Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.

0comentário

Ontem publiquei um texto onde em certa altura digo que: “Quanto às acusações que recaem sobre o dito comando do golpe de estado, acredito serem possível que tais ações tenham sido cogitadas, e caso elas fiquem realmente comprovadas, caso as provas referentes a isso sejam minimamente verdadeiras e consistentes, os processos e julgamentos devem ocorrer, mas qualquer coisa que tenha havido quanto a isso, penso que é evidente que em nada envolvem as pessoas que participaram dos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, essa ilação é meramente circunstancial e como tal não comprova envolvimento e como prova não tem valor”.

Baseado nessa minha afirmação, desejo apoiar meu texto de hoje e deixar registrada a minha opinião sobre o julgamento da admissibilidade da denúncia feita pelo MPF contra Bolsonaro e outros sete envolvidos na suposta tentativa de golpe de estado.

Acredito que a referida denúncia deva ser, e ela será, aceita pela primeira turma do STF, só espero que o processo e o julgamento transcorra em estado de normalidade jurídica, fato que não tem sido observado em diversas ocasiões e situações neste e em outros processos que estão sendo politizados pela Suprema Corte.

A culpabilidade das pessoas que passam agora a ser processadas e que certamente serão julgadas e condenadas, diferem em muito daquelas que cometeram simplesmente atos de vandalismo e depredação do patrimônio público, mas um juiz arbitrário, inquisitorial, alguém que no século XIX, seria facilmente tipificado por Ferri e Lombroso como um meliante, delinquente, um marginal, dono de arrogância e prepotência tirânica, um Torquemada moderno, resolveu arrolar aquelas pessoas num processo erradamente instruído em uma instância indevida, apenas para espetacularizar esse caso, que é gravíssimo no contexto de uma possível tentativa de golpe de estado, mas que é de muito menor gravidade no que se refere ao vandalismo cometido por pessoas do povo.

Quero deixar bem claro que minha voz só se levanta em defesa daquilo em que acredito, e acredito que os vândalos de 8 de janeiro de 2023, não concorreram em nada para o cometimento de um possível golpe de estado. Imaginar uma coisa dessas só é possível na cabeça de alguém mal-intencionado.

Abro aqui um parêntese para comentar o julgamento pelo STF, da ainda deputada Carla Zambelli, por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. Em que pese eu não ter me aprofundado muito na análise deste caso, acredito que a condenação da ré faz todo sentido, pois os fatos e os vídeos levam a crer na culpa dela, apesar de todas as alegações da defesa.

Digo isso para comprovar que, quando a justiça transcorre de maneira correta, não se deve e não se pode ficar contra ela, mas que quando vemos o judiciário, em qualquer um dos seus degraus e compartimentos, verticais ou horizontais, cometer desatinos, nos calarmos significa compactuar com a maior forma de crueldade e injustiça. É inaceitável que quem tem por dever constitucional fazer a justiça, promova a injustiça, de forma premeditada e cruel.

Qualifico um membro do judiciário prevaricador, como sendo mais criminoso que um contraventor ou um traficante de drogas, em alguns casos seu crime pode ser comparável ao de um abusador de menores ou mesmo de um homicida, mas o pior de todos são aqueles hipócritas que com a desculpa de defender nossa constituição, cometem crimes odientos contra ela e os direitos que ela garante ao povo brasileiro.

A foto que ilustra esse texto, me foi enviada ontem por um amigo. Ela mostra a estátua “ A Justiça” da lavra do escultor Alfredo Ceschiatti, que está posta, desde 1961, em frente ao STF, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e é a mesma que foi pichada com a frase “Perdeu Mané”, por Debora Rodrigues dos Santos, em 8 de janeiro de 2023. Esta foto foi registrada em 2016, quando foi vandalizada em uma manifestação política. Não se tem notícia de que aqueles vândalos tenham sido presos ou processados.

É contra esse estado de coisa que eu levanto minha voz, e a levantarei todas as vezes que eu acreditar ser necessário.

Sem comentário para "Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa."


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS