Um camarada grandão, rico, poderoso, falastrão e violento, com fama e histórico de mau, invadiu o terreno do seu vizinho, um sujeito baixinho, franzino, fraco, que nas horas vagas era comediante e humorista.
Não satisfeito em invadir o terreno do vizinho baixinho e fraquinho, e se apoderar de seus bens ali existentes, o grandão partiu para a agressão física e começou a esmurrá-lo. Esmurrava não só a ele, mas às pessoas que viviam naquele terreno.
Vizinhos próximos e até mesmo os distantes se posicionaram quanto aquele conflito. Um deles, subalterno do grandão, ficou do lado do seu chefe agressor, mas os demais ficaram ao lado do agredido.
A briga se arrastava já por muito tempo e o baixinho franzino resistia brava e heroicamente, e contava com apoio de pessoas fortes e importantes que lhe ajudavam no enfrentamento do agressor grandão.
Eis que surge um camarada que nem era das redondezas, uma pessoa controversa, com histórico de condenações por graves desvios de conduta, e em uma entrevista aloprada, a uma popular rede de televisão, diz que os vizinhos devem parar de apoiar o sujeito baixinho e franzino, diz que o apoio que ele recebe impede que a briga acabe logo, que a melhor solução é deixar o grandão e o baixinho resolverem aquela situação com suas próprias forças, com seus próprios recursos, sem intromissão e interferência de ninguém.
Uma senhora de 94 anos, aposentada, mas muito bem-informada, depois de assistir a entrevista, pegou o telefone e ligou para a tal emissora de televisão dizendo literalmente o seguinte: “Boa tarde, será que alguém poderia dizer para esse senhor decrépito e senil, que acabou de aparecer em seu programa jornalístico, que o que ele está dizendo é o maior absurdo que pode alguém dizer!?… Se as pessoas de bem não ajudarem os mais fracos e os agredidos, os fortões violentos vão sempre sair ganhando!… Digam para este senhor, que está completamente decrépito e gagá, que a melhor coisa que ele pode fazer é ir tomar uma janja de galinha e parar de falar bobagem.”