Argentina, de quinta a vigésima sexta economia do mundo

0comentário

Na tentativa de fugir de nosso Carnaval, cada vez mais parecido com micaretas, fui passar alguns dias em Buenos Aires e aproveitei para tentar saber, o que pensam e sentem os argentinos, sobre a situação política, administrativa e econômica de seu país, que já foi, em tempos idos, das mais importantes e poderosas economias do mundo.

Para quem não sabe, a Argentina figurou entre as cinco maiores economias do , e isso durou em torno de aproximadamente 50 anos, entre 1880 e 1930, numa época que ficou conhecida como a Belle Époque Argentina.

Esse período foi marcado por um crescimento econômico acelerado, impulsionado pela exportação de carne, trigo, milho, lã, couro e outros produtos agropecuários, além de grandes investimentos estrangeiros, especialmente do Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha e Brasil, época em que muitos imigrantes espanhóis e italianos foram atraídos para o país. Esse imigrantes acabaram por formar a base de sua mão de obra e da estrutura de sua sociedade, com forte característica étnica, cultural e social europeia.

Saber disso e ver como hoje se encontra o país nos leva a uma triste e preocupante constatação. O país que já esteve entre os mais ricos do mundo, hoje está quebrado economicamente e dilacerado política e socialmente.

Foi com esses dados ne mente que me joguei nas conversas com as pessoas que em minha opinião são os melhores termômetros de qualquer sociedade, os garçons e os motoristas de taxi.

Diariamente utilizei o serviço de pelo menos seis taxis em meus deslocamentos pela capital Argentina e estive em pelo menos em três restaurantes ou bares da cidade. Fazendo uma conta aproximada, conversei com pelo menos dez pessoas por dia sobre a situação política, social e econômica do país, o que no final do tempo em que ali estive deve ter totalizado algo em torno de 50 conversas sobre o assunto, o suficiente para me dar informação confiável para relatar aqui para vocês.

Sem usar nenhum critério restritamente científico, minhas conversas me fazem crer que 100% das pessoas com quem eu falei estão insatisfeitas com a situação pela qual seu país passa, sendo que 80% delas acredita que já esteve pior e 20%, pensa que está pior agora.

De modo geral, 30% dos argentinos não apoiam o atual governo e as medidas econômicas que ele tenta pôr em prática, sendo que 60% apoiam e 10% não soube se posicionar quanto a isso.

Os motivos pelos quais os 30% não estão satisfeitos com a atual política econômica do governo é pela falta de apoio que essa política dá aos mais pobres. Para algumas pessoas com quem eu conversei, o descontentamento da maioria dos insatisfeitos se deve ao fato de que a política econômica praticada pelo governo anterior dava vantagens para população que não produzia nada. Disseram-me literalmente que “sustentavam vagabundos que viviam às custas do estado, com dinheiro pago pela classe trabalhadora”.

Uma coisa bastante curiosa é que nas conversas que tive, ficou claro que 100% das pessoas com quem falei acham que Milei ou é doido, ou está com problemas mentais ou encena um papel de maluco para fazer algumas coisas absurdas. Curioso é que até as pessoas que apoiam Milei o acham doido.

Perguntei o que eles acham da forma como o atual presidente se manifesta, sobre suas falas, quanto a forma e também ao conteúdo, como por exemplo fez no dia da abertura dos trabalhos legislativos do ano, em discurso no Congresso Nacional Argentino, e todos para quem fiz essa pergunta me responderam que é um absurdo ele agir daquela maneira, mas que preferiam aquele absurdo ridículo que os polidos ladrões que governavam o país antes.

Perguntei para eles quais foram os melhores e os piores governantes que eles se lembravam e a melhor resposta que recebi foi do senhor Said, descendente de libaneses. Ele me disse que se pudesse escolher gostaria que Milei tivesse a elegância, a serenidade e a habilidade do ex-presidente Macri, ou que Macri tivesse a coragem e o desprendimento de Milei.

Nas conversas que tive, notei que até os mais peronistas pensam que os Kirchners são uma praga e que Alberto Fernandes é um entulho político, mesmo aqueles que preferem as políticas assistencialistas praticadas pelos citados políticos.

A cada conversa que tinha mais preocupado eu ficava e mais simpatia pela Argentina, pela sua história e seu povo eu ia desenvolvendo.

Por outro lado, quanto mais eu me informava sobre o sentimento do povo argentino, mais eu descobria sua maior capacidade de entendimento da situação em que se encontram, sua maior capacidade de agir e reagir quanto a ela e me ficava claro que é muito mais fácil que eles possam sair da dificílima situação em que se encontram, que nós brasileiros sairmos da situação em que nos encontramos, que é muito, muito, muito menos ruim que a situação deles.

No final de minhas conversas eu estava moído, alquebrado por ver aquele país com um potencial incrível, com uma capacidade produtiva extraordinária, com um povo aguerrido, instruído, capacitado, um povo realmente preparado para os desafios do progresso, travado por disputas ideológicas rasas, menores e torpes.

Ao deixar a Argentina, saí com a sensação de que Milei é maluco mesmo, mas que apesar de suas boçalidades inconvenientes, ele pode conseguir melhorar, pelo menos um pouco, a vida dos hermanos, e rezei para que alguém menos boçal e idiota que ele possa levar novamente a Argentina a ser um país realmente grande, com uma economia condizente com seu potencial.

sem comentário »

Ainda sobre o Oscar 2025 e “Ainda estou aqui”

0comentário

Para fugir do Carnaval, resolvemos viajar para Buenos Aires, com o compromisso prévio de que no domingo, dia da cerimônia de entrega do Oscar eu não sairia para jantar – o que, para mim já seria uma decisão bastante séria, pois por mais que aprecie os prazeres da boa comida, prefiro os prazeres do bom cinema. Eu renunciei a “cena” em um restaurante famoso para poder apreciar as “cenas” das entregas dos Oscars de 2025, desde o começo, sem perder nada.

Pedi uma pizza da Güerrin, aquela instituição portenha que serve pizza com mais recheio do que bom senso, e enquanto esperava, me peguei rindo sozinho da coincidência do nome: Güerrin, deveria ser casa de guerreiros, o que parecia ser uma metáfora sob medida para aquela noite, pois ali estava eu, em território argentino, por assim dizer, atras das linhas “inimigas”, assistindo um filme brasileiro disputar o Oscar, numa verdadeira guerra simbólica entre Brasil e Argentina, sempre irmãos e rivais, até quando o assunto é cinema.

Se tem uma coisa que os argentinos sabem fazer com inteligência e bom humor, é tirar sarro da nossa cara, isso quando lhes damos essa chance. Naquele momento, eu podia quase ouvir um deles me dizendo, entre uma fatia e outra de pizza: “Ganhou o Oscar, mas agora o jogo está de 2 a 1!” (referindo-se, é claro, aos dois Oscars de Melhor Filme Internacional que a Argentina já tem, isso sem contar com os outros 5 Oscars que foram ganhos por argentinos em diversas categorias, caso alguém não saiba).

A verdade é que esse Oscar do Brasil já vinha se desenhando há muitos anos. Antes de “Ainda estou aqui” tivemos “O pagador de promessas”, “O quatrilho”, “O que é isso companheiro?” e “Central do Brasil”

Além disso, na categoria de melhor atriz, uma outra Fernanda que nos levou também até aquele palco: a Montenegro, indicada por Central do Brasil, em 1999. De certa forma, mãe e filha acabaram dividindo esse caminho. Se Fernanda Montenegro abriu a porta, Fernanda Torres voltou a ela ao nos apresentar a história de Eunice Paiva, essa mulher que transformou sua dor em bandeira, a ausência de seu marido em grito e sua solidão em luta.

“Ainda estou aqui” não é só um filme – é um acerto de contas com a nossa memória, um reencontro com histórias que alguns tentaram apagar. Não sei quantas vezes já disseram que o cinema brasileiro não é levado a sério no exterior, mas desta vez, foi impossível ignorar. A história de Eunice Paiva e sua luta incansável para manter vivo o nome do marido desaparecido durante a ditadura nos faz lembrar que há dores que não morrem com o tempo, e que há vozes que nem a censura consegue calar.

Quando Walter Sales subiu ao palco para receber o prêmio de Melhor filme Internacional, me veio um arrepio diferente, não apenas pelo reconhecimento que é ganhar o mais importante prêmio do cinema mundial, mas por saber que mesmo antes daquele momento, “Ainda estou aqui” já era um grande vencedor, pois antes nenhum filme nosso havia sido indicado para competir em três categorias do Oscar e também por nenhum outro país sul-americano jamais ter tido um filme seu indicado a concorrer na categoria de melhor filme, de igual para igual com os filmes produzidos pela indústria cinematográfica americana.

Quanto ao fato de Fernanda Torres não ter ganho o prêmio de melhor atriz, não vejo nenhum problema. Sobre coisas como essa, costumo me lembrar do que dizia sempre meu velho e sábio pai: “Competições, assim como eleições, não são necessariamente justas”.

sem comentário »

Oscar 2025

0comentário

Todo ano eu escrevo sobre a cerimônia de premiação do Oscar, mas esse ano vou fazer um pouco diferente, vou relacionar os indicados e dizer, em cada categoria dentre aquelas que assisti os filmes concorrentes, quais dentre eles eu votaria, se fosse apto para isso, e qual eu acredito ganhará o prêmio.

Melhor Ator Coadjuvante: Yura Borisov, por “Anora”, Kieran Culkin, por “A Verdadeira Dor”, Edward Norton, por “Um Completo Desconhecido”, Guy Pearce, por “O Brutalista” e Jeremy Strong, por “O Aprendiz”. EU VOTARIA EM “YURA BORISOV”, MAS ACREDITO QUE O VENCEDOR SERÁ “KIERAN CULKIN”.

Melhor Figurino: “Um Completo Desconhecido”, “Conclave“, “Gladiador II”, “Nosferatu” e “Wicked”. EU VOTARIA EM “GLADIADOR II”, MAS ACREDITO QUE QUEM VENCERÁ SERÁ “UM COMPLETO DESCONHECIDO”

Melhor Cabelo e Maquiagem: “Um Homem Diferente”,“Emilia Pérez”,“Nosferatu”, “A Substância” e “Wicked”. EU VOTARIA EM “NOSFERATU”, E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Trilha Sonora Original: “O Brutalista”, “Conclave”, “Emilia Pérez”, “Wicked” e “Robô Selvagem”. EU VOTARIA EM “O BRUTALISTA” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Roteiro Original: “Anora”, “O Brutalista”, “A Verdadeira Dor”, “A Substância” e “Setembro 5“. EU VOTARIA EM “O BRUTALISTA” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Roteiro Adaptado: “Um Completo Desconhecido”, “Conclave”, “Emilia Pérez”, “Nickel Boys” e “Sing Sing“. EU VOTARIA EM “EMILIA PÉREZ” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Atriz Coadjuvante: Monica Barbaro, por “Um Completo Desconhecido”, Ariana Grande, por “Wicked”, Felicity Jones, por “O Brutalista”, Isabella Rossellini, por “Conclave” e Zoe Saldaña, por “Emilia Pérez”. EU VOTARIA EM “ZOE SALDAÑA” E ACREDITO QUE ELA VENCERÁ.

Melhor Filme Internacional: “Ainda Estou Aqui”, “A Garota da Agulha”, “Emilia Pérez”, “The Seed of the Sacred Fig” e “Flow”. EU VOTARIA EM “AINDA ESTOU AQUI” E ACREDITO QUE “EMILIA PÉREZ” VENCERÁ.

Melhor Design de Produção: “O Brutalista”, “Conclave”, “Duna: Parte 2”, “Nosferatu” e “Wicked”. ”. EU VOTARIA EM “O Brutalista” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Edição: “Anora”, “O Brutalista”, “Conclave”, “Emilia Pérez” e “Wicked”. EU VOTARIA EM “ANORA” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Som: “Um Completo Desconhecido”, “Duna: Parte 2”, “Emilia Pérez”, “Wicked” e “O Robô Selvagem”. EU VOTARIA EM “DUNA: PARTE 2” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhores Efeitos Visuais: “Alien: Romulus”, “Better Man”, “Duna: Parte 2”, “O Reino do Planeta dos Macacos” e “Wicked”. EU VOTARIA EM “DUNA: PARTE 2” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Fotografia: “O Brutalista”, “Duna: Parte 2”, “Emilia Pérez”, “Maria” e “Nosferatu” EU VOTARIA EM “NOSFERATU” E ACREDITO QUE “O BRUTALISTA” VENCERÁ.

Melhor Ator: Adrien Brody, por “O Brutalista”, Timothée Chalamet, por “Um Completo Desconhecido”, Colman Domingo, por “Sing Sing”, Ralph Fiennes, por “Conclave” e Sebastian Stan, por “O Aprendiz”. EU VOTARIA EM “ADRIEN BRODY” MAS GOSTARIA QUE “RALPH FIENNES” GANHASSE. 

Melhor Atriz: Cynthia Erivo, de “Wicked”, Karla Sofía Gascón, de Emilia Pérez, Mikey Madison, por “Anora”, Demi Moore, por “A Substância” e Fernanda Torres, por “Ainda Estou Aqui”. EU VOTARIA EM FERNANDA TORRES, E ACREDITO QUE DEMI MOORE VENCERÁ.

Melhor Direção: Sean Baker por “Anora”, Brady Cobert por “O Brutalista”, James Mangold por “Um Completo Desconhecido”, Jacques Audiard por “Emilia Pérez” e Coralie Fargeat por “A Substância”. EU VOTARIA “BRADY COBERT” E ACREDITO QUE ELE VENCERÁ.

Melhor Filme: “Anora”, “O Brutalista”, “Um Completo Desconhecido”, “Conclave“, “Duna: Parte 2”, “Emilia Pérez”, “Ainda Estou Aqui“, “Nickel Boys”, “A Substância” e “Wicked”. EU VOTARIA EM “CONCLAVE” E ACREDITO QUE “O BRUTALISTA VENCERÁ.

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/joaquimhaickel/wp-admin/
Twitter Facebook RSS