É preciso coragem
É muito fácil entender os motivos que levam algumas pessoas a antipatizarem com Bolsonaro. É igualmente fácil entender o que faz algumas pessoas se identificarem com as coisas que Lula diz.
Bolsonaro é ríspido, mal-educado, grosseiro, defende coisas que não condizem com o senso comum, coisas que lhe conferem a impressão de crueza e crueldade, que possibilita a criação de narrativas negativas sobre ele e sobre quem, mesmo não sendo como ele, não agindo nem parecido a ele, pertence à mesma corrente de pensamento liberal.
Por outro lado, Lula por ser hipócrita, manipulador e malabarista diz aquilo que as pessoas gostam e desejam ouvir. Ele é um mágico, um prestidigitador, capaz de fazer truques baratos de circos mambembes, como dizem os cronistas esportivos, “jogar pra torcida”.
Minha situação, bem como a daqueles que pensam como eu se complica, pois, uma coisa é se opor a esquerdalha, outra bem diferente é apoiar os impropérios de alguém como Bolsonaro. Imaginem só o absurdo que seria acharem que Gustavo Corção, Roberto Campos, Sandra Cavalcante ou Delfim Netto, simplesmente por serem liberais e de direita, concordam com ações destemperadas e grosseiras.
Vocês não podem imaginar o esforço que uma pessoa, clara e francamente liberal de direita como eu, tem que fazer, para não ser facioso, ao analisar a situação política pela qual atravessamos.
Vejam bem! O protagonista do lado com o qual eu mais me identifico, dificulta minha vida, pelo simples fato dele não ser capaz de representar corretamente a minha forma de pensar, por total falta de capacidade de comunicação minimamente harmônica e civilizada.
Imaginem se Margareth Thatcher, Ronald Reagan ou João Paulo II fossem tão atabalhoados e descalibrados quanto Bolsonaro! Ainda hoje o mundo estaria convivendo com a guerra fria e o Muro de Berlin ainda estaria de pé!
Em 2018 o povo brasileiro deu uma resposta a Lula, ao PT e a esquerda de um modo geral. Disse a eles através das urnas eleitorais, que estava cheio de suas embromações políticas, que depois de 8 anos de PSDB e seu socialismo ralo, travestido de bom mocismo, e de 16 anos de PT com sua simbiose de quadrilhas ideológicas e criminosas, ele queria algo diferente, e a única coisa diferente que havia a mão era representada por um ex-capitão do exército, deputado do baixo clero, produto de uma política viciada e carcomida estabelecida em nosso país, depois da redemocratização.
Hoje, quatro anos depois, não por falta de aviso, aquele sujeito a quem foi dada a oportunidade rara de varrer do mapa os vermes da esquerda, (e vejam bem que estou me referindo apenas aos vermes, pois há na esquerda quem seja importante e necessário para o equilíbrio das forças políticas de nosso país) corre sério risco de acabar devolvendo a eles o comando de nossa nação e submeter novamente nosso povo a uma espécie de escravidão mental e ideológica, coisa bem ao tipo de gente que pratica essa forma de política.
Essa gente é especialista em uma espécie de escravidão moderna. Uma escravidão quase imperceptível, sem açoite, sem pelourinho, sem fome, sem aparente privação de liberdade, e até com aspectos de paz e relativa felicidade.
É provável que seja esse o legado de Bolsonaro. Nos devolver aos braços do pior tipo de operadores do pensamento de esquerda que há hoje no mundo. Uma esquerda gasosa e aparelhadora, que ocupa todos os espaços, de maneira completamente paralisante, agindo de forma a impedir que pessoas que pensem minimamente diferente de sua forma de agir, sejam completamente canceladas e aniquiladas do convívio social e até da própria vida.
A maneira deles fazerem isso não é usando violência formal, pois isso não funcionaria. Enquanto Bolsonaro defende a possibilidade do uso de armas, que sozinhas não fazem mal a ninguém, Lula defende o uso de livros, que se forem mal escolhidos, mal ensinados e interpretados, ferem tanto quanto as armas nas mãos de pessoas despreparadas para portá-las.
É difícil transformar um livro como “Memórias póstumas de Brás Cubas” em um instrumento cortante ou explosivo, mas “Cadernos do Cárcere”, pode muito bem ser transformado em uma AK47. Precisa ser corajoso para dizer isso e não temer ser mal interpretado e apedrejado pela turba patruladora, e só tem coragem quem é capaz de agir apesar do medo.
A violência que essa esquerda usa é difícil de ser combatida aberta e francamente, pois ela se apresenta de forma camuflada e visa a destruição dos tecidos sociais onde estão alojados aqueles que se opõem a ela. Visa destruir a família, controlar a imprensa e estabelecer narrativas, desvalorizar a religião que não lhe for serviçal, controlar o judiciário, aparelhar o sistema educacional, e o Estado de forma geral.
Os esquerdopatas agem seguindo os ensinamentos e preceitos da António Gramsci, que preconizou que a conquista do poder só pode ser atingida pela total destruição da sociedade existente, para que no lugar dela seja erguida uma outra, que siga os padrões defendidos por eles.
É contra esse tipo de escravidão que eu me oponho e contra o qual lutarei de todas as formas que forem possíveis, desde que elas não firam minha forma humanista, liberal, justa e coerente de pensar e agir.