A carta
Leiam abaixo a mensagem que recebi de um amigo meu e me digam o que vocês acham disso.
“Prezado amigo Joaquim,
Como ainda não nos falamos este ano, aproveito a oportunidade para desejar a você e a toda sua família, paz, saúde e felicidade, não só neste ano, mas por toda a vida.
Mas vamos ao que interessa. Chegou recentemente em minhas mãos o argumento de um filme que eu gostaria que você analisasse a possibilidade de me ajudar a realizar. É um filme de baixo orçamento, com uma única locação, com um elenco reduzido, apenas dois ou três atores. Nele serão usadas muitas imagens de arquivo, além de animação e efeitos especiais gerados por inteligência artificial.
Uma coisa eu posso lhe garantir, meu amigo, se realizarmos esse filme, ele certamente irá gerar grande controvérsia e imensa polêmica.
O argumento, que me foi trazido por um professor de história, um amigo meu, da época do colégio, prevê que a obra deve ser narrada em primeira pessoa por um personagem que testemunhou grande parte dos acontecimentos que relata, e que se encontra refugiado na embaixada de um país europeu.
O filme é um drama político onde um determinado povo, que não será identificado, precisa tomar providências urgentes e enérgicas, no sentido de levar os membros da suprema corte de seu país, que deveriam ser unicamente responsáveis pela preservação de sua ordem constitucional, a voltar ao âmbito de sua circunscrição e pararem de interferir, quase sempre de maneira danosa e negativa, no equilíbrio dos poderes da república e na estabilidade política e democrática de sua nação.
Em meio a tudo isso acontecem ações contra diversos direitos constitucionais dos cidadãos, como o de livre manifestação de opinião, além da quebra do devido processo legal e o ataque ao estado democrático de direito.
Em seu depoimento, o personagem diz que a forma correta de fazer as coisas que precisam ser feitas para resolver parte dos problemas daquele país, é através de ações eficientes, eficazes e efetivas do poder legislativo, que infelizmente demonstra ser inapetente e incompetente para tal, preferindo trilhar o caminho da facilidade gerada pela concessão de recursos provenientes de verbas destinadas aos parlamentares, que poderiam ser corretas e justas, mas são usadas e operacionalizadas de maneira danosa e corrupta, através de uma relação espúria com o poder executivo.
Já o governo no comando do poder executivo se aproveita de todas essas mazelas para aparelhar política e ideologicamente o Estado, como forma de controle sobre a vida do povo. Estabelecendo políticas assistencialistas, o governo transforma o povo em pessoas totalmente dependentes do Estado, fazendo com que todas essas irregularidades se perpetuem, e se retroalimentem, gerando assim uma total incapacidade de reação de cada uma das camadas que são atingidas por todas essas ações, planejadas e executadas no sentido de atingir o controle total do país.
Ele relata também a existência de um grupo opositor àquele que se encontra no poder, e comenta que ele também comete diversas formas de desvios de conduta e arbitrariedades, deixando claro que não há quem seja totalmente inocente em toda aquela história.
Relata também a participação nefasta da imprensa que vem sistematicamente agindo de forma a desinformar mais que informar, pendendo sempre para um lado em detrimento dos outros.
Como agravantes nesse cenário, o narrador comenta sobre os graves problemas de segurança que abalam de forma decisiva toda aquela situação e discorre também sobre o panorama mundial e a vertiginosa polarização política que está em curso e que tudo indica irá perdurar ainda por algum tempo.
Um interlocutor do personagem principal, usa trechos das coisas que ele relata e recorre às redes sociais como o Google e o Chat GTP para apurar as suas declarações e vê que aquilo que ele relata realmente acontece.
No final se descobre que tudo aquilo não passou de um sonho de um jovem advogado, que aparece em cena acordando, assustado, em sua cama.
Aguardo seu retorno no sentido de podermos marcar uma hora para conversarmos pessoalmente.
Abraço,
Val.”
Bem, o que me dizem sobre isso?