava atrás da Casa Grande e iam até o chiqueiro espiar o barrão cobrindo as porcas. E lá ficavam um tempão, ele espicaçado pela curiosidade de Tininha, um pouco mais velha e mais bem informada:
– Olha, Totó, como o bicho até dorme em cima da outra. Pera aí…
E, com uma varinha, acordava o porco para que retomasse os movimentos, pois era o que de bom havia para ver. Tininha se chegava mais para junto dele e, assim, grudados um ao outro, ensaiavam as primeiras carícias, imitando os porcos. Tudo inocente e puro. Os dois, cada vez mais próximos do prazer.
Um dia, Tininha – que tinha, também, outro nome, pois, na verdade, se chamava Maria Otília, e era filha de Sebastião Vaqueiro – perguntou para ele:
– Totó, será que quando a gente for grande vai fazer assim?
Isso Totó não sabia direito, que dessas coisas Tininha entendia mais. Contudo, respondeu que sim e que era muito bom.
– Tu não vê que a porca até chega pra trás quando a piroca dele vai saindo dela?
-Engraçado, parece uma rosca de pua. Tu não sabe o que é pua? Aquela coisa de fazer buraco em pau…
Totó inocente, Tininha sabida. Mas lá estavam, outra vez, os dois grudados, se remexendo, remexendo, sem saber realmente para quê.
– Totó, tu me mostra tua piroca? Se tu mostrar, eu te mostro minha piriquita.
Dessa maneira, os dois se conheceram melhor, sem nada acontecer, entretanto, que já não houvesse acontecido. Mas foi nessa tarde, o céu e um sabiá-laranjeira por testemunhas, sem tirar os olhos dos bichos, que Totó, engasgado com algo que não tinha na garganta, falando de um modo tão diferente, disse à menina: Tininha, eu acho que vou te querer sempre. Quando crescer, eu me caso contigo.
Isso aconteceu numa tarde, que poderia ser de primavera, se houvesse primavera no sertão, lá pelo mês de outubro ou fim de setembro. No começo do outro ano, Dr. Maciel, por procuração do destino, levou o filho da fazenda para estudar na capital, onde entraria no ginásio. Antes de viajar, Totó deu Matreira, que já estava coberta, de presente a Tião: Olha Tião, depois que Matreira parir, ela é tua, mas a cria, se for fêmea, é minha; se for macho, é de Tininha.
Matreira era uma égua toda cheia de graça, as ancas luzidias e redondas como as da mulher mais velha e tinha os olhos esverdeados, quase da cor dos de Tininha, que também era castanha.
Quando Matreira pariu, a menina ficou em casa, torcendo:- É macho, tem quer ser macho.
E da torcida ou não, nasceu mesmo um potrinho, que mal se sustinha em pé, as perninhas dianteiras muito abertas para não cair, castanho como era a mãe, quase da cor de sua dona.
– Vou chamá-lo de Totó, Papai.
O tempo passava e Tininha crescia fazendo-se mulher, ensinando artes e coisas ao cavalinho, serviços de casa e do campo. Fazia já um ano que Totó partira para a cidade, sem nunca dar notícias, mas a garota não se preocupava muito, tratando de se recompensar:-Ele vai ser doutor!
Na semana de seu aniversário, Tininha cai doente.
– É malária, disse o médico.
Tininha teve que ir para a rede, armada diante da janela aberta, no quarto da frente, onde passava os dias a espiar a vida lá fora. Atenta aos seus barulhos familiares, à algazarra dos pássaros, o gemido triste dos carros de boi voltando da roça, a galinhada cacarejando, alegre, debaixo do cajueiro grande que dava para a outra janela, ao lado da casa. Quando a febre subia e tomava conta de seu corpo entorpecido, ela perdia, também, o interesse pelas coisas e a fazenda parecia mergulhar em silêncio e desolação. Ligando à vida, apenas a cabeça bonita de Totó, insinuada para dentro do quarto, através da janela, de onde ficava a olhá-la e a relinchar. Aquele rincho baixo e grave, como se fosse um aviso de sua presença amiga ou um convite para levantar-se “Levanta, patroa, vem comigo, que os caminhos agora são amenos”. Tião Vaqueiro chegava a se danar:
– O diabo desse cavalo parece um cachorro, meu Deus! Até o nome é de cachorro, que me perdoe o doutorzinho que está lá na capital Se a gente deixar, é capaz dele entrar e deitar, que nem um cachorrinho, debaixo de tua rede.
Mas Tião seguiu as ordens do médico, respeitou os horários e deu a Tininha todas as receitas. Em pouco tempo, estava quase boa. Mais uns dias e, certa manhã, ela acordou com a certeza de que estava curada. Nessa hora, ouviu ao longe o alegre relinchar de Totó e, fogo a seguir, o estrépito de seus cascos batendo na piçarra dura, em desabalada carreira na direção de sua casa. Sentiu, então, forças para levantar-se, e, mesmo de chambre, escapar ao fundo da rede e fugir pela janela do quarto. Montou Totó e saiu galopando, sem esteira, sem nada, segurando-se à crina do cavalo, as pernas abrasadas à barriga do animal. Debaixo do chambre, roupa nenhuma.
Pela primeira vez, sentia o contato, livre, do sexo com o espinhaço do animal Totó a levou para onde quis: passaram pela roça, entraram pela mata, cortaram o babaçual e pararam dentro do açude, onde ele a jogou nágua, com força. Era como se a amizade, depois da doença e do longo afastamento um do outro, a despeito daquela janela aberta, se consolidasse na alegria do reencontro.
E nada de Totó dar notícias. Nem foi passar as férias na fazenda, distante aquela tarde de primeiros prazeres e insuspeitado amor, ao pé do chiqueiro. Seria realmente amor?
Já com um pouco mais de quinze anos Tininha mostrava a mulher que iria ficar. Moça castanha, de cabelos cor de coco babaçu, de pernas fortes e grossas, moça que carregava seios que mais pareciam cabaças boas de beber. De beber vida. A caboclinha crescia, esperando sempre por seu amor infantil, enquanto esvaziava seu corpo dos ímpetos naturais da idade no dorso áspero e fácil de Totó. Com a mesma inocência, tinha palavras e carinhos especiais com o cavalo. Todas as tardes, ela o levava para banhar-se no açude e lá se molhavam, brincavam e se fartavam. Pelas redondezas, escondidos nas moitas, os rapazes da fazenda a espiar Tininha.
E toca imaginação a arder, mãos a funcionar e aquele gemido abafado que subia das touceiras e se transformava em vento nos ouvidos da moça, cujo vestido, molhado mostrava, por baixo da ingenuidade e da pureza a mulher escondida. “‘Escuta, Totó, escuta só o gemido das moitas. Esse gemido me dá arrepio”. Ela guardava as mãos entre as pernas, deitava à beira d’água, mexendo no ritmo que vinha das moitas.
Uma vez, Raimundo de Belinda chegou mais perto e viu a moça estendida no chão: as pernas abertas e Totó a lamber-lhe os braços, o ventre, o rosto e as coxas. A presença de Raimundo espantou o animal, que fugiu em disparada. Num instante, ele se transformou na irracionalidade do desejo e se atirou sobre Tininha, que, tocada na sua inocência, se defende e luta, como gata brava. Totó espiava de longe, sem entender, mas, na sua animalidade treinada, sabia que sua dona fora ofendida e avança sobre os dois, levantando as patas e deixando-as cair terrivelmente em cima daquela massa humana que, agora, apenas se defendia daquele ataque inesperado.
– Pára, pára, pelo amor de Deus! Tininha, manda esse bicho parar! Milagrosamente, ela consegue pôr-se de pé, erguendo os braços. E Totó, como um cavalo de circo, suspende as patas no ar, dá, com as traseiras, dois ou três passos para trás e desaba no chão. Tininha estava salva, mas Raimundo desmaiara.
Entretanto, Tininha continuava esperando pela promessa feita no chiqueiro, apesar dos três anos que Totó não mandava notícia, nem aparecia na fazenda. E Tininha, cada vez mais bela: virgem de corpo e de espírito, olhos esverdeados, corpo marrom, os cabelos cor de castanha de babaçu, pernas grossas e seios pequenos e firmes.
A fazenda do Dr. Maciel ficava à beira da estrada e o trânsito era intenso, de tal sorte que muita gente encostava para pedir uma informação ou um gole d’água.
Num dia de chuva, furou o pneu de um carro, bem próximo à casa de Tião. Seu ocupante, um homem baixo e gordo, pediu auxílio a Antônia – que era uma cabocla de bom aspecto, porém de cabeça virada e quinze anos mais moça que o marido – a única pessoa que estava em casa, pois Tião andava às voltas com o gado e Tininha, montada em Totó, corria, em loucas disparadas, pelos campos e estradas.
Quando Tininha voltou, não encontrou mais Antônia e sim as coisas todas viradas de perna pra cima. Tião retomou após dois dias, constatando, então, que a mulher o abandonara.
A partir de então entregou-se à bebida, andou ao léu, de estrada em estrada, como um vagabundo qualquer, sempre fugindo de algo que nem mais lembrava, pois, na verdade, fugia apenas de si próprio.
Certa tarde, ao chegar em casa, completamente embriagado, procurou e não encontrou Tininha. Tocou-se antão para o açude, tendo nas mãos o arreio do Totó. Lá estavam os dois, dentro d’água, como se fossem dois amigos, tomando banho juntos. Tião grita chamando Totó, que obedece docilmente. Coloca-lhe o arreio e vai amarrá-lo numa touceira distante, sob os protestos de Tininha.
– Fica quieta. Eu sei o que estou fazendo.
– Pai, vai deitar, que o Senhor está bêbado.
-Agora, tu me pega…
Pegou a moça, jogando-a no chão. Seus olhos faiscavam. Atirou-se alucinado sobre a filha, rasgando-lhe o vestido, até deitá-la completamente nua. Tentou beijá-la, não conseguiu. Tininha quis gritar, mas o grito morreu na garganta. Tão voltou a esbofeteá-la. Em vão lutava a moça para libertar-se, sentindo, contudo, que as forças lhe iam faltando. Quando ele a penetrou, Tininha desmaiou.
Foi nesse momento que Totó conseguiu arrancar a touceira a que fora amarrado e correu para acudir a dona. Vendo Tião sobre ela, lançou as patas dianteiras, atingindo-o na cabeça. Agora, apenas cheirava e lambia o rosto de Tininha e vigiava o cadáver de Tião.
Ao despertar, a moça não sabe se foge ou corre para o pai. Ao vê-lo imóvel, aproxima-se dele, pensando que dorme. Enlouquecida, vendo que ele está morto, monta Totó e corre à casa, para buscar enxada, pá e cordas. Quando chega de volta do açude, a noite já vai alta. Mesmo assim, amarra o corpo no cavalo e se embrenha pela mata adentro, guiada apenas pelo instinto de Totó. No lugar em que enterrou Tião, joga, na cova, uma cruz feita com dois pedaços de pau, amarrados com cipó.
Cadê Tião, Tininha?
Todos queriam saber.
Saiu um dia de casa dizendo que ia pra quitanda de Chico Fanta e nunca mais voltou. Foi embora e me deixou aqui sozinha com Totó.
Os dias se passavam cada vez mais longos, Tininha se sentindo mal, cansando por qualquer coisa, enjoando, enquanto ia engordando e a barriga crescendo.
Cinco meses após a morte de Tião, Totó Maciel voltou à Fazenda. Seu primeiro cuidado foi correr à casa do vaqueiro, onde encontra
Tininha, linda como sempre, mas buchudona. Não houve alegria naquele reencontro, apenas espanto e mágoa.
– Não quero mais nada com você, sua puta!
Naquele momento, Tininha sentiu que não havia mais futuro para ela, que tudo estava perdido e sem remédio. Montou Totó para chorar em disparada pelos caminhos sem fim de seu desespero. Foi então que a mata pegou fogo, no fim de uma roçada, vento soprando na direção da cova em que enterrara Tião. Já não havia razão capaz de explicar o que a empurrava para lá. Totó, relinchando, apavorado, ainda tenta salvá-la, cercado de labaredas por todos os lados. A primeira árvore, toda vermelha de fogo, o atinge bem no meio do espinhaço, a segunda se abate sobre ela.
– Por onde andará Tininha, meu Deus?
– Sumiu com aquele cavalo. Vocês não ouviram a estória que Dico de Belinda anda contando por aí?
– Que estória?
-Dizendo o Dico, Tininha estava grávida, e o pai era o cavalo Totó.
Ainda hoje, há quem conte que houve uma mulher de nome Tininha, que foi coberta por um cavalo chamado Totó. E há outros que dizem já tê-los visto, Tininha e Totó, se banhando, ao entardecer, no açude da fazenda do Dr. Maciel.
Republicado à pedidos
Há muito tempo atrás, no longínquo reino de Samarcan, na antiga rota da seda, havia um rei chamado Tariq, que não acreditava na bondade do Deus todo poderoso. Ele tinha, porém, um súdito que atendia pelo nome de Amir que sempre lhe lembrava dessa verdade eterna e imutável que é a sabedoria e a bondade de Deus, e que em todas as situações dizia a seu soberano: “Meu rei, não desanime, porque Deus é bom, ele sempre sabe o que fazer!”.
Um dia, o rei Tariq saiu para caçar e levou consigo o seu súdito Amir. Ao entardecer do segundo dia de caçada, uma fera atacou o rei. Amir, sempre com ele, conseguiu matar o animal, porém não evitou que sua majestade perdesse o dedo mínimo da mão esquerda.
Ao voltar ao palácio, o rei, furioso pelo que tinha acontecido, e sem demonstrar agradecimento por ter sua vida salva pelos esforços de seu leal servo, perguntou e este: “E agora, o que você me diz? Deus é bom? Ele sabe o que faz? Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e não teria perdido o meu dedo”. Amir, como sempre, insistia: “Meu rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que Deus é bom, e que mesmo isso, perder um dedo é para o seu bem!” O rei, indignado com a resposta do súdito, mandou que fosse preso na cela mais escura e mais fétida do calabouço do palácio.
Havia na corte de Samarcan um outro súdito de Tariq, Amal Ibni-Marud, que se roia de inveja da amizade que o rei tinha para com Amir e aproveitando-se do infortúnio dos dois, para aproximar-se mais do rei, Amal mandou o artesão real confeccionar um dedo mínimo de ouro, para esconder o aleijume de sua majestade. Tariq ficou muito sensibilizado e agradecido.
Após algum tempo, o rei saiu novamente para caçar e dessa vez levou Amal consigo. Aconteceu de ele ser atacado novamente, desta vez foi emboscado por uma tribo que vivia nas estepes, os Surihns. Estes eram temidos, pois se sabia que eles faziam sacrifícios humanos para seus deuses. Mal prenderam a todos os Surihns passaram a preparar, cheios de júbilo, o ritual do sacrifício. Quando já estava tudo pronto, e o rei Tariq já estava diante do altar, o sumo-sacerdote, observou um brilho estranho na mão do rei. Aproximou-se para ver melhor, pegou Tariq com força pelo pulso, o que fez com que seu dedo de ouro caísse, e rolasse a escadaria do altar, então gritou furioso: “Este homem não pode ser sacrificado, pois é defeituoso! Falta-lhe um dedo!” O rei foi então libertado, mas o mesmo não aconteceu com aqueles que o acompanhavam, todos foram sacrificados.
Ao voltar para o palácio, muito alegre e aliviado, Tariq tratou imediatamente de mandar libertar seu leal súdito Amir e pediu que este viesse a sua presença. Ao ver o servo, o rei ajoelhou-se a seus pés, desculpou-se e o abraçou afetuosamente dizendo-lhe: “Meu caro, o seu Deus realmente foi bom comigo! Você já deve estar sabendo que escapei da morte justamente porque não tinha um dos dedos. Mas ainda tenho em meu coração uma grande dúvida. Se esse Deus é tão bom como diz, porque permitiu que você fosse preso da maneira como foi? Logo você, que tanto o ama e o defende!” O servo sorriu e disse: “Majestade, se eu estivesse junto contigo naquele dia, certamente teria sido sacrificado como os outros o foram, pois não me faltava dedo algum!”
A partir daquele dia o rei Tariq não teve mais vergonha por não ter um dos dedos. Quanto a seu dedo de ouro, ele o deu de presente a seu leal súdito Amir, que o vendeu por mil moedas e as presenteou todas à viúva e aos filhos do falecido Amal.
* Crônica adaptada de uma estória antiga, mas pautada em acontecimentos recentes.
Quando a velhice chegar
a mim só restará
entrar num daqueles quadros de Monet
com uma de casinha de sapê
às margens de um bucólico lago
na região de vinícola de Verget…
E me por
a ouvir
os pássaros
da memória
a cantar.
Resolvi publicar como postagem os dois comentários abaixo, em primeiro lugar porque eles foram anexados à “Oração de Gandhi” e nada tem haver com o assunto, segundo porque me pareceu bastante pertinente o assunto levantado.
joão de altamira-ma
[email protected]
192.168.66.116
NOBRE DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL, GOSTARIA INICIALMENTE DE PARABENIZÁ-LO POR ESTE GRANDE INSTRUMENTO ENGRANDECEDOR DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE EXERCÍCIO PLENO DE DEMOCRACIA QUE É O SEU BLOG. O SEU BOM USO PELA COMUNIDADE INTERNAUTA CERTAMENTE GERARÁ UM ENORME BENEFÍCIO NO TRATO DAS RELAÇÕES DA HUMANIDADE, BEM COMO FORTALECERÁ O SENTIMENTO DE PAZ E HARMONIA ENTRE OS HOMENS QUE NO LIMIAR DE SUAS AFLIÇÕES E DIVERGÊNCIAS, JAMAIS DEVERÃO SUCUMBIR ÀS EVENTUAIS INTEMPÉRIAS POLÍTICO-IDEOLÓGICAS. SOU DE ALTAMIRA-MA E A PROPÓSITO DO QUE VIMOS E VIVEMOS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS NAQUELA PACATA CIDADE É ABSOLUTA E HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL NÃO NOS DEPARARMOS COM UMA PERPLEXIDADE EM SUA PLENITUDE DE EXPRESSÃO. ALTAMIRA, COMO VOSSA EXCELÊNCIA BEM CONHECE, OSTENTA PÉSSIMOS INDICADORES SOCIAIS E PARA TODA A SORTE DA INOPERÂNCIA, ARROOGÂNCIA, INCAPACIDADE DE GESTÃO DA COISA PÚBLICA, FALTA DE COMPROMISSO E PASMEM: ABSOLUTA AUSÊNCIA DA VERDADE, TEM UM prefeito QUE NO QUE DIZ RESPEITO ÀQUELAS PALAVRAS LISTADAS EM SEU BLOG NOS ÚLTIMOS MINUTOS DE 2009, INEXISTE. EU ESPERO Q NA CLASSE POLÍTICA DE ALTAMIRA APAREÇA UM CORAJOSO PARA DIVULGAR TODAS AS MALDADES ADMINISTRATIVAS PRATICADAS PELO prefeito, A SABER ALGUMAS COMO: SALÁRIO DE 200,00 COM DIREITO A DOIS MESES DE ATRASO, MAS UMA MÉDICA Dra ANTONIETA MOTA GANHA BOM SALÁRIO INDO LÁ UMA VEZ POR MÊS E A VEREADORA IRMÃ DO PREFEITO DIZ QUE O TAL SALÁRIO É PELO QUE A MÉDICA FEZ POR ELA NO PASSADO. O HOSPITAL SEM UMA SE QUER SERINGA OU AGULHA, MAS A FARMÁCIA DO CUNHADO DO prefeito DISPÕE DE UM ESTOQUE ASSUSTADOR DE MEDICAMENTOS, EM DETRIMENTO DOS TRÊS DONOS DE FARMÁCIA DA CIDADE QUE APOIARAM DE CORPO E ALMA O ENTÃO CANDIDATO, COMO NETO VARÃO, (VEREADOR DO prefeito), ILENE (IRMÃ DE VEREADORA DO prefeito), SILVANO PEREIRA (FILHO DO SECRETÁRIO ADJUNTO DE FINANÇAS E CUNHADO DO SEC DE ESPORTES, AMBOS DO prefeito). O BAIRRO ROCINHA PASSOU 20 DIAS DO MÊS DE DEZEMBRO SEM ÁGUA E AS MÃES LAVANDO ROUPAS NO IGARAPÉ A DOIS KM DE DISTÂNCIA, A MERENDA ESCOLAR DAS CRIANÇAS FOI REDUZIDA A NESCAU COM ÁGUA A MANDO DA VEREADORAIRMÃ DO prefeito, AS CRIANÇAS DO POVOADO DE SÃO RAIMUNDO BEBEM ÁGUA TIRANDO DE UM BALDE GRANDE E ACREDITE, DIRETO DO POÇO SEM FILTRAR (TUDO ISSO FOI DITO E TA GRAVADO NA CÂMARA DE VEREADORES), O DINHEIRO NÃO CIRCULA NO MUNICÍPIO MAS O POSTO DE GASOLINA DA CIDADE JÁ É DA FAMÍLIA DO prefeito DESDE JANEIRO DE 2009 LOGO QUE ASSUMIU, A MESMA FAMÍLIA JÁ COMPROU UM BELO APARTAMENTO NA ÁREA NOBRE DE SÃO LUIS, JÁ COMPRARAM A FAZENDA DO PAI DO PRESIDENTE DA CÂMARA DELSON LOPES ( ACHO QUE É POR ISSO QUE prefeito E PRESIDENTE NÃO SE ENTENDEM), ENFIM, DEPUTADO, ISSO É APENAS UMA ALÍCOTA DO QUE SERIA O MAIOR EXEMPLO DE FALTA DE COMPROMISSO COM OS MAIS HUMILDES POR PARTE DE UM CHEFE DE EXECUTIVO. A ADMINISTRAÇÃO DE ALTAMIRA ACONTECE À LUZ DA ILEGALIDADE E DA IMORALIDADE. AGRADEÇO A OPORTUNIDADE E MEU MUITO OBRIGADO.
cleia jovem
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Caro e popular deputado, eu já residi em Altamira quando fui casada com um filho de lá, política não é o meu prato preferido, mas naquela cidade se toma café, almoça e janta política local, como em todas daquele porte. A chegada do atual prefeito ao poder (não lembro agora o nome dele) levou ao grupo dele a maior certeza de uma administração onde todos que se cansaram do Sr Rosalino, pudessem participar ativamente do que seria a “MUDANÇA” tão aclamada na campanha eleitoral, como o senhor bem sabe. A mudança veio mas de uma forma inesperada, pois diferentemente do Rosalino que mandava sozinho mas passando a mão na cabeça de todos do seu grupo, o atual prefeito ao ganhar a eleição se afastou em primeiro lugar do povo que o elegeu, depois do seu vice prefeito e em seguida do presidente da Câmara e até do sindicato dos trabalhadores rurais para quem rebolou uma secretaria sem se quer publicar portaria, só p lembrar nenhum secretário até hoje tem o luxo de estampar sua portaria. São os chamados secretários de boca. Permita-me colocar o seguinte: O prefeito ganhou com todo mundo ajudando é verdade, mas seu projeto não é político e sim pessoal, igualzinho ao do ex mandante, se perpetuar no poder para sempre, pois assistindo a uma gravação de uma sessão na câmara de lá ouvi uma vereadora dizer que o prefeito irá mandar 40 anos(Tá inspirado na família Sarney). Prometeu tudo a todos, por ex: a secretaria de ação social ele prometeu para a Assembléia de Deus quando tava pregando, segundo ele, a palavra de DEUS lá na igreja, pode? Só que numa outra assembléia familiar foi decidido que a irmã dele ocuparia o cargo, e tá lá mesmo até hoje. Prometeu na primeira reunião da campanha que todos os candidatos a vereador que não se elegessem seriam secretários ou secretários adjuntos com o salário igual ao do vereador. Somente um ex candidato é secretário e com salário de 500,00, sem falar que o maior é 800,00, pois o salário la é por cara. Para o vice-prefeito ele prometeu duas assessorias jurídicas que seriam entregues aos seus filhos advogados com salários justos. deu só uma e com mísero salário de 1.500,00 e com muito atraso no pagamento. Para o presidente da câmara ele prometeu a secretaria de saúde e por último na reta final não queria nem que ele se elegesse imagine secretaria poderosa. Ao conceituado e competente Ciríaco deu a secretaria adjunta de administração sem finalidade alguma. Ao Galdino ele deu uma dívida que data de 2004, primeira campanha do “sonho”. Ao pai da vereadora Ileilda deu uma dívida impagável de 40.000,00. O grande cidadão Delmiro que começou do zero com o sonho da mudança ele praticamente mandou ir embora. E por último ele se afastou até da casa do secretário de administração após um suposto escândalo amoroso revelado por um jornal local, onde envolvia a vereadora irmã do prefeito e o seu secretário de administração Erdonaldo. Enfim a decepção esta aos olhos de todos, inclusive dos que não querem ou “não podem” ver. É ir em Altamira e confirmar. Abraço Deputado.
Há alguns anos procurei fazer uma lista de palavras – substantivos e adjetivos – que expressassem sentimentos, intenções, posicionamentos, necessidades, atitudes e ações, que eu deveria elaborar e realizar para que pudesse com elas e através delas, conseguir alcançar meus objetivos da melhor maneira possível.
Hoje, entre o último dia de 2009 e o primeiro dia de 2010, gostaria de apresentar a vocês essa lista, agora atualizada, para que possamos compartilhar estas palavras, mantras, não só para o ano novo, mas para durante toda a nossa existência.
Alguns de vocês vão achar que algumas palavras são muito parecidas, que são sinônimas, mas atentem para que verdade e realidade podem ser coisas parecidas, no entanto, são bem diferentes. Outros vão discordar da inclusão dessa ou daquela palavra, mas isso não deve ser encarado como um problema, pois não há nessa lista nenhuma palavra negativa. Alguém com toda certeza vai pensar em outras palavras que poderiam fazer parte dessa lista, isso é muito bom que aconteça, então as inclua em sua lista, mas não se esqueça de enviá-las para mim também.
Vejam que ao colocar em ordem alfabética todas essas palavras, a última que se lê é vitória, exatamente a palavra que exprime perfeitamente o objetivo que todos nós desejamos alcançar. Só espero, que com o exercício e a prática de todas as palavras maravilhosas dessa lista, o amor, a felicidade, a paz, o sucesso e a vitória, possam ser mais fáceis de serem conquistados e que sejam muito mais duradouros.
Recebi de um amigo o texto que se segue, como sendo a oração que Mahatma Gandhi costumava fazer diariamente. Não sei dizer se ele realmente era genuíno, mas o fato dessa súplica ser tão maravilhosamente linda e impregnada de tamanha sabedoria, tolerância e bondade, me fez tomar a decisão de adotá-la como uma de minhas formas de falar com Deus.
Meu Senhor!
Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos;
Se me deres fortuna, não me tires a razão.
Se me deres êxito, não me tires a humildade.
Se me deres humildade, não me tires a dignidade.
Ajuda-me sempre enxergar a outra face da moeda e não me deixes acusar por traição quem não pensar igual a mim.
Ensina-me a amar aos outros como a mim mesmo.
Não deixes que me torne orgulhoso se triunfar, nem me deixes cair em desespero se fracassar. Antes disso, recorda-me que o fracasso é a experiência que precede o triunfo.
Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza.
Se não me deres o êxito, dá-me forças para aprender com o fracasso.
Se eu ofender alguém, dá-me coragem para pedir desculpas e se alguém me ofender, dá-me grandeza para perdoar.
Senhor… Se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim!