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Meus queridos amigos e meus caros leitores,

que tenhamos todos um feliz Natal

e que no ano de 2011 tenhamos saúde e paz.

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Joaquim Haickel se despede do Parlamento Estadual

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 Texto extraído do site da Assembleia Legislativa do Maranhão

 

Waldirene Oliveira
Agência Assembleia
 

Com um discurso emocionado, o deputado Joaquim Haickel (PMDB) despediu-se do parlamento, na sessão desta quarta-feira (15), fazendo um balanço dos seus 28 anos de vida pública. Ele ratificou a decisão de não disputar a reeleição este ano e foi saudado pela maioria dos parlamentares presentes no plenário da Assembleia Legislativa.

“Despeço-me desse mandato que muito possivelmente poderá ser o último que exercerei nessa Augusta corte legislativa. A menos que mude a forma de se fazer as eleições em nosso estado, a menos que se mude a legislação eleitoral de nosso país, não pretendo mais me candidatar a mandato eletivo direto, salvo no caso de tentar representar o meu partido, o PMDB, o nosso estado e o nosso país, no Parlamento do Mercosul”, declarou.

Joaquim Haickel disse que iniciou sua trajetória na Assembleia aos 18 anos, em 1978, como assessor, cargo que exerceu até 1979, ano em que o pai Nagib Haickel assumiu mandato de deputado federal e a família foi morar em Brasília.

De volta ao Maranhão, atuou no governo João Castelo e continuou a vivência política com líderes como Henrique de La Roque, Clodomir Milet, Alexandre Costa, Pedro Neiva de Santana, Nunes Freire, Ivar Saldanha e José Sarney.

Um dos destaques do discurso de Joaquim Haickel foi a legislatura de 1983 a 1987, da qual disse ter orgulho de participar como o mais jovem deputado estadual de todo Brasil. “Se no meu primeiro mandato fui logo fazendo mestrado, o seguinte me valeu como doutorado. Ter sido deputado federal constituinte e participado da discussão, elaboração e votação de nossa Carta constitucional foi o mesmo que ter frequentado os bancos da mais prestigiosa universidade do planeta. Lá não tive apenas colegas, tive professores, pois muitos deles eram autores de livros nos quais estudei, como Afonso Arinos de Melo Franco e Florestan Fernandes”, ressaltou o peemedebista, citando outros colegas de parlamento, entre eles Aécio Neves, Michel Temer, Nelson Jobim, Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Ele disse que deixou de ser candidato em 1991 porque queria ajudar o pai a realizar o sonho de ser presidente da Assembleia Legislativa, cargo que exerceu por sete meses, até o seu falecimento. Agora, ele admitiu que sentirá falta do plenário, da tribuna, das bancadas, do convívio com os colegas deputados, com os funcionários, do bate-papo com os jornalistas, dos debates acalorados e das discussões de temas importantes para o estado.

O deputado disse ter cumprido sua missão como parlamentar, atuando como membro titular das duas mais importantes comissões permanentes da Casa (a de Constituição e Justiça e a de Orçamento e Finanças), presidindo as mais importantes comissões especiais dessa legislatura (uma que adequou a Constituição Estadual e outra que reformou o Regimento Interno da Assembleia); e apresentando importantes requerimentos, indicações, projetos de resolução e de lei, entre os quais os que implantam no Maranhão o incentivo à cultura e ao esporte.

“Nesses vinte e oito anos de vida pública, tentei fazer com que, se não todo o povo de meu estado, pelo menos aqueles que me confiaram a procuração de representá-lo, pudessem se orgulhar de mim, de meu trabalho, de minhas ações”, declarou.

Joaquim Haickel finalizou seu discurso agradecendo aos prefeitos, vereadores, líderes políticos, cabos eleitorais, líderes comunitários, pessoas do povo que em algum momento estiveram com ele nos municípios que contribuíam para as suas eleições com uma grande votação, como São Domingos ou Primeira Cruz, e naqueles onde obteve poucos votos, como Icatú ou Guimarães.

“O político verdadeiro, aquele que faz política por convicção, por idealismo, nunca deixa a política. E como acredito que eu seja um dessa espécie, que parece estar em extinção, garanto que não vou sair da política, apenas não exercerei mandato eletivo. Agradeço a todos a confiança em mim depositada. Sempre procurei fazer o melhor em defesa dos interesses do povo maranhense”, concluiu ele.

 

APARTES

Em apartes, os deputados Rubens Pereira Júnior (PCdoB), Cleide Coutinho (PSB), Carlos Alberto Milhomem (DEM), Carlos Braide (PMDB), Penaldon Jorge (PSDC), Graça Paz (PDT), Pavão Filho (PDT), Helena Barros Heluy (PT), Jura Filho (PMDB), Fátima Vieira (PP) e Marcelo Tavares (PSB) destacaram a atuação de Joaquim Haickel, e afirmaram que o parlamento sentirá sua ausência.

Rubens Júnior disse que, com as qualidades que tem, Joaquim Haickel não poderá ficar distante do processo de transformação que o Maranhão vive, e lembrou os muitos conselhos que recebeu do peemedebista durante este mandato. “Com toda a coerência, esperança, experiência e qualificação técnica que tem para exercer mandatos, digo sem medo de errar que o parlamento do Maranhão sentirá sua falta”, afirmou.

Cleide Coutinho avaliou que a tranqüilidade e a alegria demonstradas por Joaquim Haickel nos últimos dias demonstram que ele tem o sentimento do dever cumprido. “Só quem sai de uma vida pública desse jeito é porque tem o dever cumprido. Quero agradecer, em meu nome e das minhas colegas deputadas, o apoio que sempre nos deu. Sempre confiei nas suas palavras, nas suas respostas, mesmo muitas vezes estando em lados políticos diferentes”, enfatizou.

Pavão Filho definiu Joaquim Haickel como uma pessoa que passou pela história fazendo história, dando grande contribuição às questões sociais e às causas públicas. “A atividade política só realiza em plenitude se servir para aproximar as pessoas e não para separar. E vossa excelência ajudou a materializar esse entendimento para conviver inclusive nas disputas político-partidárias, ou até mesmo eleitorais”, declarou Helena Heluy.

Em aparte, Carlos Braide lembrou que uma vez perguntaram ao senador Antonio Carlos Magalhães qual era a sua maior obra, e ele respondeu que era Luís Eduardo Magalhães. “Eu tenho certeza de que o Nagib, de onde está, ele está olhando para vossa excelência e deve estar muito orgulhoso pela obra que fez”, enfatizou.

“Sei que a partir de janeiro, fevereiro, nós iremos nos encontrar nas mesmas caminhadas pela vida pública, por esta paixão que nós temos de nos preocuparmos com a situação dos nossos irmãos. Eu tenho certeza que V. Ex.ª em nenhum momento se afastará, nem desta Casa e nem da sua atividade pública, da sua vida pública”, declarou Penaldon Jorge.

Marcelo Tavares parabenizou Joaquim Haickel por seus mandatos e, acima de tudo, por valorizar a vocação de ser deputado estadual do Maranhão. “Vossa excelência valorizou o trabalho desta Casa durante todos esses anos. Sabemos como gosta de ser deputado, de exercer essa procuração que a população lhe deu, mas a razão de tanto sorriso é porque vai sobrar mais tempo para ficar mais próximo das pessoas que gosta, e isso realmente é motivo de alegria. Foi uma honra dividir este mandato com vossa excelência”, finalizou.

 

 

Discurso de despedida proferido pelo deputado Joaquim Nagib Haickel(PMDB), no Grande Expediente do dia 15/12/2010

 

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL  (sem revisão do orador) Senhor Presidente, senhoras e senhores deputados, minhas senhoras e meus senhores. Com esse discurso encerro hoje um importante capítulo de minha vida, despeço-me desse mandato que muito possivelmente poderá ser o último que exercerei nesta Augusta Casa Legislativa. A menos que mude a forma de se fazer eleições em nosso Estado, a menos que mude a legislação eleitoral de nosso país, não pretendo mais me candidatar a mandato eletivo direto, salvo no caso de tentar representar o meu partido PMDB, o nosso Estado e o nosso país no parlamento do MERCOSUL. A minha trajetória nessa Casa iniciou-se quando aos 18 anos, em 1978, quando passei a compor seu quadro de assessores, cargo que exerci até 79, ano em que meu pai tomou posse como deputado federal e fomos morar em Brasília. Quando voltei a morar no Maranhão, passei por um magnífico estágio como oficial de gabinete do governador João Castelo. Depois fui requisitado pelo chefe da casa civil de então, José Burnet, para funcionar como seu chefe de gabinete. Ali dei continuidade a meu aprendizado político, iniciado quando eu ainda era muito criança e acompanhava meu tio José Antonio Haickel e meu pai em suas primeiras campanhas políticas. Comecei a aprender sobre política ouvindo e vendo. Olha que eu vi e ouvi muitas conversas políticas. O melhor disso é que elas tinham como protagonistas, figuras da estatura de Henrique de La Roque, Clodomir Milet, Alexandre Costa, Pedro Neiva de Santana, Nunes Freire, Ivar Saldanha e é claro, José Sarney. De lá para cá, tudo aconteceu muito rápido, como num sonho. Um sonho intenso, emocionante, eletrizante, cheio de aventuras, como um filme com final feliz, isso graças aos produtores, aos diretores, aos atores, graças à família que tive a sorte de possuir e aos amigos que tive o privilégio de conseguir durante essa jornada. O tempo, o momento é um fator importante em toda história e nessa não poderia ser diferente. Meu tempo aqui foi magnífico. Ingressei na política em uma época sensacional, convivi com pessoas fantásticas e pude aprender com elas tudo àquilo que hoje pratico. Já tive oportunidade de comentar que a legislatura de 1983 a 1987, nessa Casa, foi uma grande legislatura. Quem sabe a melhor da segunda metade do século XX, ou até mesmo de todo ele, e eu tenho orgulho de dizer que fiz parte dela, que eu era o mais jovem entre os deputados de então. Na verdade naquela legislatura eu fui o mais jovem deputado estadual de todo Brasil. Eu era um neófito, como bem me adjetivou em um antológico discurso o deputado Carlos Guterres. Em tom pejorativo, certo de que eu não sabia o significado da palavra “neófito” e achando que eu iria me ofender com a forma agressiva que ele discursava, dirigindo-se a mim, esbravejando e gesticulando. Realmente fiquei atônito. “Carrinho” era amigo de meu pai, pessoa de dentro de minha casa! Achei estranha a forma com que ele me tratou, mas como eu não sabia mesmo o que significava aquela palavra, achei melhor não retrucar, mas devo ter ficado com uma cara esquisita e sem graça. Controlei-me e não devolvi a aparente agressão. Depois, ao final do discurso ele me explicou sorrindo que neófito era alguém novato, inexperiente, que eu não me ofendesse com aquilo, que aquele era meu batismo de tribuna, que eu havia sido aprovado no teste e aceito naquela irmandade. Já disse antes e repito agora, participar daquela legislatura me serviu como um mestrado, pois o que mais tinha no plenário de então eram mestres, dos quais citarei aqui apenas alguns: José Bento Neves, Gervásio Santos, Celso Coutinho e Raimundo Leal. Se no meu primeiro mandato fui logo fazendo mestrado, o seguinte me valeu como doutorado. Ter sido deputado federal constituinte e ter podido participar da discussão, elaboração e votação de nossa carta constitucional, foi para mim o mesmo que ter frequentado os bancos da mais prestigiosa universidade do planeta. Lá não tive apenas colegas, tive professores, pois muitos deles eram autores de livros nos quais estudei como Afonso Arinos de Melo Franco e Florestan Fernandes. Além disso, pude me tornar amigo de pessoas extraordinárias como Artur da Távola, Wladimir Palmeira, Aécio Neves, Roberto Campos, Michel Temer, Nelson Jobim, Delfim Netto e Sandra Cavalcante e ter sido colega de dois futuros presidentes da república. Fernando Henrique e Lula. Faço esse relato porque em momentos de despedida precisa-se lembrar do caminho percorrido e dos amigos que nele encontramos. Deixei de ser candidato em 1991 porque queria ajudar meu pai a realizar um sonho antigo: ser presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão. E o fiz. Ele o foi, mesmo que por breves sete meses. O suficiente para ter marcado época e se tornado um dos mais bem quistos e respeitados presidentes da história desse parlamento, tanto para seus pares quanto para os funcionários, que ainda hoje, dezessete anos após sua morte, se lembram dele com carinho e saudade. Quando resolvi que não mais seria candidato a deputado, minha mulher me perguntou duas coisas. Se eu estava preparado para isso e do que eu sentiria mais falta quando deixasse de ser deputado. Alguém pode imaginar que sentirei mais falta do poder que emana do cargo e dos salamaleques decorrentes dele. Dos convites para as solenidades, das pompas e circunstâncias. Dos proventos e do prestígio. Mas quem me conhece e me conhecer não é difícil, quem me conhece como minha querida amiga Helena Heluy, sabe que eu não sentirei falta de nada disso. Do que sentirei falta mesmo é desse plenário. Dessas tribunas, dessas bancadas, dessas cadeiras, desse corredor central por onde caminhei quilômetros, entre uma conversa e outra, entre um acordo e uma votação, entre uma questão de ordem e um aparte. Vou sentir falta do convívio com os colegas deputados, vou sentir falta do convívio com os funcionários dessa Casa, alguns deles estão comigo nessa lida desde 83 quando pela primeira vez entrei aqui como parlamentar. Sentirei falta dos olhares de cumplicidade e aquiescência das taquígrafas, as primeiras a interpretarem minhas palavras; sentirei falta das conversas ou mesmo das discussões com Verde, Gonzaga, Bráulio e Maneton, sobre o funcionamento da Casa; sentirei falta do bate papo gostoso, antes do inicio das sessões, com jornalistas e radialistas que cobrem nosso trabalho aqui; sentirei falta dos excelentes colaboradores da consultoria legislativa, entre os quais citarei apenas Lula e Aristides. Sentirei muita falta sim! Sentirei falta de tudo. Do que é bom e até mesmo do que não é tão bom assim, como a tensão causada pelo acaloramento dos debates, das discussões. Sentirei falta até do descontrole de alguns colegas. Em minha modesta opinião, os últimos quatro anos foram os mais difíceis jamais vividos em nosso Estado. Nessa Casa sentimos os reflexos e os efeitos disso. Pessoalmente para mim foram anos de grande realização, tanto profissional, quanto pessoal. Sinto que cumpri a contento minha missão enquanto parlamentar. Nos últimos anos eu fui membro titular das duas mais importantes comissões permanentes da Casa, a de Constituição e Justiça e a de Orçamento e Finanças. Presidi as mais importantes comissões especiais dessa legislatura, uma que adequou a nossa constituição e outra que reformou nosso regimento. Além disso, apresentei importantes requerimentos, indicações, projetos de resolução e de lei, entre os quais os que implantam em nosso Estado o incentivo à cultura e ao esporte. Se nada mais tivesse feito em toda minha vida como parlamentar, ter conseguido aprovar essas leis, só isso já teria sido suficiente, já me daria por satisfeito. A partir do ano que vem, sem a minha presença, nem a do Deputado Edivaldo Holanda nesse plenário, o Deputado Ricardo Murad passará a ser o mais antigo deputado deste parlamento, pois nós três somos os últimos remanescentes daquela legislatura de 83/87. Peço a ele que ladeado pelo Deputado Arnaldo Melo, que tem o maior número de eleições consecutivas nessa Casa do povo e a outros colegas que continuarão por aqui, que façam o possível e tentem fazer até o impossível para que o legislativo maranhense possa ser um poder do qual o nosso povo realmente se orgulhe e respeite. Nesses vinte e oito anos de vida pública, tentei fazer isso, tentei fazer com que, se não todo o povo de meu Estado, pelo menos aquele povo que me confiou a procuração de representá-lo, pudesse se orgulhar de mim, de meu trabalho, de minhas ações.Gostaria de poder dirigir uma palavra de agradecimento a todos os funcionários dessa Assembleia Legislativa, individualmente, a um por um, pelo carinho, pela deferência que tiveram para comigo durante todo esse tempo. Como isso seria impossível, dirijo-me simbolicamente à minha comadre Alda, que começou a trabalhar aqui comigo, vinte e oito anos atrás: Obrigado por tudo que você, que vocês fizeram por mim nesses anos que passamos juntos. Da mesma forma gostaria de me dirigir aos meus colegas deputados, também de um a um, mas não sendo possível, espero que os não citados sintam-se representados pelos que nominarei: Deputado Rubens Júnior, V. Ex.ª que hoje aqui é o mais jovem e na legislatura que vem não mais o será, faça com que a confiança e o respeito de seus eleitores, possa simbolizar o sentimento de todo nosso povo. Aja com sabedoria, com paciência, com pertinácia, com consciência, com coerência, todas essas coisas muito fáceis de relacionar em um discurso, mas muito difíceis de colocar em prática no dia a dia da política. Digo isso a V. Ex.ª para que retransmita aos novos deputados que tomarão posse neste plenário em 1° de fevereiro de 2011. Gostaria de me dirigir conjuntamente às deputadas Cleide Coutinho, Graça Paz, Fátima Vieira e Eliziane Gama, que me prestigiaram de maneira muito especial nesses quatro anos, recorrendo a mim sempre que tiveram alguma dúvida, sempre que precisaram de alguma informação ou necessitaram de alguma orientação ou aconselhamento. Muito obrigado pela confiança que demonstraram em mim. Tê-las ajudado, dentro de minhas modestas possibilidades, muito me honrou. Ao deputado Carlos Braide, a quem chamo carinhosamente de tio, que era amigo-irmão de meu pai, tão próximo dele, que foi praticamente em seus braços que meu pai faleceu. Obrigado por me emprestar as luzes de sua vivência sempre que precisei. Deputado Milhomem de quem fui Primeiro Secretário naquela Mesa Diretora que começou a mudar os destinos deste Poder, fazendo com que ele passasse a ser mais ouvido e mais respeitado, fazendo com que os deputados individualmente fossem realmente valorizados e com que este Poder passasse a ter a representatividade que a Constituição lhe reservou e que há muito não era exercida. Esse deputado Tatá Milhomem que não é uma pessoa fácil, e ele não faz mesmo muita questão de sê-lo, nesses anos de convivência sabendo eu dar os descontos devidos tem sido um modelo para mim. Olhando para ele, conseguindo intuir quais seriam a posição e a reação de meu pai que se parecia um pouco com ele. Muito obrigado, Tatá. Deputado Marcelo Tavares que é meu amigo pessoal, mas com quem não me alinho eleitoralmente. Portou-se nesses dois anos de maneira correta e elegante na oposição que fez ao governo. Administrou esta Casa de maneira correta sem jamais ultrapassar os limites do moral de quem sempre cobrei apenas o melhor e mais efetivo funcionamento desta Casa, deste prédio e de todos os mecanismos que ele possui e que fez dele hoje o melhor prédio público de nosso Estado, mas que ainda carece de vida, de identidade e de operacionalidade. Gostaria de me dirigir também aos funcionários de meu gabinete na pessoa de meu assessor-chefe, Valdemir Filho, o Vadeco. Nesses anos todos, eles me deram suporte indispensável para que eu realizasse o meu trabalho. Muito obrigado. Para o final fica o agradecimento aos meus amigos prefeitos, vereadores, chefes políticos, cabos eleitorais, líderes comunitários, pessoas do povo que em algum momento estiveram comigo nos municípios e que contribuíram para as minhas eleições com uma grande votação, como São Domingos ou Primeira Cruz e até municípios onde obtive uma pequena votação como Icatu ou Guimarães. Muito obrigado pela confiança dispensada a mim. Saibam que, enquanto fui deputado, sempre procurei fazer o melhor em defesa de seus interesses. A amizade, o carinho, a confiança e o respeito que vocês dispensaram a mim nesses anos de confiança e de convivência sempre por mim serão honrados.

O SENHOR DEPUTADO RUBENS PEREIRA JÚNIOR – V.Exa. me permite um aparte?

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM HAICKEL – Concedo o aparte a V.Exa., deputado Rubens.

O SENHOR DEPUTADO RUBENS PEREIRA JÚNIOR (aparte) – Ouço V.Exa. com a mesma atenção de quando, no meu primeiro dia de mandato, V.Exa. com a primazia do ex-presidente João Evangelista, foi escolhido para saudar todos os deputados. Com a mesma atenção, com a mesma dedicação que me marcava naquele momento por estar tomando posse no mandato de deputado estadual, ouço agora V.Exa. na sua despedida, torço eu, temporária do mandato eletivo, mas não da vida pública que V.Exa., com essa com as qualidades que tem, certamente não poderá ficar distante desse processo de transformação que o nosso Estado vive e tem que continuar existindo. A mesma atenção quando V.Exa. nos aconselhava, e quantos conselhos não me foram dados durante esse mandato; com a mesma atenção que V.Exa. dizia das preocupações e das advertências que o mandato exigiria. Em especial, V.Exa. diz que sentirá falta de muitas coisas da atividade parlamentar que V.Exa. tem experiência para dizer, mas com a coerência que V.Exa. teve durante toda essa longa jornada política, com toda essa coerência, esperança, experiência, qualificação técnica para exercer os mandatos, digo sem medo de errar, mais falta que V.Exa. terá da atividade parlamentar, o Parlamento do Maranhão sentirá a falta de V.Exa.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Muito obrigado.

A SENHORA DEPUTADA CLEIDE COUTINHO – Deputado Joaquim, me permita, por favor?

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Pois não, deputada Cleide.

A SENHORA DEPUTADA CLEIDE COUTINHO (aparte) – Deputado Joaquim, eu tenho observado o comportamento de V.Exa. esta semana e tenho pensado que V.Ex.ª vai sair daqui. Notei, e quero externar isso a todos, uma tranquilidade, uma felicidade, um sorriso nos lábios, um empenho que eu acho e tenho certeza de que só quem sai de uma vida política, pública desse jeito é porque tem, e demonstrou agora, e tenho certeza, o dever cumprido. Então acho muito bonito o seu comportamento aqui dentro nesses dias todos, presente, participando. A gente chega a duvidar que V.Exa. está se retirando daqui. Quero agradecer, em meu nome e em nome das minhas colegas deputadas, o apoio que V.Exa. sempre me deu, nos deu. Sempre confiei nas suas palavras, nas suas respostas, mesmo muitas vezes estando em lados políticos diferentes. O alinhamento de V.Exa. era um e o meu era outro, mas eu sempre confiei e confiava e confio que sua opinião para mim sempre foi a correta. Eu agradeço em nome das minhas colegas, é um exemplo para todo mundo aqui, mesmo porque novos deputados vão estar aqui presentes e espero que a gente, com o seu exemplo, faça a mesma coisa. Felicidade e um beijo na sua mãe, que eu amo de paixão.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado, deputada Cleide. Um grande estadista disse uma vez que na política só existe a porta de entrada, que dela não há saída. É verdade. O político verdadeiro, aquele que faz política por convicção, por idealismo, nunca deixa a política e, como eu acredito que seja um dessa espécie, que parece estar em extinção, garanto que não vou sair da política, apenas não exercerei mandato eletivo. Quando comecei este discurso, disse que com ele encerrava um capítulo de minha vida, era uma espécie de despedida. Agora, depois de 15 laudas com letra em corpo 16 e em espaço 2, ao chegar ao final de minha fala, vejo que ela se transformou, na verdade, em um grande agradecimento. Por isso acredito que o melhor a fazer agora neste momento é dizer a todos vocês simplesmente obrigado. Muito obrigado, muito obrigado mesmo, muito obrigado a todos e muito obrigado por tudo. Eu escrevi porque jamais iria conseguir me lembrar de tudo que eu tinha para dizer. E o que eu tinha para dizer, e disse, é apenas uma pequena parte do sentimento que eu tenho por ter sido esses anos todos deputado.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS ALBERTO MILHOMEM – Deputado Joaquim.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Deputado Milhomem, concederei o aparte a V.Exa.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS ALBERTO MILHOMEM (aparte) – Inicialmente agradecer as vossas referências e diria até que elas são injustas, porque acho que não estou à altura dos conceitos emitidos por V.Exa., mas quero lhe dizer o seguinte: enquanto nesta Casa é preciso que se siga e que se tenha a coragem para dizer aquilo que realmente não é o que se quer, mas aquilo que a sua consciência quer ou lhe recomenda fazer. O seu pai, que foi um amigo meu e um amigo que me veio numa hora tão boa, porque ele era um homem bom, eu digo que, dentro desta Casa, V.Exa. se portou com hombridade. Eu discordei, e discordo, e até porque V.Exa. sabe que às vezes bato palmas contrariado, mas procuro ser honesto, procuro ser correto. E quero dizer a V.Exa. que dentro daquilo que senti neste espaço de tempo de vida parlamentar com V.Exa., e nós trabalhamos juntos no governo quando V.Exa. trabalhou comigo na Secretaria de Coordenação Política do governador Edison Lobão e depois na Presidência da Casa, V.Exa. se portou com dignidade e digo, sinto dentro do meu coração e eu falo honestamente, porque aqui tem ainda muitos que nós realmente não mudamos tudo, mas começamos a mudar esta Casa, as coisas muito difíceis naquele tempo, as coisas eram muito complicadas, naquele tempo, mas nós tivemos coragem e fizemos o que poderíamos fazer na época. O Governo, na época, era um Governo que depois ficou contra, vamos dizer, a direção da Assembleia, contra no sentido institucional de políticos, institucional, mas nós aqui nos portamos dentro de um parâmetro de decência e daquilo que a República quer; que é harmonidade, que é a seriedade e procuramos e ajudamos os governos que vieram e depois, graças a Deus, veio uma vistoria que seguiu a trilha e aqui agora eu louvo o Deputado Marcelo Tavares, com quem eu, às vezes, troco ideias, dizer que é um bom Presidente, às vezes, discordo de alguns posicionamentos, também poderia concordar com todos que a unanimidade sempre é burra, mas digo que ele é um bom Presidente e tudo isto é em consequência, é resultado daquilo que nós, quando eu digo nós, não é o Deputado Milhomem e o Deputado Joaquim. É que esta Casa, os deputados desta Casa implantaram naquela ocasião. Muito obrigado, parabéns.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS BRAIDE – Me conceda um aparte, Deputado Joaquim.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Deputado Braide, logo considerei, em seguida.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ – Eu também quero um aparte, Deputado Joaquim.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Considerei a todos, obrigado. Deputado Pavão.

O SENHOR DEPUTADO PAVÃO FILHO (aparte) – Deputado Joaquim, cada um tem um dom e segundo o que Deus dá a cada um. Pessoas que ocupam cargos públicos passam pela história e não escrevem história. Há pessoas que ocupam cargos públicos e escrevem história e essa história permanece para gerações, V. Ex.ª é um exemplo de uma dessas pessoas que passam pela história e escreve história. A contribuição que V. Ex.ª tem dado ao Maranhão, pela sua capacidade intelectual e pelo seu comprometimento das questões sociais e com as causas públicas, me permite fazer o registro deste momento enquanto V. Ex.ª está aqui. Porque eu não concordaria jamais de fazer essas referências a V. Ex.ª depois de V. Ex.ª estivesse morto, eu quero registrar para história desse testemunho do que eu penso ao longo que o conheço, pela contribuição que V. Ex.ª tem dado a melhor qualidade de vida da população do nosso Estado, perde a Assembleia, perde a sociedade, a contribuição que V. Ex.ª ainda poderia dar no exercício do mandato popular, mas, com certeza, vai continuar contribuindo com a sua força intelectual, com a sua força comprometedora fora do Parlamento, porque eu não tenho dúvidas de que V. Ex.ª vai continuar escrevendo artigos, vai continuar contribuindo no Poder Público, quem sabe até ocupando um cargo público na administração, vai poder contribuir com a comunicação, vai poder contribuir, enfim das mais diversas formas que V. Ex.ª tem o dom para fazê-lo. E dizer de que eu me orgulho muito poder ter convivido, ao longo dessas legislaturas, com V. Ex.ª e não tenha dúvidas que V. Ex.ª encerra esse período deixando um saldo positivo como uma pessoa que não passou pela história, mas que escreveu história durante a passagem de V. Ex.ª na vida pública, que Deus o abençoe. Parabéns.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado, Deputado Pavão, eu tenho o Deputado Braide, a Deputada Graça, o Deputado Jura, mais o Deputado Penaldon, mas eu vou pedir vênia aos nobres colegas para dar preferência para as deputadas.

A SENHORA DEPUTADA HELENA BARROS HELUY – Deputado, me inclua nesta lista.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Então, Deputada Graça, depois a Deputada Helena e depois os demais colegas, Deputada Graça.

A SENHORA DEPUTADA GRAÇA PAZ (aparte) – Certamente, V. Ex.ª deixará uma falta muito grande aqui nas suas caminhadas quilométricas como você já citou aqui no nosso plenário, e realmente eu sempre pensava aqui, comentava com o Chico, menino agitado dizia, mas você falou no início do seu discurso que você poderá voltar se a legislação mudasse a forma de fazer política, de repente passar a ser diferente e é um sonho que eu também tenho que muita coisa a gente não concorda dessas coisas que acontecem dentro da política, e a minha esperança é que haja uma grande reforma para que a classe política, o povo do nosso Estado, do nosso País se sinta com mais esperança de ver realmente essa mudança e essa melhora, e com isso V. Ex.ª voltará novamente à vida publica, V. Ex.ª disse ai, V. Ex.ª não fechou porta, eu acho que não se deve e não se pode fechar nenhuma porta, quando se fecha uma porta pelo menos uma janelinha fica aberta e com essa mudança na legislação eleitoral, como V. Ex.ª mesmo ai falou, certamente V. Ex.ª voltará, V. Ex.ª é uma pessoa maravilhosa, eu sei que esta Casa sentirá sua falta, esta Casa, quando eu falo somos nós deputados, os funcionários, enfim, todas as pessoas que fazem esta Assembleia, mas haveremos de ver V. Ex.ª em algum lugar, num lugar bom onde V. Ex.ª possa continuar seu trabalho, tenho certeza de que saindo daqui V. Ex.ª encontrará um lugar onde V. Ex.ª possa estar ajudando a população do nosso Estado a viver cada dia melhor, e sendo mais feliz. Parabéns!

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado, Deputada Graça. Deputada Helena.

A SENHORA DEPUTADA HELENA BARROS HELUY – Eu prefiro que obedeça a fila, eu fui a última a me inscrever.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Mas a minha fila, a minha fila, Deputada Helena, depois que nós votamos a possibilidade de uma mulher ocupar uma vaga na Mesa Diretora da Assembleia as damas em primeiro lugar e a Senhora é uma dama de muito prestígio nesta Casa e os colegas vão entender.

A SENHORA DEPUTADA HELENA BARROS HELUY (aparte) – Bem, Deputado Joaquim, apenas para não atrasar mais a Sessão de vez que vamos ter uma Sessão Solene daqui a pouco, eu aceito, mas, e aí vale um pouco também atitudes como tais ajudaram a manter a mulher por muitos anos e séculos no Brasil ocupando outras posições e não as de tomadas de decisão, mas isso fica para, ao longo do tempo, nós discutirmos. Deputado Joaquim, eu gostaria apenas de nesta oportunidade, até porque se tiver tempo para também manifestar o meu até todo tempo, mais uma vez aqui, antes do enceramento desta solenidade decerto que V. Ex.ª terá uma parte especial nesta fala que ainda pretendo fazer, mas eu gostaria de nesta oportunidade de me unir aos demais colegas que já se manifestaram sobre V. Ex.ª para dizer que este convívio extremamente de aprendizado e aprendizado no sentido de uma lição que eu recebi de uma assessora que lamentavelmente já está numa outra dimensão, que foi a Professora Iêda, que atividade política, o exercício da atividade política, até mesmo a atividade político- partidária só realiza em plenitude se servir para aproximar as pessoas e não para separar. E V. Ex.ª ajudou a materializar esse entendimento da Professora Iêda, para conviver com V. Ex.ª, inclusive nas disputas político-partidárias, ou até mesmo eleitorais constitui momentos de aproximação, lhe parabenizo por isso também. E muito obrigada por tudo, quanto recebi de V. Ex.ª obrigada.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado, Deputada Helena. Deputado Braide.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS BRAIDE (aparte) – Deputado Joaquim, uma vez perguntaram ao Senador Antonio Carlos Magalhães, qual era a sua maior obra? E ele respondeu que era Luís Eduardo Magalhães. Eu tenho certeza de que o Nagib, de onde está ele está olhando para V. Ex.ª e deve estar muito orgulhoso pela obra que ele fez. Meus parabéns!

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Deputado Jura Filho.

O SENHOR DEPUTADO JURA FILHO (aparte) – Deputado Joaquim, o que todos nós externamos hoje, os que não fizeram, com certeza, estão fazendo em pensamento, em coração, pela pessoa que você é. O Deputado Braide, fez referência a seu pai como outros aqui já fizeram, e eu tive a felicidade de conviver nesta Casa, com o Deputado Nagib Haickel, e o Deputado Nagib Haickel, Presidente. Uma pessoa de um coração tão grande, quanto o seu e da mesma inquietude, da mesma forma sempre abdicando em favor dos amigos, dos companheiros, dos irmãos. Nunca querendo para si, mas sempre lutando pelos colegas desta Casa. Rubens Júnior foi muito feliz quando disse que, maior falta este parlamento sentirá sua de que V. Ex.ª do Parlamento, sentirá sim falta dos amigos, dos companheiros, como V. Ex.ª muito bem disse. Mas de tantos afazeres que existem, que V. Ex.ª abraça, ocuparão o seu tempo como às vezes tem tomado, e coisas que nós sabemos que a política lhe dá muito prazer, mas ultimamente V. Ex.ª tem tido momentos mais prazerosos, colocar suas ideias, seus pensamentos, essa ideia criativa e também sempre trabalhando e pensando nas pessoas que estão no seu redor aquelas mais distantes, como a questão da Fundação Nagib Haickel, que o objetivo é fazer bem as pessoas. Nós com certeza iremos ter muitas e várias lembranças mais também teremos a certeza que mesmo V. Ex.ª e nenhum deputado teremos a primazia de nós o termos como companheiro, como amigos. Quantas vezes já o procurei para aconselhamento? Para comermos caranguejo discutindo algumas posições polêmicas, mas que eu necessitava de alguma orientação? Enfim naqueles momentos difíceis no Maranhão em que aquela transição de governo. Eu quero acima de tudo lhe agradecer pela convivência que tivemos, pelas orientações e tenho certeza que cada um de nós, mesmo que não se pronunciaram, quando necessitar da orientação do amigo Joaquim Haickel, lá ele estará como sempre esteve, o deputado amigo e companheiro. Parabéns eu tenho certeza que nos encontraremos todos nós muito mais vezes.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado deputado Jura.

O SENHOR DEPUTADO PENALDON JORGE – Deputado, se V. Ex.ª quiser conceder o aparte a outros deputados.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Não, V. Ex.ª já tinha começado.

O SENHOR DEPUTADO PENALDON JORGE (aparte) – Deputado Joaquim, diz a sabedoria que todo homem que chora tem sensibilidade e V. Ex.ª demonstra isso a cada momento em que o seu passado é apontado como figura conhecidíssima do Estado do Maranhão, principalmente no seio dos que tiveram a felicidade de conviver. V. Ex.ª demonstra isso porque a cada momento, a cada passagem que o faz voltar um pouco a história do seu pai, V. Ex.ª demonstra essa sensibilidade muito grande e isso é dos homens que realmente tem sentimentos. E homens como V. Ex.ª que sabe guardar muito bem o passado e sabe viver muito bem o presente e se planeja para viver o futuro, são homens muito bem sucedidos. V. Ex.ª é um dos homens que guarda todas essas qualidades além de tantas outras particulares e peculiares, não só de V. Ex.ª, mas de toda a do seu histórico familiar, de toda a sua própria genética. Eu quero dizer a V. Ex.ª que para mim como iniciante nessa Casa foi uma convivência muito salutar, poder conviver com V. Ex.ª, conhecer V. Ex.ª, saber das suas opiniões, conviver com suas inquietações, para mim foi um aprendizado. Eu estou a cada dia me conscientizando de que a gente amanhece e anoitece aprendendo um pouco mais na nossa vida. Tenho absoluta certeza, diferentemente de que muitos aqui disseram, não estou me despedindo de V. Ex.ª, muito pelo contrário, sei que a partir de janeiro, fevereiro, nós iremos nós encontrar nas mesmas caminhadas pela vida pública, por esta paixão que nós temos de nos preocuparmos com a situação dos nossos irmãos. Eu tenho certeza que V. Ex.ª em nenhum momento se afastará, nem desta Casa e nem da sua atividade pública, da sua vida pública, que V. Ex.ª carrega consigo, que mais uma vez eu aqui registro, é traço da genética que V. Ex.ª tem consigo, essa preocupação com os seus irmãos e com o coletivo desse sentimento popular que V. Ex.ª tem. Então, não me despeço de V. Ex.ª, sei que nos encontraremos muito em breve nos corredores e em outras missões, sabendo que V. Ex.ª mais uma vez honra esta Casa, honra esse parlamento, assim como foi e como é até nos dias atuais da figura do Nagib que V. Ex.ª também representa nessa Casa. Parabéns a V. Ex.ª pela lembrança histórica no dia na manhã de hoje de nos dar o prazer dessa despedida, desse até logo. Muito obrigado Deputado Joaquim.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Muito obrigado Deputado Penaldon.

A SENHORA DEPUTADA FÁTIMA VIEIRA – Deputado Joaquim um aparte.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Pois não, Deputada Fátima.

A SENHORA DEPUTADA FÁTIMA VIEIRA (aparte) – Deputado Joaquim, nós não temos dúvida da falta que V. Ex.ª fará a este plenário e ao Estado do Maranhão. Eu sempre comento com a Deputada Cleide que eu digo: o Deputado Joaquim é superativo, é aquela pessoa que não para, é aquela pessoa que sempre está junto da gente e que sempre está disposto a nos servir, a nos prestigiar. Eu quero lhe dizer deputado, que durante esses quatro anos que tive o prazer, o privilégio de conviver com V. Ex.ª, que foi um grande prazer na minha vida e um grande aprendizado. Eu lhe desejo aqui toda felicidade e que V. Ex.ª continue sendo essa pessoa maravilhosa que sempre foi comigo. Um grande abraço, um grande beijo no coração.

O SENHOR DEPUTADO JOAQUIM NAGIB HAICKEL – Obrigado, Deputada Fátima. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, adorei este grande expediente, poder falar para V. Exas o que passei um mês escrevendo, foram noites e dias tentando resumir, em algumas laudas, o que eu sentia e o que eu pensava. Mas de tudo isto eu quero usar as palavras da Deputada Cleide para dizer a sensação que sinto agora, a sensação que pode parecer inconveniente, mas é a sensação de alegria, deputada Cleide, meus amigos e meus colegas deputados, a alegria do dever cumprido, alegria de ter chegado aqui sabendo que tinha uma missão a cumprir e que dentro das minhas pequenas e parcas possibilidades, cumpri a contento honrando sempre os meus compromissos, honrando sempre as minhas proposituras, procurando ser coerente, mas principalmente chego a este momento com a sensação do dever cumprido e é, de verdade, uma alegria muito grande. Muito obrigado mesmo, muito obrigado a todos pela possibilidade de conviver com V. Exas momentos tão importantes de minha vida. Muito obrigado.

O SENHOR PRESIDENTE DEPUTADO MARCELO TAVARES – Com o encerramento do pronunciamento do Deputado Joaquim, não me inscrevi para aparte, mas gostaria também de fazer as mesmas considerações, pela importância do trabalho que o Deputado Joaquim exerceu nesta Casa. Pelos seus mandatos e, acima de tudo, por valorizar a profissão, se assim posso chamar, mas a vocação de ser deputado estadual do Maranhão. V. Exª. valorizou o trabalho desta Casa durante todos esses anos. Fez muitos amigos e a Deputada Cleide quando disse que mesmo próximo fim deste período de mandato, e todos nós sabemos como V. Exª. gosta de ser deputado, de exercer essa procuração que a população lhe deu, mas a razão de tanto sorriso é porque vai sobrar mais tempo para ficar mais próximo das pessoas que V. Exª. gosta e isso realmente é motivo de alegria. Então Deputado Joaquim, parabéns e foi uma honra dividir este mandato com V. Exª. Muito obrigado.

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Meu presente de cinquenta

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O texto a seguir foi escrito por mim por ocasião de meu aniversário de 50 anos, quando fiz uma espécie de balanço de minha vida e resolvi dar a mim mesmo um presente para comemorar aquela data tão simbólica. Meu presente seria me reconciliar com qualquer pessoa que eu pudesse ter magoado, que eu pudesse ter ferido, de quem eu pudesse de um modo ou de outro ter me distanciado.

 

“Sempre me achei um sujeito de muita sorte, pois tenho muitos e bons amigos. Amigos que fiz durante toda minha vida, por todos os lugares por onde passei.

Meus amigos são como bússolas a me mostrar o norte, como faróis iluminando meu caminho, orientando minha viagem, minha jornada. São como portos seguros onde posso ancorar meu barco quando precisar me reabastecer ou fugir de um vendaval.

A existência de cada um desses meus amigos, todos verdadeiros, mesmo aqueles com quem não convivo diariamente, me garante a existência de um ombro, de um abraço, de uma palavra de incentivo ou de um alerta, e até de um puxão de orelha, num caso de precisão.

Cultivei meus amigos como um agricultor faz em seu campo. Semeei desde muito cedo, adubei, reguei, combati as pragas.

Faço amigos desde sempre, desde o tempo em que eu estudava no Pituchinha. Fiz amigos no Colégio Batista e depois os cultivei no Dom Bosco. Fiz amigos no grupo de lobinhos e escoteiros Dezoitão, na academia de judô do major Vicente e fiz também muitos amigos no bairro do Outeiro da Cruz e no Sacavém, meninos com quem jogava futebol na infância e que ainda hoje encontro pela vida e me sinto orgulhoso de ter convivido com eles. Amigos do tempo do sítio do Angelim, do Lítero, do Jaguarema. Amigos da época da Seleção Maranhense de Basquetebol, da Associação Desportiva Mirante, da Federação Maranhense e da Confederação Brasileira de Tênis. Grandes amigos das peladas de futebol na praia do Olho D’Água. Amigos que fiz quando fui morar em Brasília, no bloco J da 202 Norte e no Clube de Unidade Vizinhança. Amigos do cursinho pré-vestibular, da universidade, do curso de Direito. Amigos que cultivei quando fui trabalhar com meu pai, em suas empresas, amigos que continuei fazendo quando fui trabalhar como chefe de gabinete do então governador João Castelo, para sair de lá fazendo amigos Maranhão afora, como deputado estadual, eleito pela primeira vez em 1982.

Amigos dos movimentos culturais, do Guarnicê, da Jornada Maranhense de Cinema, da Mirarte, do Circo Voador… Uns e Outros amigos Párias.

Nunca parei de fazer amigos, nunca deixei de conviver bem com as pessoas. Fiz muitos amigos na Assembléia Nacional Constituinte, e fiz muito mais ainda quando passei pelas Secretarias de Assuntos Políticos e de Educação.

Meus colaboradores, os empregados de minhas empresas são meus amigos. Orgulhoso, digo sempre que jamais tive uma causa trabalhista que não tivesse sido resolvida de forma amigável.

Voltei a me eleger deputado estadual e continuei fazendo amigos. Estes não são apenas meus eleitores, são muito mais, são pessoas que me conhecem, convivem comigo e que me tem como seu amigo verdadeiro, pessoas que confiam em mim, que me respeitam, não apenas como deputado, mas como cidadão, como pessoa.

Fiz amigas em todas as mulheres que passaram por minha vida. Foram amigas em todos os sentidos, até mesmo aquelas com as quais o tempo ou o relacionamento foram fugazes. São amigas até mesmo aquelas que a distância e as circunstâncias tenham nos afastado.

Fiz mais do que confrades, fiz bons e grandes amigos tanto na Academia Maranhense de Letras quanto na Imperatrizense.

Tenho muita sorte porque se por um lado tenho muitos amigos, tenho pouquíssimos desafetos, já que inimigo não contabilizo nenhum.

Tenho adversários políticos, pessoas e grupos aos quais me oponho política ou eleitoralmente, mas dentre esses não há nenhum por quem eu nutra ódio ou que tenha por mim esse sentimento.

Tem acontecido de alguns políticos resolverem se afastar de mim por motivos inconfessáveis, mas isso faz parte de jeito deles serem e agirem, nada tem com a amizade que dediquei a eles, muito pelo contrário, esse é o imposto que temos que pagar para permanecermos com os verdadeiros amigos ao nosso lado.

Nestes 50 anos de minha vida são poucos aqueles dos quais eu me afastei ou que de mim tenham se afastado. Talvez duas ou três pessoas em 50 anos de vida, possam ser apontadas como exemplo de quem tenha de mim se apartado.”

 

Na época que escrevi o texto acima não vi motivo para publicá-lo. Escrevi para meu deleite, para meu prazer. Hoje um ano depois, esse texto se impõe como reafirmação de minha condição de pessoa feliz e de sorte por ter os amigos que tenho e por não ter muitos desafetos.

Mesmo aqueles que se afastaram de meu convívio, mesmo aqueles que me abandonaram ou que tenham se sentido por mim abandonado, mesmo aqueles, continuam tendo em mim uma amizade latente, capaz de como Fênix ressurgir das cinzas.

Exemplo disso foi o que aconteceu no ano passado mesmo, quando me reconciliei com uma importante figura de nosso mundo cultural, da qual tinha motivos para me afastar, mas que descobri motivos mais que suficientes para me reaproximar e manter uma sincera e respeitosa amizade.

Segundo um bom e velho amigo meu, a prova maior da minha disponibilidade e capacidade para ser realmente amigo, é o fato de ter amigos comuns, que, se não são inimigos, tem grandes dificuldades de convivência, ou interesses bastante antagônicos. E mais ainda, consigo ser amigo deles o suficiente para manter verdadeiramente essas amizades, servindo sempre que possível, para um e para outro, como bússola, farol ou como porto seguro.

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Até os chatos podem escrever muito bem!

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Os dois textos abaixo comprovam que não temos que obrigatoriamente concordar com alguém para admirá-lo em algum aspecto.

Acho Diogo Mainardi um babaca pernóstico e arrogante, mas não posso deixar de reconhecer que ele escreve muito bem. Seus textos quando não estão sendo meramente politiquescos, facciosos e sectários, são belas obras literárias, mesmo quando ele nos esnoba. Logo a nós pobres mortais que ao invés de vivermos às margens do grande canal de Veneza, vivemos próximo ao pequenino canal da Jansen.

Mesmo quando ele regurgita seu bolo cultural e nos desenha os fantasmas que bem que poderiam realmente lhe perseguir, ele o faz com competência literária irrepreensível. Mas que ele é um chato, isso ele é.

Mesmo que não tão chato, parecido com ele é também Roberto Pompeu de Toledo que aqui aborda um tema aparentemente fugaz, mas de forma suave e envolvente, nos contando uma história submersa usando uma outra superficial.

Meus Fantasmas (Diogo Mainardi)

“Eu vim morar em Veneza para melhorar a qualidade de meus fantasmas. No Rio de Janeiro, eu convivia com o fantasma de Ziraldo. Aqui convivo com o fantasma de Eleonora Duse e de Gabriele D’Annunzio”

Lady Gaga é assombrada por um fantasma. Ela é igual a Scooby-Doo. Eu também sou assombrado por um fantasma. Eu sou igual a Lady Gaga e a Scooby-Doo.

O nome do fantasma de Lady Gaga é Ryan. Ryan persegue Lady Gaga em todos os lugares. Lady Gaga está em Istambul? Ryan a assombra em Istambul. Lady Gaga está em Estocolmo? Ryan a assombra em Estocolmo. Lady Gaga está em Belfast? Ryan a assombra em Belfast. Lady Gaga tem medo de Ryan. Em Belfast, algum tempo atrás, ela chegou a contatar um médium para tentar despachar o fantasma. O resultado, pelo que eu entendi, foi ruim: Ryan continuou a atormentá-la.

Se Lady Gaga é assombrada pelo fantasma de Ryan e se Scooby-Doo é assombrado pelo fantasma do Cavaleiro Negro, eu sou assombrado pelo fantasma de Eleonora Duse. Depois de passar uma temporada de oito anos no Rio de Janeiro, eu me mudei para Veneza. Vim morar no mesmo prédio em que morou Eleonora Duse. Lady Gaga tem muito mais páginas na internet do que ela. Scooby-Doo tem muito mais páginas na internet do que ela. Até eu tenho muito mais páginas na internet do que ela. Mas Eleonora Duse foi uma das maiores estrelas de teatro de todos os tempos. No fim do século XIX, ela era mais conhecida do que é, atualmente, Lady Gaga.

Há um episódio de Scooby-Doo ambientado em Veneza. No desenho animado, ele é perseguido pelo Gondoleiro Fantasma, que quer roubar um colar precioso. O fantasma de Eleonora Duse, que mora aqui comigo, é bem menos molesto. Ela se limita a recitar A Dama das Camélias, aos gritos, em cima de minha mesa de jantar.

O prédio em que o fantasma de Eleonora Duse e eu moramos está localizado à beira do Canal Grande. Na margem oposta, ligeiramente à esquerda, olhando pela janela, há uma casa vermelha em que morava o escritor Gabriele D’Annunzio. Eleonora Duse e Gabriele D’Annunzio eram amantes. Ele mergulhava no Canal Grande, cruzava-o a nado e vinha visitar Eleonora Duse em meu prédio. Um século mais tarde, seu fantasma continua repetindo a mesma rotina. Eu sempre pego Gabriele D’Annunzio em minha biblioteca, depois de sair do Canal Grande, inteiramente molhado, manchando o tapete e pingando em meu computador.

Já me perguntaram por que vim morar em Veneza. Eu vim morar em Veneza para melhorar a qualidade de meus fantasmas. No Rio de Janeiro, eu convivia com o fantasma de Ziraldo. Aqui convivo com o fantasma de Eleonora Duse e o de Gabriele D’Annunzio. Eu nunca me interessei por estrelas de teatro ou pela obra de Gabriele D’Annunzio. Mas num período como este, de assombroso embrutecimento intelectual, o máximo que posso fazer é tentar preservar alguns fantasmas do passado. Scooby Dooby Doo!

O Morto que Respira (Roberto Pompeu)

No dia 4 de janeiro de 2006, o então primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, sofreu um derrame devastador. A hemorragia cerebral que o vitimou requereu duas operações seguidas, uma de sete horas, outra de catorze, para ser estancada. Dois dias depois, ele foi declarado incapaz de exercer suas funções, e assumiu o vice, Ehud Olmert. Sharon, então às vésperas de completar 78 anos, mergulhou num estado de coma do qual até hoje, quase cinco anos passados, não saiu. Excetuado os parentes e o pessoal medico, ninguém mais o viu. Antes tão presente na história do país, da qual participou, em lances capitais, desde o inicio, e tão exuberante na avantajada compleição física da política israelense, sumiu de um sumiço que nem a morte costuma decretar de modo tão rápido e completo.

Para suprir essa ausência, o artista plástico israelense Noam Braslavsky montou no mês passado, numa galeria de Tel-Aviv, com talento de virtuose do Museu de Madame Tussauds, a cena que o público esta impedido de ver. Ela reproduz um quarto de hospital. No centro, a cama. E na cama, o tamanho natural, um Sharon de resina, metido numa camisa azul, impressionante em seu realismo, os olhos semiabertos, o lençol cobrindo-o até o peito. O falso Sharon, como o verdadeiro, conecta-se com os tubos que o mantem vivo. E respira. O peito vai e volta, enche e se esvazia. Ouve-se o som da respiração. “O corpo de Sharon esta respirando é uma alegoria do corpo político israelense, cuja existência, dependente e sob assistência, é perpetuada artificialmente”, escreveu o curador da exposição, Joshua Simon. Curador é curador. Tem sempre uma tirada com que humilhar o embaçado olhar e a pedestre compreensão dos reles espectadores.

O solene ambiente criado pelo artista leva a uma volta no tempo. Os egípcios embalsamavam o corpo dos faraós. Um faraó ainda embalsamado de fresco, isto é, sem os milhares de anos de distancia com que os contemplamos, não devia apresentar aspecto muito diferente do de Sharon de Braslavsky. Os europeus de outrora faziam estátuas dos reis e rainhas tais como se apresentavam no momento da morte, e as depositavam sobre suas tumbas. A igreja de St. Denis, nos arredores de Paris, onde eram enterrados os reis e rainhas, está atulhada delas. Tão antigo quanto a história do homem é o ritual de, morto o grande líder, preparar-lhe uma embalagem para viagem – a grande viagem rumo à eternidade, na qual ele ganhará a companhia dos deuses, se é que não se tornará ele próprio, um deus. Mais próximos de nós, há os casos dos corpos embalsamados de Lenin e Mao Tsé-tung, expostos ao público nas praças centrais de suas respectivas capitais. Representam a tentativa dos regimes materialistas e ateus da União Soviética e da China de também tirar suas lasquinhas do sagrado.

O cenário criado por Braslavsky, ao qual só podem ter ingresso três pessoas por vez, conduz à mesma ancestral atmosfera de respeito e constrição, misturados a uma pitada de medo, que cerca a morte e seus mistérios. Mas – alto lá! – Ariel Sharon está vivo. Não é o passado dos faraós e dos reis franceses que, ao fim e ao cabo, ali se impõe. É o presente. São os moderníssimos recursos da medicina. Se ele ainda respira, é por causa dos tubos. E os mistérios que a cena suscita são outros, inerentes à proeza científica de manter longamente um paciente nesse estado. Os médicos dizem ser difícil, praticamente impossível, que ele saia do coma. Mas… e se…? e se de repente ele se senta na cama e pergunta: “Que estou fazendo aqui ?”. Ou então ordena: “Convoquem os ministros!”? Os médicos também dizem que o nível de consciência de Sharon é mínimo. Que é um nível mínimo de consciência? Ouvirá um ruído? Sentirá uma presença em seu redor?

Os médicos estão preparando a transferência do ex-primeiro-ministro – o de verdade, que não reste dúvida, não o boneco de resina – para o sítio de propriedade da família, no deserto do Negev. Afirmam que não há nada mais a fazer no hospital. Num lugar ou no outro, ele continuará longe dos olhos do público. A criação de Braslavsky pode ser vista – e foi, por alguns de seus conterrâneos – como indecente invasão de privacidade. Mas tem o mérito de sugerir o amálgama do passado com o presente – o passado em que reis e líderes eram sacralizados no momento da morte e o presente de pacientes que não conseguem nem voltar à vida nem completar a morte. Misturam-se, nesse percurso, mistérios antigos e novos.

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Um pedaço Importante da história

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Sempre fui fascinado pelo conhecimento e desde cedo busquei os meios necessários para matar essa imensa sede, tão inerente a meu jeito de ser, saciando-a no inebriante líquido cintilante do saber.

Primeiramente usei os mais velhos como fonte de aprendizado. Eu ficava horas ouvindo as conversas de minha mãe e minhas tias, ou de meu pai, primeiro com seus empregados, depois com seus amigos e posteriormente com seus correligionários políticos. Acabei aprendendo por imersão. Mais tarde foi o rádio e a televisão que me abriram as portas da informação.

Já na escola, os professores e as aulas eram os veículos de sapiência mais imediata e coordenada. Lá tive contato com um objeto que já conhecia desde casa e que logo em nosso primeiro encontro, havia aguçado minha curiosidade: o livro.

Minha mãe me ensinou as primeiras letras, mas eu apresentava séria dificuldade em aprender a ler e escrever corretamente, tanto que até hoje não escrevo com letra cursiva, só com letras de forma. Então ela chamou para me ajudar nos estudos, uma jovem professora que morava numa casa próxima da nossa, de então. Chamava-se Terezinha e não era Terezinha de Jesus, era de Joaquim.

Minha mãe e Dona Terezinha me fizeram ser o que sou hoje. Elas abriram as janelas do mundo para mim através do conhecimento, dos estudos e dos livros.

Por outro lado, meu pai tinha uma irmã caçula chamada Rosemary. Nós a chamávamos de tia Rosinha. Ela era especial, pois era diferente das outras mulheres com quem convivíamos em nossa infância. Ela era mais jovem e em que pese não ser uma mulher de feições finas e angelicais, como deveriam ser as tias, tia Rosinha tinha pernas bem torneadas, coxas grossas e quando ela colocava um shortinho e se metia a jogar futebol conosco, mesmo que ainda fôssemos muito infantis, sentíamos algo estranho. Quanto mais o tempo passava, mais sensações estranhas nós sentíamos em relação a isso.

Mas não será sobre minha iniciação sexual que comentarei hoje com você. Acontece que tia Rosinha, quando minha avó Maria Haickel morreu, veio morar conosco, e como possuía muitos livros, eles vieram com ela.

Meu pai já tinha alguns livros em casa. Alguns até bastante curiosos, como o relatório da Comissão Warren do Congresso americano, sobre a morte do presidente John Kennedy, o livro de auto-ajuda, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie e três livros de um tal Caryl Chesmann, “A Face Cruel da Justiça”, “A Lei Quer que eu Morra” e “2455 – Cela da Morte”. Depois vim saber por meu “tio” Stenio, mistura de ama-seca, guru e irmão mais velho, que o escritor daqueles livros era um famoso bandido americano, o bandido da luz vermelha.

Desenho todo esse cenário para chegar no dia em que fui apresentado por tia Rosinha ao objeto que talvez tenha sido o maior responsável pela minha formação cultural e intelectual. Trata-se de uma pequena coleção de livros, contendo dez volumes, chamada “Trópico – Enciclopédia Ilustrada em Cores”.

Em nossa casa tivemos várias enciclopédias, entre elas O Mundo da Criança, O Tesouro da Juventude, a Delta Larrouse, a Britânica, a Mirador e a Delta Júnior. Tia Rosinha trouxe consigo esta e também uma outra, a Enciclopédia Prática Jackson. Anos depois ela colecionou os fascículos “Nosso Século”, que viria a ser minha segunda obra de referência.

Eu as li todas. Teve uma época em que lia compulsivamente. Lia enciclopédias como quem lesse um gibi. Nessa época eu lia até bula de remédio e lista telefônica. Mas os livros que eu mais gostava, que mais me fascinavam, eram os livros da Enciclopédia Trópico, cheios de ilustrações, capazes de me fazer fixar com mais facilidade o que lia.

Devo ter folheado e lido aqueles dez volumes, cada um de uma cor, um verde, um amarelo, um azul, um avermelhado, um o roxo… Isso pelo menos umas mil vezes até ter crescido o suficiente para largá-los e me dedicar aos esportes e às garotas. Bons tempos aqueles!

Durante muitos anos não soube que fim tomaram aqueles livros. Nós nos mudamos, saímos do Outeiro da Cruz para o Olho D’água e alguns dos velhos livros da família se extraviaram.

Recentemente quando arrumava a mudança para minha nova casa, me deparei com dois volumes da velha enciclopédia, os outros se perderam. Desde esse dia venho me dedicando a resgatar esse pedaço de minha história. Visitei vários sebos, acessei via internet outra quantidade, até encontrar em Bauru a coleção completa, que acaba de chegar pelo correio.

Sinto como se tivesse novamente 10 anos. Sinto os mesmos aromas no ar, as mesmas vibrações.

O que leio nestas folhas amareladas que pertenceram a outras pessoas, foram folheadas por outros dedos, é a história de um Joaquim que não se perdeu no caminho.

Relembro de todas as sensações que tive quando lia aqueles livros. Sinto novamente a mesma excitação que senti ao ler as histórias bíblicas, as curiosidades científicas, os perfis biográficos, os fatos da história da humanidade e os resumos de livros importantes.

Alguém poderá me chamar de chato, que só falo de coisas que acontecem ou aconteceram comigo. Você poderá se perguntar, “o que ganho eu com esse relato?” Ao que responderei que tenho certeza absoluta que alguma história parecida com essa já aconteceu em sua vida e se até aqui não aconteceu, ainda irá acontecer. Sinta-se então retratado.

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Gol de Haickel

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Matéria originalmente publicada na coluna “Estado Maior” do Jornal O Estado do Maranhão no dia 19/11/2010

Gol de Haickel

Além do trabalho político que realizou ao longo dos dois últimos mandatos, o deputado estadual Joaquim Haickel (PMDB), que não se candidatou à reeleição, deixará um expressivo legado na Assembléia Legislativa.
E um dos itens mais destacados é o projeto de lei que institui a concessão de incentivo fiscal para que empresas instaladas no Maranhão possam financiar projetos culturais e esportivos aprovados pelas secretarias estaduais de Cultura e de Esporte e Juventude. O patrocínio será compensado com abatimento no ICMS.
Joaquim Haickel propõe incentivo de 1,5% do valor do ICMS a recolher por período, sendo 1% destinado a projetos na área cultural e 0,5% para os esportivos. E para ser beneficiada, a empresa patrocinadora deve contribuir com recursos próprios, em quatro parcelas equivalentes a 25% do valor da sua participação no projeto. “O Poder Executivo fixará anualmente o montante de recursos disponíveis para o incentivo de que trata esse artigo”, diz o texto do projeto. A concessão de incentivo deverá ter o aval da Secretaria de Estado da Fazenda. Fraude será punida com multa pesada.
Haickel sugere que os projetos incentivados deverão utilizar, total ou parcialmente, recursos humanos e materiais, técnicos e naturais disponíveis no Maranhão. Visa, assim, incentivar a pesquisa, o estudo, a edição de obras e a produção das atividades artístico-culturais nas áreas de artes cênicas, cinema e vídeo, fotografia, literatura, música, artesanato, folclore, tradições populares, museus, biblioteca, arquivos e esportivas. E também promover a aquisição, manutenção, conservação, restauração, produção e construção de bens móveis e imóveis de interesse artístico, histórico, cultural e esportivo do Maranhão, assim como campanhas de conscientização, difusão, preservação e utilização de bens culturais e esportivos. Além disso, o projeto objetiva instituir prêmios em diversas categorias e incentivar práticas desportivas.
É isso aí.

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Minha verdadeira herança

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Herdei de meu pai muito mais que os bens materiais que ele conseguiu acumular em sua vida pródiga e generosa. Quem o conheceu sabe que ele era um trabalhador incansável, mas era também um mão-aberta inveterado, para quem o dinheiro só valia pelo prazer que pudesse proporcionar a si e aos seus.
A herança material que ele nos legou foi muito importante, pois garantiu a segurança financeira e econômica de nossa família. Essa herança garantiu meu alimento físico, mas acredito que sobreviveria sem ela.
Quando ouço alguém dizer que somos ricos, que nasci em berço de ouro, lembro de quando éramos criança, de que nós éramos os menos abastados do círculo de amigos e vizinhos do Outeiro da Cruz. Lembro-me também que meu pai levantava-se todo dia por volta das cinco da manhã para trabalhar e que não tinha hora pra voltar pra casa.
Toda vez que passo em frente ao Residencial Pinheiros, no bairro do Angelim, lembro dos dias maravilhosos que passei ali, naquele lugar que nas décadas de 60 e 70 era o nosso sítio e que depois de uma campanha política difícil, a de 1978, a primeira eleição de meu pai à Câmara Federal, tivemos que nos desfazer dele.
Herdei de meu pai uma infinidade de amigos, conhecidos e desconhecidos, pois até hoje, algumas pessoas se aproximam de mim dizendo que eram amigos de meu pai e que sentem sua falta, que ele foi importante em suas vidas. Essa herança, os amigos que herdei de meu pai, é preciosa demais, me dá orgulho, me dá respeito, me dá segurança, me fortalece, conforta e alimenta minha alma. Sem essa parte da minha herança eu seria bem menos nutrido daquilo que é essencial.
Parei outro dia na porta do PMDB para tomar um sorvete de coco desses de rua, quando se aproximou de mim um moço, na verdade um senhor de seus 60 anos e me disse que o pai dele era de Matinha e que era muito amigo e freguês de meu pai. Disse que quando jovem vinha com o pai dele comprar cimento, arroz, trigo, açúcar, querosene e outros gêneros no depósito de meu pai, que ficava bem ali no Desterro. Disse que além de eu ser parecido com meu pai fisicamente, parecia também muito com ele nas atitudes. Que o que eu estava fazendo ali, naquele instante, ele vira meu pai fazer anos atrás quando estava lá em seu armazém. “Chegou um daqueles sorveteiros, com uma daquelas caixas antigas de madeira e zinco, e seu pai mandou distribuir sorvetes para todos os presentes, inclusive para os estivadores que descarregavam os caminhões e carregavam os barcos”.
Ganhei de presente de meu pai o conhecimento que ele me possibilitou, tanto no tocante à minha educação familiar, quanto à minha instrução formal. A minha formação sentimental, moral, cultural e intelectual, não foi herança, mas sim o presente, o bem mais caro que recebi em toda minha vida. Sem ele eu nada seria.
Meu pai adorava História. Personagens como Alexandre, Napoleão, Churchill, povoavam seu imaginário. Apesar de ter tido pouca instrução formal, ele não tinha o segundo grau completo, lia muito, procurava se informar, era dono de uma inteligência privilegiadíssima, captava tudo no ar, e como já disse era um trabalhador incansável, mas sabendo de suas limitações, cercava-se de pessoas que pudessem suprir-lhe suas virtuais deficiências.
Nesse baú da herança que meu pai deixou para mim e meu irmão, figura um item de que me valho constantemente: trata-se do cabedal de exemplos que ele nos legou, de como ser e também de como não ser. De como ser leal, generoso, franco, otimista. De como não ser ansioso, teimoso, impertinente… De como me comportar nas mais diversas situações, quando, por exemplo, nós políticos somos de certa forma “obrigados” a jamais dizer a palavra não, e enquanto amigos, temos a obrigação de falar a verdade, doa a quem doer, “fique sempre atento, pois o difícil é saber quando e como se deve agir e se deve-se agir assim ou assado” – dizia ele.
Meu pai já morreu faz 17 anos e todas as vezes que estou em algum lugar, irremediavelmente surge o seu nome e consequentemente sou comparado a ele. Seja Zé Sarney a me dizer que a cada dia eu me pareço mais com ele, “só que ele dava no teu ombro”. Seja algum funcionário da Assembléia comentando que como ele eu passo toda a sessão andando de um lado para outro no plenário, dando conta de uma votação, aparteando um discurso, conversando com um ou com outro deputado. Seja mãe Tetê dizendo que olhar para mim é ver papai, do jeito de beber água bem gelada ao sorriso de olho fechado.
Meu pai adorava umas frases de efeito. Uma delas me persegue até hoje: “O difícil se faz logo, o impossível demora um pouco mais”.
Faço o fácil com prazer, o difícil com dedicação e o impossível com paciência. Essa é minha maior herança: com tudo que um pai me deu em vida e me legou na morte, eu pude agregar a minha própria contribuição. Observar e entender o simples, o natural, o fácil.
Muitas vezes as pessoas, assim como meu pai fazia, estão muito mais voltadas para as coisas difíceis, para as coisas impossíveis. Eu desde cedo me interesso pelas coisas fáceis e simples. Nelas estão os mapas, as chaves para o difícil e para o impossível.

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Atenção! Invasão de caixa postal eletrônica.

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Atenção!

Invasão de caixa postal eletrônica.

          

Meus caros amigos, minha caixa postal eletrônica foi invadida por algum marginal que está passando mensagens de cunho grosseiro e difamatório para algumas pessoas da minha lista de contatos.

Quem por acaso receber uma dessas mensagens, por favor, desconsidere e desde já me desculpe pelo transtorno.

 

Tenho dedicado as últimas noites quase que totalmente para escrever os discursos de saudação aos agraciados com títulos de Cidadãos Maranhenses e Medalhas do Mérito Legislativo Manoel Bequimão que farei nos próximos dias.

Dentre os agraciados está o Rei do Baião, Luis Gonzaga. Fazia eu uma pesquisa para apoiar o meu discurso em homenagem a essa importante figura de nossa música quando meu computador travou. Reiniciei a maquina e logo em seguida recebi um telefonema  de meu amigo cineasta Francisco Colombo estranhando uma mensagem que havia passado para ele. Ocorre que não mandei nenhuma mensagem para Colombo. Pedi que ele lesse a mensagem para mim, o que ele fez prontamente. Pedi que ele mandasse para mim a suposta mensagem que ele recebeu de minha caixa postal e ele mandou só que não chegou a nenhuma das minhas caixas. Em seguida ele ligou novamente dizendo que havia chegado outra mensagem, que ele também leu para mim. Pedi que ele tentasse mais uma vez o envio das mensagens para minhas caixas, o que novamente não foi possível. Foi preciso que ele as passasse para minha mulher, para que eu pudesse ver com meus próprios olhos do que se tratava.

Horrorizado, pois isso nunca havia acontecido comigo antes, não que eu soubesse, liguei para Antonio Leda, técnico em informática que trabalha para minhas empresas, mas a ligação não completava.

Liguei então para minha amiga Adriana Marão, que me orientou a mudar imediatamente a minha senha dessa caixa postal. O que fiz seguindo sua orientação pelo telefone.

Adriana me explicou algumas das possibilidades de como pode ter ocorrido a invasão de minha caixa, todas bem plausíveis.

Em seguida foi a vez de minha mulher que estava com seu computador ligado em minha frente dizer que havia acabado de receber uma mensagem de minha caixa postal que naquele momento estava desligada. Isso era possível porque enquanto o invasor estivesse com a máquina dele logada em minha senha antiga ele usaria minha caixa postal, mandando mensagens ou copiando as ali existentes.

Algum tempo depois foi a vez de meu amigo Ney Bello Filho me mandar uma mensagem dizendo que recebera também um texto “estranho” de minha caixa postal. Liguei para ele e expliquei o que estava acontecendo.

Agora já passa de uma hora da madrugada e continuo aqui sem saber se esse criminoso ainda está de posse de minha caixa eletrônica de correspondência.

No final só me resta pedir desculpa a algum amigo que possa vir a ser importunado ou ofendido por esse marginal.

 

PS: Agora pela manhã, já mais calmo, voltei a falar com minha amiga Adriana Marão e acredito que tenha descoberto o que aconteceu. Minha senha anterior era meu nome seguido da data de meu aniversário. Alguém ficou tentando descobrir minha senha e sendo ela elementar(imprudência minha), essa pessoa conseguiu invadir minha caixa de mensagens.

Agora minha senha será gerada por um programa de segurança e será mudada periodicamente, providência que sugiro que todos tomem.

 

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Do Blog Patuscadas & Pantomimas

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Carta aberta ao
Deputado Joaquim Haickel

Caro Deputado Joaquim Haickel.

Estive analisando o pronunciamento proferido por Vossa Excelência na dita “Casa do Povo” e confesso que me senti feliz por ter visto alguém preocupar-se com o nosso querido Centro Histórico de São Luís.

Trabalho na área de turismo desde 1999 e confesso: Nunca observei minha Cidade tão abandonada.

Certa vez fiz um artigo no qual falava: Não se pode fazer turismo em uma Cidade onde elevou o nível de pobreza dos seus cidadãos ao máximo.

De fato penso isso e quando me deparo com a realidade do Centro Histórico de São Luís, fico envergonhado e infeliz de ver os nossos casarões tombarem ao invés de estarem tombados.

Durante sua fala na Tribuna da Assembléia Legislativa tive a confirmação daquilo que já sabia que era o fato dos nossos políticos não percorrerem o Centro de São Luís e perceberem, In Loco, a real situação do total abandono por que passa todo aquele centro histórico, enfim, de comprovar aquilo que toda sociedade está cansada de saber e ver.

Afirmo-lhe que tanto o Governo do Estado quanto a Prefeitura Municipal de São Luís muito pouco fizeram para manter sempre viva a revitalização da nossa Cidade velha, envolta em belos casarões. Falam descaradamente de amor pela Cidade e da forma como vão revitalizar todo aquele patrimônio que é da humanidade inteira, embora não passe de mais um blefe na maioria das vezes.

No ano passado, o Governo anunciou um amplo projeto de revitalização do Centro Histórico, da Lagoa da Jansen e das nossas praias. Como se vê nada foi realizado, o acordo selado com a sociedade foi descumprido ou então o dinheiro que seria usado nessas operações saiu vestido de fofão ou de irmão metralha no carnaval de 2010.

A vergonha que Sua Excelência passou ao apresentar a Cidade a seus amigos, é a mesma que muitos profissionais da área de Turismo vivem diariamente e a decepção que seus amigos sentiram é a mesma que dezenas de turistas oriundos do mundo inteiro sentem quando aqui chegam. É vergonhoso quando se depara com gestos praticados por estes que, aliás, falam mais que as palavras, de total decepção com estado do acervo histórico como um todo, levando, consigo, uma imagem de uma Cidade em ruínas e de um Estado falido.

Senhor Deputado, Um povo sem memória é um povo sem história e um povo sem história é um povo sem referência. A irresponsabilidade com que tratam o Centro é tamanha que faz, sem sobra de dúvida, perdermos a nossa maior referencia, o nosso maior legado: o Maranhão Colônia e o Maranhão Monarquia.

O mais lamentável é o fato de estarmos prestes a fazer 400 anos, sem que se tenha um plano de ação ou metas a serem cumpridas.

Existem Cidades no Brasil que souberam revitalizar e manter o seu patrimônio histórico e aqui aponto as Cidades Mineiras e as Goianas, com uma ressalva: naquelas localidades houve um empenho de revitalizar todo o patrimônio histórico, incrementando, paralelamente, a receita tributária, com fortes ações voltadas para área do turismo.

Todo mundo cansa de falar que o turismo é a empresa que mais cresce no mundo, que mais gera negócios, que mais emprega que menos polui, mas mesmo assim, o Maranhão como sempre parece ir na contra mão da história.

Temos que salvar o nosso Centro Histórico, temos que montar um movimento em defesa do nosso Patrimônio Secular, já basta de indiferença com essa senhora que fará 400 anos em 2012.

Caro Deputado Joaquim, nunca votei em Vossa Excelência e talvez nunca venha a votar, mas comungo da idéia que sua saída será uma perda enorme para o Legislativo do Maranhão, pois diante de tantos Parlamentares nulos, incompetentes ou sem propostas, uma Figura como a sua fará falta, pela sua lucidez, seu amplo conhecimento e por sua sensibilidade em algumas ações. Na minha ótica a sua ausência trará prejuízos a essa Augusta Casa Legislativa e que bom teria sido se essa lata e propostas tivessem vindo a mais tempo, sem dúvida que todos nós aplaudiríamos e o acervo patrimonial físico do nosso Maranhão agradeceria. Contudo, isso, infelizmente, não mais fará, pelo menos da Tribuna da Assembléia.

Por fim, quero agradecer-lhe pelo discurso proferido em defesa do patrimônio, mesmo que serodiamente. As colocações de que “O problema é realmente a ausência de poder público, de vontade política, de política direcionada à preservação desse patrimônio. A nossa cidade, o nosso casario, é Patrimônio da Humanidade e como tal está relegado ao abandono. Eu gostaria de conclamar os deputados, os vereadores, o prefeito de São Luís, a governadora Roseana, para que juntos possamos fazer um projeto de salvação do Centro Histórico de São Luís, de preservação dos monumentos arquitetônicos da nossa cidade”, ficarão registrado nos anais da casa e, por certo, irão permear meus pensamentos e minhas certezas, por um longo período.

Com os Melhores cumprimentos.
Fábio Henrique Farias Carvalho

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Do Blog Raios e Bombas

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http://raiosebombas.wordpress.com/

A vergonha do Brasil

novembro 1, 2010
por Laila Razzo

“É normal ver carro lá?”, “Você deve sentir falta de árvores né… A mata, e tal”, “Você é inteligente…” *tom de surpresa*.

Comentários e questionamentos do tipo já foram direcionados a mim por dois tipos de pessoas: gringos totalmente desinformados sobre o Brasil e BRASILEIROS sobre o Nordeste.

E aí, BRASILEIROS? Vergonha ein?

E agora vejo que muitos brasileiros culpam uma decisão política por uma tal de burrice nordestina. Por uma tal de miséria nordestina. Por uma tal, também, de incapacidade nordestina.

Que a xenofobia sempre rolou solta por cidades como São Paulo, eu sei, been there, seen that. E nunca foi compreensível, nem aqui, nem na Inglaterra.

Inglês velho (dos que eu vi) adora esbravejar contra brasileiros e polacos, que tão lá fazendo o que não tem inglês afim de fazer. Que tão lá trabalhando na base de tudo, repito, de TUDO, que corrobora pra um inglês ter sua preguiçosa cerveja gelada paga pelo governo ao mais bem fotografado empresário conseguir assinar seus devidos papeizinhos e cortar suas faixas cintilantes de inauguração. Não é muito diferente do que acontece dentro das fronteiras brasileiras.

Ouço muito falar também do preconceito com nordestinos na área de trabalho, aqueles, que não são os que deixam os banheiros dos seus clubes preferidos limpinhos, mas aqueles que estão lá concorrendo cabeça a cabeça com você que só porque nasceu e incorporou um sotaque que fala o “r” nos dentes se acha mais digno da oportunidade. Ora, se você é bom, você é bom, discorda?

Como pode, um professor de uma faculdade como a USP falar pra uma aluna, estando lá por ter sido aprovada de acordo com os processos seletivos e regras da instituição para uma pós, que por ela ser formada pela universidade estadual do Maranhão, ela precisaria ler mais e se empenhar mais que outros? Não era pela preocupação do preconceito, era por puro preconceito.

Entre os próprios alunos das universidades de cidades dotadas de grande concentração de diversidade cultural, como a tão querida e falada aqui São Paulo, existe uma competição, algo como senso de desonra, se um aluno nordestino se destaca. E algumas vezes ele nem pode se destacar, visto que terão mais pés esperando seus passos no meio do caminho para lhe fazer cair do que para qualquer outroense, outroino, outroano.

E dizem: odeio retirantes, eles vem pra cá, poluem a visão da minha cidade com a cara da pobreza, se unem em gangues e preenchem a violência.

Olha, sejamos justos um pouquinho, pra um nordestino malandro que você encontra na rua, existem bem uns trezentos malandrões nascidos e criados pela própria porqueira da sua cidade, da SUA CIDADE. Malandragem não é regional, se fosse, a gente fechava as porteiras e tava tudo numa nice, não é? Se malandragem fosse também coisa da cultura do pobre, não via ninguém precisando de cinto pra segurar a pança cheia de dinheiro sujo, de poder vil.

E se você é pego desprevenido pela expressão castigada de um ser humano no semáforo querendo dinheiro pra não morrer e acha que aquele coitado deveria estar onde nasceu (provavelmente também pra morrer), você é um estúpido, que nem direito ao voto merecia. Se essa visão não lhe dói pela noção da existência da miséria humana, e se isso não lhe faz ver como o seu PAÍS precisa de cuidado, você é pobre, pobrinho, pobre de marré deci, de alma.

E agora é isso. Política. PT no poder é burrice feita por nordestino. É porque nordestino é morto de fome e se vende por pouco. É porque nordestino vive em miséria. Se Nordestino vive mesmo em miséria, então o Brasil também vive, concordam? Como vocês gostariam de ver um país desenvolvido, com a indubitável discrepância social? Tire o Nordeste e você não tem mais Brasil, para bem e para um poderoso e maior mal. Tire o Nordeste, e a casa cai. A casa cai economicamente, a casa cai culturalmente, a casa cai e cai feio, se esbagaça toda no chão, e você vai ficar sem entender. Porque né, você é meio necessitado de desenvolvimento intelectual.

Meu ponto não é falar de política. É falar da visão embaçada que infelizmente temos que testemunhar. É falar da BURRICE que o BRASIL hospeda. É falar que existe coisa pior para o nosso país que a triste realidade de famílias sem teto e sem prato transformadas em números, e isso é a BURRICE de pessoas que tiveram tudo na vida para não cultivá-la e ainda conseguem carregá-la em discursinhos sem força, em comentários nada preciosos, em atitudes hipócritas.

Incapacidade nordestina, eu leio, eu escuto. Ora… Incapacidade! Pois vá ler um pouco sobre História, vá ler um pouco sobre o desenvolvimento dos estados nordestinos, sobre as cidades, vá ler sobre política, vá ler, vá perguntar, vá saber, e venha, venha ver.

Se a sua raiz é ter um pé no desenvolvido que você acha ser os tais países assim chamados, vá pra lá, vá, que você já deve bem se equalizar no pensamento sobre o Brasil comentado no início desse post. Quem sabe você não sofre um pouquinho de discriminação por você ser de onde é, e pare e veja o seu papel anterior em uma situação bem parecida. Só não continue a feder o meu país com sua mentalidade medíocre.

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