O assunto do momento é a denúncia feita pela PGR contra Bolsonaro.
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Em minha visão, no aspecto jurídico, Bolsonaro e seus apoiadores vêm sofrendo severa perseguição por parte da PF, da PGR e dos tribunais superiores, fato que não diminui em nada a culpa que possam ter no tocante as acusações feitas contra eles, caso estas sejam realmente comprovadas. O que parece claro, no entanto, é que a perseguição que membros da direita vem sofrendo em nosso país, os coloca na situação de vítimas quanto a abuso de poder e autoridade, além de desrespeito ao devido processo legal e o estado democrático de direito.
Do ponto de vista político, acredito que a melhor coisa que possa vir acontecer para o Brasil, é Bolsonaro ser processado e julgado, mas de forma legal, justa e correta, como estabelecem as nossas leis.
Caso ele seja condenado e consequentemente considerado inelegível, obrigará o lado direito do espectro político brasileiro a buscar um nome bem melhor que o dele para derrotar a esquerda, cujo “campeão”, Lula, a cada dia que passa demonstra mais seu avançado estado de senilidade pessoal e política.
Sempre tento avaliar o cenário político de maneira ampla e histórica, sem apegos ideológicos, mesmo que resguarde a minha posição pessoal, e vendo tudo isso, imagino que a melhor coisa, a coisa mais acertada, que Bolsonaro poderia fazer na situação em que se encontra, além de se defender das acusações que lhe estão sendo imputadas, é lutar pela anistia aos manifestantes dos eventos de 8 de janeiro de 2023, lutar contra as violações que estão desfigurando nossa constituição, contra as arbitrariedades judiciais e administrativas que vêm sistematicamente acontecendo em nosso país. A melhor coisa que ele poderia fazer, até mesmo em sua defesa, seria se transformar em um estadista, coisa que não foi quando era presidente da república.
Em minha modesta opinião, essa seria a hora daquele sujeito a quem eu sempre acusei de ser rude e boçal, de não ser talhado para manter relacionamentos delicados, alguém que tem extrema dificuldade de entender os mecanismos de convivência em sociedade, que coloca a elegância e a diplomacia em segundo plano, se tornar um verdadeiro e importante líder, coisa que é muito diferente e maior que ser simplesmente um banal e passageiro mito.
Se me perguntassem o que eu penso sobre o tal golpe de estado que aconteceria em 8 de janeiro de 2023, eu responderia que por maior e melhor que seja a capacidade de algumas pessoas criarem narrativas, elas às vezes não levam em consideração a grande capacidade de entendimento das pessoas simples e comuns, que estão mais focadas e preocupadas com seus problemas pessoais.
Os criadores dessa ideia de golpe de estado em 8 de janeiro não levam em consideração o poder das imagens daqueles acontecimentos, e aquelas imagens ficaram na mente e estão na memória das pessoas. Nelas o que se vê é uma turba de vândalos idiotizados, destruindo prédios públicos. Não se vê uma liderança, uma pessoa ou mesmo um grupo que organize aquela destrutiva manifestação de insatisfação. Não se vê armas de fogo ou armas brancas, não se vê agressões físicas contra ninguém. As imagens daqueles eventos são os melhores argumentos e a melhor defesa para derrubar a criativa invenção de golpe de estado.
As imagens daquele dia são cruciais para o total e completo entendimento de todos aqueles acontecimentos, e talvez por isso, as imagens das câmeras de segurança dos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, do Palácio do Planalto, e da Praça do Três Poderes tenham muito convenientemente desaparecido, dificultando um pouco maiores e melhores esclarecimentos sobre o que realmente aconteceu naquele dia, sobre a iniciativa daquela baderna, sobre a permissividade da segurança, sobre o convite tácito para a turba insana dar vasão a suas insatisfações e invadir a praça e os prédios.
Quanto a outra parte dos eventos que comporia o dito golpe de estado, que teria sido tramado por pessoas do governo que acabara de deixar o poder, que pretendiam assassinar pessoas, que teriam clara e concreta intenção de intervenção e quebra da ordem constitucional brasileira, isso tudo deve ser investigado detalhada e minuciosamente, mas essa investigação não pode de forma alguma ser contaminada pela vontade política e ideológica de condenar os acusados, pois qualquer indício, por menor que seja, de prevaricação nessas investigações, invalidará o resultado do processo.
Pode ser que a intenção de tudo isso seja eliminar algumas pessoas e ideias da disputa política e eleitoral, facilitando assim a vida de outras pessoas e ideias, se for esse o caso, é bem possível que o resultado final desejado seja o contrário ao pretendido, pois em minha avaliação, Bolsonaro condenado, será de mais valor para o lado direito da política brasileira, que ele absolvido. Condenado ele será vítima e se tornará símbolo, absolvido será candidato a presidente e possivelmente se elegerá, preterindo assim alguém da direita que certamente seria muito melhor que ele.