João Castelo

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Meu pai costumava dizer que João Castelo queimou a largada na corrida política de sua vida, pois se elegeu de cara deputado federal, logo no primeiro mandato que disputou em 1971. Daí para governador, em 1980, depois de apenas dois mandatos como deputado federal, foi um pulo!

Sua transferência do governo do Maranhão para o Senado Federal foi natural, mas não foi tranquila como deveria ter sido. Penso que a sucessão de Castelo no governo do Maranhão e sua consequente eleição para o Senado da Republica, marca o início, mesmo que embrionário, das dificuldades políticas, de causa familiar, que sofrerá o grupo liderado por Zé Sarney nos anos que virão.

Depois de tempos difíceis e conturbados, Castelo elege sua esposa, dona Gardênia prefeita de São Luís. Mais tarde ele voltaria a ser deputado federal, para em seguida se eleger prefeito de nossa capital e deputado federal novamente.

Os únicos cargos eletivos para os quais não se elegeu foram aqueles aos quais jamais se candidatou, deputado estadual e vereador. Sendo que na Assembleia ajudou a eleger diversos deputados, inclusive sua filha Gardeninha em dois mandatos, e na Câmara de São Luís sempre manteve seu fiel escudeiro José Joaquim.

Em minha modesta opinião, Castelo, guardadas as devidas proporções, foi o maior e melhor governador que o Maranhão já teve, depois de Sarney, é claro, pois este fez muitas coisas com um décimo dos recursos movimentados por Castelo, em uma época muito mais difícil.

Castelo teve a sorte de seu governo ter acontecido em um período em que foi possível realizar grandes obras em nosso Estado, principalmente em nossa capital. Teve a sorte e não deixou a oportunidade lhe escapar. Ele construiu milhares de casas populares, centenas de quilômetros de estradas vicinais e asfaltadas, uma infinidade de escolas, nosso complexo esportivo no Outeiro da Cruz, o sistema ITALUÍS que abastece com água do rio Itapecuru a nossa capital, o hospital do IPEM, incentivou a agricultura, pecuária e a indústria…

Castelo morreu hoje, 11 de dezembro de 2016, mas mesmo aqueles que não concordavam ou ainda não concordam com ele e com o que ele representou na política maranhense, são obrigados a aquiescer, ele foi um dos mais importantes políticos de nosso estado, nesses 45 anos em que militou na vida pública.

Antes de me eleger deputado estadual, em 1982, eu trabalhei com o então governador João Castelo, como seu oficial de gabinete. Naquela ocasião tive a oportunidade de aprender com ele e com Zé Burnett, muitas lições importantes. Naqueles anos, nós que trabalhávamos mais perto dele, de tanto ouvirmos ele ao telefone ou mesmo pessoalmente tratando com seus secretários, o apelidamos carinhosamente de “Deixa Comigo”, pois se algum auxiliar não dava conta do recado ele mesmo o ensinava e se bobeasse ele mesmo ia lá e resolvia a parada.

Não é porque morreu que vou desconhecer os defeitos que João Castelo tinha. Ele os tinha assim como todos nós os temos, mas ele tinha virtudes que nem todos nós somos capazes de igualar. Era um homem arguto e inteligente, um trabalhador incansável, um político obstinado, um amigo leal, solidário e presente, e principalmente, ele era um homem de família.

Analisando a trajetória de Castelo, observando em perspectiva sua vida política, chego a conclusão que homens como ele, com o passar do tempo, transformam seus inicialmente eleitores em finalmente amigos. Castelo, assim como outros políticos de sua geração, cristalizou seu eleitorado e o transformou em uma legião de pessoas que, não importando o cargo a que ele se candidatasse, não importando a posição em que ele estivesse, estariam com ele, ao seu lado. Esse é um fenômeno que a cada dia fica mais difícil de se encontrar em nossa atual cena política.

Castelo deixará saudade, mas mais que isso, sentiremos falta dele nesse nosso empobrecido cenário político.

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