Convite a volta da Guerra Fria

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Corpo de funcionário de escola morto em bombardeio em Donetsk, na Ucrânia 25/02/2022 REUTERS/Alexander Ermochenko

Impossível não comentar sobre o assunto mais importante do momento. A invasão da Ucrânia pela Rússia.

Essa ação já estava prevista desde que os russos anexaram a rica e estratégica região da Criméia a seu território.

Aquele sempre foi um território conflagrado. A primeira vez que ouvi falar sobre aqueles lugares, eu ainda era um menino de uns 12 anos. Assisti a um filme chamado “A carga da brigada ligeira”, reconstituição da batalha de Balaclava, na guerra da Crimeia, travada de um lado, por vários países, entre eles o Reino Unido, comandado pela rainha Vitória, e do outro pela Rússia, comandada por seu parente distante, Nicolau I.

O território que hoje é a Ucrânia, naquela época fazia parte do império russo. Kiev, capital ucraniana, sempre foi uma das mais importantes cidades nos domínios dos czares.

De lá para cá, muitas coisas aconteceram. Os bolcheviques derrubaram os Romanov do poder e criaram a União Soviética; A queda do muro de Berlin precipitou o fim da carcomida estrutura comunista no gigantesco país, dividindo-o em uma dúzia de estados independentes; A reorganização da Rússia trouxe de volta o que sempre existiu por lá, um governo comandado por um autocrata, que agora tenta expandir novamente a área de influência do país.

Criada em 1991, a Ucrânia, a princípio ficou restrita ao círculo de poder de Moscou. Aconteceram mudanças políticas internas e o país buscou se aproximar de outras nações, tentando inclusive, fazer parte da Otan, organização militar que congrega democracias ocidentais.

Putin, o autocrata russo, há muito vem reclamando do avanço da área de influência ocidental no leste europeu, mas isso não lhe dá o direito de invadir um país soberano, com o qual ele tinha um tratado de não agressão.

A narrativa putiana é até plausível, mas completamente inaceitável, pois deixou o âmbito das palavras e passou ao âmbito das ações bélicas, causando transtorno e prejuízo para a economia mundial, morte à população civil do país vizinho e grave risco à paz internacional.

A invasão da Ucrânia pela Rússia é inaceitável! Tanto quanto seria se Putin resolvesse invadir a Polônia, ou a Suécia, ou a Finlândia! Ninguém iria aceitar isso, não é mesmo!?…

No caso de uma eventual invasão da Estônia, da Letônia ou da Lituânia, já não tenho tanta certeza assim. Digo isto pelo que foi visto em relação ao acontecido na Ucrânia, pois estes países saíram de dentro da antiga União Soviética.

Esta semana lembrei que tiranos como Ricardo III só frutificam quando a terra é adubada por sangue fraco como o de Henrique VI. É exatamente isto o que está acontecendo.

Os atuais líderes mundiais são fracos. Não que eles precisassem ser aguerridos ou viscerais, mas que fossem pelo menos fortes, taxativos e positivos. Não precisavam ser como o velho Churchill, mas teriam que ser pelo menos a metade do que era a velha Thatcher. Não precisariam ser como o enérgico cadeirante Roosevelt, mas deveriam chegar a igualar pelo menos a metade de um Reagan.

A falta de pessoas como as citadas, cria a oportunidade para o aparecimento de pessoas como Putin.

Alguém poderia argumentar que, do ponto de vista russo, ele tem de motivos para agir como o faz, ao que eu discordaria peremptoriamente, pois os métodos utilizados são completamente inadmissíveis.

Ele poderia usar outros caminhos para atingir seus objetivos, e até eu que sou pouco versado em geopolítica daquela região poderia citar alguns, como a suspensão do fornecimento de gás e petróleo para os países da Europa, o que geraria uma crise internacional, subindo enormemente os preços de tudo no mundo. Ou o bloqueio naval e aéreo da Ucrânia, como os países ocidentais fazem constantemente em suas disputas.

O que acontece em meu modesto entendimento, é que Putin se imagina no pátio do colégio e seus colegas, na hora do recreio, demonstram ser mais fracos que ele. Sendo ele o valentão da escola, se torna um Golias, o dominador, mas só até que apareça um Davi que o derrube.

Ocorre que as guerras não se travam mais com espadas, lanças ou fundas, mas com sofisticados armamentos, inclusive nucleares, e o medo de uma conflagração maior toma conta do mundo.

Na verdade, o que o velho espião da KGB, hoje feito czar moderno de todas as Rússias quer, é convidar os fracos líderes mundiais, para dançar com ele uma Chechotka, dança típica de seu país, ou seja, levá-los de volta ao tempo da Guerra Fria, onde cada um dos lados não se destruíam por temer que o outro revidasse fazendo o mesmo consigo.

O que tanto o déspota quanto os fracos dessa cena parecem não se lembrar, é que entre 1945 e 1990, enquanto o equilíbrio mundial, entre a Águia e o Urso, foi costurado pela torpe linha do medo, o Dragão estava adormecido, mas agora ele está desperto e pode desequilibrar essa balança, e certamente o fará.

No mundo moderno é inconcebível e inaceitável que possa haver disputas territoriais. Nem a Rússia, nem a China, nem os Estados Unidos ou qualquer outra potência mundial precisa de terras. A Ucrânia pode ser importante para a Rússia como área de segurança, assim como Twain para a China e Cuba para os Estados Unidos, mas isso não quer dizer que esses poderosos países precisem invadir, subjugar e destruir seus vizinhos.

Sempre acreditei em soluções diplomáticas e pacíficas para toda espécie de conflito, até porque aprendi com o mestre Sun-Tzu que líder que precisa usar efetivamente seu exército, já perdeu a guerra.

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Eleição 2022

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Na semana passada, recebi uma mensagem pelo WhatsApp. Ela trazia a capa do Jornal O Imparcial do dia 15 de fevereiro e a frase: “Isso é verdade? Diga-me o que acha de tudo isso”.

A pessoa que mandou a mensagem queria saber se era verdade que o senador Weverton Rocha tem 24% da preferência do eleitor maranhense e o vice-governador Carlos Brandão, 17%. Além disso apareciam na pesquisa, estampada na primeira página do matutino, o senador Roberto Rocha com 13%, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Junior com 10%, o prefeito Lahésio Bonfim com 9%, o deputado Josimar de Maranhãozinho com 6%, Simplício Araújo com 1% e com 0%, Enilson Rodrigues.

Além de querer saber se o cenário desenhado pela pesquisa Imparcial/Exata era verdadeiro, o suplicante pedia que eu desse a minha opinião sobre tal quadro.

Imagino que quando este texto vier a público, outras pesquisas já devem ter sido publicadas, mas assim mesmo farei o que me foi pedido, pois qualquer que seja o resultado das novas pesquisas, a lógica delas não serão diferentes.

Faz tempo que venho observando os movimentos feitos pelos diversos contendores na disputa pelo governo do Maranhão, e tenho dito que só existem verdadeiramente dois contendores nesta disputa, os demais são meros adereços, seus próprios ou de outrem.

Sempre disse que a ex-governadora Roseana Sarney não seria candidata, e fui criticado por dizer isso. Em política não se inventa. Ela é uma arte fácil de ser lida e entendida… Quando não se tenta subverte-la ou manipulá-la.

Mas vamos lá! Enilson Rodrigues e Simplício Araújo até poderiam ser candidatos, mas em nada influenciaram o pleito. Eles são o que comumente se chama de traço.

Josimar de Maranhãozinho de forma alguma é traço, mas precisa de um mandato, logo não entrará em uma disputa na qual sabe que jamais sairá vencedor. Como não comunga com Weverton e seus os partidários, deverá se aliar a Brandão, só tenta barganhar posições que lhe favoreçam neste embate.

Acredito piamente que o senador Roberto Rocha não será candidato a governador. Ele só o seria se o presidente Bolsonaro, de quem é aliado, estivesse em uma excelente posição política e eleitoral, onde seu apoio fosse decisivo ao ponto de impor sua candidatura com chance mínima de vitória.

Nem uma coisa nem outra. Nem Bolsonaro está forte o suficiente para bancar a candidatura de Roberto, nem Roberto está forte o suficiente para sozinho, bancar a candidatura de Bolsonaro no Maranhão. Assim sendo, acredito que Roberto concorrerá ao senado, imaginando que o desagrado com o governador Flávio Dino possa fazê-lo perder a disputa, e colocará seu filho Roberto Rocha Filho para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, ou fará algo menos radical e ele mesmo será candidato a deputado.

Edivaldo Júnior até poderia ser um forte candidato e até ser decisivo nesta disputa, se e somente se, os mais fortes possíveis candidatos se juntassem a ele.

Caso Roseana, Roberto, Josimar, Lahésio e também o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, se juntassem em apoio à candidatura de Edivaldo, ele bem poderia ser o fato novo que mudaria o destino da eleição, tornando-se claramente um dos dois disputantes do segundo turno do pleito de 2022. Mas nem Edivaldo tem tenacidade para impor sua candidatura, nem esses possíveis apoiadores teriam visão suficiente, ou mínima disposição para projetar tal solução.

Como isso não acontecerá, Edivaldo até poderá ser candidato, mas isso não influenciará em nada no primeiro turno da eleição. Para o segundo, vai depender do seu desempenho eleitoral e se ele tiver consolidado em torno de sua liderança um grupo realmente confiável.

Quanto ao prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim, esse poderá ser candidato a governador, pois o povo gosta de novidade nas disputas.

Lahésio se protagonizou por fazer oposição clara e aguerrida ao governador Flávio Dino, coisa que ninguém fez, nem de igual modo nem com tamanha intensidade e contundência, por isso ganhou protagonismo. Não que ele tenha alguma outra qualidade que o recomende como candidato. A única que eu consigo identificar é coragem, e isso ele tem de sobra para seguir em frente, o que já será muito para alguém na condição dele.

A pergunta que se impõe, é se a candidatura dele muda o cenário de forma decisiva. Em minha opinião a resposta é não. Ele poderia até apoiar um dos contendores, mas não o fará. Não apoia Brandão por ele ser apoiado por Dino e não apoiará Weverton pelo fato disso ficar difícil para ele justificar aos seus “eleitores”.

Verdadeiramente nessa disputa, sobrou somente o que sempre existiu. O vice-governador Carlos Brandão, que assumirá o governo nos próximos meses, e o senador Weverton Rocha, o único político maranhense que tem força própria para se impor como candidato contrário ao poderio governamental, graças ao grupo político que semeou e cultivou ao seu redor.

Ainda sobre Weverton, é importante que se diga que ele não perderá nada se perder a eleição, pois continuará senador por mais quatro anos!

Quanto a Brandão, é a única esperança de Flávio Dino não perder a prevalência na política maranhense. A vitória de Brandão é mais importante para Dino que para o próprio candidato.

Carlos sempre foi um sujeito discreto, um político comedido, que nunca ultrapassou qualquer limite do convencional, que manteve-se sempre a sombra do governador, de quem é amigo leal, mas exatamente por isso e pelo governador jamais ter dado a ele protagonismo suficiente, até agora, sente certas dificuldades de ajustar sua campanha, fato que acredita o fará com mais tranquilidade, depois que efetivamente assumir o governo, em abril.

O certo é que não existe uma escola de política, onde se possa estudar os fatos e analisar suas possíveis consequências. Não há uma bola de cristal que nos responda as perguntas de forma assertiva. Se houvessem, muitas coisas desnecessárias deixariam de acontecer.

A disputa pelo governo do Maranhão deve ser acirrada. Brandão e Weverton certamente estarão no segundo turno, e o resultado final deverá sorrir para aquele que errar menos.

Sobre as perguntas que me fizeram: A referida pesquisa pode muito bem refletir o momento em que ela foi feita, mas isso de nada importa, pois, muita coisa vai mudar até o dia da eleição.

Você que me lê agora, deve estar querendo saber quem eu acredito irá ganhar a eleição para governador do Maranhão em 2022. Eu lhe digo! Acredito que o vencedor, graças ao apoio de um maior contingente de grupos políticos, será Carlos Brandão.

Digo isso, não pelo fato dele ser meu particular amigo, ou pelo fato de eu, assim como o grupo político do qual faço parte, apoiá-lo. Digo isso por ter aprendido a fazer contas na aritmética e na álgebra dessa ciência chamada política, e essas contas, feitas e refeitas, preveem esse resultado.

Mas veja, depois dessa eleição, haverá um grande, definitivo e consolidado nome na política de nosso Estado. Alguém que congregará a oposição a qualquer governo: Weverton Rocha.

PS: Outra pergunta que me tem sido feita constantemente, é sobre aquilo que eu acredito fará o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, de quem sou particular amigo e de quem fui secretário de comunicação por nove meses.

Eduardo não é um político fácil de ser “lido”. O entendimento que se pode ter sobre suas ações, não é exato, pois ele as pondera bastante, tornando suas decisões difíceis de serem sondadas ou previstas.

O natural seria que Braide apoiasse Weverton, uma vez que sua administração sofre forte oposição do grupo do governador Flávio Dino. Além disso o senador e seu grupo, de certa forma o ajudaram em sua vitória em 2020, não tomando declaradamente partido no segundo turno da eleição da capital. Se tivesse que apostar, diria que ele não participará do primeiro turno da eleição, e só o fará no segundo, se tiver certeza de que o lado para qual pender, será mais favorável a ele e a sua gestão.

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Filmes – catástrofe e refilmagens

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Quando eu era adolescente, assisti a vários filmes sobre grandes desastres e catástrofes naturais. “Terremoto”, “Inferno na Torre”, “O Destino de Posseidon”, foram alguns deles. Esses filmes tinham elencos grandiosos como Paul Newman, Charlton Heston, Ava Gardner, Steve McQueen, Gene Hackman, Fred Astaire, Faye Dunaway, Jennifer Jones, William Holden, Ernest Borgnine, Shelley Winters.

Naquela época os efeitos especiais eram quase que totalmente físicos e mecânicos. Não existia computação gráfica. Toda tecnologia da época não se compara aos recursos que temos hoje em um pequeno smartphone.

Uma parede que caísse, era feita de isopor ou coisa parecida. Hoje é tudo bem mais fácil, pois é simplesmente desenhado, mesmo que seja muito caro de ser feito.

Estou falando sobre isso pelo fato de que depois de passar dez dias sem sair de casa, graças a Covid, eu e minha esposa, Jacira, fomos ao cinema, assistir a um filme que pensei que fosse apenas uma obra de ficção científica, mas era muito mais que isso. Era um filme de catástrofe. Uma mais absurda que todas as outras possíveis e inimagináveis, juntas e multiplicadas por mil. Trata-se de Moonfall – Ameaça Lunar.

O elenco é ótimo. O diretor e roteirista é aclamado por fazer filmes desse tipo, filmes muito bons como “Independence Day”, “2012”, “O dia depois de amanhã”. Falo do alemão Roland Emmerich.

Bem, eu não saí do cinema com raiva de Emmerich, porque o trabalho que ele teve foi gigantesco, mas a história é tão absurda, tão descabida, tão pirada, que mais parece uma comédia de humor negro! Vixe!… Não posso mais usar essa expressão… Humor tenebroso!…

Vejam, eu não me considero um crítico de cinema. Sou um cinéfilo que comenta sobre filmes. Eu jamais recomendo que algum filme não deva ser assistido. Pelo contrário, eu, mesmo não apreciando a obra, acho que ela deve ser vista, até porque, por pior que um filme seja para uma pessoa, pode ser que ele agrade a outras!

Como cineasta, sei das dificuldades de realizar-se um filme, ainda mais sendo um desses cheios de pirotecnia, mesmo tendo um orçamento maior que a lua.

Uma coisa me chamou atenção. Haviam umas trinta pessoas no cinema, numa sessão que começava às 21 horas de uma terça-feira, enquanto só haviam quatro para assistir “Beco do Pesadelo”, numa sessão das 20 horas de um sábado. Sob todos os aspectos, “Beco do Pesadelo” é mais filme!

Moonfall – Ameaça Lunar, tem no entanto, pequenas pérolas em seu roteiro, como o padrasto que se mostra um cara muito legal, e um improvável herói gordinho que ganha o espectador na primeira cena em que aparece.

No outro dia voltaríamos ao cinema, desta vez para assistir à “Morte no Nilo” e esperava que meu saudosismo não me fizesse odiar essa nova versão baseada no livro de tia Agatha, porque a primeira “Morte sobre o Nilo” foi simplesmente fantástica.

Na primeira versão, o diretor John Guillermin, regeu com maestria um elenco composto por monstros sagrados do cinema como Peter Ustinov, Betty Davis, David Niven, Magie Smith, Mia Farrow, Angela Lansbury, George Kennedy e Jack Warden. Uma coincidência incrível: o diretor John Guillermin, dirigiu também “Inferno na Torre”, citado anteriormente aqui.

Desta vez ao sair da sala de projeção, a decepção foi menor que na noite anterior. É que existem algumas coisas a favor dessa nova versão: o excelente e polivalente cineasta Kenneth Branagh, a maravilhosa Annette Bening e a deslumbrante Gal Gadot. Sem contar que o produtor do filme é só o genial Ridley Scott.

Apesar de tudo isso e de tecnicamente essa nova versão ganhar de dez a zero da primeira, ainda assim no que diz respeito a adaptação do roteiro e a interpretação dos atores, o filme de 1978 é superior ao atual, mas um filme assim não pode ser ruim, não é mesmo!?

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A soberana história

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Sempre gostei muito de história. Ela sempre foi a matéria na qual eu mais me destaquei na escola. Depois, quando cresci, resolvi me dedicar, mesmo que amadoristicamente a ela, pois sempre acreditei que se quiséssemos realizar boas coisas, precisávamos saber o que já havia sido tentado antes, para aprendermos com as experiências, boas e ruins, dos que vieram antes de nós.

Para mim a história é um dos maiores instrumentos de emancipação da humanidade, e como ela tem um componente muito delicado, pessoal e individual – o ponto de vista, a opinião, a palavra do narrador, o enfoque do pesquisador –  deve ser tratada com grande cuidado para que ela não se transforme em um instrumento de desinformação, levando as pessoas a tirarem conclusões erradas.

A frase “a história é escrita pelos vencedores”, é atribuída ao jornalista e escritor Eric Arthur Blair, que usava o pseudônimo George Orwell, cujos livros mais importantes são “A Revolução dos Bichos” e “1984”. Nessa frase aparentemente simples, reside todo o problema da história: O vencedor diz o que quer, pois ou seu adversário está morto, ou não tem a menor condição de dizer absolutamente nada.

Essa frase poderia ter sido cunhada a ferro e fogo, muito antes de Orwell, por grandes historiadores, como por exemplo o grande poeta Homero.

Em suas obras “A Ilíada” e “A Odisseia”, o grego registra aquilo que dizem ter testemunhado, a guerra de Tróia e a aventura do herói Ulisses. Se é verdade o que está contido nestas palavras de mais de 3.000 anos, não se sabe, mas elas fazem parte da história. Nós só precisamos saber como lermos, entendermos e analisarmos tais informações.

A história não é coisa para leigos nem para quem a queira usar como instrumento de poder.

A frase atribuída a Orwell, poderia ter sido dita por Heródoto, Flávio Josefo, ou por Suetónio, uma vez que a ideia de história está muito ligada, principalmente nos primórdios da humanidade, às guerras que os povos travavam.

O certo é que, não há nada sem uma perspectiva histórica, e foi por isso que toda essa polêmica envolvendo um sujeito idiota, falando nas redes sociais sobre a admissibilidade de um partido nazista, me levou a pesquisar sobre regimes totalitários, antidemocráticos, abusivos, perseguidores, genocidas, como o implantado pelo nazismo de Hitler, na Alemanha, durante 12 anos, entre 1933 e 1945.

Hitler perseguiu e matou 6 milhões de pessoas indefesas, aqueles que os nazistas chamavam de indesejáveis, judeus, ciganos, homossexuais, deficientes mentais e físicos. Isso sem contar com os milhões de soldados e civis mortos nos conflitos bélicos propriamente dito.

Stalin, naquilo que ficou conhecido como Grande Expurgo, entre 1937 e 1938, mandou para a prisão mais de 3 milhões de pessoas, seus adversários de vários tipos e intensidades. Dois terços destes foram sumariamente mortos de diversas formas. Alguns historiadores dizem que 30 milhões de russos foram perseguidos e presos nos anos em que Stalin esteve no poder na União Soviética.

Durante 25 anos, de 1949, até sua morte em 1976, Mao Tsé-Tung comandou a China com poder total sobre tudo e todos. Levantamentos indicam que naquele período, 250 milhões de pessoas foram perseguidas. Só na chamada Revolução Cultural, de 1966 a 1976, as perseguições atingiram 100 milhões de pessoas e mataram 20 milhões delas, segundo o próprio partido comunista chinês.

No Camboja, o ditador comunista do Khmer Vermelho, Pol Pot, entre 1975 e 1979, aniquilou 2 milhões de pessoas.

Entre abril e junho de1994, uma guerra civil em Ruanda, entre as etnias Tutsis e Hutus, causou a morte de mais de 800.000 civis.

Em Cuba, o balanço mais recente considera 9.222 mortes entre 1º de janeiro de 1959 a 31 de dezembro de 2020, sendo 3.051 delas de execuções por fuzilamento, quase a totalidade por motivos políticos.

A conclusão que eu chego, graças a pessoas como George Orwell, que se diga de passagem, era socialista, é que aquilo que deve ser combatido acima de qualquer outra coisa, é toda forma de totalitarismo, de falta de liberdade, não importando se ela seja motivada por essa ou por aquela pessoa ou por uma ideologia de direita ou de esquerda.

Abaixo todos os porcos, como o Napoleão, de “A guerra dos bichos” e destruam todos os Big Brothers, como o de “1984”.

Orwell é um dos profetas da minha religião.

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Se não é para fazer com alegria, não merece ser feito

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Booomm diiiaa!…

Digo a você que me lê agora, bom dia, sem saber que hora será essa que você está lendo este texto, se é que você o está lendo. Digo bom dia por agora, hora em que eu estou escrevendo, cinco horas de uma madrugada cintilante, de um dia que promete ser ensolarado, em um mês que deveria ser chuvoso, em minha terra distante.

Digo a você bom dia, pelo fato dele ter começado para mim de maneira maravilhosa.

Convalescendo de uma forte gripe, adormeci assistindo televisão e lá pelas tantas, despertei e descobri que aquele aparelho fantástico que nos faz viajar sem sair de casa, não chuvisca mais de madrugada. Agora ele funciona continua e ininterruptamente. É eterno. Perpétuo. A TV!

Levantei e fui até a cozinha. O hábito mandou que abrisse a geladeira para procurar algo para comer. Falo do mal hábito de glutão. Peguei o recipiente com salada de fruta e me dei a desculpa que precisava para justificar minha gula. Não posso tomar os remédios de estômago vazio, pelo menos é isso que minha santa mãezinha diz.

Minha mãe!…92 anos… De repente lembrei que ela tem a mesma idade de meu amigo Clint.

Clarice e Clint. Esses dois velhos são de certa forma responsáveis por boa e grande parte de minha formação. Não que outras pessoas não tenham contribuído. Claro que ajudaram. E muito. Meu pai por exemplo. Eu não seria nada sem tudo que ele fez por mim, mas minha mãe e o Clint foram decisivos quanto à forma de encarar a vida.

Comi a salada de frutas, tomei os seis comprimidos, engoli o xarope para tosse e voltei para o quarto.

Minha amada esposa estava viajando. Foi visitar nosso netinho, Theo, e quando ela não está, eu tenho permissão para voltar a dormir em minha rede que fica de prontidão ao lado de nossa cama.

Joguei-me na rede já armado com o controle remoto na mão. Na hora a imagem que me veio a mente é que aquele aparelho era tão eficaz, eficiente e efetivo quanto o gigantesco Magnum 44 usado por Clint na série de filmes, onde ele encarnava o policial durão, Henrry Callahan.

Foi aí que comecei a achar estranho estar pensando recorrentemente no Clint, e resolvi procurar nos diversos canais disponíveis, filmes sobre meu velho ídolo.

Sabia que encontraria muitos filmes dele e com ele. Desde os tempos em que ele só atuava e não dirigia, até hoje, quando além de atuar, ele produz, dirige e compõe as trilhas sonoras.

Lembrei da primeira vez que o vi num filme. Foi no Cine Éden. Eu e meus irmãos, Jorge, Nagib e Celso, fomos levados por nosso “tio” Stenio para assistir a um Bang-Bang cujo título no Brasil era “Três Homens em conflito”, sendo que o original era “O bom, o mau e o feio”. Depois viria descobrir que se tratava do clássico dirigido por Sergio Leone, cuja soberba trilha sonora havia sido feita pelo genial Ennio Morricone. Aquela música jamais saiu de meus ouvidos.

Comecei a procurar os filmes de Clint, e à proporção que eles iam aparecendo na tela, eu ia me emocionando, pois ia me lembrando das histórias e do tempo em que os assisti, e de tudo que envolvia minha vida e aqueles filmes. Fui vendo o quanto eles acompanharam a minha existência, o quanto estiveram junto comigo na estrada.

De repente achei um filme que eu nunca havia assistido. Era o documentário “Clint Eastwood: Por Trás das Câmeras”.

Não tive dúvida, mergulhei naquela viagem, afinal eu amo história, adoro documentários e sou fã de C. E.!…

Quando acabou aquele doc, constatei que Clint não tem em sua filmografia nenhum filme ruim e os que são menos aclamados, é por causa do gosto dos expectadores e não por falta de arte ou por imperícia do artista.

Fiquei lembrando de seus filmes, das cenas mais marcantes de alguns deles e pude fazer um pequeno retrospecto de minha vida neles.

Esse é o motivo de eu ter vindo até ao computador, desejar um bom dia para você, escrever essa pequena narrativa sobre uma madrugada maravilhosa, que eu passei com quase todos os grandes ícones do cinema mundial, falando sobre Clint Eastwood, sua forma de ser, de atuar, de dirigir e de nos proporcionar viagens maravilhosas por personagens que ganham sempre um pouco do seu jeito, do jeito de andar ao de encarar a vida.

Durante o tempo em que assisti ao documentário, parei diversas vezes para chorar de emoção. Chorei pelo Joaquim garoto que aprendeu a amar o cinema, chorei pelo escritor Joaquim que aprendeu muito vendo filmes, chorei pelo deputado Joaquim que perdeu muita coisa na vida enquanto era político, mas que ganhou outras o sendo, chorei pelo sujeito que já com mais de 60 anos, terá menos tempo de agora por diante para ver filmes tão bons quanto os que já assistiu, e chorei principalmente por todas as pessoas que não tiveram a oportunidade de assistir às maravilhas do cinema, e não só as obras de Clint, mas as de Chaplin, Capra, Ford, Cukor, Hawks, Bunuel, Kurosawa, Welles, Renoir, Wilder, Kubrick, Hitchcock, Allen, Lee, Fellini, Almodovar, Truffaut, Bergman, Godard, Oliveira, Scorsese, Spielberg, Diegues e tantos outros.

Por fim, chorei pela emoção de descobrir, que um dos lemas da vida daquele meu ídolo, sempre foi um dos meus lemas: “Se não é para fazer com alegria, não merece ser feito!”

Tenham todos um bom dia!… Sempre!…

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