Convite para refletir durante o almoço.
Liguei na última sexta-feira para convidar meu caro amigo e colega deputado Carlos Alberto Milhomem para comermos umas costeletas de porco e uma carne de sol, regada a um bom feijão Mulata Gorda ou ao delicioso Cuxá, na Base da Diquinha, pois precisava falar com ele, uma vez que me encontrava bastante preocupado com sua situação eleitoral. Milhomem é um dos bons deputados que nós temos e se eu puder, vou ajudá-lo a se reeleger. Ele juntamente com Chico Gomes e de certa forma Antonio Pereira também, são os maiores prejudicados em seu partido, o DEM.
Tatá Milhomem é conhecido por ser um sujeito correto, um político confiável, mas não por ser um cara fino, polido, educado mesmo. Isso ele não é, mas suas qualidades superam os defeitos, quase todos provenientes de sua excessiva rudeza.
Quando perguntei a ele onde ele iria almoçar, pois queria convidá-lo para me acompanhar, ele foi logo gritando do lado de lá do telefone, dizendo do absurdo de uma entrevista que eu teria dado ao jornal “O Imparcial”.
A tal matéria havia sido publicada em meu blog e dizia que “Como é que no meio de uma eleição difícil como será essa, nós ainda vamos ter que nos preocupar em eleger o senador fulano de tal do DEM., os deputados federais, marinheiro de primeira viagem e ruim de voto do PMDB e os nepóticos deputados estaduais”.
A zanga de Tatá é totalmente improcedente, pois sendo ela minha opinião, e tendo ela sido manifestada de maneira clara e aberta, a menos que ele casse o estado democrático de direito, eu posso e devo defender meus posicionamentos e meus pontos de vista, ora bolas!
Mas só por isso vamos então analisar novamente o caso DEM.: O partido, aliado de longas datas da governadora Roseana, tendo sido ela eleita várias vezes por essa legenda, quer mais espaço, mais visibilidade. Acho justo, mas não posso deixar de dizer que o partido teve ao seu dispor quatro secretarias de estado durante um ano. Se o partido não usufruiu desse privilégio, isso é problema dele.
As secretarias de infra-estrutura, educação, segurança e de relações institucionais, essa última a única indicada pelo presidente do partido, eram ocupadas por deputados do DEM. e deveriam ter fortalecido as bases do partido, com ações que propiciasse visibilidade a todos e não apenas a três. A culpa disso é do partido que não teve pulso para agir, para se impor. O que não pode agora é querer dar uma de filho pródigo e querer dividir o resto dos bens do pai, já que a parte dele, ele já levou e deu descaminho. Assim é muito fácil.
Vou voltar a analisar o possível desempenho eleitoral dos Democratas, para podermos vislumbrar o perigo que eles estão sentindo, e com toda razão: O partido tem dois deputados federais (Nice Lobão e Clóvis Fecury, cujo marido da primeira e o pai do segundo são os dois senadores do nosso Estado, ambos pelo PMDB). Tem seis deputados estaduais (Max Barros, ex-secretário de infra-estrutura, César Pires, ex-secretário de educação, Raimundo Cutrim, ex-secretário de segurança, Antonio Pereira, primeiro secretário da assembléia Legislativa, Francisco Gomes, Líder do governo na assembléia e Tatá Milhomem, líder da bancada do governo). Logo se vê que o DEM. é um partido muito bem aquinhoado no atual governo bem como sempre o foi por nosso grupo político.
Pois bem, se a direção nacional do partido quiser obrigar a legenda no Maranhão a não coligar com o PMDB, PV, PP e PTB, muito possivelmente ela não elegerá aqui nenhum deputado federal, pois não deverá alcançar os 180 mil votos necessários para isso. Só elegerá um se os dois, Dona Nice e Clóvis, forem se engalfinhar em busca dos votos e tenho certeza que se esse for o cenário, Dona Nice não será candidata, inviabilizando assim a possibilidade do partido ter a quantidade de legendas necessárias para eleger um único deputado federal, a menos que ele sozinho tenha 180 mil votos.
No caso dos deputados estaduais, o partido só deverá eleger dois, isso acreditando na boa vontade e na abnegação daqueles que tenham menos votos e queiram ser bucha de canhão para eleger aqueles que deverão ser os mais votados (Max, César e Cutrim, acredito que nessa ordem). Mas ninguém será enganado, pois não são neófitos e são sabedores que só elegerão três candidatos se todos forem para o sacrifício. Duvido muito que aqueles que reconhecidamente têm menos votos queiram ser imolados vivos e queiram rumar para o cadafalso da derrota (no caso Pereira, Milhomem e Gomes, acredito que seja também nessa ordem). Não faz sentido algum correr o risco de perdermos três deputados da mais alta qualidade como esses que fariam grande falta na Assembléia. Mas contra a matemática não há argumento.
Há a possibilidade da direção nacional do DEM. querer que o partido no Maranhão coligue com seu parceiro nacional, o PSDB, coisa que jamais será aceita pelos Tucanos Timbiras, pois se assim fizessem seriam engolidos pelos democratas, que individualmente têm muito mais votos que eles.
Há ainda a possibilidade de o comando Nacional do DEM. está sendo “motivado” pelos demais candidatos ao governo e ao senado do Maranhão, na tentativa de tirar algum proveito dessa aventura. Aventura que favorece diretamente a candidatura de Zé Reinaldo, que em minha opinião é o que há de pior na política do Maranhão.
Há também a possibilidade de “alguém” esta querendo puxar o tapete do vice-governador João Alberto, que já cedeu espaço abrindo mão da candidatura a vice, e que agora teria que abrir mão da disputa pelo senado.
Há mais ainda. Se pusermos um candidato do DEM., quem quer que seja ele, e João Alberto para se escolher o mais plausível de se eleger nessa difícil campanha, todos sabem, não precisa que eu diga e as pesquisas apontam que a segunda opção seria a mais viável.
Quanto ao meu amigo Mauro Fecury, devo dizer que não há nada de pessoal nessa minha análise. Se por acaso houver, é em sua defesa, pois sempre existem meia dúzia de canalhas ordinários que anseiam, querem, precisam mesmo, muito, de uma candidatura abastada para poder tentar viabilizar os recursos financeiros que eles imaginam que um empresário bem sucedido como ele possa investir, na tentativa de se eleger senador.
A situação é critica, eu sei, mas a culpa não é minha. Querer que eu diga o contrário é um absurdo, ainda mais para Milhomem que me conhece há quase trinta anos e sabe que como ele, eu não “abeiro”, principalmente quando acredito firmemente em meu ponto de vista.
Desculpe amigo Tatá, mas não dá para defender aquilo que não acredito ou não concordo, mas o convite para o almoço está de pé.