A soberana história

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Sempre gostei muito de história. Ela sempre foi a matéria na qual eu mais me destaquei na escola. Depois, quando cresci, resolvi me dedicar, mesmo que amadoristicamente a ela, pois sempre acreditei que se quiséssemos realizar boas coisas, precisávamos saber o que já havia sido tentado antes, para aprendermos com as experiências, boas e ruins, dos que vieram antes de nós.

Para mim a história é um dos maiores instrumentos de emancipação da humanidade, e como ela tem um componente muito delicado, pessoal e individual – o ponto de vista, a opinião, a palavra do narrador, o enfoque do pesquisador –  deve ser tratada com grande cuidado para que ela não se transforme em um instrumento de desinformação, levando as pessoas a tirarem conclusões erradas.

A frase “a história é escrita pelos vencedores”, é atribuída ao jornalista e escritor Eric Arthur Blair, que usava o pseudônimo George Orwell, cujos livros mais importantes são “A Revolução dos Bichos” e “1984”. Nessa frase aparentemente simples, reside todo o problema da história: O vencedor diz o que quer, pois ou seu adversário está morto, ou não tem a menor condição de dizer absolutamente nada.

Essa frase poderia ter sido cunhada a ferro e fogo, muito antes de Orwell, por grandes historiadores, como por exemplo o grande poeta Homero.

Em suas obras “A Ilíada” e “A Odisseia”, o grego registra aquilo que dizem ter testemunhado, a guerra de Tróia e a aventura do herói Ulisses. Se é verdade o que está contido nestas palavras de mais de 3.000 anos, não se sabe, mas elas fazem parte da história. Nós só precisamos saber como lermos, entendermos e analisarmos tais informações.

A história não é coisa para leigos nem para quem a queira usar como instrumento de poder.

A frase atribuída a Orwell, poderia ter sido dita por Heródoto, Flávio Josefo, ou por Suetónio, uma vez que a ideia de história está muito ligada, principalmente nos primórdios da humanidade, às guerras que os povos travavam.

O certo é que, não há nada sem uma perspectiva histórica, e foi por isso que toda essa polêmica envolvendo um sujeito idiota, falando nas redes sociais sobre a admissibilidade de um partido nazista, me levou a pesquisar sobre regimes totalitários, antidemocráticos, abusivos, perseguidores, genocidas, como o implantado pelo nazismo de Hitler, na Alemanha, durante 12 anos, entre 1933 e 1945.

Hitler perseguiu e matou 6 milhões de pessoas indefesas, aqueles que os nazistas chamavam de indesejáveis, judeus, ciganos, homossexuais, deficientes mentais e físicos. Isso sem contar com os milhões de soldados e civis mortos nos conflitos bélicos propriamente dito.

Stalin, naquilo que ficou conhecido como Grande Expurgo, entre 1937 e 1938, mandou para a prisão mais de 3 milhões de pessoas, seus adversários de vários tipos e intensidades. Dois terços destes foram sumariamente mortos de diversas formas. Alguns historiadores dizem que 30 milhões de russos foram perseguidos e presos nos anos em que Stalin esteve no poder na União Soviética.

Durante 25 anos, de 1949, até sua morte em 1976, Mao Tsé-Tung comandou a China com poder total sobre tudo e todos. Levantamentos indicam que naquele período, 250 milhões de pessoas foram perseguidas. Só na chamada Revolução Cultural, de 1966 a 1976, as perseguições atingiram 100 milhões de pessoas e mataram 20 milhões delas, segundo o próprio partido comunista chinês.

No Camboja, o ditador comunista do Khmer Vermelho, Pol Pot, entre 1975 e 1979, aniquilou 2 milhões de pessoas.

Entre abril e junho de1994, uma guerra civil em Ruanda, entre as etnias Tutsis e Hutus, causou a morte de mais de 800.000 civis.

Em Cuba, o balanço mais recente considera 9.222 mortes entre 1º de janeiro de 1959 a 31 de dezembro de 2020, sendo 3.051 delas de execuções por fuzilamento, quase a totalidade por motivos políticos.

A conclusão que eu chego, graças a pessoas como George Orwell, que se diga de passagem, era socialista, é que aquilo que deve ser combatido acima de qualquer outra coisa, é toda forma de totalitarismo, de falta de liberdade, não importando se ela seja motivada por essa ou por aquela pessoa ou por uma ideologia de direita ou de esquerda.

Abaixo todos os porcos, como o Napoleão, de “A guerra dos bichos” e destruam todos os Big Brothers, como o de “1984”.

Orwell é um dos profetas da minha religião.

2 comentários para "A soberana história"


  1. Carlos Oliveira

    Com tudo isso tu esquece de Gengis Khan, no século 13 na Ásia e no Leste Europeu, matou cerca de 40 milhões de pessoas. No século seguinte, o turco-mongol Tamerlão, outro imperador, resolveu concretizar o sonho não realizado de Khan. Na Ásia Central e no Oriente Médio, sob fundamento islâmico, matou em torno de 17 milhões de pessoas, 5% da população mundial, à época.
    Daí o turcos conquistam Constatinopla em 29 de maio de 1453, para mim seguramente um dos acontecimentos mais infelizes da história.

    • Joaquim Haickel

      Desculpa amigo, mas não dava pra citar todos os eventos como estes em um artigo!…
      Outra coisa, não se pode analizar fatos históricos pelo enfoque da opinião!…

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