Se não é para fazer com alegria, não merece ser feito

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Booomm diiiaa!…

Digo a você que me lê agora, bom dia, sem saber que hora será essa que você está lendo este texto, se é que você o está lendo. Digo bom dia por agora, hora em que eu estou escrevendo, cinco horas de uma madrugada cintilante, de um dia que promete ser ensolarado, em um mês que deveria ser chuvoso, em minha terra distante.

Digo a você bom dia, pelo fato dele ter começado para mim de maneira maravilhosa.

Convalescendo de uma forte gripe, adormeci assistindo televisão e lá pelas tantas, despertei e descobri que aquele aparelho fantástico que nos faz viajar sem sair de casa, não chuvisca mais de madrugada. Agora ele funciona continua e ininterruptamente. É eterno. Perpétuo. A TV!

Levantei e fui até a cozinha. O hábito mandou que abrisse a geladeira para procurar algo para comer. Falo do mal hábito de glutão. Peguei o recipiente com salada de fruta e me dei a desculpa que precisava para justificar minha gula. Não posso tomar os remédios de estômago vazio, pelo menos é isso que minha santa mãezinha diz.

Minha mãe!…92 anos… De repente lembrei que ela tem a mesma idade de meu amigo Clint.

Clarice e Clint. Esses dois velhos são de certa forma responsáveis por boa e grande parte de minha formação. Não que outras pessoas não tenham contribuído. Claro que ajudaram. E muito. Meu pai por exemplo. Eu não seria nada sem tudo que ele fez por mim, mas minha mãe e o Clint foram decisivos quanto à forma de encarar a vida.

Comi a salada de frutas, tomei os seis comprimidos, engoli o xarope para tosse e voltei para o quarto.

Minha amada esposa estava viajando. Foi visitar nosso netinho, Theo, e quando ela não está, eu tenho permissão para voltar a dormir em minha rede que fica de prontidão ao lado de nossa cama.

Joguei-me na rede já armado com o controle remoto na mão. Na hora a imagem que me veio a mente é que aquele aparelho era tão eficaz, eficiente e efetivo quanto o gigantesco Magnum 44 usado por Clint na série de filmes, onde ele encarnava o policial durão, Henrry Callahan.

Foi aí que comecei a achar estranho estar pensando recorrentemente no Clint, e resolvi procurar nos diversos canais disponíveis, filmes sobre meu velho ídolo.

Sabia que encontraria muitos filmes dele e com ele. Desde os tempos em que ele só atuava e não dirigia, até hoje, quando além de atuar, ele produz, dirige e compõe as trilhas sonoras.

Lembrei da primeira vez que o vi num filme. Foi no Cine Éden. Eu e meus irmãos, Jorge, Nagib e Celso, fomos levados por nosso “tio” Stenio para assistir a um Bang-Bang cujo título no Brasil era “Três Homens em conflito”, sendo que o original era “O bom, o mau e o feio”. Depois viria descobrir que se tratava do clássico dirigido por Sergio Leone, cuja soberba trilha sonora havia sido feita pelo genial Ennio Morricone. Aquela música jamais saiu de meus ouvidos.

Comecei a procurar os filmes de Clint, e à proporção que eles iam aparecendo na tela, eu ia me emocionando, pois ia me lembrando das histórias e do tempo em que os assisti, e de tudo que envolvia minha vida e aqueles filmes. Fui vendo o quanto eles acompanharam a minha existência, o quanto estiveram junto comigo na estrada.

De repente achei um filme que eu nunca havia assistido. Era o documentário “Clint Eastwood: Por Trás das Câmeras”.

Não tive dúvida, mergulhei naquela viagem, afinal eu amo história, adoro documentários e sou fã de C. E.!…

Quando acabou aquele doc, constatei que Clint não tem em sua filmografia nenhum filme ruim e os que são menos aclamados, é por causa do gosto dos expectadores e não por falta de arte ou por imperícia do artista.

Fiquei lembrando de seus filmes, das cenas mais marcantes de alguns deles e pude fazer um pequeno retrospecto de minha vida neles.

Esse é o motivo de eu ter vindo até ao computador, desejar um bom dia para você, escrever essa pequena narrativa sobre uma madrugada maravilhosa, que eu passei com quase todos os grandes ícones do cinema mundial, falando sobre Clint Eastwood, sua forma de ser, de atuar, de dirigir e de nos proporcionar viagens maravilhosas por personagens que ganham sempre um pouco do seu jeito, do jeito de andar ao de encarar a vida.

Durante o tempo em que assisti ao documentário, parei diversas vezes para chorar de emoção. Chorei pelo Joaquim garoto que aprendeu a amar o cinema, chorei pelo escritor Joaquim que aprendeu muito vendo filmes, chorei pelo deputado Joaquim que perdeu muita coisa na vida enquanto era político, mas que ganhou outras o sendo, chorei pelo sujeito que já com mais de 60 anos, terá menos tempo de agora por diante para ver filmes tão bons quanto os que já assistiu, e chorei principalmente por todas as pessoas que não tiveram a oportunidade de assistir às maravilhas do cinema, e não só as obras de Clint, mas as de Chaplin, Capra, Ford, Cukor, Hawks, Bunuel, Kurosawa, Welles, Renoir, Wilder, Kubrick, Hitchcock, Allen, Lee, Fellini, Almodovar, Truffaut, Bergman, Godard, Oliveira, Scorsese, Spielberg, Diegues e tantos outros.

Por fim, chorei pela emoção de descobrir, que um dos lemas da vida daquele meu ídolo, sempre foi um dos meus lemas: “Se não é para fazer com alegria, não merece ser feito!”

Tenham todos um bom dia!… Sempre!…

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