Meu amigo Pipoca

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Dentre tudo que se possa dizer de Antônio Carlos Lima, jornalista e escritor, membro da Academia Maranhense de Letras, falecido no domingo, 8 de outubro, uma coisa deve ser ressaltada: ele era um operário do texto.

Curioso, buscava todas as informações possíveis sobre o assunto que o interessasse, estudava-o em detalhes, ficava senhor da matéria e discorria sobre ela com domínio, propriedade e energia, como um auriga fazia com seus cavalos e sua biga.

Dono de grande refino e elegância literária, suas palavras pareciam ser assentadas como fazem os exímios pedreiros com os tijolos em uma parede. O reboco, o emassamento e a pintura ficavam por conta da sutileza e da ironia que ele cultivava, para disfarçar sua natural timidez pessoal.

Cultivou e refinou essa capacidade arquitetônica literária ao se especializar em redigir discursos políticos, função que não é devidamente valorizada em nosso país. Posição na qual o escritor, se tiver capacidade, e ele tinha, consegue incluir na fala do potentado, sutil e delicadamente, suas ideias.

Já estivemos de lados opostos, na política, mas isso não fez que desaparecesse o respeito e a consideração que sempre tivemos um pelo outro. Pelo contrário, ressaltou esses sentimentos entre nós. Coisa de sagitarianos!

Apaixonado por cinema, às vezes ele me ligava para comentar um ou outro filme, sugerir um tema para uma pesquisa sobre um personagem que merecia ser registrado em documentário e até para me desafiar a transpor para o cinema algumas de suas histórias, dívida que pretendo pagar.

Ele não gostava de ser chamado pelo apelido – Pipoca. Ultimamente eu fazia força para não o chamar assim, mas nunca fiz isso na intenção de diminuí-lo, pois os verdadeiros amigos nunca nos diminuem… A não ser quando nos deixam, como agora.

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