Fui convidado para a confraternização de uma empresa da qual havia sido diretor por alguns anos e aceitei o convite, afinal continuo mantendo um bom relacionamento com todos e achei que terem me chamado para sua confraternização era uma demonstração de apreço e consideração.
Estávamos conversando animadamente quando o presidente da tal empresa aparece com um gorro de Papai Noel na mão, dizendo que ali se encontravam os nomes de todos os funcionários e que ele havia mandado comprar dez excelentes presentes de Natal para sortear entre eles, isso sem prejuízo do amigo invisível que fariam logo a seguir.
De repente senti como se meu pai me falasse baixinho ao ouvido. Enquanto se desenrolava o sorteio dos presentes, pedi a uma das secretárias do presidente que me conseguisse dois envelopes, o que ela fez com agilidade e presteza.
Peguei os envelopes e em cada um deles coloquei uma quantia digna de igualar e quem sabe até superar os presentes que estavam ali sendo sorteados e quando foi anunciado o vencedor do último presente entre os funcionários da empresa, eu pedi a palavra e disse que havia mais dois presentes a serem sorteados, que eles eram a demonstração da consideração e do respeito que eu tinha para com todos daquela empresa.
Ouviu-se um som de exclamação e surpresa.
Mas a surpresa maior foi a minha quando o primeiro envelope foi sorteado e o ganhador daquele presente que eu havia oferecido era exatamente o único funcionário daquela empresa que não gostava de mim, por problemas gerados numa substituição de chefes de departamentos. Ele imaginava que com uma mudança no comando de um setor, ele seria guindado àquela chefia, mas não o foi, pois a orientação que eu recebera era para colocar outra pessoa para exercer a tal função. Esse cidadão imaginou e penso que continua imaginando que a decisão foi particularmente minha, e mesmo que o fosse, isso não deveria ser nenhum problema.
O fato é que ele recebeu o envelope, virou-se e não teve a iniciativa nem de me olhar, quanto mais de me agradecer.
Fiquei gelado. Não sabia bem ao certo o que pensar daquilo tudo, mas surpresa maior ainda iria acontecer quando fosse sorteado o segundo envelope contendo o outro presente que doei para o sorteio. O felizardo foi ninguém menos que um dos meus grandes colaboradores, do tempo em que fazia parte daquela empresa.
O calor voltou ao meu corpo e o sorriso aos meus lábios. Naquele momento eu entendi a lição que me foi dada. Pelo menos penso que entendi.
Poderia comentar aqui muitas das coisas sobre as quais pensei em relação ao que aconteceu comigo naquela confraternização natalina, mas não vou fazer isso. Vou deixar que você tire suas próprias conclusões. Esse é meu singelo presente de Natal pra você.
A única coisa que posso lhe dizer sobre esse fato, é que depois de algum tempo, depois de digerir tudo aquilo, de pensar e entender o que aconteceu, eu descobri que o presenteado havia sido eu, pois meus presentes haviam sido sorteados para alguém de quem eu gostava muito e para alguém que não gostava muito de mim. Achei um resultado apropriadamente bastante cristão.