Ebenezer Scrooge

Charles Dickens é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos, pois contribuiu decisivamente para a introdução da crítica social na literatura inglesa, durante a era vitoriana.

Graças a minha inconveniente dislexia, não conheci este extraordinário narrador nas páginas dos livros, mas através das telas dos cinemas e da televisão.

Recentemente assisti a uma nova versão de “Oliver Twist”, realizada pela BBC, e motivado por ela, fui rever um dos filmes que marcaram a minha infância: “Um conto de natal”.

Essa obra marcou decisivamente a minha vida, tanto que escolhi seu personagem principal, Ebenezer Scrooge, como modelo de como não ser.

Sobre ele, a primeira coisa que posso dizer é que é tão importante que serviu de inspiração para Carl Barks criar o célebre “Tio Patinhas”, imortalizado nas histórias em quadrinhos e nos desenhos animados da Disney.

Logo no início da história, Scrooge demonstra uma frieza desmedida no coração, além de ser ganancioso e avarento. Indiferente ao espírito do Natal e tudo que se relaciona com alegria e felicidade, Ebenezer é descrito por Dickens como tendo lábios azuis e nariz pontiagudo, perfeitamente retratado em “Os fantasmas de Scrooge”filme de 2009, em que Jim Carrey interpreta o personagem.

Após a morte do seu sócio, Jacob Marley, ele jamais alterou a razão social da empresa “Scrooge & Marley”, só para não ter que mudar o letreiro na fachada do prédio.

Sete anos mais tarde, na véspera do Natal, enquanto trabalha em seu escritório, Scrooge despacha grosseiramente seu sobrinho, que veio convidá-lo para a ceia.

Ele é um homem muito rico, mas insensível, rude e autoritário, diz ao seu assistente que não contribui para as doações dos voluntários que lhe solicitam dinheiro para os pobres e indigentes, e como sempre não é gentil com ele.

Ao voltar para casa naquela noite, Ebenezer observa algo insólito – o seu falecido sócio, Jacob Marley, surge no meio do quarto, aprisionado sob portentosas correntes. O fantasma fala-lhe sobre o castigo que agora o aflige pela avareza que apresentou em vida e adverte Scrooge de que lhe está reservado um destino ainda mais terrível, caso não mude seu comportamento avarento, grosseiro e indigno. O defunto avisa Scrooge que naquela noite ele será visitado por mais três fantasmas que tentarão modificar seu espírito ranheta.

Uma hora mais tarde surge o primeiro. É o fantasma do passado que lhe fornece lembranças da pacata cidade da sua infância. Mostra-lhe a noite de Natal gloriosa com a sua irmã, bons tempos com amigos, e finalmente a separação da sua noiva, que o deixou por causa do seu amor desmedido pelo dinheiro.

O segundo fantasma proporciona-lhe uma visão da noite de Natal presente: pobres, mas felizes, ele vê a casa de seus empregados. Lá Scrooge observa o jovem Tim, o filho doente daquele assistente que ele havia maltratado. O fantasma informa-o de que em breve Tim morrerá.

O último fantasma é o do futuro, que lhe mostra a casa do empregado depois do enterro do pequeno Tim. Mais adiante ele observa a sua própria morte, muito humilhante, sozinho e detestado por todos.

Por fim, Scrooge desperta e decide não desperdiçar aquele Natal. Dali por diante ele vai modificar toda sua vida e tornar-se uma pessoa amável, sensível e generosa.

Se por um lado eu sempre busquei ser diferente de Scrooge, por outro, gostaria muito que a história de algumas figuras, que teimam em imitar esse personagem, tivesse pelo menos o mesmo final, repleto de redenção e felicidade. Esse é o presente que eu desejo neste Natal.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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