Convite para refletir durante o almoço.

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Liguei na última sexta-feira para convidar meu caro amigo e colega deputado Carlos Alberto Milhomem para comermos umas costeletas de porco e uma carne de sol, regada a um bom feijão Mulata Gorda ou ao delicioso Cuxá, na Base da Diquinha, pois precisava falar com ele, uma vez que me encontrava bastante preocupado com sua situação eleitoral. Milhomem é um dos bons deputados que nós temos e se eu puder, vou ajudá-lo a se reeleger. Ele juntamente com Chico Gomes e de certa forma Antonio Pereira também, são os maiores prejudicados em seu partido, o DEM.

Tatá Milhomem é conhecido por ser um sujeito correto, um político confiável, mas não por ser um cara fino, polido, educado mesmo. Isso ele não é, mas suas qualidades superam os defeitos, quase todos provenientes de sua excessiva rudeza.
Quando perguntei a ele onde ele iria almoçar, pois queria convidá-lo para me acompanhar, ele foi logo gritando do lado de lá do telefone, dizendo do absurdo de uma entrevista que eu teria dado ao jornal “O Imparcial”.

A tal matéria havia sido publicada em meu blog e dizia que “Como é que no meio de uma eleição difícil como será essa, nós ainda vamos ter que nos preocupar em eleger o senador fulano de tal do DEM., os deputados federais, marinheiro de primeira viagem e ruim de voto do PMDB e os nepóticos deputados estaduais”.

A zanga de Tatá é totalmente improcedente, pois sendo ela minha opinião, e tendo ela sido manifestada de maneira clara e aberta, a menos que ele casse o estado democrático de direito, eu posso e devo defender meus posicionamentos e meus pontos de vista, ora bolas!

Mas só por isso vamos então analisar novamente o caso DEM.: O partido, aliado de longas datas da governadora Roseana, tendo sido ela eleita várias vezes por essa legenda, quer mais espaço, mais visibilidade. Acho justo, mas não posso deixar de dizer que o partido teve ao seu dispor quatro secretarias de estado durante um ano. Se o partido não usufruiu desse privilégio, isso é problema dele.

As secretarias de infra-estrutura, educação, segurança e de relações institucionais, essa última a única indicada pelo presidente do partido, eram ocupadas por deputados do DEM. e deveriam ter fortalecido as bases do partido, com ações que propiciasse visibilidade a todos e não apenas a três. A culpa disso é do partido que não teve pulso para agir, para se impor. O que não pode agora é querer dar uma de filho pródigo e querer dividir o resto dos bens do pai, já que a parte dele, ele já levou e deu descaminho. Assim é muito fácil.

Vou voltar a analisar o possível desempenho eleitoral dos Democratas, para podermos vislumbrar o perigo que eles estão sentindo, e com toda razão: O partido tem dois deputados federais (Nice Lobão e Clóvis Fecury, cujo marido da primeira e o pai do segundo são os dois senadores do nosso Estado, ambos pelo PMDB). Tem seis deputados estaduais (Max Barros, ex-secretário de infra-estrutura, César Pires, ex-secretário de educação, Raimundo Cutrim, ex-secretário de segurança, Antonio Pereira, primeiro secretário da assembléia Legislativa, Francisco Gomes, Líder do governo na assembléia e Tatá Milhomem, líder da bancada do governo). Logo se vê que o DEM. é um partido muito bem aquinhoado no atual governo bem como sempre o foi por nosso grupo político.

Pois bem, se a direção nacional do partido quiser obrigar a legenda no Maranhão a não coligar com o PMDB, PV, PP e PTB, muito possivelmente ela não elegerá aqui nenhum deputado federal, pois não deverá alcançar os 180 mil votos necessários para isso. Só elegerá um se os dois, Dona Nice e Clóvis, forem se engalfinhar em busca dos votos e tenho certeza que se esse for o cenário, Dona Nice não será candidata, inviabilizando assim a possibilidade do partido ter a quantidade de legendas necessárias para eleger um único deputado federal, a menos que ele sozinho tenha 180 mil votos.

No caso dos deputados estaduais, o partido só deverá eleger dois, isso acreditando na boa vontade e na abnegação daqueles que tenham menos votos e queiram ser bucha de canhão para eleger aqueles que deverão ser os mais votados (Max, César e Cutrim, acredito que nessa ordem). Mas ninguém será enganado, pois não são neófitos e são sabedores que só elegerão três candidatos se todos forem para o sacrifício. Duvido muito que aqueles que reconhecidamente têm menos votos queiram ser imolados vivos e queiram rumar para o cadafalso da derrota (no caso Pereira, Milhomem e Gomes, acredito que seja também nessa ordem). Não faz sentido algum correr o risco de perdermos três deputados da mais alta qualidade como esses que fariam grande falta na Assembléia. Mas contra a matemática não há argumento.

Há a possibilidade da direção nacional do DEM. querer que o partido no Maranhão coligue com seu parceiro nacional, o PSDB, coisa que jamais será aceita pelos Tucanos Timbiras, pois se assim fizessem seriam engolidos pelos democratas, que individualmente têm muito mais votos que eles.

Há ainda a possibilidade de o comando Nacional do DEM. está sendo “motivado” pelos demais candidatos ao governo e ao senado do Maranhão, na tentativa de tirar algum proveito dessa aventura. Aventura que favorece diretamente a candidatura de Zé Reinaldo, que em minha opinião é o que há de pior na política do Maranhão.

Há também a possibilidade de “alguém” esta querendo puxar o tapete do vice-governador João Alberto, que já cedeu espaço abrindo mão da candidatura a vice, e que agora teria que abrir mão da disputa pelo senado.

Há mais ainda. Se pusermos um candidato do DEM., quem quer que seja ele, e João Alberto para se escolher o mais plausível de se eleger nessa difícil campanha, todos sabem, não precisa que eu diga e as pesquisas apontam que a segunda opção seria a mais viável.

Quanto ao meu amigo Mauro Fecury, devo dizer que não há nada de pessoal nessa minha análise. Se por acaso houver, é em sua defesa, pois sempre existem meia dúzia de canalhas ordinários que anseiam, querem, precisam mesmo, muito, de uma candidatura abastada para poder tentar viabilizar os recursos financeiros que eles imaginam que um empresário bem sucedido como ele possa investir, na tentativa de se eleger senador.

A situação é critica, eu sei, mas a culpa não é minha. Querer que eu diga o contrário é um absurdo, ainda mais para Milhomem que me conhece há quase trinta anos e sabe que como ele, eu não “abeiro”, principalmente quando acredito firmemente em meu ponto de vista.

Desculpe amigo Tatá, mas não dá para defender aquilo que não acredito ou não concordo, mas o convite para o almoço está de pé.

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O Rato Que Ruge

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Depois de saber de alguns acontecimentos e de ler as matérias abaixo resolvi postar o texto que as segue, porque acredito que devo dar a minha opinião, se não como deputado estadual pelo PMDB do Maranhão, nem como político que faz parte do grupo liderado pelo ex-presidente Sarney, pela Governadora Roseana, pelo ex-ministro e senador Lobão, mas como cidadão que observa com preocupação os acontecimentos políticos de nosso Estado.

Do Blog de Décio Sá

Para pressionar a governadora Roseana Sarney e o PMDB do Maranhão por causa da aliança com o PT, a Direção Nacional do DEM dissolveu os diretórios do partido em 143 municípios do Estado. A partir de agora todos eles serão comandados por comissões provisórias.

Rodrigo Maia assinou a resolução nº 88

Assinada pelo presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), a resolução nº 88, de 5 de maio, diz que as instâncias foram dissolvidas porque o “desempenho político-eleitoral de tais órgãos não em correspondendo aos interesses do Democratas, impedindo o progresso e o desenvolvimento partidários no Estado”.

A decisão envolve praticamente todos os municípios onde o DEM tem diretórios. Da relação faz parte inclusive o Diretório de São Luís, presidido pelo deputado Raimundo Cutrim, e cidades como Chapadinha, Açailândia, Caxias, Presidente Dutra, Balsas, Chapadinha, Codó, Coroatá, Paço do Lumiar, São Bento e Santa Helena. Não só o DEM, e à exceção de uns poucos partidos, os diretórios municipais só funcionam em época de eleição municipal.

Essa decisão do DEM, na verdade, é uma espécie de recado à governadora porque o PMDB do Maranhão fechou acordo com o PT do presidente Lula, a quem os democratas fazem oposição cerrada. No ano passado, o ex-governador José Reinaldo (PSB) andou tentando cooptar a legenda, sem sucesso.

Na ocasião, um dos argumentos dos democratas locais para manter o partido alinhado ao grupo da governadora era o fato de estar ocupando cinco secretarias na administração estadual: Educação, Segurança, Infraestrutura, Assuntos Estratégicos e Sul do Maranhão. Com o fim do prazo de desincompatibilização e a reforma administrativa, o DEM ficou apenas com a última.

Além disso, o partido exige uma vaga na chapa majoritária e o aumento de sua bancada federal formada pelos deputados Clóvis Fecury e Nice Lobão. O DEM aceita até a indicação do senador Mauro Fecury (PMDB), pai de Clóvis, à reeleição na chapa de Roseana.

Tudo ciúme e reivindicação de contrapartida por conta do espaço que o PT conquistou no governo e na chapa majoritária, podendo indicar o candidato a vice-governador.

Do Blog de Mário Carvalho

O blog teve acesso à Resolução 88, datada de 6 de maio de 2010, em que a Comissão Executiva Nacional do Democratas (DEM), com fundamento no artigo 101, do Estatuto Partidário, resolveu:

Art. 1º Decretar sumariamente a dissolução dos 143 diretórios municipais no Estado do Maranhão, uma vez que o desempenho político eleitoral de tais órgãos não vem correspondendo com o interesse do Democratas, impedindo o progresso e o desenvolvimento partidários no Estado.

A decisão do partido envolve diretórios importantes como São Luís, São João Batista, Acailândia, Balsas, Bacabeira, Caxias, Cajapió, Cândido Mendes, Chapadinha, Codó, Coroatá, Dom Pedro, Estreito, Godofredo Viana, Governador Edison Lobão, Paço do Lumiar, Matões do Norte, Icatu, Lago da Pedra, Joselândia, Pirapemas, Poção de Pedras, entre outros.

O documento é assinado pelo presidente nacional do Democratas, deputado federal Rodrigo Maia (RJ).

De alguma forma, essa lengalenga do DEM., me fez lembrar um filme muito bom chamado “O rato que ruge”, estrelado pelo maravilhoso Peter Sellers (O pequeno ducado de Grand Fenwick passa por maus momentos. Então, a Duquesa e o Primeiro Ministro bolam um plano para salvar seu país da falência: declarar guerra aos Estados Unidos e perder, para conseguir grandes quantias em ajuda econômica de pós-guerra. Só que se esqueceram de avisar ao chefe das forças invasoras que a intenção era perder a guerra)

Com o DEM. do Maranhão está acontecendo coisa se não semelhante, tão inusitada quanto, pois ele também é um rato que ruge. Vejamos: O DEM. é um partido que tem dois deputados federais (Nice Lobão e Clovis Fecury, cujo marido da primeira e o pai do segundo são os dois senadores do nosso estado, ambos pelo PMDB) e seis deputados estaduais (Max Barros, ex-secretario de infra-estrutura, Cesar Pires, ex- secretario de educação, Raimundo Cutrim, ex-secretario de segurança, Antonio Pereira, primeiro secretario da assembléia Legislativa, Francisco Gomes, Líder do governo na assembléia e Tatá Milhomem, líder da bancada do governo), logo se vê que o DEM. é um partido muito bem aquinhoado no atual governo bem como sempre o foi por nosso grupo político.

Pois bem, se a direção nacional do partido quiser obrigar a legenda no Maranhão a não coligar com o PMDB, PV, PP e PTB, muito possivelmente ela não elegerá nenhum deputado federal, pois não deverá alcançar os 180 mil votos necessários para isso. No caso dos deputados estaduais, só deverá eleger dois, isso acreditando na boa vontade e na abnegação daqueles que tenham menos votos e queiram ser bucha de canhão para eleger aqueles que deveram ser os mais votados (Max, Cesar e Cutrim, acredito que nessa ordem).

Há ainda a possibilidade da direção nacional do DEM. querer que o partido no Maranhão coligue com seu parceiro nacional, o PSDB, coisa que jamais será aceita pelos Tucanos Timbiras, pois se assim fizessem seriam engolidos pelos democratas, que individualmente têm muito mais votos que eles.

Moral da historia, o DEM. tem que se convencer que o melhor que faz é deixar seus deputados se elegerem, pois quem pode sair perdendo é o próprio partido que irá correr sério risco de diminuir sua bancada tanto na Câmara dos Deputados, em Brasília, quanto na Assembléia Legislativa, no Maranhão.

Outra coisa, é de uma retumbante incoerência o DEM. querer indicar para compor a nossa chapa majoritária um candidato não filiado ao seu partido, no caso o senador Mauro Fecury, do PMDB, pai do presidente estadual da legenda. Se caso ele exigisse que um de seus filiados figurasse na chapa como candidato a senador, eu até me calaria. Vejam bem que eu disse figurasse, pois é só o que acontecerá com um nome do DEM. que seja candidato a senador nas próximas eleições, ele irá ser apenas candidato, pois eleger-se será quase impossível. Como é que no meio de uma eleição difícil como será essa, nós ainda vamos ter que nos preocupar em eleger o senador fulano de tal do DEM., os deputados federais, marinheiro de primeira viagem e ruim de voto do PMDB e os nepóticos deputados estaduais.

Caso nosso grupo venha a ceder a essa pressão de um rato que ruge, para mim estará mais uma vez confirmada que eu fiz a escolha certa ao não querer me candidatar nas próximas eleições. Se isso acontecer estará mais que claro, mais valer um camundongo que ruge que um cabrito que berra e entre um camundongo e um cabrito, eu estou mais para o segundo.

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Sinal dos tempos

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O sentimento que mais me emociona é a amizade. Não que o amor não seja sublime, ele o é, mas a amizade cristaliza em si outros sentimentos de maneira mais efetiva e contundente que o amor.

A amizade amplifica e consolida o respeito de maneira única, descomprometida e descompromissada, de tal forma que os laços existentes entre pessoas que são realmente amigas se fortalecem, mesmo que elas discordem em um ou em outro assunto.

Poderia falar do grande número de amigos flamenguistas e botafoguenses que tem esse vascaíno aqui. Ou dos corintianos e palmeirenses que discordam do sanpaulino que sou. Depois das partidas de futebol, quem tiver suas derrotas pra chorar que chore, e mesmo que se tenha que aturar alguns desaforos naturais dessas manifestações, quase sempre vindas urubus e porcos, quando se precisa realmente deles, eles estão conosco.

Poderia falar de amigos que professam fé religiosa diferente da minha. É difícil encontrar alguém que pense exatamente como eu no que diz respeito a esse assunto. Mas mesmo assim mantenho estreitos laços de amizade com pessoas das mais diversas denominações, de mulçumanos a judeus, passando por budistas, hinduístas e cristão de todos os matizes.

Em minha concepção de vida, as nossas diferenças servem para valorizar mais as nossas semelhanças, prática sedimentada sobre o fértil terreno da tolerância, sentimento que se prolifera em profusão e abundância no âmbito da amizade.

Poderia falar dos amigos que tenho em outras trincheiras político-partidário-ideológicas. Pessoas de quem discordo quanto ao que, ao como, ao quando e principalmente a quem.

No entanto, existem amigos vascaínos, agnósticos e peemedebistas de quem eu sou muito mais distante, menos identificado, que com alguns flamenguistas (arg!), mórmons (ui!) e comunistas (ai!). Brincadeirinha! Mas é verdade, existem pessoas distantes com quem concordo bem mais do que com gente bem mais próxima de mim.

Faço todo esse preâmbulo só para falar do falecimento de Rosalino Lima da Silva, “Seu” Rosa para os íntimos, ex-prefeito e o eterno grande líder de Altamira do Maranhão, cidade localizada na região do Médio Mearim, que conta com uma população de aproximadamente 7.500 habitantes e tem cerca de 220 quilômetros quadrados de área.

Rosalino, homem humilde e simples, mas muito rico, era um dos maiores criadores de gado do estado, liderava um grupo político que governou Altamira por 20 anos. Tinha e acredito que mesmo agora, continuará tendo uma legião de amigos que o seguia cegamente, pelo muito que fez por eles.

Faço política em Altamira desde 1982, quando me elegi pela primeira vez deputado estadual, sempre apoiado por Zeca Brás, adversário político de “Seu” Rosa, o que me fez também seu adversário durante todo esse tempo.

Acontece que uma coisa unia Zeca Brás e eu a Rosalino. O respeito que se deve ter pelas pessoas, independente de que sejam elas, amigos ou adversários. O respeito foi criando entre nós uma forte admiração e esta por sua vez foi arraigando uma amizade que se estendeu para sua esposa, suas filhas e seu genro, tanto que nas próximas eleições ele estava decidido a votar em mim. Eu que fui seu adversário nos últimos 28 anos, iria dessa vez merecer seu apoio.

Recentemente estive na casa de Rosalino, juntamente com sua família e pude sentir o carinho deles para comigo. Era algo desinteressado, gratuito, espontâneo. Foi uma das melhores sensações que eu experimentei nessa minha longa vida política, tão movimentada.

Eu seria apoiado por um adversário que reconhecia em mim o melhor candidato para defender os interesses de seus amigos e correligionários.

No entanto duas fatalidades se impuseram. A primeira foi o fato de eu ter resolvido não me candidatar nas próximas eleições e a segunda a morte de Rosalino no dia 1° de maio último, em Recife.

Quando soube da morte de Rosalino senti como se tivesse perdido um amigo muito chegado, como se ele fosse alguém com quem eu convivesse diariamente, pois ele havia me dado um crédito imensamente grande, muito maior do que o crédito que me é dado por aqueles que, muito mais poderosos que Rosalino, convivem comigo há décadas.

À Dona Teresinha, Lidce, Ludmila, dr. Miranda, e aos demais familiares e amigos de “Seu” Rosa, todo o meu respeito. Saibam que ter sido adversário de Rosalino engrandeceu o meu currículo. Ser seu amigo fez com que esse mesmo currículo ficasse diferenciado, pois poucos são os políticos que podem dizer que tem o respeito e a amizade de quem em uma ou outra situação diverge dele.

PS: Apenas para registrar: em duas ocasiões tive grandes perdas que de certa forma serviram para galvanizar as decisões que tinha que tomar. Com o falecimento de meu pai, em setembro de 1993, resolvi que não seria candidato em 94, pois queria organizar a vida de nossa família. Nos últimos seis meses, em sequência, morreram meu fiel escudeiro Moraes Neto, minha querida amiga Cleonice Rodrigues, de Vitorino Freire, meu amigo Jair Andrade, de São Domingos, e mais recentemente Rosalino Lima. Triste sinal dos tempos mostrando que fiz a escolha correta.

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A chave

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Revirando guardados,

encontrei dentro de uma bolsinha de couro,

uma chave com uma etiqueta pendurada nela

onde estava escrito

com minha letra,

“importante”.

Há tanto tempo guardada que minha memória não conseguia lembrar o que abria tal chave.

Comecei a experimentá-la em todas as fechaduras e nada.

Não era da porta da frente,

nem da porta dos fundos.

Não era da dispensa,

nem da garagem.

Não era do armário,

não era da cômoda,

não era do criado,

(mudo, cego e surdo)

não era da caixinha de musica que herdei em vida

de minha mãe quando eu ainda era criança,

não era do álbum de família antigo,

não era daquela caixinha de jóia portuguesa,

barroca, cuja a palavra usada por minha avó para invocá-la jamais esqueci.

Não era do apartamento alugado,

de onde fugi só com a roupa do corpo…

Não era de nenhuma fechadura!

“De onde será essa chave?”

Depois de dias sem descobrir,

resolvi que só haviam duas coisas a fazer,

jogá-la fora

ou guardá-la no mesmo lugar,

dando a ela o privilégio de continuar

“importante”,

mesmo que esquecida,

no fundo de uma gaveta.

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Notícias do Front

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Cheguei a casa por volta das 22 horas, exausto de mais um dia de lida e preocupado, por ainda não ter escrito minha crônica para domingo.

Mais cansado do que de costume, fui direto tomar meu banho, pois acabara de chegar de uma partida de basquetebol contra a equipe do Amapá pelo campeonato brasileiro da modalidade, na categoria de veteranos, faixa dos 45 anos. Vejam só! Eu jogando com um monte de meninos, já que há meia década passei dessa marca etária. Perdemos o jogo, mas eu acredito que não fiz feio, joguei o melhor que poderia fazer um cinqüentão de 120 quilos, um metro e oitenta e cinco e ainda por cima, com problemas nos joelhos.

Depois de tomar um pouco da deliciosa sopa de legumes que me aguardava, altiva sobre o fogão, peguei pesadamente no sono e já fui de cara sonhando.

Foi um sonho no mínimo engraçado.

Da torre leste do forte de minha vida, um cabo da guarda, de sentinela, com o fuzil acomodado ao ombro, grita e comenta:

São onze horas e tudo vai bem! Viva nosso comandante que recentemente completou oitenta anos de vida e de muita sabedoria, coisa que ele tem pra dar e vender. Seria muito bom que se desse mais ouvidos para ele! Olha, olha!

Da torre norte, como em um jogral, um outro cabo continuava a ladainha: Por aqui ainda são onze horas e tudo continua bem! A visita do presidente do Líbano em São Paulo serviu para muita coisa. Formalizou-se a nossa intenção de termos implantado no Maranhão um consulado libanês, além de ter servido para eu experimentar, uma das últimas vezes, o prestígio de ser deputado e ficar sentado no espaço reservado às autoridades, gente como Paulo Maluf, Romeu Tuma, Geraldo Alckmin, e os desembargadores conterrâneos e patrícios, Jamil Gedeon e Jorge Rachid.

O sonho continuava e da torre oeste daquele forte, que agora se parecia mais com um daqueles da legião estrangeira, incrustado em meio ao inóspito deserto do Saara, saído de um filme antigo, em preto e branco, outro cabo continua a cantoria: São onze horas e cinco minutos e tudo vai bem… Mas não posso deixar de dizer que há muito tempo não se vê um filme que se possa dizer que é um excelente filme, um que possa ser incluído numa lista de inesquecíveis ou antológicos. Diga aí, qual foi o último filme que você viu que possa figurar ao lado de Carruagens de Fogo, Sociedade dos Poetas Mortos, Pulp Fiction, O Labirinto do Fauno… Não me venha dizer que Avatar seria um desses filmes. Por favor!… Isso não, me poupe! Um filme pode ser um sucesso de bilheteria sem jamais ser extraordinário.

Nessa altura, em meu sono agitado, estava em estado de semi-consciencia e resolvi continuar sonhando aquele sonho, exercitar a capacidade de incentivar minha mente em vigília a produzir pensamentos mais ou menos controláveis, em forma de sonho, coisa que faço desde quando eu era muito jovem.

Da torre sul, seguindo sempre em sentido anti-horário, um quarto cabo fecha o ciclo de sentinelas de minha vida e do pregão de minha pauta para meu texto dominical: São onze horas e dez minutos e tudo vai bem!… Mas não se esqueça da posse da nova direção do Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão, amanhã às 08:30 da madrugada (isso seria na sexta-feira). Lembre-se da reunião no Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, o MAVAM que servirá como armazém de nossa memória, providenciando a identificação, a localização, a catalogação e a preservação de tudo que possa significar acervo audiovisual, em todas as tecnologias possíveis, desde as mais recentes até as mais antigas. Esse museu que funcionará como uma usina de memória, idealizando e manufaturando produtos audiovisuais sobre nossa gente, nossa cultura e nossa terra. Museu que contará com um farol de memória, pronto para iluminar nosso caminho, item que irá coroar esse projeto. Trata-se de um canal de televisão educativa que terá sua programação voltada para transmitir não só o conteúdo do museu, mas também os conteúdos das muitas entidades parceiras nesse intento de preservar e difundir nossas manifestações culturais e artísticas.

Um trovão distante interrompeu a fala do cabo ao sul e prejudicou minha concentração. Ajeitei-me na rede e continuei sonhando, pois as sentinelas daquele forte, em minha mente tinham muita coisa a dizer noite adentro.

Acordado, corri para o computador para registrar o acontecido, antes que minha fraca memória esquecesse.

Chegando a mesa do escritório, deparei com um bilhete de minha Jacira, ao lado do computador, onde se lia “eu te amo”.

Preciso eu de mais alguma coisa!?

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Chove lá fora.

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Até que enfim chove lá fora.
Há muito
o sol
amigo diário,
diurno,
não dava espaço a doce chuva matinal.
Abro as cortinas e vejo o céu cinza.
Não vejo nada além disso.
Meus olhos
olham para dentro de mim.
Minha lembrança voa em busca da infância
povoada por chuvas de todos os tipos:
torrenciais,
pingos doloridos do tamanho de bolinhas de gude,
finas e rápidas,
localizadas – incrivelmente só de um lado da rua…
Abro a janela e sinto a suave brisa da manhã,
escuto trovões distantes,
e sinto o respingar da água da vida em meu rosto.
As margaridas no canteiro do parapeito da janela
parecem sorrir para mim.
De repente
o vento abre uma pequena fresta na parede de nuvens,
faz com que a folhagem do babaçual ao lado
balance em sutil reverencia
e o sol
distante
manda dizer por um raio dourado cintilante
que permite o casamento da raposa com o rouxinol.

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Ave Fernando Pessoa e Jair Andrade.

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Minha mãe reinventou o almoço em família. É! Na nossa, assim como acredito que em todas, esse evento acontece aos domingos e é regado, variando de um lugar para o outro, pelos sempre maravilhosos pratos especiais da vovó ou da nona, conforme a etnia e o sotaque.

Mas voltemos à minha mãe, avó de Laila, Nagib Neto e Pilar e de mais duas dúzias de netos que não são filhos de seus filhos legítimos, mas de filhos que se deram para ela, de presente, sem que tivessem que deixar de serem filhos de suas próprias mães. Algumas mães têm essa capacidade de irem acumulando filhos postiços pela vida afora, e a minha é uma dessas.

Pois bem, acontece que a minha mãe, Dona Clarice Pinto Haickel, estabeleceu que além do almoço de domingo, às vezes tipicamente árabe, comida que ela aprendeu a fazer com minha avó, mãe de meu pai, às vezes tipicamente maranhense, cuxá, torta de camarão, peixe pedra frito, carurú, carne de porco assada ou ainda, assessorada por mãe Teté que faz carne de grelha, assada no fogareiro, servida com um arrozinho branco quentinho, passado na manteiga Real, ou ainda uma suculenta feijoada de mulata gorda, com legumes, verduras, toicinho, linguiça e até com banana, milho, caju, ou sua tradicional macarronada com carne moída, frango ao forno e galinha ao molho pardo, ou o velho e rico arroz de toicinho, acompanhado de sua maravilhosa salada de camarão seco e o tradicional molho d’água, espécie de acompanhamento inventado por meu avô, pai de minha mãe, destinado a saciar a fome de sua família, grande e não abastada, complementando a refeição, feito à base de água fria, cebola, alho, limão, uma ou outra folhagem verde, daquelas usadas para temperar peixe, uma pitadinha de sal e pimenta murici, ingrediente indispensável para atrair o freguês a comer algo parecido com nada e ainda assim se sentir satisfeito e refestelado. Comida de pobre mesmo.

Não estou fazendo rodeios, é que preciso desenhar esse cenário todo para poder chegar onde desejo, o novo dia do almoço familiar Pinto-Haickel. Dona Clarice que arrumou uma função melhor que ser nossa mãe ou presidente da Fundação Nagib Haickel, agora só quer ser é avó de Nagib Neto, pois Pilar está morando com a mãe dela em Paragominas e Laila, agora com vinte anos, namorando, fazendo faculdade, passa pouco tempo em casa. Nagib Neto, que é um gigante de cento e noventa centímetros de altura, oitenta e cinco centímetros de largura e dezesseis anos de idade, é um ser que visto de longe já é imenso e de perto só não é assustador por causa de seu sorriso infantil e doce. Ele resolveu que vai comer todo o jerimum e toda a vinagreira do extraordinário cozidão maranhense que minha irmã de criação Litiane, sob a supervisão de mamãe, faz agora todas as sextas-feiras, o tal novo dia de almoço familiar.

A minha velha é muito esperta. Ela inventou esse outro dia para almoçarmos em sua casa, para poder fazer com que meu indisciplinado irmão Nagib coma direito, pois se depender dele, passa o dia todo só no cafezinho, além de aproveitar para ter os homens de sua vida aos seus pés.

Numa dessas sextas-feiras de almoço familiar, cujo prato era um daqueles imensos cozidões, presentes à mesa, dona Clarice na cabeceira, ladeada por mim e por meu irmão, que tinha ao seu lado Nagib Neto, que por sua vez tinha a sua frente, mãe Tetê e do seu outro lado mãe Loló, conversávamos sobre as coisas do dia a dia. De repente eu suspirei fundo e disse a eles uma coisa que queria ter dito há muito tempo: “Eu sou muito feliz” e continuei depois dos améns das mães, da aleluia do meu irmão e da cara de espanto de meu sobrinho gigante. “Sou muito feliz porque tenho uma família maravilhosa, mesmo que minha mãe insista em colocar apenas três quilos de jerimum no cozido, causando briga entre mim e esse mastodonte do Nagib Neto; sou feliz, porque tenho dito para todos que não sou mais candidato a deputado e de todos a quem já disse isso, só ouvi palavras de apoio, mesmo que às vezes discordantes de minha decisão; sou feliz por que amo e sou amado por uma mulher sensacional; sou feliz porque me sinto realizado em minha vida profissional, em todos os âmbitos e aspectos; sou tão feliz, que até quando as coisas não acontecem do jeito que eu queria que acontecessem, acontecem de um jeito melhor; sou feliz porque mesmo sendo agnóstico, sinto que meu Deus fala comigo das formas mais variáveis possíveis, sem precisar de intermediários, sem precisar de religare; sou feliz…” e continuei por um bom tempo enumerando os motivos de minha felicidade, quando cheguei a uma comprovação que havia tido naquela manhã, uma certeza de felicidade, em que pese ser uma certeza triste e pesarosa, pois me foi dada em um depoimento choroso, de uma pessoa que estava em um velório de um de meus grandes amigos, colega do Dom Bosco e correligionário político do município de São Domingos do Maranhão, Francisco Jair Sousa Andrade, que faleceu pouco antes de completar 52 anos, vítima de derrame cerebral.

Uma pessoa veio falar comigo e disse que ele, Jair, gostava muito de mim. Gostava tanto que se alguém dissesse que eu era feio ou mesmo gordo, duas coisas que eu realmente sou, ele partia para cima dessa pessoa, tentando mostrar as qualidades que ele achava que eu tinha.

Naquela hora comprovei que sou realmente muito feliz, pois tenho amigos verdadeiros, pessoas que estão comigo por carinho, amizade, respeito, companheirismo… Amor mesmo.

A absurda e prematura morte de Jair, de certa forma quebrou as minhas pernas, mas me fez ter certeza que a fragilidade de nossas vidas deve ser exercida de maneira liberta, simples, despojada, para que no final possa se chegar à conclusão que eu cheguei ao ver todas aquelas pessoas no velório. Como disse Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena se a vida não é pequena” e a vida de Jair Andrade, mesmo simples, pacata, modesta, valeu muito a pena. Tenho que seguir o seu exemplo.

Depois de dizer isso, em meio ao almoço familiar das sextas-feiras, minha mãe que me acha um rebelde religioso, e eu sou mesmo, deve ter acreditado que suas orações foram ouvidas e eu encontrei o bom caminho.

Quanto a mim, tive a certeza de que Deus realmente escreve palavras corretas por tortas linhas, basta apenas que saibamos lê-las e interpretá-las.

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Audiovisual ganha espaço privilegiado em São Luís

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Foto histórica de São Luís será uma das imagens a serem guardadas no Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão (Mavam), que será instalado no Desterro, em pleno Centro Histórico da Ilha
Foto histórica de São Luís será uma das imagens a serem guardadas no Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão (Mavam), que será instalado no Desterro, em pleno Centro Histórico da Ilha

A partir da próxima sexta-feira, 16, produtores, cineastas, colecionadores, curiosos e afins terão à sua disposição um acervo audiovisual que, ao mesmo tempo, irá resgatar e fazer a história do Maranhão e dos maranhenses. Fotos, arquivos de documentários, filmes, gravações de TV e rádios e toda uma gama de materiais de áudio e vídeo estarão disponíveis no Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão (Mavam). A inauguração acontece às 18h30.

O Mavam funcionará na antiga Companhia de Navegação – que posteriormente, no século XX, funcionou um entreposto comercial -, no bairro do Desterro (Avenida Senador Vitorino Freire, nº 42), mais precisamente em frente à atual sede da Flor do Samba. É neste local que serão reunidos materiais que contam a história do áudio visual do Maranhão.

De acordo com Joaquim Nagib Haickel, idealizador do projeto, o Museu já tem uma importância histórica singular, pois será a primeira tentativa de resgate, guarda e mostra de produções que, por si só, contam várias histórias sobre a sociedade maranhense. “Teremos materiais que hoje fazem parte de coleções particulares e, apesar de não serem proibidas ao público, não estão disponíveis na medida em que estão em locais privados”, conta o cineasta e também deputado.

Para disponibilizar esse material ao público, o Mavam vai buscar parcerias com estes colecionadores particulares, com emissoras de TV e de rádio, cineastas, documentaristas, fotógrafos, entre outros profissionais, instituições e empresas que dispõem de materiais audiovisuais que possam auxiliar na composição do Museu. “Também buscaremos famílias que queiram dividir suas histórias conosco, em forma de fotografias, por exemplo”, diz Haickel.

Estruturação – De acordo com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (IPHAN), Kátia Bogéa, o prédio onde funcionará o Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão passou por uma reforma completa. “Trabalhamos com base nas características da edificação. Queríamos deixá-la igual ao que era na época de sua construção”, revela.

O Mavam é um tipo de projeto, segundo a superintendente, que preenche as expectativas do IPHAN, no sentido de que, além de restaurar um prédio tombado e de intangível importância histórica nacional, colabora para a preservação e utilização. “Não apenas reparamos os danos causados pelo tempo, mas estamos restituindo ao Maranhão um espaço que faz parte da história dos maranhenses”, destaca Kátia Bogéa.

O Museu de Audiovisual disponibilizará ao público um amplo espaço climatizado. Salas servirão como pontos de exibição do acervo, que estará disponível, em horário comercial, a quem desejar conhecer um pouco mais da história do Maranhão, em registros diversos. “Além disso, teremos uma sala equipada pronta para ser utilizada por estudantes que necessitem de um local para produzir e aprender sobre produção de documentários, por exemplo”, garante o seu idealizador.A declaração revela mais uma vertente do Museu, que é a produção de materiais. “Não será um espaço apenas para guarda e exibição de acervo. Teremos um museu dinâmico, onde se produzirão documentos audiovisuais. Essa produção também fará parte do catálogo do Mavam”, acrescenta Haickel.

Sonho de cineasta foi iniciado em 2007

O Museu é um sonho antigo de Joaquim Nagib Haickel. O projeto só saiu do plano das idéias e foi parar no papel, no entanto, em 2007, quando foi criado um projeto museológico. “A partir daí buscamos a efetivação, o que foi conseguido graças a emendas parlamentares de políticos que perceberam a importância cultural e histórica do Mavam”, diz o deputado, referindo-se ao senador Epitácio Cafeteira e as deputados federais Ribamar Alves, Sétimo Waquim, Pedro Novaes, Gastão Vieira, Carlos Brandão e Cléber Verde.

Joaquim Haickel ressalta que, embora o gerenciamento do Museu da Memória seja de responsabilidade da Fundação Nagib Haickel, todo o recurso obtido foi direcionado ao IPHAN. “Foi o órgão que se encarregou dos processos licitatórios necessários, bem como da reforma do prédio e da compra de alguns equipamentos”, afirma.

Isso é confirmado por Kátia Bogéa. A superintendente diz que a Fundação Nagib Haickel providenciou um projeto de restauração do antigo prédio, tão logo recebeu a notificação do Instituto. “O prédio oferecia risco de desabamento e necessitava de reparos imediatos”, lembra Kátia.

O fato é que já se pensava tanto na restauração do antigo entreposto comercial, quanto na criação de um museu audiovisual. “Decidimos aproveitar o prédio, doado por mim para a Fundação Nagib Haickel, e construir o Mavam. Só precisávamos de recursos, que foram obtidos com as emendas”, diz Joaquim Haickel. “Com isso, estamos devolvendo ao bairro do Desterro, que possui raízes históricas e culturais muito fortes e dinâmicas, um prédio que reforça a identidade do bairro. Ganhamos todos”, arremata Kátia Bogéa.

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Em muito boa Companhia…

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Recebi o texto abaixo como comentário do post Repercutindo, publicado neste blog, no último dia 3.

Ao lê-lo, confesso que fiquei envaidecido, pois realmente me senti em muito boa companhia, ou talvez fosse mais apropriado dizer que as pessoas citadas pela jornalista Maria Clara Cabral, de a Folha de São Paulo, é que vieram abrilhantar a atitude que eu tomei muito antes da maioria deles: Não serei candidato a deputado nas próximas eleições.

Assim como eu, homens da estatura de Ciro Gomes (PSB-CE), Fernando Coruja (SC), do deputado mais votado do PSDB em 2006, Emanuel Fernandes (SP) e do secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP), os deputados Roberto Magalhães (DEM-PE), Germano Bonow (DEM-RS) e Ibsen Pinheiro(PMDB-RS) e do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), resolveram que é hora de dar um tempo, olhar as coisas de fora, com um certo distanciamento o legislativo, buscar outros caminhos, outras formas de contribuir.

Vejam a integra da matéria da Folha.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u715792.shtml

03/04/2010 – 09h00

DESILUDIDOS, FIGURÕES DO CONGRESSO DESISTEM DE TENTAR A REELEIÇÃO

MARIA CLARA CABRAL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Desilusão com a produtividade no Legislativo, o altíssimo custo das campanhas eleitorais, os financiamentos obscuros e o risco crescente de escândalos na classe política. Esses são os motivos alegados para que prestigiados senadores e deputados desistam de concorrer à reeleição este ano.

Com história política notável e alguns com votos mais do que suficientes para tentar novos mandatos, eles seguem a trilha aberta pelo ex-governador e atual presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE) e dizem que não têm mais entusiasmo para continuar na vida parlamentar.

Na lista há nomes como os do líder do PPS na Câmara, Fernando Coruja (SC), do deputado mais votado do PSDB em 2006, Emanuel Fernandes (SP) e do secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP).

Renovação no Congresso é normal, porque há uma dança de cadeiras entre os vários Executivos e Legislativos. Desta vez, porém, a questão não é de quantidade, mas de qualidade.

Levantamento feito pela Folha junto às lideranças partidárias aponta que cerca de 88% dos 513 deputados devem tentar a reeleição, com a expectativa de renovação de 50%, mas a bancada do “cansei” abrange quase todos os partidos, espectros ideológicos e regiões.

Uns ainda se animam com a possibilidade de ocupar funções em campanhas à Presidência ou a governos estaduais e cavar cargos executivos, onde se consideram “mais úteis”. Outros pensam em simplesmente abandonar a política.

Com os “figurões” desistindo, o temor de cientistas políticos e dos congressistas é que o espaço seja preenchido por pessoas com cada vez menos experiência e menor vocação para a política real. Deputados e senadores que já foram prefeitos e governadores podem ser substituídos por quem nunca se elegeu nem a vereador.

“A desilusão sempre existiu, mas hoje o movimento está maior e as críticas mais virulentas. E isso pode resultar em uma diminuição da qualidade política”, avalia Marcos Verlaine, analista político e assessor parlamentar do Diap.

Fernando Coruja, médico em Santa Catarina, diz que não vai disputar as eleições por se sentir “inútil”: “Parece que aqui [na Câmara] você não é importante para beneficiar o seu eleitor, cada vez menos o parlamentar tem capacidade de decisão. Me sinto mais útil exercendo a minha profissão”.

O tucano recordista de voto na Câmara, Emanuel Fernandes, também cogita não concorrer. Ele, que já foi prefeito de São José dos Campos (SP), diz que a figura do parlamentar está desacreditada: “Não decidimos coisas estruturais, que realmente têm importância”.

José Eduardo Cardozo divulgou carta no começo do mês na qual anuncia sua desistência da vida parlamentar, reclama do atual sistema político, com campanhas caríssimas e da “banalização da ideia de que todo político é desonesto”.

Vergonha

Essa banalização resulta em uma certa vergonha em ser parlamentar. Muitos que ostentavam orgulhosamente seus broches de parlamentares até há pouco tempo, agora chegam a tirá-los antes de viajar de avião para não serem hostilizados.

Figura polêmica, Ciro Gomes já foi ministro duas vezes, governador, prefeito e candidato a presidente. Em outubro, quer concorrer de novo à Presidência. Mesmo perdendo, garante que para o Congresso não volta: não gosta de passar horas discutindo sem ver resultados.

Além dele, há o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) e os deputados Roberto Magalhães (DEM-PE), Germano Bonow (DEM-RS) e Ibsen Pinheiro.

Apesar das desistências, analistas políticos acham que o índice de renovação em outubro deve ficar em 50%, como em anos anteriores. “A renovação deve permanecer no mesmo nível, mas com alguns fatores negativos: sai gente boa e entra muita gente inexperiente”, diz David Fleischer, da UnB.

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Pessach

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Umas três semanas atrás eu cheguei ao posto de meu primo Eduardo, na Ponta D’areia, e ele estava conversando com um de seus frentistas. O rapaz estava pedindo permissão a ele para distribuir aos clientes do posto um folheto confeccionado por sua igreja a respeito da páscoa que se aproximava.

Eduardo argumentava que não haveria nenhum problema, mas que o rapaz ficasse atento, pois algum cliente poderia achar inconveniente tal abordagem, poderia se achar de alguma forma agredido por aquela ação. Coisas da modernidade. Tempo onde todos nós nos sentimos invadidos pela ação das pessoas. Bobagem, bastaria receber o panfleto e caso não quisesse levar em consideração, dobrar, guardar e depois jogar no lixo. Simples assim!

Mas eu fiquei muito curioso em saber se aquele rapaz, nitidamente evangélico, sabia com exatidão o que se festejaria, se ele sabia a diferença da páscoa para a Semana Santa. Impertinente, não me contive e perguntei-lhe se ele sabia a diferença da páscoa judaica para a páscoa cristã. Ele calmamente, com um sorriso maroto nos lábios, respondeu: “a páscoa judaica comemora a libertação dos judeus do cativeiro do Egito, a páscoa cristã comemora a nossa, a libertação de todos nós, através da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, que aconteceu exatamente durante a comemoração da páscoa judaica, há pouco mais de 2000 anos atrás”.

Fiquei sem palavras, pois era a primeira vez que ouvia a resposta exata, pelo menos aquela que eu gostaria de ouvir, mesmo que incompleta, faltando pequeninos detalhes que só os historiadores, jamais os religiosos levariam em consideração sobre o que realmente é a festa da páscoa.

A páscoa é uma festa judaica realizada em memória da morte dos primogênitos e da libertação dos israelitas de sua escravidão no Egito. O nome páscoa deriva de uma palavra hebraica Pessach que significa a passagem do anjo exterminador, o instrumento de Deus usado para realizar a décima e última praga enviada por Ele para obrigar o faraó do Egito a libertar o povo de Moisés do cativeiro. O anjo passou pelas terras do Nilo fazendo perecer os primogênitos de todas as casas, tendo sido poupadas apenas as habitações dos israelitas, cujas portas haviam sido ungidas com o sangue de um cordeiro. Era tão rigorosa a obrigação de guardar a páscoa, que todo aquele que não cumprisse tal preceito seria condenado à morte.

Os tempos mudaram tanto que para muitos gerentes de lojas de chocolate, padarias e supermercados, a páscoa é simplesmente uma data instituída pelo Clube de Diretores Lojistas ou pela Associação Comercial para incrementar as vendas nessa época difícil entre o carnaval e o São João.

Algumas crianças acham até que os coelhinhos põem ovos. Só algumas! A sobrinha de um amigo meu, com quem encontrei essa semana, num Shopping Center da cidade, pedia insistentemente que o tio comprasse para ela um ovo de chocolate e no meio de sua tese de convencimento a garotinha de cabelos encaracolados e com uma carinha de sapeca disse ao tio que ela queria um ovo de chocolate, não de coelho, pois coelho é mamífero e mamífero não põe ovo e se pusesse não seria de chocolate, seria de coelhinhos. Ao ver aquela cena lembrei que durante muitos anos, enquanto criança, acreditava que Papai Noel existia e até que os coelhos, na época da páscoa, punham ovos de chocolate. Não se fazem mais crianças como antigamente.

Há nessa historia toda, porem, uma coincidência interessante – se bem que meu irmão Nagib, que é evangélico, diz que não existem coincidências, mas sim desígnios divinos – a páscoa cristã, ou seja, a salvação dos homens consequência do martírio e da morte de um justo, Jesus de Nazaré, aconteceu exatamente quando os judeus comemoravam a sua páscoa, ocasião em que festejam a sua libertação do cativeiro egípcio.

Pode até ser que, como dizem alguns incrédulos, que tudo tenha sido orquestrado minuciosamente para acontecer conforme estava previsto nas escrituras proféticas, mas pelo beneplácito da dúvida, acredito firmemente que a páscoa seja mesmo a ocasião para comemorarmos a salvação, a libertação, não só de nossos corpos, mas também de nossas almas, de nossas consciências e de nossas mentes, que merecem não ser escravizadas por dogmas religiosos a serviço única e exclusivamente cooptação de fieis seguidores.

Não comer carne vermelha e presentear as pessoas com ovos de chocolate são apenas dois dos muitos costumes que nós seres humanos nos impomos como uma das marcas registradas de nossa espécie.

Shalom!

Salam aleikum!

Que a paz seja convosco!

PS: Quero dedicar minhas orações no sentido de canalizar a energia dos sentimentos de libertação e salvação representados pela páscoa, tanto a judaica quanto a cristã, em benefício de meus queridos amigos Ribamar Fiquene, Roberto Macieira, Jair Andrade e Hermínio de Lima, que se encontram enfermos, para que eles se restabeleçam logo e voltem ao convívio normal de seus familiares e amigos.

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