Medalha Luiz Phelipe Andrès

Por minha sugestão, o vereador Antonio Garcez apresentou na semana passada, na Câmara Municipal de São Luís, um projeto de lei que pretende homenagear uma das pessoas que mais trabalharam em benefício de nossa cidade:  Luiz Phelipe Andrès

O projeto institui a medalha Luiz Phelipe Andrès, destinada ao reconhecimento de pessoas que se destaquem nas ações de preservação do patrimônio arquitetônico, artístico, cultural e da memória do povo e da cidade de São Luís.

Abaixo, o texto do projeto e a justificativa dele.

Art. 1º. Fica instituída a medalha ”Luiz Phelipe Andrès”, destinada a ser entregue anualmente, à dez pessoas, físicas e/ou jurídicas, naturais ou não deste município, que mais se destacarem nas ações de preservação do patrimônio arquitetônico, artístico, cultural e da memória do povo e da cidade de São Luís.

Art. 2º. A entrega das medalhas se dará ao dia 6 de dezembro de cada ano, data comemorativa da elevação desta cidade a categoria de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO

Art. 3º. Ficam revogadas todas as disposições em contrário.

Art. 4º. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICATIVA

Luiz Phelipe Andrès nasceu a 20 de fevereiro de 1949, em Juiz de Fora-MG. Filho do médico Alberto Andrès Junior e da escritora Cordélia de Carvalho Castro Andrès. Estudou na sua cidade natal, no Colégio dos Jesuítas. Graduado em Engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1972) e mestre em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (2006).

No Rio de Janeiro, estudou artes plásticas com Ivan Serpa, no Centro de Pesquisa de Arte. Foi ilustrador de livros de ciências do 1º grau para a Companhia Editora Nacional. Atuou como artista gráfico para a Revista Engenharia Sanitária, nos anos 1974 a 1976 (capas e ilustrações), e realizou trabalhos de artes gráficas para a Secretaria de Divulgação do antigo Banco Nacional de Habitação.

Desde março de 1977, radicou-se no Maranhão, dedicando-se exclusivamente a atividades na área cultural, notadamente como um dos fundadores do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís, do qual foi coordenador por mais de 27 anos. Autor do projeto de pesquisas sobre as Embarcações do Maranhão e criador do Estaleiro-Escola do Sítio Tamancão.

No período de 1993-95, foi Secretário de Estado da Cultura do Maranhão e, desde 2010, é Conselheiro do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como representante da sociedade civil. É diretor do Centro Vocacional Tecnológico Estaleiro-Escola, professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas de São Luís do Maranhão e do Curso de Arquitetura da Universidade Dom Bosco, atuando principalmente nos seguintes temas: História, Patrimônio Cultural, Tombamento, Monumento Nacional, Construção Naval Artesanal.

Coordenador da pesquisa para edição do livro Monumentos históricos do Maranhão, editado em 1979, pelo Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado – Sioge, contendo o primeiro inventário dos principais monumentos arquitetônicos e da arte sacra de São Luís, Alcântara e Rosário.

Responsável pelo Setor de Pesquisa e Documentação do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís / Projeto Praia Grande, onde descobriu 166 exemplares remanescentes da Coleção dos Livros da Câmara de São Luís dos séculos XVII, XVIll e XIX. Idealizador e coordenador do Projeto de Restauração e Transcrição Paleográfica desses Livros, financiado pelo CNPq.

Foi Coordenador Geral do Programa de Preservação do Centro Histórico de São Luís, Membro do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão e Coordenador Geral do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão.

Estagiário no Centre d’Etudes Superieures d’Histoire et Conservation des Monuments Anciens – Paris. Coordenador da Unidade Executora Estadual-UEE do Programa BID/Prodetur do Maranhão. Coordenador Geral do Projeto São Luís Patrimônio Mundial, para preparação e apresentação do Dossiê à Unesco, com o propósito de obtenção do título. Responsável técnico que assina os originais do referido dossiê, que se encontra arquivado nos anais do Comitê do Patrimônio Mundial na sede da Unesco em Paris.

Bibliografia

a) Como autor: Embarcações do Maranhão; recuperação das técnicas tradicionais populares de construção naval. São Paulo: Audichromo Editora, 1998. Publicado através do Plano Editorial Documenta Maranhão, pelo Governo do Estado do Maranhão, em convênio com a Unesco e com recursos do Ministério da Cultura; São Luís Reabilitação do Centro Histórico Patrimônio da Humanidade. São Luís: Edgar Rocha, 2012. (Livro resultante de sua dissertação de mestrado).

b) Como coautor: Monumentos históricos do Maranhão. São Luís: Edições Sioge, 1979; Centro histórico de São Luís, patrimônio mundial. São Paulo: Audichromo Editora, 1998. Publicado através do Plano Editorial Documenta Maranhão, pelo Governo do Estado do Maranhão, em convênio com a Unesco e com recursos do Ministério da Cultura.

c) Colaboração em outras obras: São Luís, Cidade dos Azulejos. Revista do Icomos-Brasil, editada pelo Icomos-Brasil em 2000; Programa de Preservação e revitalização do Centro Histórico de São Luís; Desenho Urbano. Anais Do II Sedur Seminário sobre Desenho Urbano no Brasil – Coedição CNPq/FINEP/PINL. Brasília, 1986; São Luís, História e Magia. In: A arte do Maranhão 1940/1990, editado pelo Banco do Estado do Maranhão em 1994.

d) Apresentação de obras: Caminhos de São Luís (ruas, logradouros e prédios históricos), de Carlos de Lima. São Paulo: Siciliano, 2002 (Coleção Maranhão Sempre); São Luís, preto e branco em cores. São Luís: Vale do Rio Doce, 2002; Centro Histórico de São Luís do Maranhão. In: Patrimônio mundial no Brasil. Unesco / Caixa Econômica Federal, 2002; Embarcações do Maranhão. In: Catálogo do 1° Seminário do Patrimônio Naval Brasileiro. Rio de Janeiro: Museu Nacional do Mar, 2005; A Arquitetura Maranhense e a Economia do Algodão. In: Arquitetura na formação do Brasil. Rio de Janeiro: Representação da Unesco no Brasil, 2006; Embarcações do Maranhão, na revista Velejar e Meio Ambiente, janeiro de 2007; São Luís – O Centro Antigo – Introdução Histórica e Temas Maranhenses: O Estaleiro-Escola e as Embarcações do Maranhão. In: Guia de arquitetura e paisagem São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara. Junta Andalucía / Embaixada da Espanha e Prefeitura de São Luís em 2008.

De forma que, forte no significado simbólico extremamente relevante da presente homenagem ao nosso passado, assim como o futuro reconhecimento da grandeza dos atos de responsabilidade e consciência com a importância da preservação de nossa cidade, nossa cultura e nossos valores para evolução enquanto sociedade, conclamo os nobres pares a aprovarem este importantíssimo projeto.

O dia seguinte ou O dia depois de amanhã

Fiquei em dúvida sobre qual título deveria dar ao meu texto de hoje. Não sabia ao certo se iria falar sobre os acontecimentos de amanhã, ou sobre as consequências dele, que serão sentidas depois de amanhã.

Neste texto publicado em meu blog e em meu Facebook, com links para meu Twitter e meu Instagram, no sábado, 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno da eleição presidencial brasileira, falarei sobre estes dois momentos, me utilizando de títulos de filmes sobre catástrofes, “The Day After”, de 1983 e “The Day After Tomorrow”, de 2004, como prenúncio daquilo que pode e que muito provavelmente vai acontecer.

Se no filme “O dia seguinte” a catástrofe que destrói a terra é uma guerra nuclear, em O dia depois de amanhã, a destruição dela é causada por uma catástrofe climática. A similaridade entre estes dois filmes e nosso país, neste complicado momento, é no que diz respeito ao subgênero destas obras cinematográficas: Catástrofe.

Amanhã, quando formos votar, tanto quanto os responsáveis por disparar os mísseis nucleares em “O dia seguinte”, nós seremos os responsáveis por uma das duas bombas que iremos detonar em nosso país.

Depois de amanhã, quando já tivermos apertado o botão e selado nossos destinos, saberemos das consequências de nosso feito, saberemos qual catástrofe teremos.

Uma única certeza podemos ter desde logo. Qualquer que seja nossa escolha, ela nos trará sérios e graves problemas.

Mais que uma simples metáfora com os nomes desses dois filmes, nossa situação é extremamente idêntica aos contextos deles. Irremediavelmente, nossa escolha resultará em consequências, só nos resta descobrir de agora até amanhã, qual escolha nos trará menos danos, ou se preferirem, por eliminação, qual delas nos causará mais malefícios, e devemos rechaçá-la.

Nossas bombas atómicas são conhecidas de todos. Bolsonaro um boçal verborrágico, imprudente com as palavras e nos modos, um sujeito grosso e mal-educado, que também não é nenhum santo de candura e pureza e Lula, um caudilho populista, que sabe falar a língua do povão, que sabe que desde a Roma antiga, pão e circo resolvem o problema da maioria da turba, um sujeito que faz o que for preciso para deter o poder e usa a corrupção como moeda corrente para alcançar seus objetivos.

Da mesma forma que em 2018, em 2022 a escolha não será para decidirmos quem é o melhor candidato a presidente, será para eliminarmos aquele que pode trazer mais malefícios para nosso povo, para nosso país, para nossa economia.

Este texto não serve para tentar catequizar ou doutrinar ninguém, pois quem hoje, ainda não decidiu em quem votar amanhã, é melhor nem comparecer as seções eleitorais, pois certamente correrá um grande risco de se arrepender de sua escolha.

Esse texto é tão somente para deixar claro que, aconteça o que acontecer amanhã, as consequências serão catastróficas. Nosso país estará definitivamente dividido.

De um lado aqueles que acreditam que um governante não precisa ter respeito pelo cargo que ocupa, que ele pode ser rude, boçal, grosseiro, que isso não diminui o fato dele ser o maior mandatário de 220 milhões de pessoas, de administrar trilhões e trilhões de reais, de representar moralmente nossa nação e nosso país, perante o mundo.

De outro lado estarão aqueles que acreditam que desvios de conduta, de recursos públicos, que o mau uso do dinheiro do estado, para uso pessoal e para se perpetuar no poder, são males menores. Estarão aqueles que acreditam na solução fácil dos problemas, aquelas que se resolvem no âmbito da filosofia humanista e das ideias politicamente corretas.

Eu, e alguns como eu, colocados bem no meio dessas duas posições, pessoas que conseguem de forma equidistante, perceber o que há de bom e de ruim em cada uma delas, fica numa situação pior, pois sofre pelo que cada um é e por aquilo que poderiam ser.

Se Bolsonaro não fosse tão boçal, se fosse mais diplomático, educado, respeitoso, se tivesse mais tato e paciência, se soubesse se portar e se comportar, se fosse possível que controlasse seu ímpeto, se ouvisse e se dispusesse a seguir alguns bons conselhos, seria um bom presidente.

Se Lula voltasse a ser o mesmo de seu primeiro ano de governo, quando sua maior vaidade era ser verdadeira e honestamente o “salvador da pátria”, se esquecesse o brilho dos holofotes e do poder supremo, se rejeitasse os radicalismos da luta de classes, se deixasse de acreditar nas mentiras que diz, seria um bom presidente.

Mas é muito improvável que qualquer um dos dois mude. É quase certo que os dois permanecerão como realmente são, como são suas naturezas, daquilo que são feitos.  

Qualquer um dos dois poderá vencer as eleições amanhã, mas certamente, qualquer que seja o resultado, nós brasileiros, seremos os grandes derrotados, graças a uma política de radicalização estúpida, criada por ambos os lados para se consolidarem no poder.

Depois de amanhã, independentemente de quem ganhe, ele não terá vencido, pois nosso país estará dividido e o vencedor terá muito trabalho para governar, o que mais uma vez fará com que os perdedores sejamos nós, a brava gente brasileira.

Questionário para um eleitor consciente

Aqui vão 30 perguntas para os eleitores de todas as tendências políticas. Aos que não admitem votar em Lula e aos que também aos que por isso não gostariam de serem obrigados a votar em Bolsonaro; aos liberais que votam em Bolsonaro por desejarem o estado interferindo menos na vida das pessoas; aos da direita, que abominam Lula e as ideias da esquerda; e aos de uma direita mais extremada, aqueles que se equivocam ao achar o Bolsonaro um mito.

Esse questionário é também destinado aos sociais-democratas, àqueles que desejam que o estado interfira cada vez mais na vida das pessoas; àqueles de esquerda que abominam Bolsonaro e as ideias da direita; e àqueles radicais de esquerda que desejam a luta de classes, apoiam as ações do MST, o aparelhamento do estado e difundem as ideias de Gramsci.

As perguntas são simples e as respostas mais ainda. Devem ser sim ou não. Ao observarem suas respostas, estarão mais aptos e conscientes sobre em quem votar neste segundo turno das eleições presidenciais de nosso país.

01 – Você acredita que as leis devem ser respeitadas e cumpridas por todos, indistintamente?

02 – Você acredita que o poder judiciário tem sido parcial e não isento no que diz respeito aos julgamentos que envolvem políticos?

03 – Você acredita que a Operação Lava-Jato e o julgamento dos envolvidos e indiciados nela transcorreu de maneira correta?

04 – Você acredita que os promotores e juízes da Lava-Jato não foram isentos, mas sim parciais, e cometeram desvios de conduta no transcorrer deste processo?

05 – Você acredita que as condenações resultantes da Lava-Jato foram corretas e justas?

06 – Você acredita que havia um esquema de corrupção sistemática implantado na Petrobrás e em outras empresas estatais, no sentido de desviar dinheiro para beneficiar partidos e políticos?

07 – Você atribui o fato de ter havido milhões de dólares de devolução de dinheiro desviado da Petrobrás, ao esquema de corrupção que havia naquela empresa?

08 – Você acredita que os membros dos governos, dessas épocas, sabiam da existência desse esquema?

09 – Você acredita que membros dos governos, dessas épocas, se beneficiaram direta ou indiretamente com o dinheiro desviado nesse esquema?

10 – Você acredita que Lula sabia o que acontecia em seu governo?

11 – Você acredita que as acusações feitas contra Lula, nos processos da Lava-Jato, no tocante aos desvios de dinheiro público da Petrobrás e de outras empresas, são verdadeiras?

12 – Você acredita que as acusações feitas contra Lula, nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia são verdadeiras?

13 – Você acredita que Lula deveria realmente ter sido julgado, condenado e preso?

14 – Você acredita que o STF agiu corretamente ao anular os julgamentos de Lula, por erro de Foro?

15 – Você acredita que Lula é corrupto e ladrão?

16 – Você acredita que Bolsonaro está envolvido com milicianos?

17 – Você acredita que o governo federal mandou bilhões de reais para Estados e Municípios para o combate à epidemia de Covid-19?

18 – Você acredita que governadores e prefeitos desviaram o dinheiro mandado pelo governo federal para combater a epidemia de Covid-19?

19 – Você acredita que Bolsonaro é genocida, sendo responsável direto pelas mortes de mais de 600 mil pessoas durante a epidemia de covid-19?

20 – Você acredita que proporcionalmente o Brasil foi o país que mais comprou vacinas e aquele que mais vacinou contra Covid-19?

21 – Você acredita que o fato de Bolsonaro ser rude, bruto, grosseiro, mal-educado, deselegante, inconveniente, atrapalha o fato dele ser presidente da república?

22 – Você acredita que o fato de Bolsonaro falar impropérios, coisas que qualquer pessoa não falaria, por ser politicamente incorreto, faz com que Bolsonaro seja um mal presidente?

23 – Você acredita que o fato de Bolsonaro não saber se expressar de maneira elegante e mesmo correta, dificulta muito a relação dele com as pessoas, com os políticos e principalmente com a imprensa?

24 – Você acredita que o maior problema de Bolsonaro é na verdade mais como ele diz as coisas e menos como ele acaba por fazê-las?

25 – Você acredita que a imprensa faz campanha sistemática contra Bolsonaro e seu governo?

26 – Você acredita que a economia do Brasil, no governo de Bolsonaro, está melhor que nos demais países, principalmente os da América Latina, e em comparação com a economia brasileira dos últimos 10 anos?

27 – Você acredita que mesmo com todas as críticas pessoais a Bolsonaro, seu governo faz uma boa administração?

28 – Você acredita que Bolsonaro cometeu algum ato, fez alguma coisa que pudesse fragilizar ou colocar em risco o nosso regime republicano e a nossa democracia?

29 – Você acredita que, nos últimos tempos, o STF tem tomado posições políticas e não judiciais, principalmente para beneficiar alguns e prejudicar outros, inclusive desrespeitando os princípios constitucionais que ele deveria preservar e defender?

30 – Você acredita que Bolsonaro é corrupto e ladrão?

Se depois de você responder essas 30 questões, se depois de pensar sobre elas, ainda assim você não souber em quem votar, e não desejar comparecer a votação, é melhor se preparar, pois alguém vai escolher por você quem irá governar nosso país, pelo menos pelos próximos 4 anos.

Nem Diderot

Em frente ao hotel que costumamos ficar em Paris, o Madison, em Saint Germain des Près, há uma estátua do filósofo e escritor iluminista, Denis Diderot, que junto com Jean le Rond d’Alembert, foi fundador e editor da Encyclopédie.

Diderot acreditava na RAZÃO como guia, da qual a filosofia deveria se alicerçar para desvendar a VERDADE e constituir um sólido conhecimento. Se eu pudesse diria ao filósofo o seguinte: “Denis, mon cherry, razão e verdade são duas das coisas que nós estamos muito necessitados atualmente, principalmente no Brasil”.

Como todos sabem, razão e verdade são coisas imprescindíveis em nossas vidas. Podemos até “dispensá-las”, não as buscar e não vivermos com elas, mas no final serão elas que sempre irão estabelecer aquilo que trazem em seus significados intrínsecos.

Ninguém vive sem razão e verdade. Elas não precisam ser visíveis, palpáveis ou mesmo sentidas, mas elas sempre estarão lá, em algum lugar.

Diderot não é um filósofo dos mais citados, mas sua teoria e a prática que ele estabeleceu, é parte elementar dos acontecimentos.

Razão e verdade são coisas que podem – e devem – ser contestadas, sempre de forma consciente, consequente e sadia, por isso mesmo a busca dessas coisas, deve ser feita efetivamente de forma racional e pragmática, baseada em fatos comprovados, e essa busca não deve e não pode jamais ser contaminada por dados inconfiáveis provenientes de paixões motivadas por conceitos ideológicos, por filosofias políticas ou por crenças religiosas. Acontecendo isso, não se chegará a VERDADE através da RAZÃO.

Atualmente no mundo e principalmente no Brasil, que vive uma imensa e tensa polarização política e ideológica, é impossível que se descubra a razão ou a verdade, nos restando apenas narrativas contaminadas por opiniões destorcidas, baseadas em crenças precárias, motivadas por paixões políticas que estabelecem narrativas e mitos que beiram a religiosidade, e com aspectos semelhantes aos que ocorrem com as paixões futebolísticas.

Em nosso país, Diderot iria ter muito trabalho para estabelecer a verdade através da razão, pois aqui todos querem ter razão e serem os donos inquestionáveis da verdade.

No final das contas, para pessoas como eu, cabe o papel de, apenas e tão somente, suscitar tais fatos, escarafunchar guardados recônditos, arrancar o carnegão de feridas não cicatrizadas e trazer à baila essas observações, que não buscam ter razão ou descobrir a verdade, pois pessoas como eu acreditam que a razão e a verdade acabam não sendo as coisas mais importantes. O que há de mais importante nisso tudo é o caminho que trilhamos, os fatos que acontecem durante esse trajeto, as pessoas que conhecemos durante essa jornada. O que há de mais importante é a busca em si. Essa é a razão da verdade. Buscá-la sempre.

Aproveitando o fato dos graves atentados que nossa democracia está sofrendo, causados pela censura estabelecida exatamente pelos órgãos que deveriam impedir que esse tipo de coisas acontecesse, os tribunais superiores de nosso judiciário, fica a pergunta: Com quem está a razão? Qual é a verdade que se estabelece com esses acontecimentos?

Itália

Esta é a quinta vez que venho a Itália, e só agora, depois de nove dias aqui, três no norte, em Milão e nas cidades vizinhas, três no centro, na Toscana, tendo Florença como base, e três no sul, em Napoli e na Costa Amalfitana, eu descobri que mesmo depois de 151 anos de unificada, a Itália continua a ser um país dividido, sem uma forte identidade nacional. Só agora descobri que a Itália não passa de uma ideia, pois o que continua existindo aqui, são verdadeiras cidades-estados, pelo menos é assim na cabeça de grande parte dos habitantes das cidades que visitei.

Não sei se as pessoas já notaram isso, mas desta vez eu pude sentir claramente. Vi  que os pisanos não gostam dos florentinos, que por sua vez não aceitam os milaneses, que não gostam dos napolitanos, que não suportam os italianos de outras cidades, principalmente as do norte.

A rivalidade fica mais visível quando o que está em jogo é a paixão pelos times de futebol, mas ela existe de forma clara nas palavras dos guias turísticos de uma pequena cidade como Lucca, que não aceita a primazia de Florença e ressalta desgosto com o fato de Pisa ser mais visitada.

No Brasil há rivalidade entre times de futebol, mas por nosso país ser gigantesco, isso se dissipa. Em nosso país há bairrismo, mas não é extremado. Temos visto, por causa da polarização política, crescerem as críticas concernentes a como as pessoas de cada região se posicionam politicamente, mas nosso senso de nação continua forte e intacto.

Por aqui, quando chegamos a Napoli, sentimos que essa mágoa é ainda maior, pois muita gente credita aos nortistas, principalmente aos milaneses, o fato da cidade ser considerada por muitos, uma cidade problemática e violenta e por a unificação ter roubado o imenso poder econômico que a cidade detinha antes de 1871.

A Itália que vi nesta viagem, nada mais é que uma bela e saborosa ideia.

Travessia

Depois de uma semana, a nova novela da Rede Globo, “Travessia”, que tem parte de sua história originada no Maranhão, que conta com um belo e poderoso argumento, bem desenvolvido por Gloria Perez e dirigido por Mauro Mendonça Filho, que traz uma trilha musical maravilhosa e um elenco estrelar, mesmo que com atuações um tanto exageradas(penso que seja proposital!), além do  uso excessivo de brasileirismos maranhenses, o nosso velho “maranhensês”, e algumas vezes uma cantada abaianada que não existe por aqui, já mostrou a que veio, e promete ser um sucesso.

Uma curiosidade chamou minha atenção. Depois de ser apresentado a quase todos os personagens da nova trama da faixa das 21 horas, constatei que apenas três dos personagens são detentores de bom caráter e boa índole, e que todos os outros têm algum desvio de conduta, dos mais leves até os mais nocivos e condenáveis. Brisa, Dante e Monteiro, são os únicos, pelo menos nesses primeiros capítulos, que demonstraram ter bons propósitos, sentimentos nobres e honrados.

A personagem protagonizada pela boa atriz, Grazi Massafera, foi a primeira a apresentar suas “humanidades”. Em seguida, uma cena muito forte entre as irmãs interpretadas, por Vanessa Giácomo e Alessandra Negrini, falavam na verdade sobre o que está acontecendo com o povo brasileiro neste momento de extrema polarização. O dialogo das duas, deixava claro que nenhuma das duas tinha razão, mas que no entanto nenhuma delas estava errada, tudo aquilo era apenas e tão somente uma questão de ponto de vista.

Por fim, como pessoa do meio audiovisual, fico feliz por minha cidade, São Luís, e meu estado, o Maranhão, ser palco de parte de uma história que vai ser contada para todo o Brasil, mesmo que nossa geografia seja um tanto destorcida, fazendo o povoado de Mandacaru, que fica em Barreirinhas, parecer ser bem próximo de nossa capital e que em algumas cenas façam bullying com o nosso jeito de falar.

Para mimo o que importa é que Romulo Estrela, um dos atores protagonista da trama, e Sheury Manu, a produtora local da novela, possam mostrar sua arte, demonstrando que no Maranhão tem gente capaz de realizar trabalhos bonitos e importantes como essa “Travessia”.

Quem avisa, amigo é!

Aos domingos, depois de nos refastelarmos nos deliciosos almoços da casa de minha mãe, normalmente passamos mais umas duas horas conversando, cada um contando o que pensou ou fez durante a semana e ouvindo aquilo que os outros tenham para contar.

Num desses domingos surgiu um assunto interessante. Alguém perguntou quais eram as três frases que mais poderiam incomodar as pessoas, e incrivelmente, todos os presentes incluíram em sua lista uma frase que realmente é lastimável, e olha que ela não é nem ofensiva, nem agressiva, nem insultante, nem contém qualquer palavra de baixo calão ou expressão obscena. É apenas e tão somente uma frase realmente lastimável: “Eu bem que te avisei que isso não ia dar certo!… Agora assuma as consequências de não querer dar ouvidos aos mais experientes!”

Naquele dia, depois do almoço na casa de minha mãe e da conversa que acontece na hora do cafezinho, meu irmão, como normalmente faz, resumiu a ópera: “Gente, quando nós éramos crianças, havia um ditado que, Stenio, irmão de mãe Teté, sempre nos dizia – “Quem avisa, amigo é” – Por isso, pensem bem nas merdas que vocês vão fazer em suas vidas, para depois não se arrependerem, viu!…”

Maktub

Nosso filme, “Maktub”, foi selecionado para mais um festival internacional de cinema, desta vez na Itália.

Até agora “Maktub” já contabiliza 13 prêmios em 21 festivais!

Coincidentemente eu estou exatamente em Florença, onde nos próximos dias acontecera esse festival.

Analisando algumas atitudes que possam passar despercebidas

Sobre Simone Tebet:

Simone na verdade não foi candidata a presidente da república, ela concorreu a esse cargo apenas para não ter que enfrentar a derrota certa que teria numa eventual disputa de reeleição ao senado, para a ex-ministra da agricultura, Teresa Cristina, que se elegeu de forma retumbante em Mato Grosso do Sul.

Simone não teve todos aqueles votos que foram computados a ela. Quem votou nela, o fez por diversos motivos indiretos. Em primeiro lugar, para não ter que votar em um candidato péssimo ou em um ruim, para não ter que votar em Lula ou em Bolsonaro. Muitas pessoas votaram nela por ela ser simplesmente mulher e pouca gente votou nela por acreditar que ela pudesse governar nosso país de forma satisfatória, até porque todos sabiam da impossibilidade de ela vir a pelo menos, passar para o 2º turno, quanto mais de vencer a eleição.

Simone, que atacou tão ferozmente tanto Lula quanto Bolsonaro no 1º turno, segundo ela, por pensar naquilo que seria melhor para o Brasil, resolveu apoiar Lula no 2º turno.

Eu fico cá comigo, me perguntando, se ela está mesmo pensando naquilo que é melhor para o Brasil, por quais motivos ela não tomou essa atitude desde o 1º turno? Se ela tivesse feito isso, muito provavelmente nem haveria 2º turno!

Sobre Ciro Gomes:

Não sei ao certo se Ciro foi desidratado ou liquidificado por uma campanha ardilosa feita pelo pessoal de Lula na tentativa de acabar a eleição no 1º turno, mas o certo é que o cearense cabra da peste perdeu a terceira posição na corrida presidencial, graças a essa manobra, e isso, um homem com o temperamento como o de Gomes, não perdoa, ou pelo menos não deveria perdoar.

Mesmo assim Ciro, afinou e anunciou que seguirá a decisão de seu partido, o PDT, que acompanhará Lula na segunda metade desse jogo.

Em sua fala, Ciro em momento algum pronunciou o nome do partido ou do candidato que envergonhadamente insinuou que apoiará no 2º turno dessas eleições.

O certo é que ele está completamente desmoralizado perante seus eleitores, aqueles que acreditaram nas coisas que ele disse durante a campanha eleitoral, muitas delas, sobre quem é Lula, o que ele fez durante o tempo que esteve no poder e sobre aquilo que ele acredita que Lula fará caso venha a ser presidente novamente.

Sobre Fernando Henrique Cardoso:

Apenas para não perder a oportunidade de comentar a posição de alguém que é tido como um cavalheiro, um político distinto, um homem de bons princípios, um humanista, sociólogo e filósofo renomado, um verdadeiro diplomata tendo sido até cogitado para assumir a secretaria geral das Nações Unidas, presidente do Brasil por oito anos, o homem que criou a reeleição para os cargos do executivo, o famoso FHC, que com todo esse currículo, disse em uma entrevista a revista Isto É, que “A ética do PT é roubar”, declarou apoio a Lula, logo, ou ele estava mentindo antes, ou agora a ética dele é igual a do PT!

Sobre Michel Temer:

Temer não é tão diferente dos demais. Tendo sido por duas vezes eleito vice-presidente numa coligação onde o PT encabeçava a chapa, resolveu apoiar Bolsonaro, uma vez que o MDB liberou seus filiados para votar como melhor lhes parecer, mas por coerência, ele deveria seguir com seus velhos companheiros.

Sobre José Sarney:

Sarney se comporta como o estadista que é. Recebe a todos indistintamente, e mesmo que tenha preferência pessoal por Lula, devido a gratidão pela atenção e o respeito que o petista sempre lhe dedicou, se mantem discreto como deve fazer um ex-presidente.

Sobre mim mesmo:

Eu nem sou mais um político praticante! A política está em mim apenas em suas formas socrática, platônica e aristotélica, crítica, idealística e pragmática. Na verdade, o que eu sinto é uma imensa angústia, por estarmos mais uma vez sendo obrigados a escolher entre um candidato ruim e um pior.

Eu que nem sou um sujeito religioso, rezo para que qualquer que seja o resultado da eleição, o Brasil não fique pior do que está, pois em que pese o despreparo do atual presidente para tratar as pessoas, para se relacionar com a imprensa, e também com seus antagonistas, nossa economia tem tido ótimos resultados, o que poderá garantir sucesso em diversos outros setores de nosso país. 

Sobre os políticos de modo geral, com raras, na verdade, raríssimas exceções:

Os piores problemas dos políticos são alguns de seus predicados, adjetivos e substantivos, suas incoerências, suas hipocrisias e suas arrogâncias, que os levam a cometer diversos desvios de conduta, entre eles a corrupção e o autoritarismo.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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