O maior amor da minha vida

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Aproveitei o Carnaval para levar minha mãe até São Paulo, para fazer o que deveria ser um simples exame cardiológico e acabou se transformando em um delicado procedimento cardiovascular.

O dr. Ramires e os outros médicos que a atenderam ficaram impressionados com o excelente estado clínico de uma senhora maranhense, de quase 85 anos, assídua comedora de peixe pedra escabeche, arroz de toicinho, carne de grelha no sal e alho, salada de camarão seco e muita farinha de Carema, que de lambuja atura diariamente uma turma da pesada composta de filhos, parentes, agregados e amigos.

Depois dos exames ficou provado que dona Clarice Pinto Haickel teria que se submeter à colocação de uma válvula na artéria aorta e que sua boa condição clínica não acarretaria maiores problemas. Muitas pessoas, bem mais jovens do que ela, não apresentam tão boas condições. Cabe aqui lembrar que seu marido morreu meses antes de completar 60 anos, 20 anos atrás.

A intervenção transcorreu como tudo na vida dela. Foi um sucesso. Ela diz sempre que nasceu para ser feliz, mas na verdade, quem a conhece afirma e confirma que ela nasceu para fazer as pessoas que a cercam felizes.

Não porque ela seja minha mãe, mas essa mulher consegue cativar todos que a conhecem e até mesmo quem só conhece sua fama. Vou lhes contar um pouco dessa sua história… Esposa e mãe de político, ela jamais se envolveu diretamente no dia a dia dessa atividade, apenas fazia o que seu marido e seu filho mais precisavam. Fazia com que eles, ao voltarem para casa, se sentissem amados, aconchegados, fazia com que eles tivessem uma família com F maiúsculo, grupo indispensável para fazer alguém desse ramo manter a sanidade mental e social.

Desde quando eu era muito garoto observava como os políticos e suas esposas, com quem ela convivia, sempre dedicavam a ela um carinho, um respeito e uma admiração singular. Entre eles poderia citar Vieira da Silva e Mimita, Nunes Freire e Delcy, Millet e Simone, Burnet e Nazareth, Ivar e Amália entre muitos outros.

Mas ela nunca foi mesmo do ambiente político, apesar de sua simplicidade e meiguice parecer terem sido feitas sob medida para ele. Seu ambiente sempre foi mesmo o familiar e fraternal.

Existem pessoas que conhecem e amam minha mãe de forma total e definitiva, imediatamente, como é o caso de Cleide Reis, paulistana que dirige o ISAN-FGV em São Luís e que desde que a conheceu, no Seminário do Cantinho do Céu, adotou-a como “mãe” e vice versa. Questão de almas.

Cantinho do Céu é aquela congregação católica ali da Cohama, a quem ela dedica toda a sua atenção, fazendo trabalhos voluntários e ajudando no que estiver ao seu alcance e das suas fieis escudeiras, grupo de mulheres que juntamente com ela trabalham como verdadeiras “Claudetes”, as “assistentes de palco” do padre Cláudio, um novo ícone dos católicos de nossa terra.

Coincidentemente o padre Cláudio nasceu em Pindaré-Mirim onde foi um dos meninos que mais corria atrás dos bombons que Nagibão jogava para anunciar sua passagem. Cláudio, desde cedo, quis ser padre e veio estudar em São Luís, onde também se formou em pedagogia.

No Cantinho do Céu, além dos padres Cláudio, Aurélio, Ronildo, Djalma e até alguns de outras paróquias, minha mãe conquistou Margareth, Zé Reinaldo, dra. Ivan, Mary Jane, Jesus, Werley, isso sem contar com Helena e Luzanira, irmã e velha amiga que ela carregou consigo. Lá ela encontrou um e conheceu outro grande amigo meu. Eles passaram a ser como filho e neto para ela. Trata-se de Paulo Nagem e Bruno Duailibe. Ela os encontra pelo menos uma vez por semana, às quartas-feiras.

Se não tivesse uma visão clara do real valor dessa mulher, teria muito ciúme do amor e da dedicação que ela oferece a essas pessoas e que todas essas pessoas têm para com ela.

Da família nem se fala. Todos, sem exceção, sem exceção mesmo, todos a idolatram. As cunhadas e primas como Violeta e Cléia a têm como uma verdadeira irmã. Ela é mãe para sobrinhos como Lúcia, Jorge e Cristina. Avó para Rocha, Catherine e Mariana. Nos casos dos postiços, filhos e netas, como Santana e Celso, Ananda, Avana, Carol e Joama, ela é tudo.

Mãe Teté é só sua irmã de criação, mas o amor que há entre as duas é igual ao que ambas dedicam aos demais filhos de seus pais, se não for maior.

Eu, Nagib, Laila, Nagib Neto e Pilar, seus descendentes diretos, somos muito orgulhosos dela, não por ela ser uma grande empresária, uma cientista famosa, astronauta ou parlamentar influente. O nosso orgulho provém do fato dela ser tão benquista, tão amada e admirada por todos que têm a sorte de conhecê-la, de conviver com ela.

Porque eu estou publicando esse texto hoje? Pelo fato de minha mãezinha, do alto de seus 85 anos, ter tirado de letra uma delicada cirurgia cardíaca; por ter ajudado a confirmar a maior longevidade das pessoas da família Pinto (Chica vai bater todos os recordes); pelo fato de que ultimamente eu tenho comentado bastante aqui sobre o falecimento de muita gente importante e querida; e porque daqui a muitos anos, na ocasião em que ela tiver ido, não escreverei sobre tal evento, não lamentarei nada, pois o tempo que ela tem passado conosco tem sido tão engrandecedor que já está eternizado em nossas vidas.

Escrevi este texto para dizer que minha mãe jamais morrerá enquanto alguém a quem ela tenha se dedicado, que ela tenha amado, se lembre dela.

Escrevi este texto para comemorar a vida da pessoa que mais amo e para agradecer a todos que a amam também.

 

PS: Todos que eu não pude incluir nominalmente neste texto sintam-se aqui citados, e saibam que fazem parte da vida dela. Da nossa vida. Para sempre.

 

2 comentários para "O maior amor da minha vida"


  1. BANDEIRA

    ESTE SIM É O SEU LADO HUMANISTA, DE CRONISTA, O QUAL MERECE TODO O NOSSO RESPEITO, EM EXALTAR A FIGURA IDOLATRADA DA SRA.CLARICE, POR TODA SUA MAGNITUDE E TRABALHO SOCIAL QUE ANONIMAMENTE DESENVOLVE, E POR TODOS NOS RECONHECIDO.MAS NÃO POSSO DEIXAR EM BRANCO EM COMENTAR SEU ULTIMO ARTIGO, E DESDE JÁ LAMENTO A SUA INFELICIDADE SOBRE O TEMA ESCOLHIDO. VEJO QUE VOSSA SENHORIA PASSOU NO BOM SENTIDO A FAZER “PREVISÕES” SOBRE O A SUCESSÃO AO GOVERNO DO ESTADO, A SE COMPARAR COM O COM A MÃE DINÁ OU MESTRE BIRA DO BARÃO, TAMANHA AS AS PREVISÕES. E ISTO NÃO É A PRIMEIRA VEZ, BASTA VERIFICAR SEUS ARTIGOS, INCLUSIVE SOFISMOU EM OUTROS CASOS. MAS CREIO QUE IRÁS REFLETIR. EM OUTROS MEUS COMENTÁRIOS, SE RECORDAS, LHE TROUXE AFLIÇÕES, INCLUSIVE COM UMA INTERVENÇÃO DE SEU IRMÃO, AO QUAL SEQUER ME RECLINEI A REPLICAR POR PURA FALTA DE INTERESSE DIANTE DE TAMHANHA FALTA DE DISCERNIMENTO.

  2. Carlos Alberto Pinto Carvalho

    Prezado Joaquim, muito me deixa feliz em ler todos seus artigos aqui publicados. Todos sem exceção! Acompanho a política maranhense desde 1982, quando aí cheguei de Recife(PE) para ingressar na briosa PMMA como Tenente. Isso no governo do saudoso e querido Ivar Saldanha. Por questões meramente políticas, fui obrigado a deixar precocemente o serviço ativo e ser transferido para reserva remunerada com apenas dez anos de serviço. Hoje, na reserva como Capitão PMMA e advogado, resido nos EUA em companhia de filhos e netos.
    Acompanhei seu saudoso pai quando o mesmo era Deputado Estadual( fui Chefe do Gabinete Militar da Assembléia entre 1988 ano a promulgação da Constituição Estadual, a 1990). Época dos Deputados, Raimundo Leal, Carlos Brayde, José Elouf, Gastao Vieira, da figura de Emmanuel Viana(o homem que não engana) e vários outros que fogem da minha memória agora.
    Após essas lembranças ( que são muitas ), te peço dentro de suas colunas relembre aqueles tempos com algumas historias daqueles homens públicos que realmente sabiam fazer política, com todo o respeito aos atuais.
    Fui, sou e sempre serei admirador dos seus posicionamentos. Continue sempre procurando melhorar.
    Um grande abraço,
    Carlos Carvalho.

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