Prólogo – A justificativa
Como cineasta, sempre acreditei que colocando luz sobre um determinado personagem e focando as circunstâncias que o envolvam, seria possível fotografar todo o cenário com bastante precisão e nitidez para contar a história que gira em torno deste, mesmo que ele não seja o principal protagonista do enredo.
Primeiro Ato – O personagem.
Ele nunca foi um político brilhante; não é tão simpático e não possui um carisma envolvente; sempre foi uma peça importante no motor do grupo que lhe deu todas as oportunidades que teve na vida; chegou a ocupar todos os importantes cargos técnicos que seu mestre mandou; foi guindado ao mais alto cargo do Estado pelo simples fato de que esse mesmo grupo político, assim como todos os semelhantes que já existiram e existirão nesse mundo, enfermo dos males provenientes do tempo, do gigantismo, dos males da visão, da desagregação genética, da arrogância comum aos poderosos, da falta de autocrítica, não possuía em seus quadros “pessoa mais preparada e leal”.
Ledo engano. Preparo técnico tinha. Competência política ele só demonstrou quando virou o manda-chuva e pôde praticar o que aprendera durante toda a vida. Pena que praticou o que aprendeu de forma torpe, movido por sentimentos menores como ingratidão e vingança, agindo guiado por um amor cego, que viria logo demonstrar-se frágil e fugaz.
Aqui é importante e justo que seja dito que a culpa por suas ações e consequente deslealdade não é só sua ou daqueles que estavam ao seu lado na época. A culpa também é, em parte, do grupo ao qual pertencia, que de certa forma o pressionou. Um homem fraco quando acuado comete atitudes absurdas e imprevisíveis. Coisas que deveriam ter sido previstas por quem de direito, pois uma das grandes qualidades de um bom político é a capacidade de antevisão dos fatos.
Segundo Ato – O ambiente
O discípulo que longe de ser um formulador brilhante, se notabilizou como exímio executor, vislumbrou que poderia tomar o lugar dos sucessores de seu mestre e fazer um grupo que substituísse o daqueles, cooptando dois outros políticos, um Velho e um Jovem, fazendo de tudo para elegê-los governador e deputado federal, montando assim um tripé que pudesse lhe garantir não só a vitória, mas a hegemonia política.
Elegendo o Velho para o governo e o Jovem para o parlamento imaginava que com eles construiria uma corrente formada pelos elos do poder político e financeiro do governo representado por si, do respeito e da moralidade representada pelo Velho e pela renovação e esperança simbolizada pelo Jovem.
Por um tempo isso funcionou até que a justiça interveio.
O tempo passou, aquele velho político faleceu e as arrumações que foram feitas depois disso mudaram bastante o cenário.
Novas eleições se aproximavam. Ele se antecipa e, quem sabe, devidamente combinado com o Jovem, resolve jogar com todas as probabilidades a seu favor: Fica de um lado e seu parceiro, aquele jovem político, fica do outro. Cada um ao lado de um candidato mais assemelhado a si, fato que lhes garantiria, com uma certeza próxima de 100%, que de uma forma ou de outra, eles se apoderariam da Prefeitura Municipal a partir de 2013, usando-a para financiar política e financeiramente a abordagem e a tomada do Governo do Estado.
Com essa ação nosso personagem congestionou quase todos os possíveis movimentos em torno da sucessão municipal. Poucas peças podiam ser movimentadas e as que podiam, eram lentas e resultavam em ações duvidosas ou certamente desastrosas.
É importante que uma cena se inclua nesse roteiro. A que mostre a inação do grupo hegemônico, fato que permitiu que tudo isso acontecesse.
Prefiro imaginar que o nosso personagem fez tudo isso de caso pensado. Pensar isso o tornaria genial. Se ele fez tudo isso por simples e momentânea necessidade pessoal ou se foi por simplesmente acreditar que seu candidato venceria as eleições e que grato, aconselhado por ele, apoiaria o tal Jovem em sua jornada rumo ao Governo do Estado, e o bancaria para o Senado, isso diminuiria em muito a genialidade da estratégia.
Epílogo – A conclusão
O segundo turno da eleição será disputado entre o candidato de nosso personagem e o candidato patrocinado por seu parceiro, aquele Jovem e promissor político: de um lado, encontramos um político da velha guarda, que já foi tudo em nosso Estado, que já realizou obras importantes e que já foi amplamente testado e do outro, um político que representa a renovação, que deseja a oportunidade de provar que pode fazer não apenas grandes obras, mas mudar o destino de nossa velha cidade, jovem ainda em seus 400 anos.
Em meio a tudo isso, há no tabuleiro de xadrez, esta peça, que não é peão, cavalo, bispo ou torre, muito menos dama ou rei. Uma peça fantasmagórica, que não está vestida de branco ou de negro, mas que paira muito bem posicionada sobre o panorama político do município e do estado, independentemente de quem ganhar a eleição municipal na capital.
Este aluno aprendeu algumas lições. Outras não.
Olá, sou um antigo funcionário da TV Maranhão Central de Santa Inês e gostaria de me comunicar com o senhor… Meu email [email protected] e fone (61)xxxx-1874. Obrigado pela atenção.