Eu gosto de cultivar hábitos, para com eles estabelecer e cumprir, no limite do possível, rotinas que estabilizem e normatizem meu dia a dia. Isso não significa que eu seja um sujeito enquadrado e engessado, isso nunca! Jamais!…
Faço jejum intermitente de no mínimo 20 horas às segundas, terças, quintas e sextas. Nas quartas, sábados e domingos, eu folgo! Reunimos a família para almoçar na casa de minha mãe, que com 92 anos, faz questão de ajudar no preparo das delícias que nos oferece.
Nas quartas ela alterna um maravilhoso cozidão maranhense, com tudo dentro (rabada, patinho e chã; vinagreira, repolho, jerimum, maxixe, quiabo, chuchu, cenoura, batata, macaxeira, milho, banana e quando tem, ela coloca até caju), e uma extraordinária carne de grelha, Melhor até que a da famosa Diquinha, com arroz branco e feijão mulata gorda, sem contar os acompanhamentos e complementos. Salada de alface, rúcula, tomate e pepino, camarão seco ou charque com ovos, purê de batata ou de jerimum ou ainda feijão peneirado, uma especialidade inventada por minha avó, Maria Haickel, inspirada no homus libanês.
Aos domingos o cardápio é muito mais variado, pois o comparecimento é sempre maior. Nesses dias temos coisas como cuxá, vatapá, caruru, mocotó e feijoada, passando pela célebre galinha, ao molho pardo ou no leite de coco babaçu, pela carne de porco assada, as tortas de camarão, caranguejo, carne, miúdos, descambando para lasanhas e estrogonofes, para agradar a meninada. A celebre carne assada de panela com molho ferrugem não falta nunca. Isso sem contar o macarrão e as farofas, de farinha seca ou de farinha d’água, itens que meu saudoso cunhado Antônio mais apreciava.
Disse isso só para deixar vocês com água na boca e para finalmente falar do dia de sábado.
Aos sábados, minha mãe não almoça comida normal, do dia a dia. Neste dia, por estar antecipando o preparo da comida que servirá no domingo, ela toma juçara com camarão seco ou jabiraca e farinha d’água. E não adianta tentar chamar de açaí, que ela não aceita. Esse hábito ela cultiva a muitos anos, desde quando era menina e ia passar férias no sítio de uma tia dela, Tia Nádia.
Normalmente eu vou tomar um pouquinho de juçara com ela, mesmo que eu tenha outro compromisso para o almoço, com amigos, o que é frequente.
Comentei isso com meu amigo Altevir Mendonça e sua esposa Manú e eles mandaram para minha mãe alguns litros de sua Nut Açai, que eu confesso, foi o melhor que eu tomei em toda minha vida, e não digo isso para agradar a Manú e Altevir, mas é porque o açaí deles é realmente maravilhoso.
Altevir está cultivando uma variedade de açaí em uma de suas fazendas na baixada. Uma coisa extraordinária de se ver. É o poder do agronegócio usando as mais modernas tecnologias disponíveis de cultivo e irrigação.
Comentei sobre o presente de Altevir e Manu com meus amigos Nelson e Cris Frota e eles perguntaram o que minha mãe costuma servir nas sobremesas de nossos almoços em família e eu disse-lhes que além de frutas, bolos e café, não falta doces de goiaba, caju, banana e leite.
Nelson e Cris então mandaram para minha mãe uma coleção dos Queijos Eldorado, que acabaram de ganhar diversos prêmios em concursos internacionais.
Com uma mãe como essa e com amigos como esses, só fazendo mesmo quatro dias de jejum intermitente por semana, caso contrário vou chegar rápido aos 200 quilos!…