Mais uma história do Júlio César do Pindaré

Quem conheceu o meu pai, Nagib Haickel, sabia que ele não tinha educação escolar formal completa, que ele só cursou até o primeiro ano do curso médio de contabilidade, mas que era uma pessoa extremamente inteligente e procurava se informar sobre tudo.

Certa vez, quando ele era deputado federal e eu era deputado estadual, saímos os dois de casa, para irmos a uma solenidade no Palácio dos Leões e no meio da conversa que mantínhamos no carro, ele me saiu com uma história hilária que muito bem representa o que acontece com a maioria das pessoas.

Me disse ele que uma das frases que ele achava mais inteligentes fora pronunciada por Júlio César. Eu e imagino que quase todo mundo só se lembra de uma frase de César, mas mesmo assim perguntei a ele qual era essa frase, louco para que ele dissesse outra. Mas qual nada! Ele respondeu em tom de brincadeira, como era do seu jeito bonachão, tentando arranhar um latim castiço: “Veni, vidi, vici.”, ou seja, “Vim, vi, venci.”.

Ocorre que não entendi por que falar aquela frase no contexto dos assuntos que estávamos conversando, perguntei a ele o porquê!

Ele, ao volante de seu fusquinha vermelho, virou um pouco para o meu lado e explicou: “Eu não suporto essas solenidades, palestras, jantares, coisas pomposas, só compareço por obrigação de ofício, por isso adaptei a frase de “julhinho” para essas ocasiões: Eu venho!…Chego, faço um ou dois estardalhaços, dou umas duas daquelas minhas conhecidas gargalhadas, faço dois giros pelo salão, um indo e outro voltando, cumprimento as pessoas que importam e dou no pé. Faço o mesmo que César – vim, sou visto, e venço no rumo da casa!”

Esse era o meu pai, cuja sabedoria inata, usava Júlio César como exemplo de vida, mesmo que em outro contexto.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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