Ainda sobre a Reforma Política

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Partindo-se do pressuposto de que nenhuma ação política tem aprovação unânime, que sempre alguém estará de alguma forma, em qualquer estância ou âmbito insatisfeito com a decisão que vier a ser tomada. Levando-se em consideração que qualquer mudança inicialmente é desconfortável e incômoda. Tendo em vista que esse quadro se agravará ainda mais quando tais novas regras tiverem que acontecer num setor onde as práticas atuais, desgastadas e corroídas, estão arraigadas de forma tão profunda ao sistema. Sabendo disso tudo, mesmo assim e principalmente por termos essa consciência é que devemos agir de maneira rápida e objetiva, no que diz respeito à reforma política e eleitoral de nosso país.

Tenho conversado bastante com todas as pessoas que posso sobre esse assunto. Políticos de todos os matizes, de todas as esferas e áreas de poder, juristas e professores, mas principalmente com cidadãos comuns, para que possa sentir de forma mais ampla o que pensa quem irá ser atingido frontalmente pelas medidas que o Congresso irá tomar nos próximos meses.

A reforma política e eleitoral é a mais emergencial ação que devemos exigir de nossos governantes. É lógico que as reformas tributária, fiscal, econômica e previdenciária são importantíssimas também, mas elas de pouco adiantarão se não forem feitas na esteira da regularização e moralização da representatividade popular, requisito indispensável para a legitimidade de qualquer ato que se tome em uma democracia.

Em minha opinião, devemos enfrentar de frente os problemas, sem que se tentem soluções paliativas, para resolver esse ou aquele problema específico, sem casuísmos ou remendos legais que venham a beneficiar esses em detrimento daqueles ou vice versa.

A realidade deve ser o pano de fundo de qualquer reforma. De fundo e de frente também. Em termos de lei, não se deve, não se pode fazer nada que agrida a realidade. De nada adiantará uma regra, uma lei, que seja linda e maravilhosa em sua intenção e em sua concepção, se ela não puder ser posta em prática, ou se sua prática resultar em uma distorção de sua função e não em seu objetivo, como por exemplo, o voto em lista.

É amplamente sabido que o eleitor brasileiro vota na pessoa, no candidato, mesmo que faça sua escolha dentro de um partido, mesmo que essa escolha seja feita dentro de uma corrente desse partido, mas a ligação do eleitor é com o seu representante, hábito que vem do fato das pessoas se identificarem preferencialmente com seus representantes executivos, prefeitos, governadores e presidentes da República.

Para provar que é assim que acontece, basta perguntar a um eleitor em quem ele votou no cargo de vereador ou deputado e em resposta se ouvirá quase sempre um “não lembro”, se perguntarem ao mesmo eleitor para quem ele votou em prefeito ou governador ele muito provavelmente não terá esquecido.

No caso do voto em lista ele poderá até se lembrar do partido em que votou, mas jamais saberá qual parlamentar escolheu para representá-lo, mesmo a lista estando publicada, pois seus representantes serão escolhidos na verdade pelos partidos, que nem sempre indicarão pessoas que passariam pelo crivo popular direto.

Quanto à circunscrição do eleitor e de seu voto, o município deve continuar a ser seu referencial, mas deve-se acabar de uma vez por todas com o tráfico de eleitor estabelecendo-se uma ampla, geral e total revisão e requalificação eleitoral. O eleitor estará vinculado ao seu domicílio real e a partir daí, deve estabelecer-se as mesmas regras válidas para os candidatos que quiserem mudar de domicílio eleitoral, que em minha opinião deveria ser igual à metade dos tempos dos mandatos vigentes.

O voto distrital traz em si o voto majoritário, pois leva o distrito a escolher um entre vários nomes postos em votação. Sendo assim, sou favorável à ampliação da base distrital para o tamanho total da unidade municipal, no caso dos vereadores e da unidade da federação, no caso dos deputados. Nesse caso, os vereadores e os deputados mais votados nos municípios e nos estados serão os eleitos, fato que já ocorre em quase 80% dos casos, mesmo com o voto proporcional.

A coincidência dos mandatos, em minha modesta opinião, será a medida mais moralizadora e barateadora dos pleitos em nosso país. Fazer-se uma eleição de seis em seis ou de cinco em cinco anos para vereadores, deputados estaduais congressistas, governadores e presidente da República, irá baratear enormemente os custos das campanhas eleitorais e fortalecer os partidos, principalmente se junto com essas medidas vier uma outra norma, a fidelidade partidária, inclusive em relação ao voto, tornando-o vinculado para todos os cargos.

A diferença fundamental entre deputados federais e senadores é que os primeiros representam o povo e os segundos são representantes dos estados. Câmara dos Deputados e Senado Federal compõem o Congresso Nacional, logo deputados federais e senadores são congressistas, mesmo que uns hoje sejam eleitos por voto majoritário e seus mandatos sejam de oito anos, enquanto os outros tenham mandatos de quatro anos e sejam eleitos através do voto proporcional. Unificar a votação para o Congresso, mantendo o sistema bicameral, com eleições gerais, onde os senadores seriam os congressistas mais votados e seus substitutos seriam os com votações subsequentes, me parece a forma de resolvermos o problema não só dos suplentes de senadores, mas também de possibilitar uma reforma parlamentar, eliminando o caráter executivo do Senado.

Com eleições gerais, coincidência dos mandatos, vinculação de votos, sem reeleição para cargos executivos, com o voto majoritário para o Legislativo e o financiamento público das campanhas sob a responsabilidade dos partidos, haverá o fortalecimento destes sem que se estabeleça uma ditadura partidária e acredito que com essas medidas teremos grande melhora em nosso sistema eleitoral e político e consequentemente mais legitimidade na escolha de nossos representantes e garantia de consolidação de nossa democracia.

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JUDÔ MARANHENSE BRILHA NA EUROPA!

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LEONARDO DINIZ CONQUISTOU HOJE, SÁBADO (19/03/2011), MEDALHA DE PRATA NO TORNEIO INTERNACIONAL DE BREMEN/GER.

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Sobre a reforma política

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Passei boa parte do ano de 2010 dizendo que pelo meu conhecimento sobre José Sarney, podia prever que depois que ele se reelegesse presidente do senado federal e consequentemente do congresso nacional, seria ele quem iria patrocinar a tão necessária e urgente reforma política de que nosso país tanto precisa para consolidar a nossa jovem democracia, que, diga-se de passagem, foi conseguida graças à condução desse mesmo Sarney, quando como nosso presidente da república, nos guiou, no momento em que nosso país mais precisava de um estadista.

Esse mérito, que alguns já lhe dão hoje, lhe será tributado definitivamente nos próximos anos quando esses fatos forem analisados sobre a luz da ciência histórica e não pelas lentes nem sempre focadas de maneira correta pela prática política, partidária e eleitoral, que deformam a verdade em nome das disputas de poder.

Quando Sarney, daqui a algumas décadas já fizer parte tão somente da história e não mais for personagem atuante no teatro político de nosso país, tenho certeza de que se dará a ele todo o crédito que ele merece.

Mas sobre a reforma política, gostaria de dar a minha modesta contribuição para esse debate. Contribuição pautada na experiência que acumulei na prática política e eleitoral, desde a primeira eleição da qual participei como simples cabo eleitoral, nos idos de 1976, quando tinha apenas 16 anos de idade, passando pelos mandatos de deputado estadual, de deputado federal constituinte e pelos anos em que assessorei o governo do Maranhão tanto na secretaria de assuntos políticos quanto na de educação.

Aquela primeira eleição em que participei foi uma eleição de prefeitos e vereadores onde meu pai, Nagib Haickel, então deputado estadual, atuando de forma quase que distrital, detinha de certa forma hegemônica a região do Vale do Pindaré, composta basicamente pelos municípios de Pindaré-Mirim, Santa Inês, Monção, Santa Luzia e Bom Jardim. Para que se tenha uma pequena noção do que mudou nesses trinta e cinco anos desde que eu comecei na política, só desses cinco municípios, desmembraram-se seis novos. De Pindaré, Tufilândia; de Monção, Zé Doca; de Santa Luzia, Alto Alegre do Pindaré, Buriticupu e Bom Jesus da Selva; de Bom Jardim, São João do Carú. Apenas do município de Santa Inês não saiu nenhum outro, pois este já havia saído de Pindaré e não possui vasto território como os demais, que em alguns casos, ainda deverão ser desmembrados.

A contundente mudança demográfica e a reorganização geopolítica que experimentamos nos últimos anos, por si só já exigiriam uma reforma em nossa forma política e eleitoral, algo que pudesse nos dar mais segurança institucional, mais credibilidade.

Em nosso favor, recebemos da justiça eleitoral o maior e melhor instrumento para que se fizesse a reforma política e eleitoral em nosso país de forma segura e nós políticos não aproveitamos até agora esse advento. Hoje nós temos um sistema de coleta de sufrágio que acredito ser o mais eficiente e confiável de todo o planeta, o que nos propicia a certeza de que as reformas que se venha a fazer possam ser efetivadas com honestidade em seus resultados finais, nas escolhas dos cidadãos quanto aos seus representantes, certeza que antes não se tinha.

Pois bem, ao melhor estilo de Odorico Paraguaçu, deixemos de lado os “entretanto” e vamos direto aos “finalmente”: Acredito que antes de qualquer discussão devamos nos perguntar se a forma de elegermos os nossos representantes é satisfatória. Se o tipo do voto, o tempo dos mandatos, a possibilidade de reeleição para os diversos cargos, a forma dos financiamentos das campanhas, a função dos partidos, se tudo isso funciona de modo a possibilitar o sucesso de nosso sistema político e eleitoral. Em qualquer aspecto a resposta será sempre não.

Tenho uma proposta de reforma eleitoral. Ela é bem simples, consiste em eleições gerais com mandatos coincidentes de seis anos, sem reeleição para cargos executivos; congresso bicameral, onde seriam escolhidos senadores, os três congressistas mais votados de cada estado e seus suplentes seriam os mais votados subsequentemente; os vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores passariam a ser escolhidos dentre os mais votados nas eleições para esses respectivos cargos; passaríamos a ter unicamente o financiamento público das campanhas políticas e os partidos seriam os responsáveis por todo o processo eleitoral.

Tomemos como exemplo o nosso Estado, o Maranhão: temos vinte e um congressistas, três senadores e dezoito deputados federais. Continuaríamos com o mesmo número de congressistas, sendo que os três mais votados ocupariam o cargo de senador e os demais serviriam de suplentes segundo a ordem decrescente de votação.

Vantagens práticas dessas medidas: As eleições para senador deixariam de ter custos exorbitantes; os senadores passariam a ter mais compromisso político e eleitoral com o sistema e com o eleitor e menos com a máquina estatal que elege ou apóia os governadores; eleger-se-ia um congresso nacional bicameral a cada seis anos com mandatos coincidentes com os de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores e presidente da república, acabando definitivamente com a reeleição para os cargos executivos, medida moralizadora e extremamente econômica ao sistema eleitoral; acabar-se-ia com a prática comum em que um cidadão se candidata a vereador, deputado ou a senador, para dois anos depois abandonar o cargo e se candidatar a prefeito ou a governador; estabelecer-se-ia um período de pelo menos seis anos entre uma campanha eleitoral e outra, onde os mandatários pudessem se dedicar melhor às suas funções administrativas, planejando e executando suas ações sem preocupações eleitorais; o fato de não haver reeleição para cargos executivos, faria com que houvesse o surgimento de novas lideranças que só se consolidarão caso realmente tenham respaldo popular e eleitoral; o cidadão deixaria de votar para o preenchimento de nove cargos e passaria a votar para apenas seis; acabar-se-ia com a indústria da eleição, através do aluguel de legendas partidárias que acontecem hoje de dois em dois anos, coisa que se perdurasse, se restringiria minoritariamente a eventos nacionais, pois com eleições gerais os partidos poderiam mais facilmente ter respeitado seu caráter nacional…

São tantas as melhorias que poderíamos experimentar com essa proposta!… Mas que ela sirva apenas como aperitivo para as muitas que irão aparecer. Que sirva pelo menos para que nós possamos, no âmbito do Maranhão, começar a discutir esse importantíssimo assunto.

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Morre Alberto Granado

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Daniella Thomas, Alberto Granado e Joaquim Haickel

Acabei de saber da morte de Alberto Granado, ontem em Havana.

Fui apresentado a ele pela diretora Daniela Thomas quando do reencontro dos dois no Festival de Internacional de Cinema de Havana, em 2008.

Daniela trabalhou com Walter Salles, no filme “Diários de Motocicleta”, época em que conheceu Alberto Granado, companheiro de Ernesto Guevara na aventura de atravessar a América Andina em motocicleta.

A conversa que tive com ele foi fascinante. Era como se ele fosse uma espécie de avô contador de historias. Não foram mais de trinta minutos, mas pareceu que foram horas de conversa. Depois fomos todos, como grandes amantes de cinema e de futebol, assistir o novo filme de Walter e Daniela, “Linha de Passe”.

Ao lado, foto de meu encontro com ele e Daniella, em que fiz questão de sentar um degrau abaixo do seu, como forma de reverência.

Abaixo, matéria sobre seu falecimento.

Alberto Granado, amigo e companheiro de Ernesto Che Guevara em sua viagem de motocicleta pela América do Sul, morreu neste sábado em Havana aos 88 anos. Nascido em 8 de agosto de 1922 em Córdoba (Argentina) e estabelecido em Cuba desde 1961, morreu de causas naturais, relatou o filho Alberto Granado.

A televisão estatal cubana definiu neste sábado Granado como um “fiel amigo de Cuba” e detalhou que, segundo sua vontade, será cremado neste sábado em Havana e suas cinzas serão espalhadas por Cuba, Argentina e Venezuela. Amigo de infância de Che Guevara, foi seu acompanhante na viagem que realizaram de motocicleta em 1952 pela América do Sul, um percurso que despertou a consciência política do guerrilheiro argentino. Sobre “La Poderosa”, o moto de Granado, os dois percorreram juntos boa parte do Cone Sul até que, nove meses depois, se separaram na Venezuela.


Granado acompanhou Che na La Poderosa pela AL

A viagem foi levada ao cinema em 2004 pelo filme “Diários de Motocicleta”, dirigido por Walter Salles e protagonizado pelo mexicano Gael García Bernal, no papel de Che, e pelo argentino Rodrigo de la Serna, como Alberto Granado. Após essa viagem, Granado retornou à Argentina para trabalhar como bioquímico, mas, após o triunfo da revolução cubana, Che o convidou para ir a Havana e, um ano depois, decidiu ficar na ilha com sua esposa e seus filhos. Em 2008, Alberto Granado viajou à Argentina para participar das comemorações do 80º aniversário de nascimento de Che Guevara na cidade de Rosário.

Sua última viagem ao exterior foi ao Equador há alguns meses, segundo seu filho, que destacou que Granado foi um “grande revolucionário” e um homem que amava muito a vida.

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Para onde vai o “seu” Oscar

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Hoje à noite nós vamos poder assistir à octogésima terceira cerimônia de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

O evento deste ano marca uma espécie de renascimento qualitativo do cinema americano, pois ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, qualquer uma das obras que concorrem ao prêmio de melhor filme, pode ser a vencedora, sem deixar a desejar em nenhum quesito aos demais postulantes. Lembrando que dois anos atrás a película vencedora foi uma produção anglo-indiana e no ano passado foi um filme que logo será esquecido, enquanto o campeão de bilheteria, o maior da história do cinema, não passa de um folhetim de segunda categoria.

Nos últimos dez anos o que se via era uma, no máximo duas produções realmente boas, capazes de nos fazer suspirar no escuro da sala de projeção e de nos fazer querer sair de lá direto para um barzinho para passar o resto da noite discutindo todos os aspectos da obra. Este ano é diferente, todos os concorrentes são ótimos, e não apenas na categoria de melhor filme, mas em todas as categorias, pelo menos nas principais como melhor direção, ator, atriz, ator-coadjuvante, atriz-coadjuvante, roteiro, música, fotografia, edição, cenografia, som, figurino… Para a maioria de nós, assim como para os americanos que não são do mundo cinematográfico, as outras categorias não são assim tão importantes, pouca gente viu os filmes que concorrem nas categorias de filme estrangeiro, curta metragem ou de documentários e por isso não se pode ter uma noção mais realista do contexto.

A Academia ter aumentado de cinco para dez o número de concorrentes na categoria de melhor filme não muda em nada o fato de apenas os realmente melhores terem chances de ganhar. Em que pese Toy Story em qualquer de suas edições ser um maravilhoso filme infantil que encanta pessoas de todas as idades, ele não é um concorrente de verdade, da mesma forma que apenas Bravura Indômita, O Discurso do Rei, Cisne Negro e O Vencedor estão realmente no páreo, mesmo que o decepcionante Rede Social, o bom 127 Horas e o sensacional A Origem, possam ser também citados. Os dois outros eu não vi, mas não acredito que tenham alguma chance a não ser Annette Benning que concorre ao prêmio de melhor atriz como uma mãe de família assumidamente lésbica.

O aumento da quantidade de concorrentes na categoria melhor filme é uma jogada comercial, feita unicamente para possibilitar mais produções estamparem em seus releases e em seus cartazes que foram selecionados para concorrer ao Oscar e com isso atrair mais público.

Alguns amigos meus já me ligaram para saber, neste ano, para onde vai o “seu” Oscar. Não tenho bola de cristal, não conheço a disposição dos membros votantes da Academia, mas se eu fosse um deles, certamente teria as minhas preferências que podem não estar de acordo com o resultado, coisa que só saberemos hoje à noite.

Atendendo a pedidos, cito abaixo, os votos que daria se fosse eleitor e as dúvidas que teria caso fosse votar.

Para melhor filme, Bravura Indômita, O Discurso do Rei, Cisne Negro e O Vencedor, nessa ordem, têm minha preferência, sendo que os irmãos Coen conseguiram fazer de sua versão deste drama passado no velho oeste algo extremamente tocante, onde de western mesmo, só tem os cavalos e as armas de fogo. Votaria nele, mesmo achando O Discurso do Rei um filme perfeito. Cisne Negro é uma obra onde o personagem de Natalie Portman, uma bailarina esquizofrênica, é tudo que precisa para se ter um filme forte e denso. Enquanto O Vencedor passeia de maneira competente por uma história real, sustentado por um grande roteiro e na competência de quatro excelentes atores.

O melhor diretor sairá do quarteto responsável pelos quatro filmes citados acima. Qualquer um pode ganhar, mas meu voto iria para Tom Hooper, de O Discurso do Rei.

Para melhor ator e atriz apostaria sem medo de errar em Natalie Portman e Colin Finth. Para coadjuvante a disputa é dura. Tanto Geoffrey Rush quanto Christian Bale podem e merecem ganhar, seria bom que dividissem esse prêmio para os dois. Das atrizes, Hailee Steinfeld, a mocinha de Bravura Indômita e a bela Amy Adams de O Vencedor teriam minha preferência, com uma ligeira vantagem para a primeira, pela impostação, dicção e porte condizente com a época e com o personagem.

Para melhor roteiro original escolheria O Discurso do Rei, em que pese A Origem me agradar muito, e para melhor roteiro adaptado, votaria em Bravura Indômita, que tem o toque dos Coen, mesmo 127 Horas sendo muito bom nessa categoria.

Se há uma coisa que nivela por cima os concorrentes deste ano é a cenografia, a fotografia e o figurino. Meus votos seriam para A Origem, Bravura Indômita e O Discurso do Rei, respectivamente, ressaltando que todos os concorrentes são maravilhosos.

A montagem é uma outra direção. Esse profissional pode mudar o destino de um filme, por isso esse é um prêmio tão importante. Nele se nota claramente o entendimento, a cumplicidade do editor com o diretor, quando isso acontece é sucesso garantido. Este ano os editores não tiveram muito trabalho, mas eu votaria em um filme que nem está concorrendo nessa categoria, falo de A Origem, apesar de que o premiado será um dos quatro favoritos já citados. Apostaria em Cisne Negro.

A música e o som são tão importantes em um filme que para cada um deles há dois prêmios. Aqui aparecem como favoritos Toy Story 3, A Origem, Rede Social e 127 Horas.

A premiação de hoje é apenas mais uma etapa dessas produções, e olhe que nem é a última, pois cada vez que estes filmes forem exibidos, as engrenagens que os impulsionam farão com que novas etapas tenham início, nem que seja apenas nas mentes de quem os assistem. É esse efeito que faz do cinema a maior, a mais completa de todas as artes.

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Carta aberta a Léo san*

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A superação das dificuldades da vida através do esporte não é novidade no Brasil. Todos nós conhecemos muitas histórias de meninos e meninas que vieram de situação desfavorável e conquistaram uma vida nova, através da dedicação e do amor a uma modalidade esportiva. O esporte faz isso, sem falar no fator de proteção que ele trás em si, sem falar na distância regulamentar que o esporte deixa os jovens das drogas e dos crimes de um modo geral. Essa superação de que falo aconteceu novamente no último final de semana, com um jovem maranhense e através do Judô.

Infelizmente eu só pude acompanhar mais essa história de superação e sucesso através de emocionados telefonemas. Falo da seletiva nacional classificatória, nas categorias, Juvenil e Júnior, para o Circuito Europeu e o Campeonato Mundial de Judô que se realizará na Ucrânia, que aconteceu em Brasília.

A equipe do Maranhão era composta de 07 atletas: Ana Carla Vieira, José Carlos Pires, Guilherme Bello, Vítor Rios, Talisson Almeida, Pedro Guimarães e Leonardo Diniz. Lutando com apuro, fibra e qualidade, nossos atletas superaram muitos obstáculos, e, como é natural no esporte, ganharam e perderam.

O grande destaque foi o nosso representante na categoria Juvenil de menos de 73 Kg, Leonardo Diniz, que conseguiu superar dificuldades inimagináveis. Eram 47 atletas lutando em seu peso. A grande maioria patrocinada pela Oi/Sogipa, Minas Tênis Clube/Fiat, Palmeiras, Corinthians, Santo André, São Caetano, Pinheiros e Flamengo. Torcidas enormes, ginásio lotado, competição com mais de 800 judocas.

Os nossos atletas tinham uma história de vida diferente dos demais, patrocinados pelas mega-estruturas desportivas já citadas. Nossos atletas, em sua quase totalidade eram “paitrocinados”, como diz um amigo apaixonado pela modalidade.

Dentre todos Leonardo tinha uma história de vida ainda mais difícil. Nascido no Coroadinho, filho de família humilde, mãe empregada doméstica e moradora da Liberdade, nem de longe Léo possuía a mesma facilidade e apoio fornecidos pela Oi, Fiat, Parmalat, Lubrax e tantos outros patrocinadores.

Leonardo é “cria” do professor Emílio Moreira, resultado do trabalho efetuado no ginásio Paulo Leite, nosso “Templo do Judô”, talvez a mais bem aproveitada praça de esportes do Maranhão. É fruto da abnegação de “Chico Neto” e da ajuda dos pais de atletas que sempre se uniram em apoio aos judocas sem “paitrocínio”.

Destemido, Léo soube superar todas as dificuldades, e bateu os atletas da Oi, da Fiat, da Parmalat, do Corinthians e do Flamengo. Venceu suas lutas por Ippon, o golpe máximo do judô, para delírio e felicidade de Emílio Moreira, o mais antigo sensei do Maranhão, que o acompanha desde seu começo nos tatames, aos 11 anos.

Com Léo e por ele, toda a equipe do Maranhão vibrou, gritou e se emocionou, além de ter chorado e comemorado, porque um companheiro, um irmão, agora iria partir para o Circuito Europeu, para treinar e lutar na Itália, na Bélgica, na Alemanha, na Rússia, no Cazaquistão e na Ucrânia. A emoção maior foi por ser Léo. De minha parte, eu chorei ao telefone, quando soube da notícia e quando soube de sua história, por ser ele a prova da verdade contida nos versos de nosso maior poeta: “… A vida é combate que aos fracos abate, e aos bravos e fortes só pode exaltar…”.

Chorei ao telefone com meus amigos Ney Bello e Emílio Moreira, que apaixonados pelo judô, não escondiam a felicidade e a alegria por ser um maranhense, por ser um garoto oriundo dos projetos sociais do judô, e mais que tudo, por ser ele, Léo.

Agora teremos todos que lutar fora dos tatames contra muitas dificuldades. Teremos que partir para buscar apoio que minimamente rivalizem com a excepcional estrutura dos judocas que estarão na Seleção Brasileira Juvenil ao lado de Leonardo Diniz. Não só o Estado, mas as Empresas privadas e os Mecenas, todos nós faremos o que for necessário. Foi o que eu disse ao telefone, como troféu, como modesta recompensa para o nosso campeão.

Neste momento nos obrigamos a olhar um pouco mais além. Devemos olhar para os projetos sociais que podem ser implantados nos Ginásios de nosso Estado, como o que acontece no “Paulo Leite”. Precisamos olhar para o trabalho dos Emílio Moreira, dos Marcos Leite, dos Wanderson, dos Curió, dos Mário, dos Uitaçussi, dos Coelho, dos Góes, dos Rodolfo e de tantos técnicos de judô que o Maranhão possui e fazer esse trabalho ser replicado no volei, no basquete, no handbol, no futsal… Não só olhar, mas também apoiar esse trabalho. O lucro será nosso. Nossos jovens e nossos professores já provaram que com um pouquinho de apoio, combinado com uma praça de esportes bem organizada, bem administrada e bem equipada, o esporte pode nos levar muito além.

O que me deixou mais feliz foi constatar que o esporte sempre é o melhor caminho, e que independentemente do ponto de chegada, ele nos leva a um futuro e a uma sociedade melhor.

Meu caro Léo e demais jovens esportistas do Maranhão, o apoio para que vocês tenham um futuro de oportunidades no esporte é responsabilidade nossa! Nós lhes daremos o apoio necessário para que vocês nos proporcionem muitas outras vitórias.

PS: * San, San é o mais comum dos títulos honoríficos japoneses e o mais conhecido fora do Japão. É usado para referir-se a alguém de mesma hierarquia, quer etária, quer profissional. Aplica-se tanto a homens como a mulheres, e a tradução mais próxima ao português é senhor ou senhora.

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A Nobre Arte

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Em meu último artigo disse que a partir de ter assumido o cargo de secretário de estado de esporte e lazer do Estado do Maranhão, minhas metáforas iriam mudar um pouco. Pois bem, aqui vai a primeira de uma série, esperando que em cada uma que vier daqui por diante, eu possa lançar  e converter três preciosos pontos, assim como no basquete, esporte que dentre todos eu mais amo. Justifico: O basquete assim como os outros esportes, se praticado entre semelhantes, pessoas da mesma faixa etária, com as mesmas compleições físicas, com desenvolvimentos técnicos semelhantes, de forma democrática e republicana, é o mais filosófico e ao mesmo tempo o mais científico de todos os esportes. Nele o atleta, instintivamente, executa uma infinidade de contas intuitivas enquanto pratica passes, interceptações, defesas, ataques e contra-ataques, rebotes e arremessos de uma bola em um aro que tem como anteparo uma tabela. São cinco competidores de cada lado da quadra, cada um exercendo uma função específica, desempenhando o papel para o qual foi designado e treinado para desenvolvê-lo. O basquete acalentou durante anos meu ideal de competitividade e busca do sucesso. 

Mas devo confessar que se amava incondicionalmente o basquete, se admirava o futebol, esporte no qual jamais me destaquei, se gostava do vôlei, do handebol, do futsal, sempre tive extrema dificuldade de encarar as lutas, as artes marciais de um modo geral, como esporte.

Acredito que isso se devesse ao fato dessas modalidades, aparentemente, irem frontalmente de encontro àquilo que eu ainda criança e fascinado pela leitura, pelo cinema e pelo aprendizado, imaginasse ser o maior dos ideais olímpicos, a principal mensagem que o esporte trazia em sua gênese: A suspensão das guerras, a celebração da paz, o congraçamento dos povos, das cidades, substituindo a fúria das sangrentas batalhas e das mortes que elas trazem em si, pela competição sadia, pela disputa igualitária, pela alegria e pelo companheirismo.

Ao mesmo tempo, sempre admirei a incrível capacidade de absorção dos poderosos golpes a que os boxeadores são submetidos. De meu pai, que era grande fã de Joe Louis, Rock Marciano, Cassius Clay e Eder Jofre, ouvi pela primeira vez que o boxe era conhecido como “a nobre arte”, e terminantemente não conseguia entender por que. Qual arte poderia existir no fato de dois homens passarem um tempão se esmurrando em um palco cercado por três fileiras de cordas?

O fato do boxe ser uma modalidade de confronto corporal mais direto, onde os contendores só podem usar os punhos para atingir o adversário e consequentemente derrubá-lo e vencer a disputa, sempre me fez repudiá-lo muito mais que as outras lutas.

A luta greco-romana (assim como o judô, o karatê, o taekwondo, entre outros) que existe há milênios, é um esporte muito pouco conhecido e por isso mesmo pouco admirado e consequentemente não atrativo financeiramente como é o boxe. Essa luta antes mesmo de ser assim batizada, em clara homenagem aos seus primeiros praticantes mediterrâneos, era tida como uma das práticas esportivas mais nobres.

Uma de suas regras principais proíbe  o uso das pernas, o que limita o lutador a usar somente a parte superior do corpo para derrubar, erguer e descolar o adversário. A luta se dá em dois rounds, com 3 minutos cada e é declarado vencedor o atleta que conseguir fixar os ombros do oponente no chão, caracterizando assim uma queda. Outra forma de vencer o combate é na contagem de pontos que cada atleta consegue durante os rounds, com golpes bem sucedidos e bem aplicados. A pontuação dos golpes varia de um a cinco pontos, dependendo do grau de dificuldade. Também é automaticamente considerado vencedor o lutador que abrir dez pontos de vantagem sobre o seu oponente. Se houver empate ao final dos dois rounds iniciais ou nenhum dos atletas conseguir fazer mais de três pontos, a luta é prorrogada por mais um round de três minutos. Se o empate persistir, os juízes decidem o vencedor.

As regras são indispensáveis em todo esporte e devem ser obedecidas rigorosamente. Mas além das regras específicas de cada modalidade, há outras que devem ser observadas quando se pratica qualquer atividade, seja ela física, mental, social, antropológica ou qualquer outra na esfera da relação humana. Devemos respeitar as regras da lógica, da física, da natureza, os postulados filosóficos, éticos e morais que envolvem os aspectos da atividade desenvolvida. Normalmente é fazendo de forma natural e simples que se consegue o sucesso. Se assim o competidor não fizer, não obterá vitória, será desde logo um derrotado, não conseguindo jamais subir ao verdadeiro pódio.

Mas voltando ao boxe. Sabe o que, depois de muitos anos com má vontade para com esse esporte, me fez concordar com o meu pai e aceitá-lo como a nobre arte? Foi depois que vi num desses canais especializados, um documentário sobre a vida de boxeadores famosos. A certa altura há uma sequência de lutas memoráveis entre grandes pugilistas que se olham de cara feia antes da luta, que se soqueiam, se agridem, se esmurram, às vezes por quarenta e cinco minutos, um querendo superar e derrubar o outro, mas que ao final, quando o juiz anuncia o vencedor, eles se cumprimentam, alguns até se abraçam. Foi nesse momento que vim a concordar com meu pai, o boxe é realmente a nobre arte, uma arte onde mesmo se esmurrando, respeita-se a regra do jogo e o resultado, e confraterniza-se respeitosamente depois da luta.

 

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Eu Te Amo Muito

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Quando eu te conheci

Tu tinhas tudo

Eu tinha nada

Eu podia tudo

Tu podias nada

Eu queria tudo

Tu querias nada.

Hoje

Eu abri mão de tudo

E tu abriste mão de nada

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MAD: Para que serve o Castelão?

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Gostaria de agradecer imensamente ao meu amigo Marco Aurélio D’Eça a oportunidade que ele me propiciou para que eu pudesse voltar a escrever. É que as funções nas quais me envolvi nas últimas semanas me deixaram totalmente desligado de minha atividade literária. Primeiro me dei uma semana de merecidas férias e fui literalmente para os mares do sul. Quando voltei, recebi uma missão que a princípio não desejava assumir, mas acabei aceitando a incumbência, cedendo aos pedidos de muitos amigos que não só acreditaram que eu poderia fazer um bom trabalho, como se comprometeram comigo em me ajudar a planejá-lo e desenvolvê-lo. Falo do trabalho de dirigir a Secretaria de Esportes e Lazer do Estado do Maranhão.
Como já disse, nas últimas semanas não tive como conciliar o meu tempo. As vinte e quatro horas de um dia têm sido poucas para o trabalho que temos desenvolvido, eu e os companheiros que convoquei para esse campeonato. É isso mesmo, pois já que sou agora secretário de Esportes e Lazer, vou incorporar novas metáforas ao meu texto, coisa que pode deixá-lo um tanto… Diferente… Mas, vá lá.

Convoquei um time de peso pra nos ajudar a ganhar esse campeonato. Primeiramente fiz o reconhecimento do campo, medida indispensável para um bom planejamento. Depois fui buscar a prata da casa e com ela trouxe um pouco de flanela e “silvo” (acho que era esse o nome do produto que minha mãe usava para limpar a prataria de nossa casa quando ia oferecer algum jantar pra pessoas importantes). Tratei de lustrar a excelente prataria que nós temos em nossa Secretaria, na verdade temos uma mina, por vezes muito mal explorada, verdadeiras pepitas de ouro, diamantes brutos pedindo para serem lapidados… Bem, mas essas metáforas são inerentes à pasta de Minas e Energia…

Como reforço trouxe apenas quatro pessoas: Waldimir Filho que trabalha comigo há 20 anos; Clineu Coelho, desportista e administrador amplamente conhecido; Ronald Almeida, que além de arquiteto é dirigente esportivo, que será responsável pela consolidação de nossos planos; e a médica e desportista Silvana Teixeira. Todos os demais funcionários já estavam trabalhando na Sedel quando lá cheguei, com destaque muito especial para Mônica Gobel, Alim Neto, Cristiana Vilas Boas, Léa Menezes, José Ribamar Fróes e Ana Amélia Braga… Não posso aqui citar todos, mas saibam que todos que estão lá e estão realmente trabalhando, mesmo não tendo sido citados aqui, são importantes, estão sendo observados e terão o reconhecimento devido.

Mas eu comecei esse texto agradecendo ao meu caríssimo amigo, jornalista e blogueiro Marco Aurélio D’Eça, que adora ser polêmico, gosta de estar no olho do furacão, lugar que nunca lhe é incômodo. Como sou seu amigo verdadeiro e sei que ele também é meu, posso responder seu post intitulado “Para que serve o Castelão???” daqui mesmo, de meu espaço literário, pois a partir de agora esporte, lazer, melhor qualidade de vida e inserção social serão temas rotineiros por aqui.

Marquinho pergunta para que serve o Castelão e eu poderia responder essa pergunta de diversas formas. Poderia dizer-lhe que o valor do Estádio Castelão incrustado no Complexo Esportivo do Outeiro da Cruz é infinitamente maior que o recurso financeiro que será utilizado em sua recuperação. Deverão ser investidos R$ 50 milhões para valorizar os dois bilhões que se avalia aquela área. Só isso já bastaria. Se quisesse polemizar, compararia a reforma do Castelão a outras atividades sazonais, temporários, com a vantagem do Estádio ser um patrimônio imobiliário e permanente.
A argumentação defendida por Marco é inteligente e deve ser levada em consideração. Ele diz que o Castelão é maior que o futebol maranhense, que o nosso futebol não é rentável nem em público nem em renda, e ele tem razão no que diz respeito aos frios números da contabilidade, mas há muito mais em jogo, além do imenso patrimônio público imobiliário já citado, envolvido nessa questão. Há o intangível, a paixão, o amor. Há o trabalho e não falo dos empregos que nem são tantos assim, falo do trabalho social que o esporte, e o futebol é o maior deles, pode fazer no que diz respeito à inserção social dos menos favorecidos.

Nem vou argumentar que é melhor investir esse recurso na reforma do Castelão do que possibilitar o que já aconteceu pouco tempo atrás quando da construção de estradas e pontes fantasmas.

Por fim me permito um último argumento, não muito elegante, mas agora não tenho mais que me preocupar com a falta de decoro parlamentar, vale pela “gozação”: Imaginemos que o Castelão fosse um homem bem apessoado, bonito, elegante, rico, de uns quarenta e poucos anos e que sendo diabético, tornou-se impotente. Deveria ele, tão jovem, não se permitir a possibilidade de ser feliz com uma boa e bela mulher, sendo que para isso só precisasse implantar uma prótese peniana?

PS: Confesso que usei força excessiva no exemplo acima. Poderia ter usado simplesmente um banguela e um implante dentário. Mas o fiz por um bom motivo, para dizer que se tem alguma coisa que tem que melhorar em nosso estado é o Futebol, os Clubes e principalmente a Federação. Para que isso aconteça a Sedel estará tal qual a Meruoca, sempre de portas abertas para ajudar no que for possível. No que não for possível, buscaremos soluções fora. (MAD não é louco em inglês, é Marco Aurélio D’Eça).

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Receita para viver bem

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Numa dessas noites, em uma reunião de amigos, estávamos conversando sobre as mudanças que nossas vidas tiveram nos últimos 25 anos e esse assunto acabou a nos levar a questionar sobre o que realmente é viver bem.

A princípio essa questão parece ser fácil de ser esclarecida, mas não é assim tão fácil, ela contém ingredientes que tem que ser observados e absorvidos claramente em nosso consciente, pois normalmente em nosso inconsciente já temos arraigada essa sensação, que nem sempre é verdadeira.

Aquela noite foi muito esclarecedora para nós, pois pudemos ouvir a opinião de todos e chegamos à conclusão de que mesmo tendo trajetórias de vida diferentes, nosso grupo de amigos é bem homogêneo no que diz respeito ao que queremos e buscamos para nossas vidas.

Mas cá para nós, o que é realmente viver bem?

Alguém poderia dizer que viver bem é quando o sujeito tem dinheiro, quando é capaz de proporcionar a ele e à sua família os confortos e as comodidades da vida moderna. Não está errado quem pensa assim, mas em minha opinião está incompleto esse raciocínio, falta algo essencial.

Não acredito que viver bem se resume só a ter dinheiro, não é tão simples assim. Viver bem é algo mais profundo que apenas ter o dinheiro para viver. Conheço muita gente muito mais rica do que eu que não vive tão bem. Da mesma forma como conheço muita gente bem menos rica do que eu que vive muito melhor.

A tranqüilidade, o equilíbrio econômico e financeiro são indispensáveis sim, mas é apenas um item do viver bem. Prova disso é um amigo meu que quando não tinha uma condição econômica melhor, era pobre mesmo, só comia margarina. Hoje, como empresário bem sucedido, continua comendo margarina. Não que não possa comprar as mais caras manteigas francesas, holandesas ou alemãs, mas porque ele gosta é de margarina, é isso que lhe dá prazer. Viver bem é isso, fazer o que nos dá prazer.

Naquela conversa sobre viver bem, um amigo, o mais preocupado de todos, disse que assim que teve condição, mudou de plano de saúde, já pensando nos anos que virão. Essa é uma boa providência para garantir o viver bem.

Quase sempre a primeira coisa que se faz quando se adquire um melhor padrão financeiro, é mudar de casa, sair do bairro onde nascemos e irmos morar em lugares mais valorizados. Isso é muito natural, é até uma questão antropológica, acontece assim desde o tempo das cavernas, não dá para lutar contra isso. Mas o que ocorre muitas das vezes é que, ao mudarem de casa as pessoas não levam consigo aquele viver bem que tinham em seu conjunto habitacional, em sua rua, em seu bairro, porque esse viver bem está mais ligado ao espírito, à memória, à história, aos amigos, que simplesmente a uma casa nova em um bairro chique.

A casa da pessoa é o seu castelo. Nele, você é o rei, sua mulher é a rainha e seus filhos são príncipes. Mas existem muitas famílias reais que não conseguem “viver bem”, não se entendem, não têm harmonia, não são felizes.

Recentemente conclui a construção de minha primeira e espero que última casa. Deveria ser a casa de um eremita, um solteirão convicto, um homem que queria viver sozinho o resto da vida, só escrevendo, em meio aos objetos que colecionou no decorrer da vida. Cercado por seus livros, seus filmes, seus troféus, seus quadros, suas bengalas, suas espadas, pelos objetos trazidos de suas viagens. De companhia, só um caseiro, uma papagaia, uma tartaruga, um curió, um pintagol e seu fiel cão… Acontece que quando não mais esperava encontrei aquilo pelo qual passei os últimos seis anos procurando e que pensei que jamais encontraria. Foi quando vi que aquela casa que parecia perfeita, e era até então, carecia desse algo maior, indispensável para o meu viver bem: a mulher amada, que também me ama.

Só depois disso passei a viver realmente bem.

Viver bem é ser feliz, e para isso não tem receita.

PS: Meu amigo Ademir Santos havia me sugerido que aproveitasse que esse texto seria publicado hoje dia 26 de dezembro de 2010, e escrevesse algo relacionado com as festividades de fim de ano. Algo sobre o espírito natalino e as expectativas para um novo ano, ocorre que a minha forma, o meu método de criação não é o que se pode chamar de profissional, meus métodos, porque são vários, são sempre amadores, amantes, passionais. Posso até escrever um texto por encomenda, mas ele brota dotado da mesma independência, com a mesma liberdade que caracteriza meu espírito.

O mais próximo que eu consegui chegar do espírito dessas festas, foi falar do que em minha opinião é o objetivo de todos nós: a felicidade. Por isso é que desejo a todos, neste Natal e no ano novo que se aproxima, muita saúde, muita paz e que todos nós possamos “viver bem”… Receita para isso…!? Eu não tenho…! Mas se quiserem uma receita de risoto de shitake fresco…

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