Gostaria de compartilhar com vocês neste domingo, uma carta que recebi de um querido amigo meu, o prefeito de Primeira Cruz, Sérgio Albuquerque, integrante do PMDB.
Sergio é um jovem político, cheio de idéias, pronto para transformar sua pequena cidade em um modelo administrativo. Ele quer prepará-la para o futuro, dando ênfase a educação, promovendo a saúde, implementando o saneamento básico, a construção de estradas e a implantação da rede elétrica.
A carta de Sergio ecoa em minha menten desde qu a li, por isso quero compartilhar com vocês.
Primeira Cruz, 3 de setembro de 2009.
Caro Deputado Joaquim Haickel, (PMDB- MA)
Dirijo-me ao prezado amigo e correligionário com o propósito de manifestar não só desapontamento, mas uma grande indignação com a maneira de fazer política de alguns dos integrantes do primeiro escalão, gente do grupo de apoio ao atual Governo. Nosso Governo.
Tem-se a nítida impressão (eu, pelo menos, a tenho) de que esses senhores perderam a noção do que seja fazer política de governo, política de grupo, e passaram a praticar política puramente pessoal, de interesse meramente individual.
O mais grave é que eles, para salvaguardar interesses pessoais, colocam em risco e em xeque os interesses políticos e eleitorais de seus correligionários, especialmente os prefeitos que trabalham com a visão da coesão e da aglutinação, prestigiando os seus partidários e até se expondo a certos desconfortos morais e perdas políticas em nome da lealdade devida aos correligionários e ao comando das lideranças maiores.
Para garantir futuras (e duvidosas) vantagens eleitorais, esses políticos cooptam adversários locais dos prefeitos, históricos adversários do grupo ao qual fazemos parte, criando uma situação altamente vexatória e constrangedora não só para estes, mas para outras lideranças aliadas, que passam a ser vítimas e a sofrer os efeitos daquilo que se convencionou chamar de “fogo amigo”.
Ora, o normal seria que os nossos adversários locais fossem procurados e cooptados por nossos adversários tradicionais, para assim travarmos o embate político e eleitoral defendendo com convicção e firmeza as nossas idéias, as nossas posições. Com gente do nosso grupo trabalhando com o apoio dos nossos adversários, que nos atacam e nos ofendem, ficamos em situação realmente desfavorável e sem segurança para defender com legitimidade os nossos ideais políticos e nossas propostas administrativas
Por isso, penso que aqueles que quiserem tirar tal tipo de proveito, deixando em situação difícil um companheiro de legenda ou de facção, devem desligar-se do cargo Executivo que estiverem exercendo no Governo e seguir fazendo sua política individualista, mas sem o apoio e sem os benefícios de que estejam usufruindo para manter-se em evidencia político-eleitoral.
Os prefeitos, ex-prefeitos, deputados, ex deputados e lideranças que praticam uma política de grupo, trabalhando sempre com o objetivo da unidade, estão deveras desapontados, indignados e inconformados com esses tais “aliados” que nada acrescentam aos legítimos interesses dos Governos Municipais e do Governo Estadual e só criam embaraços de toda ordem, notadamente de natureza política, eleitoral e moral para os que querem agir com lealdade ao seu grupo e aos líderes maiores.
Um homem público investido em cargo executivo não deve se preocupar somente com sua própria eleição ou reeleição. Sua presença na equipe do Governo deve ser um instrumento não de fortalecimento pessoal, mas de fortalecimento do grupo político que ele integra, de fortalecimento do próprio Governo e do Estado. Um cargo de secretário de Estado tem dignidade, tem nobreza, representatividade, além da grande responsabilidade institucional. Assim seu exercício tem de ser focado exclusivamente no bem coletivo, nos interesses sociais e econômicos da população e do Estado. Usar-se um cargo dessa importância em proveito político pessoal é uma postura aética e inteiramente condenável.
Faço está espécie de desabafo a você, que é meu amigo e deputado, representante político do nosso município, porque conheço seus métodos corretos de fazer política e por saber que também não concorda, como já demonstrou por meio da imprensa, contra as investidas desagregadoras e divisionistas de políticos de pouco escrúpulo que querem TUDO PARA SI e não estão “nem ai” para os legítimos interesses e objetivos do grupo de que fazem parte e nem um pouco preocupados com o futuro do Governo e do Estado do Maranhão.
Cordialmente,
Sérgio Ricardo de Albuquerque Bogéa
Prefeito de Primeira Cruz
(PMDB)
AINDA ESTÁ LATENTE SUA CARTA DE ALERTA SOBRE OS NOVOS RUMOS QUE A RECÉM ADMINISTRAÇÃO DEVERIA IMPLEMENTAR NESTA NOVA FASE. AO QUE TUDO INDICA DEPUTADO JOAQUIM HAICKEL, SUAS PALAVRAS SE PERDERAM AO VENTO COMO BEM PODEMOS NOTAR EM CARTA DE SEU CORRELIGIONÁIO. UMA PENA !
Joaquim,
Postar esta carta de seu amigo aqui em seu blog foi realmente muito interessante. Nós que estamos acostumados a lhe ler já sabemos como você pensa, mas mostrar o que pensam outros que fazem parte do seu grupo é algo novo. Normalmente os eleitores são pessoas leigas em se falando de política. São poucos os que tem consciência de seu voto, terminamos votando nos mais próximos, ou em amigos de amigos e assim é feita a escolha dos que nos representarão e terão em suas mãos o poder de decidir nosso futuro.
É bom saber que você não está sozinho e que dentro de seu grupo ainda existem políticos que pensam ou pelo menos falam no bem coletivo e eu tenho certeza que se os que pensam como vocês tiverem a coragem de se expor e dizer o que realmente anda acontecendo, vocês terão condições de brigar por melhores condições políticas e com isso formarem um grupo coeso, que luta por um mesmo objetivo, ou seja nos representar da melhor maneira possível, brigando por nossas necessidades, afinal foi para isso que nós os elegemos.
Tá lamentando o que, se essa é justamente a forma preferida de Roseana Sarney fazer política: colocar no mesmo palanque municipal adversários locais para garantir-lhe o maior número de votos possíveis. E todos vão, cordeirinhos, cordeirinhos.
A política feita por seus co-irmãos é um reflexo da política feita pelo seu cacique-mor. A Ilha de Upaon-açu (entenda Maranhão) fora contaminada pela Nau demoníaca do grupo do qual vocês fazem parte. Um cenário camaleônico. De esperanças esfaceladas. O Maranhão do velho-novo-velho-tempo não oferta calmaria para nós maranhenses. A cada dia surge dos "mares atenienses" novissimos Adamatores, gigantes tão terríveis quanto o desenhado por Camões em seus Lusíadas… Aqui é uma voz distante de um jovem maranhense, que preferiu seguir outras veredas a ter que presenciar letargicamente o triste cenário que o teu grupo semeia em nosso Estado. Aqui, em São Paulo, tenho a liberdade de escrever e expor meu sentimento. Certamente não irei sofrer retaliações. A USP, maior Universidada da América Latina, me abraçou e me dá toda a autonomia pra escrever e pesquisar. Sou jovem, bastante jovem, mas quase formado… E prepare-se, em breve terão o desprazer de ler uma tese de doutorado na qual re-montarei o cenário de horror que vocês sustentam na Terra de Sarney. É uma dor inenarrável olhar meus conterrâneos engolindo tudo à seco. Bebendo do cálice mais impiedoso… Deputado, aprecio sua articulação sintática. Mas se fosse uma ferramente para gritar pela "eufemização" da dor dos maranhenses seria fantástico.
Ps: Não faço parte de partido algum… Sou apenas um jovem descontente com os desmandos da minha província.
Resposta: Você escreve bonito! Parece também ter conteúdo, mas pelo que você mesmo disse, me parece ser bem jovem e uma tese de doutorado sobre política feita por um jovem sem a devida maturidade e sem ter a vivencia necessária pode vir impregnada dessa vontade própria da juventude, essa vontade de mudar o mundo de forma um tanto utópica, um tanto impossível, mas vou lhe dar o beneficio da duvida. Vou esperar para ler a sua tese. Acredito que são coisa como essa que devem ser feitas. Quem viver verá!
Joca, passei aqui muito rápido, só dizer que estou com saudades suas!! Não me esqueça..
Beijo
Sergio,
Fiquei por deveras feliz por sua posição firme, corajosa, democratica ,e sobretudo ciente da responsabilidade que agora tens na defesa do Município. E que o fenõmeno da mosca azul não tocou em você e certamente não o fará. Encaminhastes essa carta para pessoa certa. Joaquim sempre defendeu suas posições. opiniões e o fundamental é um político que tem coerencia e sabe como poucos equacionar as diferenças.
Talvez para alguém o que escrevi seja piegás. Entretanto piegás é não aceitar o contraditório.
Boa Sorte!
Deputado, de fato sou sonhador. Idealizador. Mas estás enganado em relação à maturidade. Ela pode ser aglutinada mesmo antes de viver longos anos de vida. Enfim, existem teóricos que advogam essa tese. A questão nuclear não é essa! O problema é o fato do açoite que nosso Estado sofre durante 40 anos. Já viste os indicadores sociais do nosso Estado? Certamente! Mas o que acha deles? Normais? A negligência parece ser a principal macula do nosso feudo. A política da perpetuação próprio umbigo rege a tal governabilidade maranhense. Sinceramente busco hermenêuticas viáveis para compreender a política que fazem! Um clientelismo perene. Um tráfico de influência interminável. Não posso acusá-lo de nada. Não sou leviano. Só fico triste por comungares do ideal monárquico de José Sarney. Uma coisa posso afirmar categoricamente, és inteligentíssimo! Tens uma belíssima articulação… Na verdade Deputado, eu ando fatigado de querer reverter uma situação imutável. Que assim a voz sepultada de Nietsche habite definitivamente o solo maranhense: os fracos que padeçam… =/
Depois vamos conversar sobre poesia, literatura… Esquecemos a questão política. Ela não traduzirá uma prosa frutífera!
Saudações! =)
Resposta: Conversa, qualquer que seja ela, jamais é jogada fora. Não existe esse negócio de prosa infrutífera. Palavras sempre dão frutos, pode crer.
Só uma ressalva, não é apenas o capitão da nau o único responsável por seu naufrágio ou pelas terras ricas que descobriram em sua jornada. Pense nisso. Nos últimos 40 anos muitos foram os responsáveis por esses péssimos índices a que você se refere, inclusive, em mínimas proporções, eu e você.