O Edson era antes do Nascimento

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FILE – In this Thursday March 4, 2004 file photo Brazilian soccer legend Pele, right, presents former England goalkeeper Gordon Banks with a photograph showing Banks saving a header from Pele in the 1970 World Cup, at a press conference in London, to mark FIFA’s 100 year anniversary. English soccer club Stoke said Tuesday Feb. 12, 2019 that World Cup-winning England goalkeeper Gordon Banks has died at 81. (AP Photo/Max Nash, File)

O título deste singelo texto, era uma das brincadeiras que eu fazia quando tinha apenas 10 anos de idade, em 1970, ao assistir os jogos do Brasil na Copa do México, e presenciar as mágicas feitas pelo maior encantador da bola nos verdes gramados astecas.

Edson era antes do nascimento! Edson era REI mesmo antes de ter nascido. Seu pai, Dondinho, abriu as portas dos campos de futebol para o menino Edson, e ensinou a ele o cabeceio de beija-flor, a maleabilidade nos dribles, o uso da ação negativa nas gingadas de corpo e no corta luz, a matada de bola que parecia colar em seu corpo.

Enquanto eu me postava em frente a tela branca do Word em meu computador, e lembrava das imagens que guardo em minha memória, lagrimas saltavam de meus olhos, escorriam por minha face e espocavam sobre a mesa, e me assustavam ao lembrar que meu pai torcia pelo Santos só por causa desse tal Edson.

Lembro dos golaços; das gingas que geraram dribles desconcertantes; das cabeçadas de olho aberto, pra saber para onde direcionar a pelota; dos passes geniais, colocando a bola naquilo que se convencionou chamar de ponto futuro; das matadas de bola nos pés e no peito, usando intuitivamente a física pura.

Aquele Edson, que já havia se tornado o Rei Pelé, foi tão genial em 1970, que três lances de não gols dele são mais importantes que muitos gols de outros jogadores.

Um foi o desconcertante drible de corpo que ele deu em Mazurkiewicz naquele 3 X 1, sobre, o Uruguai, vingando, em parte, Barbosa, no Maracanaço de 1950. Outro foi aquele o chute do meio do campo que tirou a tinta do travessão superior da Tchecoslováquia, e que gerou uma das mais belas crônicas esportivas feitas por outro Rei, o do Teatro, Nelson Rodrigues. E o último foi aquela cabeçada espetacular, no 1 X 0 contra a Inglaterra, defendida no susto por Banks.

Uma daquelas lágrimas que escorreram por minha face foi motivada pela lembrança de meu pai me dizendo que Pelé havia feito a coisa mais correta que uma pessoa deve fazer na vida: Saber a hora de parar.

Para meu pai, saber a hora de sair de cena é a coisa mais importante que uma pessoa deve fazer, e Pelé deixou os gramados no auge de sua forma e de seu prestígio.

Entre sua despedida dos gramados e a sua elevação a eternidade, foram quarenta e quatro anos de trabalho em favor da difusão do futebol e da cidadania que o esporte leva com ele.

Se meu pai fosse vivo, diria que se Pelé deixou o futebol no momento certo, ele jamais deixará a vida e a história do Brasil e do povo brasileiro, diria aquilo que todos nós pensamos: Pelé é eterno.

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